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Ponta d'Areia

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 Nota: Este artigo é sobre um bairro de Niterói. Para a praia no Maranhão, veja Praia da Ponta d'Areia.
Ponta d'Areia, em foto de 2010.

Ponta d'Areia é um bairro de caráter residencial do município de Niterói,[1] no Rio de Janeiro, no Brasil. É composto na maioria de casas residenciais, com forte perfil operário, pois o bairro abriga vários estaleiros navais. É próximo ao Centro de Niterói, porém, ao contrário deste, não apresenta tumulto ou trânsito intenso.

Bairro de forte presença da imigração portuguesa na cidade, abriga um pequeno trecho turístico chamado "Portugal Pequeno", que concorre com o perfil industrial e operário do bairro. O bairro também abriga o tradicional mercado público de pescado, o Mercado São Pedro. Possui uma comunidade muito antiga, denominada Morro da Penha devido à presença da Igreja Nossa Senhora da Penha.

Localizado na Península da Armação, a Ponta d'Areia, por sua posição geográfica, encontra-se diretamente banhado pelas águas da Baía de Guanabara, tendo, como áreas limítrofes com o continente, os bairros do Centro e de Santana. O nome Armação está relacionado à pesca ("armar" os barcos) e ao esquartejamento de baleias, já que a península foi importante porto baleeiro. A vocação industrial veio depois, com as oficinas de material bélico da Marinha do Brasil e estaleiros. Após obras de urbanização, ordenaram-se os acessos à Armação e Ponta d'Areia, agilizando a ligação com o Centro da cidade.

Localização do bairro da Ponta d'Areia no município de Niterói.

No século XIX, em um estaleiro que ali funcionava, construíram-se barcos a vapor, caldeiras e peças fundidas em ferro. Posteriormente, na época de Irineu Evangelista de Sousa, Barão e Visconde de Mauá, a indústria diversificou-se e passou a produzir vários equipamentos, porém, com a mudança da política econômica que facilitou a entrada de produtos estrangeiros, veio a falência. Mauá, precursor da industrialização brasileira, é homenageado com nome de rua e de estaleiro no bairro.

Outra empresa que marcou época na economia fluminense e que também era estabelecida na Ponta d'Areia foi a Companhia de Comércio e Navegação, de Pereira Carneiro e Cia. Ltda. Possuidora de importante frota de cabotagem e de grandes armazéns gerais, também negociava com sal. Foi desta companhia o dique Lahmeyer, o mais sólido do mundo, por ter sido cavado em rocha e que, durante muito tempo, foi o maior da América do Sul. O dique era usado para manutenção da frota própria e também atendia a outras empresas. O conde Pereira Carneiro, principal acionista da Companhia de Comércio e Navegação, também construiu a vila que leva o seu nome, existente até hoje. A vila operária foi criada com fins sociais - casas higiênicas com aluguel, médico, escola e até uma capela - para os empregados da empresa. Atualmente, a "vila" está incorporada ao patrimônio arquitetônico da cidade.

Em 1893, a Ponta da Armação entrou definitivamente para a história nacional durante a Revolta da Armada, quando tropas amotinadas contra o governo do presidente Floriano Peixoto, comandadas por Custódio de Melo, apoderam-se de toda a munição existente no então Laboratório Pirotécnico da Marinha — que lá funcionava. Apesar do revés inicial, tropas fiéis ao presidente resistiram em vários pontos da cidade até a vitória. Em razão do fato, Niterói passou a ser denominada "Cidade Invicta" por alguns historiadores.

Características

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A população da Ponta d'Areia, na sua maioria, tem origem operária, tradicionalmente ligada às indústrias locais e de ilhas próximas, vinculadas à construção naval já que o bairro é pioneiro, no Brasil, neste ramo de atividade. Constituída de imigrantes, em boa parte oriundos de Portugal, o bairro é também conhecido como "Portugal Pequeno". Sobre a indústria naval, é importante ressaltar que Niterói já teve, neste ramo industrial, sua máxima expressão, apesar da decadência no século XX e o ressurgimento deste setor no início do século XXI.

As residências da Ponta d'Areia apresentam padrão construtivo predominante do tipo médio degradado, com espacialização horizontal, especialmente na Vila Pereira Carneiro. O comércio de primeira necessidade localiza-se na entrada da Vila Pereira Carneiro e o especializado em produtos náuticos e oficinas afins nas ruas que margeiam a Baía de Guanabara - especialmente a Miguel Lemos e a Barão de Mauá.

A presença de estaleiros é uma constante ainda hoje na Ponta d'Areia. Encontram-se em atividade lá os estaleiros Mauá, Mac Laren Oil e Cruzeiro do Sul, este pertencente ao Governo do Estado - responsável pela manutenção das barcas da CCR Barcas, que interligam Niterói ao Rio de Janeiro e vice-versa.

Portugal Pequeno

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Portugal Pequeno, trecho turístico do bairro da Ponta d'Areia com casarões restaurados abrigando bares e restaurantes.

Portugal Pequeno é uma localidade, no bairro de Ponta d'Areia, junto às águas da Baía de Guanabara, que sobreviveu às grandes mudanças socioespaciais sofridas ao longo do tempo. Trata-se de uma área marcada pela presença da imigração portuguesa em Niterói. A localidade de Portugal Pequeno, marcada pela presença da comunidade de pescadores, manteve a sua função, mesmo com as grandes transformações sofridas com a decadência da indústria da construção naval (década de 1980) e com a construção da Ponte Rio-Niterói.

A revitalização do Portugal Pequeno partiu de uma proposta que envolveu a Prefeitura de Niterói, a comunidade e outras instituições, além do próprio governo português, interessados na recuperação do patrimônio arquitetônico e urbano do bairro. O projeto de revitalização coincidiu com as comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, durante a realização do evento Encontro com Portugal, em 1998. As transformações no espaço de Portugal Pequeno foram as seguintes: o asfalto foi substituído por paralelepípedos; o calçamento teve de volta as pedras portuguesas; as casas à beira-mar receberam novas cores; construção de uma praça com desenho inspirado na cruz de Malta; construção de quiosques; melhoria na área do deque, com a instalação de bancos.

O objetivo da revitalização de Portugal Pequeno, além de preservar o patrimônio histórico, foi desenvolver o turismo no local, que alia importância arquitetônica e gastronomia portuguesa. Inclusive, em boa parte desses imóveis foram instalados diversos restaurantes. A revigoração da região aumentou o fluxo de pessoas para aqueles restaurantes, principalmente nos finais de semana. Outro ponto importante é que a revitalização acabou por valorizar os imóveis daquela área.

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Referências

Ligações externas

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