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Museu Goeldi

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Museu Goeldi
Museu Goeldi
Tipo museu, aquário, biblioteca, museu de história natural, centro de investigação, Área de Relevante Interesse Ecológico
Inauguração 1866 (158 anos)
Administração
Diretor(a) Emílio Goeldi
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 1° 27' 9" S 48° 28' 35" O
Mapa
Localidade Belém
Localização Pará - Brasil

O Museu Paraense Emílio Goeldi (inicialmente denominado Associação Philomática) popularmente conhecido como Museu Goeldi, é uma instituição pública fundada em 1866, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Federal,[1] localizada no municipio brasileiro de Belém, capital do estado do Pará.[2][3]

Foi vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, devido possuir acervos de conhecimentos nas áreas de ciências naturais e humanas relacionados à Amazônia, além de promover pesquisas e estudos científicos dos sistemas naturais e culturais da região. É a mais antiga instituição na região amazônica[4] e reconhecido mundialmente como uma das importantes instituições de investigação científica sobre a Amazônia brasileira.

História

O século XIX foi o auge das expedições naturalistas à Amazônia e, com a chegada à região viajantes ingleses, alemães, franceses, italianos, estadunidenses e russos. Em 1808, a abertura dos portos tornou o Brasil mais acessível aos naturalistas e artistas, que vieram com grande entusiasmo estudar e retratar a natureza amazônica.[4][3]

Em 1866,[5] houve na cidade de Belém a fundação da "Associação Philomática", sob a presidência de Domingos Soares Ferreira Penna (núcleo do futuro museu).

Museu Paraense

A urbanização e o crescimento da cidade, transformou-a em metrópole, onde um dos marcos desta mudança ocorreu em 25 de março de de 1871, quando o Governo do Estado do Pará instalou, oficialmente, o Museu Paraense, e Domingos Soares Ferreira Penna designado seu primeiro diretor. Inicialmente, sua instalação foi precária, com reduzida equipe técnica e falta de apoio às pesquisas, levando as coleções existentes a se perderem com as más condições de conservação. Assim, a produção científica praticamente resumiu-se aos próprios trabalhos do presidente da instituição, sobre Geografia, Arqueologia e outros assuntos. Em 1889, com a morte do naturalista o museu foi sub-utilizado e em seguida fechado.[2]

Influenciados pela filosofia do Positivismo, os políticos Justo Chermont, José Veríssimo e Lauro Sodré reabriram o Museu Paraense, pois perceberam a importância que o local tinha para a cultura da região.

Naturalista Emilio Goeldi

Em 1893, o governador Lauro Sodré recrutou da cidade do Rio de Janeiro o naturalista suíço, Emílio Goeldi (Émil August Goeldi), demitido do Museu Nacional por questões políticas após a Proclamação da República.[4]

O zoólogo assumiu a direção do Museu com a missão de transformá-lo em um grande centro de pesquisa sobre a região amazônida. Sua estrutura foi modificada para enquadrá-lo aos padrões dos museus de história, sendo contratada uma produtiva equipe de cientistas e técnicos. Em 1895, criava-se o Parque Zoobotânico, mostra da fauna e flora regionais para educação e lazer da população. Em 1896, começou a publicação do Boletim Científico. Grande parte da Amazônia foi visitada, realizando-se intensivas coletas para formar as primeiras coleções zoológicas, botânicas, geológicas e etnográficas. Goeldi contratou o excelente pintor e profundo conhecedor do ambiente amazônico, Ernesto Lohse, que ilustrou o livro “Álbum de Aves Amazônicas” (Lohse viria a ser morto, durante a Revolução de 1930, à porta do Museu).[2]

Consolidação das fronteiras e do Museu

Na virada do século, o Brasil consolidava suas fronteiras e nessa ocasião, os limites entre Brasil e França, no norte do Pará, estavam sendo questionados por ambos os países. As pesquisas que o Museu Paraense iniciava na região, levantando dados sobre a geologia, a geografia, a fauna, a flora, a arqueologia e a população, foram decisivas para municiar a defesa dos interesses brasileiros, representados pelo Barão do Rio Branco. Em dezembro de 1900, com intermédio de laudo de Berna, na Suíça, sede do julgamento internacional, o Amapá foi definitivamente incorporado ao território do Brasil. Em homenagem a Emílio Goeldi, o governador Paes de Carvalho alterou a denominação do Museu Paraense, que passou a se chamar Museu Goeldi.[3]

Luta contra Febre Amarela

Desde 1850, a Febre Amarela causava muitas mortes em Belém e dentre suas vítimas, incluíram-se dois pesquisadores recém-chegados da Europa para trabalhar na Seção de Geologia do Museu Paraense. Emílio Goeldi decidiu, então, incorporar-se à luta contra a doença, procurando identificar as principais espécies de mosquitos da Amazônia, bem como o ciclo reprodutivo desses insetos. As pesquisas intensificaram-se a partir de 1902, quando Goeldi publicou, no Diário Oficial, um trabalho sobre profilaxia e combate à Febre Amarela, Malária e Filariose, antecedendo as recomendações que o médico Oswaldo Cruz faria quando esteve em Belém, em 1910.[4][5]

Reconhecimento internacional

Durante a gestão Goeldi, o Museu ganhou respeito internacional, sendo desenvolvidas pesquisas geográficas, geológicas, climatológicas, agrícolas, faunísticas, florísticas, arqueológicas, etnológicas e museológicas. O papel educacional do museu foi reforçado com o parque zoobotânico, publicações, conferências e exposições. Em 1907, após 13 anos de atividades incessantes em Belém, Emílio Goeldi retirou-se, doente, para a Suíça, onde veio a falecer em 1917 e seu conterrâneo, o botânico Jacques Huber, assumiu a direção do Museu Goeldi, juntamente com o amigo marinheiro Nabor da Gama Junior.

Centro de referência

A Revolução de 1930[3] e o período posterior, marcado pela ditadura de Getúlio Vargas, foi o início da transformação pela qual o Estado brasileiro passaria e as velhas oligarquias agrárias estavam sendo substituídas por uma nova classe, representante do poder industrial. No Pará, o interventor Joaquim de Magalhães Barata nomeou o pernambucano Carlos Estevão de Oliveira para a direção do Museu Goeldi. De acordo com a ideologia do novo regime, caracterizada pelo populismo e pelo nacionalismo, foram recuperadas as dependências do Parque Zoobotânico (principal área de lazer da população) e alterou-se novamente o nome da instituição, para Museu Paraense Emílio Goeldi.

A partir de 1931, através de investimentos regulares, o Parque Zoobotânico tornou-se reconhecido nacionalmente, chegando a abrigar 2.000 exemplares de animais vertebrados e centenas de espécies da região, muitas das quais raras ou pouco conhecidas. Esse reconhecimento foi possível graças à subvenção que o Governo Estadual impôs às prefeituras do interior, obrigando-as a remeter mensalmente animais e parte de sua arrecadação ao Museu Goeldi. Muitas espécies foram reproduzidas em cativeiro com sucesso, em especial répteis e peixes. Somente nos três primeiros anos de coletas sistemáticas, foram descritas cinco novas espécies de peixes, inclusive um gênero novo.

No início dos anos de 1950,[5] durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, o museu foi vinculado ao recém-criado Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), juntamente com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), instalado em Manaus. No dia 7 de dezembro de 1954, José Olympio da Fonseca, diretor do INPA, firmou com o governador do Pará, General Zacarias de Assunção, um Termo de Acordo pelo qual o Museu Goeldi seria administrado e recuperado pelo INPA, durante 20 anos. Com essa medida, o Museu Goeldi pôde, mesmo com dificuldades, intensificar suas pesquisas científicas.

Na década de 1970, a limitação do espaço do Parque Zoobotânico, impedia o crescimento do Museu Goeldi e esse foi o principal motivo para a instalação de um campus de pesquisa, na periferia da cidade, para onde viriam a ser transferidos os departamentos de pesquisa, biblioteca e administração e o campus de pesquisa já é o local principal da realização dos experimentos científicos e da guarda das coleções do museu. O Parque Zoobotânico permanece como uma mostra viva da natureza amazônica e ponto de referência para o programa de educação científica do Museu Goeldi.[3]

Bases físicas

Arara-vermelha, uma das aves do museu

Atualmente, o Museu possui três bases físicas. A mais antiga foi instalada em 1895 numa área de 5,2 ha, atualmente conhecida como Parque Zoobotânico. Localizado no centro urbano de Belém, nele se encontram a Diretoria, as Coordenações de Administração e Museologia, a Assessoria de Comunicação Social e a Editora do Museu. O Parque é, atualmente, uma das principais áreas de lazer da população de Belém, além de ser utilizado como instrumento de educação ambiental e científica, possuindo cerca de 2.000 árvores nativas da região, como samaúma, acapu e cedro, e 600 animais, muitos deles ameaçados de extinção, como o peixe-boi, a arara-azul, o pirarucu e a onça pintada. Possui ainda, um aquário com uma mostra de peixes e ambientes aquáticos amazônicos e além disso, mantém uma exposição permanente sobre a obra de Emílio Goeldi e as primeiras coleções formadas pelo naturalista. O Parque recebe mais de 400 mil visitantes anualmente, entre moradores de Belém e turistas.[2]

Em 1980, inaugurou-se, nas imediações da cidade, um Campus de Pesquisa com 12 ha, para onde foram transferidas as coordenações científicas (Botânica, Zoologia, Ciências Humanas, Ciências da Terra e Ecologia), a Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, o Arquivo Guilherme de La Penha, o Horto Botânico Jacques Huber e vários laboratórios institucionais.

A mais recente base física, a Estação Científica Ferreira Penna (ECFP), foi inaugurada em 1993, em 33.000 ha da Floresta Nacional de Caxiuanã, município de Melgaço, a aproximadamente 400 km de Belém. A área foi cedida pelo IBAMA e a base foi construída com recursos da Overseas Development Administration (ODA), atual DFID/Reino Unido). A ECFP destina-se à execução de programas de pesquisa e ações de desenvolvimento comunitário nas diversas áreas do conhecimento (há aproximadamente 200 famílias vivendo no interior da floresta e arredores), possuindo excelente infra-estrutura para o desenvolvimento de pesquisas em ambientes de floresta primária, sendo muito visitada por cientistas de instituições nacionais e estrangeiras.[2]

Desde o ano 2000, o Museu Paraense Emílio Goeldi saiu do âmbito do CNPq, ficando subordinado, diretamente, ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil.

Referências

  1. Museu Paraense Emílio Goeldi abre concursos para 20 vagas, Portal G1, consultado em 12 de setembro de 2014 
  2. a b c d e «é mais antiga instituição de pesquisas da região Amazônica». Site Educar para Crescer - Editora Abril. Consultado em 1 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 11 de maio de 2014 
  3. a b c d e «Museu Paraense Emílio Goeldi». Site Fundação Joaquim Nabuco. Consultado em 1 de dezembro de 2014 
  4. a b c d «Parque Zoobotânico do MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi». sítio GIRAFAMANIA. Consultado em 1 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 22 de dezembro de 2014 
  5. a b c «Diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi é reconduzido ao cargo». Portal Brasil - Site do Governo Federal. Consultado em 1 de dezembro de 2014 

Ver também

Ligações externas