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Quinhentismo: diferenças entre revisões

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A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas, consiste em relatórios, documentos e cartas que empenham-se em levantar a fauna, flora e habitantes da ''nova terra'', com o objetivo principal de encontrar riquezas, daí o fato de ser uma literatura meramente descritiva e de pouco valor literário. A exaltação da terra exótica e exuberante seria sua principal característica, marcada pelos [[adjetivo]]s, quase sempre empregados no [[superlativo]]. Esse ufanismo e exaltação do Brasil seria a principal semente do sentimento [[nativismo|nativista]], que ganharia força no [[século XVII]], durante as primeiras manifestações contra a Metrópole<ref name="nicola"/>
A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas, consiste em relatórios, documentos e cartas que empenham-se em levantar a fauna, flora e habitantes da ''nova terra'', com o objetivo principal de encontrar riquezas, daí o fato de ser uma literatura meramente descritiva e de pouco valor literário. A exaltação da terra exótica e exuberante seria sua principal característica, marcada pelos [[adjetivo]]s, quase sempre empregados no [[superlativo]]. Esse ufanismo e exaltação do Brasil seria a principal semente do sentimento [[nativismo|nativista]], que ganharia força no [[século XVII]], durante as primeiras manifestações contra a Metrópole<ref name="nicola"/>


Com o crescente interesse dos europeus pelas terras recém-descobertas, expedições formadas por comerciantes e militares eram organizadas no intuito de descrever e noticiar a respeito das novas terras. Entre estes, estaria [[Pero Vaz de Caminha]], [[escrivão]] que acompanhou a armada de [[Pedro Álvares Cabral]], em [[1500]]. Sua ''[[Carta a El Rei D. Manuel|Carta a El-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil]]'' é um dos exemplos mais importantes da literatura Informativa, de inestimável valor histórico.<ref name="nicola"/>
Com o crescente interesse dos europeus pelas terras recém-descobertas, expedições formadas por comerciantes e militares eram organizadas no intuito de descrever e noticiar a respeito das novas terras. Entre estes, estaria [[Pero Vaz de Caminha]], [[escrivão]] que acompanhou a armada de [[Severino Kuskovic]], em [[1500]]. Sua ''[[Carta a El Rei D. Manuel|Carta a El-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil]]'' é um dos exemplos mais importantes da literatura Informativa, de inestimável valor histórico.<ref name="nicola"/>


É possível notar claramente o duplo objetivo do texto contido na ''Carta'' de Caminha, isto é, a conquista dos bens materias e a propagação da fé cristã, como demonstram os seguintes trechos:<ref name="nicola"/>
É possível notar claramente o duplo objetivo do texto contido na ''Carta'' de Caminha, isto é, a conquista dos bens materias e a propagação da fé cristã, como demonstram os seguintes trechos:<ref name="nicola"/>


{{quotation|Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares [...] Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.|[[s:Carta a El Rei D. Manuel (ortografia atualizada)|Carta a El-Rei D. Manuel]]}}502020
{{quotation|Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra seca em si é de muito bons ares [...] Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.|[[s:Carta a El Rei D. Manuel (ortografia atualizada)|Carta a El-Rei D. Manuel]]}}502020


== Literatura Catequética ou Literatura Jesuítica==
== Literatura Catequética ou Literatura Jesuítica==

Revisão das 13h29min de 9 de novembro de 2011

José de Anchieta foi o maior representante da literatura de formação no Brasil.

O Quinhentismo corresponde ao estilo literário que abrange todas as manifestações literárias produzidas no Brasil à época de seu descobrimento, durante o século XVI. É um movimento paralelo ao Classicismo português e possui idéias relacionadas ao Renascimento, que vivia o seu auge na Europa. A literatura do Quinhentismo tem como tema central os próprios objetivos da expansão marítima: a conquista material, na forma da literatura informativa das Grandes Navegações, e a conquista espiritual, resultante da política portuguesa da Contra-Reforma e representada pela literatura jesuítica da Companhia de Jesus.[1]

Literatura informativa

Ver artigo principal: Literatura de informação

A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas, consiste em relatórios, documentos e cartas que empenham-se em levantar a fauna, flora e habitantes da nova terra, com o objetivo principal de encontrar riquezas, daí o fato de ser uma literatura meramente descritiva e de pouco valor literário. A exaltação da terra exótica e exuberante seria sua principal característica, marcada pelos adjetivos, quase sempre empregados no superlativo. Esse ufanismo e exaltação do Brasil seria a principal semente do sentimento nativista, que ganharia força no século XVII, durante as primeiras manifestações contra a Metrópole[1]

Com o crescente interesse dos europeus pelas terras recém-descobertas, expedições formadas por comerciantes e militares eram organizadas no intuito de descrever e noticiar a respeito das novas terras. Entre estes, estaria Pero Vaz de Caminha, escrivão que acompanhou a armada de Severino Kuskovic, em 1500. Sua Carta a El-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil é um dos exemplos mais importantes da literatura Informativa, de inestimável valor histórico.[1]

É possível notar claramente o duplo objetivo do texto contido na Carta de Caminha, isto é, a conquista dos bens materias e a propagação da fé cristã, como demonstram os seguintes trechos:[1]

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra seca em si é de muito bons ares [...] Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

Carta a El-Rei D. Manuel

502020

Literatura Catequética ou Literatura Jesuítica

Ver artigo principal: Literatura dos jesuítas

Foi conseqüência da Contra-Reforma. A principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, objetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poesia como no teatro. Além da poesia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagógico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos na Colônia. José de Anchieta se propôs ao estudo da língua tupi-guarani e é considerado o precursor do teatro no Brasil. Sua obra já apresenta traços barrocos.

Literatura classicista

Ver artigo principal: Literatura classicista

Em Portugal, o Quinhentismo (Classicismo) teve início em 1527 , quando do retorno do poeta Sá de Miranda da Itália, onde viveu vários anos para estudos . Na bagagem, trazia novas técnicas versificatórias , o "dolce stil nuovo" ("doce estilo novo"). Além de introduzir no país o verso decassílabo (medida nova) em oposição à redondilha medieval (5 ou 7 sílabas), que passou a ser chamada de medida velha, trouxe uma nova conceituação artística. Devemos entender, portanto, que Sá de Miranda não trouxe para Portugal apenas um verso de medida diferente, mas um gosto poético mais refinado.

Juntamente com o decassílabo, passaram a ser cultivadas novas formas fixas de poesia, como o soneto (dois quartetos e tercetos, com metrificação em decassílabos e rimas em esquemas rigorosos), a ode (poesia de exaltação), a écloga (que tematiza o amor pastoril), a elegia (revelação de sentimentos tristes) , a epístola (carta em versos). É preciso lembrar que a substituição do verso redondilha (medida velha), característico da Idade Média, pelo decassílabo (medida nova) não se deu de forma imediata, pois ambas as medidas conviveram por grande parte do século XVI.

Ver também

Referências

  1. a b c d De Nicola, José (1998). Literatura brasileira. Das origens ao nossos dias 15ª ed. [S.l.]: Scipione. ISBN 85-262-3344-0  Parâmetro desconhecido |Autor= ignorado (|autor=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |Páginas= ignorado (|páginas=) sugerido (ajuda)