Relações entre Brasil e Indonésia

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Relações entre Brasil e Indonésia
Bandeira de Brasil   Bandeira do Indonésia
Mapa indicando localização de Brasil e do Indonésia.
Mapa indicando localização de Brasil e do Indonésia.
  Brasil

As relações entre Brasil e Indonésia referem às relações bilaterais entre o Brasil e a Indonésia. Ambos são grandes países tropicais, dotados de ricos recursos naturais e são também os lugares que possuem as maiores florestas tropicais do mundo[1] que contêm a mais rica biodiversidade do mundo, o que lhes confere um papel vital nas questões ambientais do mundo, tais como garantias de proteção das florestas tropicais.[2] Ambos lideram a lista de países megadiversos, sendo o Brasil líder da lista e a Indonésia ficando em segundo lugar.[3]

O Brasil tem expectativas de expandir a cooperação com a Indonésia, já que ainda há um espaço enorme para crescimento em muitas áreas, incluindo a agricultura e de alta tecnologia industrial.[4] Os dois países são membros da Organização Mundial do Comércio, do Foro de Cooperação América Latina - Ásia do Leste e do G20. Ao primeiro trimestre de século XXI, ambas as nações são esperadas para emergir como potências emergentes globais.[5]

História[editar | editar código-fonte]

As relações diplomáticas foram estabelecidas em 1953.[6] A Indonésia tem embaixada em Brasília e o Brasil tem embaixada em Jacarta. As relações entre ambos foram bastante tensas durante a invasão indonésia de Timor-Leste, de 1975 até a independência deste país, em 1999, já que o Brasil partilha uma solidariedade e sentimentos muito próximos de Timor Leste como ex-colônias portuguesas e partilharem a língua portuguesa.

Visitas de Estado[editar | editar código-fonte]

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitou a Indonésia no dia 12 de julho de 2008. Esta foi a primeira visita de Lula ao país asiático e a segunda visita de um presidente brasileiro ao país (sendo o primeiro o Fernando Henrique Cardoso, que fez a visita em janeiro de 2001). Subsequentemente, o presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono fez uma visita ao Brasil no dia 18 de novembro de 2008, a caminho para a APEC Peru 2008. O presidente Yudhoyono visitou o Brasil pela segunda vez no dia 18 de novembro de 2009 e durante esta visita os presidentes de ambos os países assinaram um acordo de parceria estratégica entre o Brasil e a Indonésia. Anteriormente, dos dias 14–16 de outubro de 2009 houve a primeira reunião da Comissão Conjunta Brasil-Indonésia, que conduziu a discussão para discutir o plano de ação sobre a parceria estratégica.[6]

Brazilian stamp of 1959, marking a visit by Sukarno.

Economia e comércio[editar | editar código-fonte]

Atualmente o Brasil é o maior parceiro econômico da Indonésia na América do Sul. O comércio bilateral aumentou em 185,09%: de $1,14 bilhões em 2006 para $3,25 bilhões em 2010,[4] e espera-se que atinja os $4 bilhões em 2012. A Indonésia exporta principalmente fio, borracha natural, óleo de palma bruto, gorduras vegetais fixos e óleo, cacau, papel, eletrônicos e peças de reposição automotiva e de importações de óleo de soja, cana de açúcar, algodão e ferro do Brasil. O Brasil estava interessado não só no aumento das exportações e do investimento na Indonésia, mas também no aumento das importações de produtos como fertilizantes, têxteis, óleo de palma e realizar mais investimento indonésio, inclusive em projetos de infraestrutura. Eles usavam as rotas marítimas para enviar produtos de um lugar para outro.

Problemas atuais[editar | editar código-fonte]

Execução de cidadãos brasileiros[editar | editar código-fonte]

No dia 17 de janeiro de 2015, o Brasil convocou o seu embaixador após a Indonésia ter ignorado seus apelos por clemência e executado o cidadão brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira.[7] A presidente brasileira Dilma Rousseff afirmou que a execução iria afetar as relações de ambos os países e o embaixador brasileiro foi chamado de volta para Brasília.[8] O condenado brasileiro era católico e lhe foi recusado o acesso a um sacerdote para seus últimos ritos.[9]

No sábado, dia 21 de fevereiro de 2015, a Indonésia retirou seu embaixador putativo do Brasil depois que o Brasil adiou uma cerimônia de vedação da sua nomeação.[10] Essa disputa diplomática foi resultado da execução indonésia de um cidadão brasileiro por causa de tráfico de drogas no mês anterior. A presidente Dilma Rousseff disse: "Achamos que é importante que exista uma evolução na situação para que possamos ter a clareza sobre o estado das relações entre a Indonésia e o Brasil". O Ministério dos Negócios Estrangeiros indonésio respondeu: "A maneira pela qual o ministro das Relações Exteriores do Brasil, de repente, nos informou sobre o adiamento -quando o embaixador indigitado já estava no palácio-, é inaceitável para a Indonésia." O Ministério das Relações Exteriores também ressaltou que nenhum país estrangeiro iria interferir nas leis da Indonésia.[11] Esta ação levou a Casa dos Representantes da indonésia a avaliar a cooperação da Indonésia com o Brasil, incluindo avaliação de compras de equipamentos de defesa da Embraer do Brasil e a revisar a proposta de exportações brasileiras para o fornecimento de carne para a Indonésia.[12]

Na quarta-feira, dia 29 de abril de 2015, o governo indonésio executou outro cidadão brasileiro, este tendo esquizofrenia.[13] Até hoje nenhum dos embaixadores de ambos os países retornaram aos seus postos.

Referências

  1. «Tropical Rainforest». internetgeography.net. Internet Geography. Consultado em 12 de junho de 2013 
  2. Alister Doyle (24 de agosto de 2012). «Oslo urges Brazil, Indonesia to keep forest protection». reuters.com. Reuters. Consultado em 12 de junho de 2013 
  3. Biodiversity Theme Report
  4. a b Linda Yulisman (5 de outubro de 2011). «Brazil hopes to forge closer links with Indonesia». www.thejakartapost.com. The Jakarta Post. Consultado em 8 de junho de 2013 
  5. Awidya Santikajaya (7 de fevereiro de 2013). «Emerging Indonesia and its global posture». www.thejakartapost.com. The Jakarta Post. Consultado em 8 de junho de 2013 
  6. a b «Hubungan Bilateral Indonesia - Brazil» (em Indonesian). Ministry of Foreign Affairs Republic of Indonesia. Consultado em 12 de junho de 2013. Arquivado do original em 1 de março de 2010 
  7. Chris Nusatya in Jakarta, Toby Sterling in Amsterdam, and Silvio Cascione in Brasilia; Writing by Randy Fabi; Editing by Paul Tait (17 de janeiro de 2015). «Brazil, Netherlands recall Indonesia ambassadors after executions». Reuters. Consultado em 19 de fevereiro de 2015 
  8. «Dilma está 'indignada' com execução e chama embaixador ao Brasil». G1. Consultado em 17 de janeiro de 2015 
  9. Adam, Withnall (22 de fevereiro de 2015). «Catholic Brazilian man executed by firing squad in Indonesia 'dragged crying from cell and refused his last rites'». The Independent 
  10. «Indonesia recalls envoy to Brazil amid row over execution». Sydney Morning Herald. Reuters. 21 de fevereiro de 2015. Consultado em 23 de julho de 2015 
  11. Reporting by Chris Nusatya; additional reporting by Stephen Eisenhammer in Rio de Janeiro and Tony Boadle in Brasilia,; writing by Michael Taylor, Editing by Angus MacSwan (21 de fevereiro de 2015). «Indonesia recalls envoy to Brazil amid row over execution». Reuters. Consultado em 22 de fevereiro de 2015 
  12. Bagus BT Saragih and Nani Afrida (21 de fevereiro de 2015). «Brazil's "overreaction" puts diplomatic ties at risk». The Jakarta Post. Consultado em 22 de fevereiro de 2015 
  13. «Brazilian executed in Indonesia unaware what was happening until end». Reuters. Reuters. 29 de abril de 2015. Consultado em 23 de julho de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]