História do Senegal

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Mapa histórico da Senegâmbia em 1707

A História do Senegal é um domínio de estudos de história que se estende desde as origens primitivas até os dias atuais. Diversos restos pré-históricos comprovam que a ocupação humana do atual território do Senegal remonta a mais de 350.000 anos atrás.[1] O historiador árabe al-Bekri já se referia no ano de 1068 ao reino de Tekrour, situado no atual território do Senegal e cuja fundação dataria do início da era cristã.[2] Após o estabelecimento de relações com o norte da África, no século X, a população do reino converteu-se ao islamismo.[3] A costa senegalesa foi um dos territórios da África Negra colonizados pelos europeus.[4] A ilha de Gorée, em frente a Dakar, foi durante séculos um dos mais importantes centros de tráfico de escravos da África.[5] Ali se estabeleceram primeiro os portugueses, que haviam dobrado o cabo Verde em 1444;[6] depois os holandeses,[6] e finalmente os franceses, que em 1638 fundaram um entreposto comercial na foz do rio Senegal.[7] Ao longo dos séculos XVII e XVIII os colonizadores europeus exportaram escravos, goma arábica, ouro e marfim do Senegal.[8] Uma feitoria francesa estabelecida na foz do rio transformou-se na cidade de Saint Louis.[9] Entre 1693 a 1814, a França e o Reino Unido se alternaram no controle do litoral senegalês.[4]

Depois de sofrer uma ocupação britânica, em 1816,[4] Saint Louis e a ilha de Gorée, que haviam sido atribuídas à França pelo Tratado de Paris, de 1814, voltaram efetivamente ao domínio francês no ano seguinte.[10] Na época de Napoleão III os franceses penetraram no interior do território, sob o comando de Louis-Léon Faidherbe, que o ocupou efetivamente e o transformou em ponta-de-lança da colonização francesa na África negra.[4] No fim do século XIX, o Senegal passou a integrar a África Ocidental Francesa, e parte dos habitantes urbanos do país obteve a cidadania francesa.[11] Em 1946 a medida foi estendida a todos senegaleses e o país tornou-se território ultramarino da França.[12]

Em 1958, a antiga colônia tornou-se uma república autônoma e no ano seguinte, sob o patrocínio da metrópole, se uniu ao Sudão Francês (depois Mali) para formar a Federação do Mali, que se tornou independente em junho de 1960.[13] Em agosto do mesmo ano, o Senegal rompeu seu vínculo com a federação, declarou-se independente e elegeu como presidente Léopold Sédar Senghor.[9]

Político moderado e intelectual de grande prestígio, tido internacionalmente como um dos maiores poetas da África,[4] Senghor governou o país por vinte, até 1981, quando renunciou por idade, favor de seu primeiro-ministro, Abdou Diouf.[4] No mesmo ano, um golpe de estado na vizinha Gâmbia motivou a intervenção de tropas senegalesas, e em 1º de fevereiro de 1982 foi constituída a Confederação da Senegâmbia,[14] acordo entre os dois países em questões militares, econômicas e de política exterior, sem prejuízo de suas próprias soberanias e respectivas instituições internas.[4]

Vitorioso nas eleições presidenciais de fevereiro de 1983, Diouf aumentou seus poderes, abolindo o cargo de primeiro-ministro.[4] Nos últimos anos da década de 1980, manifestações separatistas de Casamance tumultuaram a situação do país.[4] Diouf foi reeleito em 1988 e 1993, em meio a acusações de fraude, mas os resultados dos pleitos foram confiirmados pela justiça.[4]

Nas eleições presidenciais de 2000, Abdoulaye Wade, do Partido Democrático Senegalês (PDS), derrota Diouf e é eleito presidente. Desde 1982, o Movimento das Forças Democráticas de Casamance (MFDC) luta pela independência da região de Casamance, ao sul de Gâmbia. Apesar de acordos de cessar-fogo em 2000 e 2001, os combates prosseguem.[15]

Em 2001, uma nova constituição é aprovada. Em 2004, o governo chega a um acordo com os separatistas de Casamance, mas uma facção rebelde continua lutando. Em 2005, a Espanha aceita receber imigrantes legais do Senegal, para conter fluxo migratório ilegal às ilhas Canárias, arquipélago espanhol na costa africana.[15]

Nas eleições presidenciais de 2007, Wade é reeleito com 55,9% dos votos. No mesmo ano, a coalização liderada pelo PDS conquista 131 das 150 cadeiras da Assembleia Nacional, sob boicote da oposição. Cheiki Hadjibou Soumaré torna-se primeiro-ministro. Em outubro de 2008, a ONU destina 15 milhões de dólares para 36 mil produtores de amendoim.[15]

Nas eleições locais de 2009, o partido governista sofre grande derrota da oposição, o que leva o primeiro-ministro Soumaré a renunciar em abril. No mês seguinte, Souleymane Ndéné Ndiaye assume o cargo. Em setembro, recrudesce a violência em Casamance, perto da Guiné-Bissau. Separatistas matam seis soldados e um civil, enquanto os militares bombardeiam uma base rebelde. Centenas de pessoas fogem da área de conflito.[15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Artigos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Senegal» (em francês). Memo.fr. 2008. Consultado em 4 de abril de 2011. Arquivado do original em 23 de maio de 2011 
  2. MASSING, Andreas W. (1999). «WANGARA, AN OLD SONINKE DIASPORA IN WEST AFRICA?: A Study on the Historical Relationsships between Trade, Religion and Family» (PDF) (em inglês). Europafric.de. Consultado em 4 de abril de 2011 
  3. «Futa Toro (Tekrur) Kingdom» (em inglês). Access Gambia. 2011. Consultado em 4 de abril de 2011 
  4. a b c d e f g h i j «Senegal: História». Nova Enciclopédia Barsa volume 13 ed. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações Ltda. 1998. p. 212 
  5. «Gorée Island» (em inglês). Senegal Online. Consultado em 4 de abril de 2011. Arquivado do original em 27 de março de 2011 
  6. a b José Luiz P. da Costa. «FAUSTO E A TRAGÉDIA DE UM ENTREPOSTO DE ESCRAVOS». Dacosta Comércio Exterior Ltda. Consultado em 4 de abril de 2011 
  7. «História do Senegal». O “sistema da educação” no Senegal. Consultado em 4 de abril de 2011 
  8. Francisco Aimara Carvalho Ribeiro (23–24 de setembro de 2010). «Cabo Verde e a Senegâmbia na formação do circuito Atlântico de tráfico de escravos». III Conferência Internacional em História Econômica & V Encontro de Pós-graduação em História Econômica. Consultado em 4 de abril de 2011. Arquivado do original em 23 de maio de 2011 
  9. a b Sérgio Eduardo Sakall (2011). «História da República do Senegal». Girafamania. Consultado em 4 de abril de 2011. Arquivado do original em 22 de maio de 2011 
  10. J. F. Ade Ajayi (2010). «O crescente interesse dos europeus pela África» (PDF). História geral da África, VI: África do século XIX à década de 1880. Consultado em 4 de abril de 2011 
  11. «ASNOM: French West Africa (AOF)» (em inglês). Association Amicale Santé Navale et d'Outre-Mer. 2010. Consultado em 4 de abril de 2011 
  12. «Senegal» (em inglês). Infoplease.com. 2005. Consultado em 4 de abril de 2011 
  13. «History of Senegal» (em inglês). Infoplease.com. 2005. Consultado em 4 de abril de 2011 
  14. John Everett-Heath (2005). «Senegambia». Concise Dictionary of World Place-Names. Consultado em 4 de abril de 2011 
  15. a b c d CIVITA, Roberto (2010). Almanaque Abril. São Paulo: Abril. p. 588