Pollicipes pollicipes

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pcebos , perceves
Pollicipes pollicipes.
Pollicipes pollicipes.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Crustacea
Classe: Maxillopoda
Infraclasse: Cirripedia
Ordem: Pedunculata
Família: Pollicipedidae
Género: Pollicipes
Espécie: P. pollicipes
Nome binomial
Pollicipes pollicipes
(Gmelin, 1789)[1]
Distribuição geográfica

Sinónimos
Percebes sobre um rochedo.

Pollicipes pollicipes (Gmelin, 1789) é uma espécie de crustáceo cirrípede, conhecida pelos nomes comuns de percebe ou perceve,[2] com distribuição natural nas costas rochosas do nordeste do Oceano Atlântico, desde o Canal da Mancha às Canárias e Cabo Verde. É parente próximo das espécies Pollicipes polymerus da costa oeste da América do Norte,[3] e Pollicipes elegans, da costa do Chile,[4] espécies também comercializadas como percebes.[2] É muito apreciado como alimento na Península Ibérica, sendo uma das iguarias típicas do litoral de Portugal e da Galiza.

Descrição[editar | editar código-fonte]

O corpo dos percebes adultos é claramente dividido em duas partes: a unha ou capítulo e o pedúnculo.[5]

O capítulo é uma concha com várias placas calcárias, dentro da qual está localizado o que se considera o corpo do percebe. O capítulo protege o percebe de predadores e da desidratação durante a maré baixa ou quando transitoriamente exposto ao ar.[5]

O pedúnculo é a parte inferior do percebe, constituindo uma estrutura alongada e flexível, revestida por pequenas escamas, que une a unha ao substrato. No seu interior encontram-se os órgãos reprodutores femininos e a glândula adesiva que produz a substância que permite ao percebe aderir ao substrato.[5]

É um marisco com características próprias, que se assemelha popularmente com pé de porco. A pesca ou captura do percebe é uma atividade perigosa, sendo comum acidentes de queda nas rochas ou arrastamento pelo mar que redundam na morte do percebeiro, designação dada às pessoas que se dedicam à apanha deste crustáceo.

Distribuição[editar | editar código-fonte]

P. pollicipes tem distribuição natural nas costas rochosas do Atlântico nordeste entre os paralelos 48° N e 28° N, ao longo das costas da França, Espanha, Portugal, Marrocos e Senegal, incluindo as ilhas Canárias.[6] Existe uma população com distribuição disjunta nas ilhas do arquipélago de Cabo Verde, perto do paralelo 16° N.[7] A periferia da área de distribuição natural da espécie também se estende até as Ilhas Britânicas, com populações esparsas na costa sul da Inglaterra e, possivelmente, sudeste da Irlanda,[8] embora não haja registos modernos da presença nessa região.[9] A espécie também está presente, embora seja rara, no Mar Mediterrâneo.[10]

O habitat típico de Pollicipes pollicipes é as rochas expostas em regiões com águas movimentadas, especialmente a zona intertidal de falésias[5] em áreas forte hidrodinamismo.

Em dezembro de 2016, un pedaço de madeira à deriva coberto de percebes chegou a uma praia da Nova Zelândia, despoletando a imaginação dos locais sobre que estranha criatura seria, já que o animal é desconhecido na região.[11]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Pollicipes pollicipes é uma espécie hermafrodita protândrica,[10] para a qual alguns autores sugerem que o modo de fecundação preferencial é a reprodução por fecundação cruzada, processo em que um indivíduo troca gametas com outro, ao invés de se autofecundar.[10] A fecundação ocorre na cavidade do manto, formando-se duas lamelas de ovos. Os ovos desenvolvem-se nesse local até eclodirem, libertando larvas na forma de náuplios.

As larvas passam por sete estágios durante os quais podem nadar livremente. O processo dura pelo menos um mês. As larvas mantém o tipo náuplio durante seis estágios,[12] apenas assumindo a forma larvar típica dos cirrípedes, a forma cypris, no sétimo e último estágio, quando procuram um substrato para se fixar.[10] Após a fixação, tomam a forma adulta, séssil, típica dos percebes.

Ecologia[editar | editar código-fonte]

A espécie Pollicipes pollicipes tende a formar aglomerados numerosos de indivíduos sobre rochas e outras estruturas rígidas costeiras, como os cascos de navios naufragados.[8]

Alimentam-se por filtragem, nutrindo-se das partículas que conseguem coletar com seus cirros. Esses cirros possuem uma intrincada estrutura ciliar, permitindo que o P. pollicipes tenha uma dieta variada, incluindo diatomáceas, detritos, crustáceos, copépodes, camarões e moluscos.[13]

P. pollicipes são capturados para consumo humano em diversas regiões da sua área de distribuição natural, especialmente para comercialização no mercado espanhol, no qual podem custar até 90,00 por quilograma.[6] Como resultado, suspeita-se que as populações ibéricas da espécie estejam em declínio.[5][10] A escassez na costa ibérica levou à importação para Espanha e Portugal de percebes da espécie Pollicipes polymerus capturados na costa canadiana do Oceano Pacífico.

Gastronomia[editar | editar código-fonte]

Muito apreciado na Espanha e Portugal, existem vários pratos confeccionados a partir deste animal, sendo considerado uma iguaria, particularmente na Galiza.

Referências

  1. Alan Southward (21 de dezembro de 2004). «Pollicipes pollicipes (Gmelin, 1789)». European Register of Marine Species. MarBEF Data System 
  2. a b Houaiss, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Verbete perceve. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 p. 2183
  3. McFadden, Melissa; Helmtetler, Hans e Cowles, Dave (2007). «Mitella polymerus (Sowerby, 1833)». Walla Walla University. Consultado em 20 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 13 de fevereiro de 2012 
  4. Darwin, Charles (1851). A monograph on the sub-class Cirripedia, with figures of all the species. [S.l.]: Ray Society 
  5. a b Molares, J. e Freire, J.). «Fisheries and management of the goose barnacle Pollicipes pollicipes of Galicia (NW Spain)» 🔗 [ligação inativa]
  6. J. Quinteiro, J. Rodríguez-Castro & M. Rey-Méndez (2007). «Population genetic structure of the stalked barnacle Pollicipes pollicipes (Gmelin, 1789) in the northeastern Atlantic: influence of coastal currents and mesoscale hydrographic structures». Marine Biology. 153: 47–60. doi:10.1007/s00227-007-0783-0 
  7. a b Barnes, M. K. S. (1 de fevereiro de 2009). «A stalked barnacle - Pollicipes pollicipes». Marine Life Information Network for Britain & Ireland. Marine Biological Association of the United Kingdom [ligação inativa]
  8. Minchin, Dan (2007). «A checklist of alien and cryptogenic aquatic species in Ireland» (PDF). Aquatic Invasions. 2 (4): 341-366. doi:10.3391/ai.2007.2.4.4. Consultado em 21 de fevereiro de 2009. Arquivado do original (PDF) em 19 de fevereiro de 2009 
  9. a b c d e Cruz, Teresa (2000). Biologia e ecologia do percebe Pollicipes pollicipes (Gmelin, 1790) no litoral sudoeste português (PDF). [S.l.]: Universidade de Évora. Consultado em 21 de fevereiro de 2009. Arquivado do original (PDF) em 18 de dezembro de 2009 
  10. M.J.Dilonardo (13 de dezembro de 2016). «Curious 'castaway' makes imaginations run wild» 
  11. Molares, J.; Tilves, F. e Pascual, C. (1994). «Larval development of the pedunculate barnacle Pollicipes cornucopia (Cirripedia: Scalpellomorpha) reared in the laboratory». Marine Biology. 120: 261-264. doi:10.1007/BF00349686 
  12. Chan, B. K. K.; Garm, A. e Høeg, J. T. (2008). «Setal morphology and cirral setation of thoracican barnacle cirri: adaptations and implications for thoracican evolution». Journal of Zoology. 275: 294–306. doi:10.1111/j.1469-7998.2008.00441.x [ligação inativa]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Teresa Cruz, Biologia e ecologia do percebe Pollicipes pollicipes (Gmelin, 1790) no litoral sudoeste português, Universidade de Évora,‎ 2000, 306 p. (tese de doutoramento)
  • Pérez A. C., El percebe en Galicia, Fundación Caixa Galicia, Aula del mar,‎ 1996, 60 p. (ISBN 8489231168)
  • Quéro J.C., Vayne J.J., Les fruits de la mer et plantes marines des pêches françaises, Paris, Delachaux et Niestlé,‎ 1998, 256 p. (ISBN 260301109X), «Pouce-pied»

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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