Tito Madi
Tito Madi | |
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Informação geral | |
Nome completo | Chauki Maddi |
Nascimento | 12 de julho de 1929 |
Local de nascimento | Pirajuí, São Paulo Brasil |
Morte | 26 de setembro de 2018 (89 anos) |
Local de morte | Rio de Janeiro, RJ |
Gênero(s) | Samba-canção, bossa nova |
Instrumento(s) | vocal, violão |
Período em atividade | 1952—2018 |
Gravadora(s) | Continental, Columbia Records, CBS, EMI-Odeon e RCA |
Afiliação(ões) | Os Cariocas |
Chauki Maddi, de nome artístico Tito Madi (Pirajuí, 12 de julho de 1929[1][2] – Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2018[3]), foi um cantor e compositor brasileiro que teve relativo sucesso durante as décadas de 1950 e 1960 como intérprete e compositor de sambas-canções. Foi gravado por diversos artistas dentro e fora da Bossa Nova e é até hoje lembrado como compositor significativo nas carreiras de vários cantores, como Roberto Carlos[4] e Wilson Simonal.[5] Compositor da geração pré-bossa nova, teve influência sobre o movimento, com sambas-canções de harmonização moderna como "Cansei de Ilusões", "Sonho e Saudade", "Carinho e Amor", "Fracassos de Amor", "Gauchinha Bem-Querer", "Não Diga Não", "Balanço Zona Sul" e seu maior sucesso, "Chove Lá Fora".[6]
Infância e adolescência
[editar | editar código-fonte]Tito Madi nasceu como Chauki Maddi em 12 de julho de 1929[1], filho de um casal de libaneses (Nemer Maddi e Cármen Filipe Maddi[7]), tendo quatro irmãos e uma irmã.[7] A família morava nos arredores da cidade e Nemer trabalhava como chacareiro.[1]
Na adolescência, Chauki demonstrou talento para o futebol, sendo convidado a integrar as equipes profissionais do Pirajuí Atlético Clube e depois o Fortaleza Esporte Clube (de Piracicaba).[1]
Interessar-se-ia pela música por influência do pai, que tocava alaúde e iniciou os filhos em vários instrumentos.[1] Chauki furtava o violão do irmão mais velho, Ramez, e tentava aprender a tocar sozinho. Ramez não gostou de descobrir que o irmão tocava seu instrumento escondido, mas por incentivo da mãe, e após ver que Chauki levava jeito, decidiu incentivá-lo a continuar tocando.[8]
Embora na pré-adolescência ele já se apresentasse na escola, nem ele nem a família pensavam em fazer da música sua profissão; seguir a profissão do pai ou abraçar o futebol pareciam ser os dois caminhos que ele poderia escolher.[8]
Carreira no rádio
[editar | editar código-fonte]Quando ainda contemplava o futebol como possibilidade de trabalho, Chauki e seus irmãos tiveram a ideia de criar o serviço de alto-falantes chamado "A Voz de Pirajuí". Era uma rede de alto-falantes instalados na praça central da cidade que reproduziam músicas dos cantores populares da época (Orlando Silva, Francisco Alves, Francisco Canaro, Gregório Barrios, Carmen Miranda, entre outros). Apresentavam comerciais e liam recados dos ouvintes entre uma sequência de canções e outra.[8]
Em 1946, a Rádio Pirajuí, pertencente às Emissoras Unidas, recebeu permissão para operar e iniciou suas transmissões no dia 23 de janeiro do ano seguinte. Por sua experiência com os alto-falantes, os irmãos Maddi foram contratados para trabalhar na emissora.[9]
Chauki trabalhava como locutor, programador, redator, criador de mensagens publicitárias e cantor. Paralelamente às atividades no rádio, estudou numa Escola Normal com o objetivo de virar professor. Chegou a ser convidado por um amigo em 1954 a lecionar matemática (disciplina que detestava) em Cornélio Procópio, no estado do Paraná, mas no meio da viagem desistiu e decidiu que queria mesmo era continuar em São Paulo para seguir carreira artística.[9]
Carreira na música
[editar | editar código-fonte]Primeiros trabalhos no rádio
[editar | editar código-fonte]Na capital do estado, Chauki adotou o nome artístico Tito Madi, sendo Tito um apelido que recebera na infância e Madi apenas uma variação mais breve de seu sobrenome.[10] Tito iniciou uma excursão pelas rádios paulistanas em busca de oportunidades. Conversou com Blota Júnior e Manuel de Nóbrega, mas nenhum deles se entusiasmou com seu trabalho.[10]
Contudo, a filha da dona da pensão onde ele estava na época, que era pianista, ouvi-o cantar ao violão e o convidou a conhecer um primo dela que trabalhava na Rádio Ribeiro Filho. Dias depois, o radialista lhe arranjou um teste com o maestro Georges Henry, da Rádio Tupi.[10] Após mostrar-lhe três composições suas, Tito foi contratado pela emissora, inicialmente de forma voluntária, mas semanas depois com o pagamento de um salário fixo.[10]
Primeiras gravações
[editar | editar código-fonte]Em 4 de junho de 1954, Tito registrou seu primeiro álbum, gravado com a orquestra de Luis Arruda Paes, contendo "Não Diga Não" e "Pirajuí". O disco, editado pela Continental, faz sucesso[11] e Tito ganha um prêmio de revelação do ano. Buscando mais visibilidade, decide se mudar para o Rio de Janeiro.[12]
Entretanto, por não ser ainda conhecido na então capital brasileira, teve de empreender uma nova rodada de visitas a rádios. Na Rádio Tupi local, consegue um contrato[12] para se apresentar em parceria com Gilvan Chaves, por meio do qual consegue ainda um outro trabalho: o de músico do Scotch Bar.[13]
"Chove Lá Fora" e ganho de popularidade
[editar | editar código-fonte]Em 1955, participou da festa de aniversário da Rádio Farroupilha e, por ocasião da mesma, compôs "Gauchinha Bem Querer", que ele registraria mais tarde juntamente a seu trabalho mais conhecido, a valsa "Chove Lá Fora".[13] O sucesso do compacto abriu caminho para o lançamento do seu primeiro álbum, intitulado com o nome daquela canção e no qual é acompanhado pelo pianista Ribamar e o seu conjunto. A música teve, ainda, uma versão em inglês, com o nome "It's Raining Outside", gravada por Della Reese e The Platters[14], e outra em espanhol ("Llueve Afuera"),[14] além de vir a ser regravada pelos mais diversos artistas da época e posteriores.[11]
"Chove Lá Fora" deu um impulso em sua carreira e o transformou na voz do momento. Recebe diversos prêmios de melhor compositor da temporada, prêmio de Disco de Ouro do jornal O Globo e medalhas das Associadas e da Revista do Rádio — esta última recebida das mãos do então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek.[14]
Nessa época, Tito começou a se estabelecer como cantor de boates, iniciando uma bem-sucedida e duradoura parceria com o pianista Ribamar.[14] Depois do Scotch Bar, passou ainda pelo Jirau, Little Club e Cangaceiro.[15]
Em 1959, muda para a gravadora Columbia Records e passa a trabalhar com o maestro Radamés Gnattali. Em 1961, troca novamente de gravadora, indo para a CBS, gravadora na qual passa a trabalhar com o maestro Lyrio Panicali.
Declínio do samba e últimos anos
[editar | editar código-fonte]Dos anos 60 aos 2000, novos gêneros e movimentos musicais começam a tirar a dominância do samba nas rádios: rock, MPB, Bossa Nova, Jovem Guarda, Tropicália, soul, funk e rap. Tito, contudo, opta por continuar cantando samba, mesmo que isso implique um menor sucesso.[16]
Em 1963, Wilson Simonal grava várias músicas suas nos seus primeiros compactos, culminando com a gravação de Balanço Zona Sul no seu álbum de estréia, Tem "Algo Mais", obtendo êxito radiofônico e tornando-se o primeiro sucesso do cantor carioca.[5] A proximidade com a gravadora de Simonal faz com que Tito mude-se para a EMI-Odeon,[5] continuando a trabalhar com Lyrio Panicalli, mas também com o jovem Eumir Deodato.[11] Ficaria na Odeon até 1976 (com breve passagem na RCA Victor, em 1968), sempre com lançamentos com boas vendagens e compondo novas músicas.[11] A partir desta data, seus discos e músicas inéditas começam a rarear, mas continuava fazendo shows pelo país. Em 2001, lançou Ilhas Cristais.[6] Seu derradeiro disco foi Quero te Dizer que te Amo, de 2015.[17] A cantora Nana Caymmi prepara álbum dedicado ao repertório de Tito, ainda inédito.[18]
Morte e homenagens
[editar | editar código-fonte]Nos últimos anos de sua vida, Tito lutou contra as sequelas de um AVC, que o deixou incapaz de andar, cantar e compor.[19] Morreu em 25 de setembro de 2018 por complicações de uma pneumonia, agravada por problemas renais.[3]
Quando ainda era vivo, uma rua em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, foi batizada em seu nome.[20]
Discografia
[editar | editar código-fonte]Adaptado da fonte.[21]
78 rpm
[editar | editar código-fonte]- 1954 - "Pirajuí" / "Não Digo Não"
- 1955 - "Eu e Você" / "Vem Felicidade"
- 1955 - "Faz Tanto Tempo" / "Canto do Engraxate"
- 1956 - "A Saudade Apertou" / "Senhorita"
- 1957 - "Chove Lá Fora" / "Gauchinha Bem Querer"
- 1957 - "Se Todos Fossem Iguais a Você" / "Quero-te Assim"
- 1958 - "Duas Contas" / "E a Chuva Passou"
- 1958 - "Fracassos de Amor" / "Olha-me, Diga-me"
- 1959 - "Cansei de Ilusões" / "Fui Procurar Distração"
- 1959 - "Fumaças nos Olhos" / "Rio Triste"
- 1959 - "Minha Canção de Amor" / "Pela Rua"
- 1959 - "Menina Moça" / "Carinho e Amor"
- 1960 - "Sonho e Saudade" / "Quando a Esperança Vai Embora"
- 1960 - "Chorou, Chorou" / "É Fácil Dizer Adeus"
- 1961 - "A Menina Sonha Azul" / "Ai de Mim"
Estúdio
[editar | editar código-fonte]- 1957 - Chove lá Fora
- 1957 - A Saudade Mata a Gente
- 1958 - Sua Voz... Suas Composições
- 1959 - Encontro no Sábado - Um LP para Namorados (em parceria com a cantora Nelly Martins)[carece de fontes]
- 1959 - Quero-te Assim[carece de fontes]
- 1959 - ...E a Chuva Continua[carece de fontes]
- 1960 - Carinho e Amor (em parceria com Ribamar)
- 1960 - Canção dos Olhos Tristes[carece de fontes]
- 1960 - Romance[carece de fontes]
- 1961 - Sonho e Esperança[carece de fontes]
- 1963 - Amor e Paz
- 1963 - Grandes Interpretações
- 1964 - De Amor se Fala[carece de fontes]
- 1966 - Balanço Zona Sul e outros Sucessos[carece de fontes]
- 1968 - Em Nova Dimensão[carece de fontes]
- 1971 - A Fossa
- 1972 - A Fossa Volume 2
- 1973 - A Fossa Volume 3
- 1974 - Canção de Amor - A Fossa Volume 4[carece de fontes]
- 1976 - Carinho e Amor[carece de fontes]
- 1987 - Quem É da Noite, Canta
- 1988 - Tempo de Amar
- 1992 - Samba Canção - Série Academia Brasileira de Música - Volume VII (em parceria com a cantora Dóris Monteiro)[carece de fontes]
- 1995 - Tito Madi
- 2000 - Bis Cantores de Rádio - Tito Madi Disco 1
- 2001 - Ilhas Cristais[carece de fontes]
- 2002 - Balanço Zona Sul e Outros Sucessos
- 2015 - Quero te Dizer que te Amo[carece de fontes]
Ao vivo
[editar | editar código-fonte]- 1985 - Tito Madi na Intimidade - Ao Vivo no Inverno & Verão[carece de fontes]
Coletâneas
[editar | editar código-fonte]- 1975 - Dois na Fossa - Maysa & Tito Madi (em parceria com a cantora Maysa)[carece de fontes]
Filmografia
[editar | editar código-fonte]Adaptado da fonte.[22]
- 1960 - Amor para Três
- 1961 - Briga, Mulher e Samba
- 1970 - O Donzelo
- 1987 - Besame Mucho
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Aguiar, Ronaldo Conde (2013). «Tito Madi - O Cantor, O Compositor». Os Reis da Voz. Rio de Janeiro: Casa da Palavra. ISBN 978-85-773-4398-0
Referências
- ↑ a b c d e Aguiar 2013, p. 189.
- ↑ Artur Xexéo (12 de julho de 2012). «Feliz aniversário, Tito Madi». O Globo. Consultado em 15 de maio de 2013
- ↑ a b Mauro Ferreira (26 de setembro de 2018). «Morre Tito Madi, refinado estilista do samba-canção, aos 89 anos no Rio». Globo.com. Consultado em 26 de setembro de 2018
- ↑ Evanize Sydow (1 de dezembro de 2001). «As Ilhas Cristais de Tito Madi». Página da Música. Consultado em 15 de maio de 2013
- ↑ a b c ALEXANDRE, Ricardo. Nem vem que não tem: a vida e o veneno de Wilson Simonal. São Paulo: Globo, 2009. ISBN 978-85-750-4728-1.
- ↑ a b «Tito Madi». CliqueMusic. N.d. Consultado em 24 de novembro de 2013
- ↑ a b Aguiar 2013, p. 188.
- ↑ a b c Aguiar 2013, p. 190.
- ↑ a b Aguiar 2013, p. 191.
- ↑ a b c d Aguiar 2013, p. 192.
- ↑ a b c d Ricardo Cravo Albin (n.d.). «Verbete Tito Madi». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 15 de maio de 2013
- ↑ a b Aguiar 2013, p. 193.
- ↑ a b Aguiar 2013, p. 194.
- ↑ a b c d Aguiar 2013, p. 195.
- ↑ Aguiar 2013, pp. 195-196.
- ↑ Aguiar 2013, pp. 200-201.
- ↑ Mauro Ferreira (26 de setembro de 2018). «Tito Madi foi cantor e compositor moderno que depurou o drama das canções de amor e fossa». G1. Consultado em 26 de setembro de 2018
- ↑ Mauro Ferreira (11 de maio de 2018). «Há nove anos sem lançar disco solo, Nana apronta álbum em tributo a Tito Madi». G1. Consultado em 26 de setembro de 2018
- ↑ Aguiar 2013, p. 202.
- ↑ Aguiar 2013, p. 201.
- ↑ Aguiar 2013, pp. 202-205.
- ↑ Aguiar 2013, pp. 205-206.