Usuária:Leni.ribeiro/Vênus (mitologia)

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Vênus
Leni.ribeiro/Vênus (mitologia)
Deusa do amor, da beleza, da sexualidade, da maternidade e da família
Morada Monte Olimpo
Cônjuge Vulcano
Amantes Marte, Netuno, Mercúrio, Baco, Adonis e Anquises
Pais Urano ou Júpiter e Dione
Irmãos Melíade
Filhos Eros, Phobos, Deimos, Harmonia, Anteros, Hermafrodito, Príapo e Eneias
Grega equivalente Afrodite

Vênus (pt-BR) ou Vénus (pt) (AO 1990: Vênus ou Vénus)[1] é a deusa romana que representa o amor, a beleza, a sexualidade, a maternidade e a família. Na antiga mitologia romana, Vênus era a deusa da vegetação, protetora das viniculturas e dos jardins, contudo, após o Período helenístico, ela absorveu muitas características e histórias da deusa grega Afrodite, por conta da união das culturas e religiões grega e romana.

O mito de seu nascimento conta que a deusa teria surgido dentro de uma concha de madrepérola, tendo sido gerada pelas espumas[2] do sêmen e do sangue de Urano. Em outra versão, é filha de Júpiter e Dione. Era esposa de Vulcano, o deus coxo, porém mantinha relações adúlteras, principalmente com Marte, mas também com outros deuses e mortais.

Vênus foi uma das divindades mais veneradas entre os antigos romanos, sobretudo na cidade de Pafos. Geralmente é narrada como dona de um carro puxado por cisnes.

A deusa possui muitas formas de representações artísticas, desde a clássica (greco-romana) até às modernas, passando também pela renascentista. É de uma beleza exuberante, por isso é considerada pelos antigos romanos como a deusa da beleza e do amor.

Os romanos consideravam-se descendentes da deusa pelo lado de Eneias, filho de Vênus com o mortal Anquises e ascendente direto dos gêmeos Rômulo e Remo. Na epopeia Os Lusíadas, Luís de Camões apresenta Vênus como a principal apoiante dos heróis portugueses.

Vênus e Afrodite[editar | editar código-fonte]

A mitologia sobre Vênus nasce à medida que histórias populares e poemas que a envolvem são narrados, escritos ou mesclados de histórias das deusas de outras culturas, como a principal delas, Afrodite. As histórias referentes às duas deusas, Vênus e Afrodite, são tão mescladas que em diversos livros, textos e outras referências elas são tratadas como a mesma deusa.

Vênus era uma deusa romana na qual, antes da interseção da cultura latina e grega, os romanos criam ser a deusa da vegetação, protetora das viniculturas e dos jardins[carece de fontes?], e, mesmo após a união de culturas, Vênus não manteve um caráter tão promíscuo quanto Afrodite, inclusive sendo considerada a deusa da maternidade e do casamento, responsável pela felicidade no lar e procriação, além de protetora contra os vícios.[carece de fontes?]

As deusas Vênus e Afrodite são naturalmente pensadas como uma única entidade devido às suas demasiadas congruências, contudo são deusas diferentes, de mitologias e culturas diferentes. A mitologia romana, de onde surge Vênus, pode ser dividida em duas: a primeira e mais conhecida é também a mais tardia e literária, ocorreu após o sincretismo da cultura e da religião romanas com as de outros povos; a segunda é mais antiga e ritualística, na qual Vênus e Afrodite não pertenciam às crenças de um mesmo povo.[carece de fontes?] As deusas, portanto, possuem individualidades próprias e Vênus é muito mais do que "o nome latino para a deusa Afrodite", contudo, a mitologia romana mais antiga e ritualística carece de fontes para pesquisa acerca do tema, nos restando analisar a primeira e mais conhecida mitologia romana, quando Vênus já absorvera as características, mitos e alguns rituais da deusa grega Afrodite.

Outras deusas[editar | editar código-fonte]

Vênus também é correlacionada a outras deusas e compartilha características com:

Origem[editar | editar código-fonte]

Na mitologia romana mais antiga, os deuses não tinham origem, pois eles sempre existiram.[carece de fontes?] Contudo, o sincretismo religioso e cultural trouxe consigo mitos sobre possíveis origens, e Vênus absorve de Afrodite duas possibilidades de surgimento, a primeira como filha de Urano com Tálassa e a segunda como filha de Júpiter com Dione.

Na primeira versão, o deus Saturno castrou seu próprio pai, Urano, com uma foice e arremessou os órgãos genitais ao mar mediterrâneo (cuja deusa representativa era Tálassa) e então, da espuma formada pelo sêmen e sangue de Urano, surgiu Vênus. Após sua formação, a deusa teria se flutuado sobre uma concha de vieira até o litoral de Pafos, uma cidade de Chipre, onde existiu o maior templo de veneração à deusa Vênus.[3]

Na segunda versão, o surgimento é o simples resultado da relação sexual entre Júpiter e Dione.[4]

Vida conjugal[editar | editar código-fonte]

Logo após o seu surgimento, Vênus foi considerada a deusa do amor, da beleza e do sexo, devido a sua bela e sensual forma corpórea que encantava todos os deuses, contudo ela pouco valorizava os seus pretendentes imortais. Júpiter, um dos deuses que se encantou por Vênus, a puniu dando-lhe em casamento ao deus Vulcano, o mais feio dos imortais.[carece de fontes?] Segundo a mitologia, Vulcano era tão feio que foi arremessado pela própria mãe, Juno, para fora do Olímpo.[5] Em outra versão, o casamento entre Vênus e Vulcano foi um presente de Zeus a Vulcano em gratidão aos serviços prestados forjando os raios.[6] Vênus, em ambas as versões, não ficou contente com o casamento e era extremamente infiel a seu marido.[carece de fontes?]

Jacques-Louis David, Marte sendo desarmado por Vênus (Bruxelas)

Vênus traiu Vulcano com deuses e mortais, e teve filhos dessas relações adúlteras com seus respectivos amantes:

Marte (deus da guerra) – Concórdia, Cupido, Deimos e Fobos.
Mercúrio (mensageiro dos deuses) – Hermafrodito
Baco (deus do vinho) – Hymenaios e Priapo.
Anquises (mortal) – Enéias

Certa vez, o deus Hélio informou a Vulcano sobre a infidelidade de sua esposa e então Vulcano montou uma armadilha que a capturou junto a Marte na cama, em seguida Vulcano os levou, ainda na armadilha, ao Olímpo para serem humilhados diante os outros deuses. Contudo, os deuses apenas riram ao diante dos amantes nus e capturados, Netuno conversou com Vulcano e o convenceu de liberta-los em troca de uma multa que Marte pagaria pelo adultério. Neste episódio Vênus creu que Marte brigaria com Vulcano por ela, mas o amante se afastou dela e então Vênus lançou uma maldição contra Marte para que este se apaixonasse por toda e qualquer mulher que avistasse.[carece de fontes?]

Vênus e Roma[editar | editar código-fonte]

A deusa Vênus ocasionou indiretamente a fundação de Roma e foi ascendente direta dos irmãos Rômulo e Remo, os lendários fundadores de Roma.

Uma antiga profecia dizia que o filho de Tétis seria mais forte que o pai. Os deuses quiseram desposar com Tétis, mas, após terem ciência da profecia, resolveram que ela deveria se casar com um mortal para que seu filho nunca fosse superior aos deuses.[carece de fontes?] Durante o casamento, a deusa Discórdia quis se vingar por não ter sido convidada e, estando invisível, colocou sobre a mesa um pomo de ouro com os dizeres "à mais bela" que ocasionou uma disputa entre as deusas Juno, Minerva e Vênus para decidir a qual delas aquele pomo estava se referindo.[7]

O pomo ficou conhecido como Pomo da Discórdia e o deus Júpiter, para evitar ser odiado por duas deusas, decidiu que Páris, príncipe troiano e mais belo dos mortais, escolheria a mais bela entre as três deusas. Em troca do pomo, Juno ofereceu poder e riqueza, Minerva ofereceu glória e fama na guerra e Vênus ofereceu o amor da mais bela mulher mortal. Páris decidiu a favor de Vênus e lhe entregou o Pomo de Ouro, recebendo, dessa maneira, o ódio das outras duas deusas e o amor da mais bela mulher mortal, Helena, esposa do rei espartano, Menelau. Durante uma viagem a Grécia, Páris foi recebido pelo rei Menelau e sua esposa que dispuseram aposentos para sua estadia em Esparta. Com a ajuda de Vênus, Helena se apaixonou por Páris e juntos voltaram a Troia, episódio que ocasionou a Guerra de Troia.[8]

Antes da Guerra de Troia, a deusa Vênus se apaixonou por Anquises, que era primo direto do rei Príamo, o pai de Páris. Juntos, Anquises e Vênus, tiveram um filho chamado Eneias[carece de fontes?] que foi um dos principais guerreiros de Troia durante a guerra, sobreviveu ao ataque surpresa dos gregos e fugiu com um pequeno grupo de sobreviventes enquanto Troia ainda estava em chamas.[9] Eneias e os sobreviventes, entre eles seu filho Iulo, peregrinaram até chegar a um reino no atual território italiano onde Eneias conheceu Lavínia, filha do rei, e se casaram formando a cidade de Lavínio, em homenagem à sua esposa. Anos mais tarde, Iulo, seu filho, se mudou e fundou sua própria cidade, Alba Longa.[10]

Por volta de 400 anos depois, o décimo terceiro rei legítimo de Alba Longa, Numitor, foi surpreendido por um plano de seu irmão Amúlio, que matou os descendentes varões de Numitor e obrigou Reia Sílvia, filha de Numitor, a se tornar vestal (sacerdotisa virgem, consagrada à deusa Vesta). Contudo, antes de se tornar vestal, Reia Sílvia foi engravidada pelo deus Marte cujos filhos foram Rômulo e Remo que, mais tarde, fundariam Roma.[carece de fontes?]

Representações artísticas[editar | editar código-fonte]

Pintura[editar | editar código-fonte]

Esta imagem, de Vênus erguendo-se das águas do mar,[11] já mulher, foi uma das maiores representações de Afrodite.

O quadro O Nascimento de Vênus, pintado por Sandro Botticelli em 1482 para um membro da família Medici, apoia-se na temática da Antiguidade Clássica e atualmente encontra-se exposto na Galeria dos Uffizi em Florença. A pintura mostra o nascimento da deusa, momento que simboliza o surgimento dos ideais platônicos de beleza e de verdade.

No centro do quadro, a deusa ergue-se em cima de uma concha que se aproxima da costa, empurrada pelas ondas e na companhia de dois outros personagens, considerados deuses do vento, que passam a imagem de divindade à Vênus. Do outro lado encontra-se a figura da Flora, que tenta cobrir a deusa com um manto florido. A serenidade e luminosidade da imagem trazem um sentido renascentista à obra, associada à mitologia.[12]

Livros[editar | editar código-fonte]

Filme[editar | editar código-fonte]

  • Helena de Troia - Paixão e Guerra, lançado em 2003.

Referências

  1. Porto Editora (2009). Dicionários Académicos — Dicionário da Língua Portuguesa. [S.l.]: Porto Editora. 904 páginas. ISBN 978-972-0-01478-8 
  2. Hesíodo, Teogonia, 176ff.
  3. Hesíodo, Teogonia, p. 113, trad. Jaa Torrano. 6ª edição, Editora Iluminuras Ltda, 2003. ISBN 8585219319, 9788585219314.
  4. Bulfinch, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro, 8ª edição, 1999. Capítulo I, p. 13. ISBN 9788579470226
  5. Hino Homérico 3, ao Apolo Pítio 310 ff
  6. Bulfinch, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro, 8ª edição, 1999. Capítulo I, p. 13. ISBN 9788579470226
  7. Bulfinch, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro, 8ª edição, 1999. Capítulo XXVII, p. 254. ISBN 9788579470226
  8. Bulfinch, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro, 8ª edição, 1999. Capítulo XXVII, p. 254-255. ISBN 9788579470226
  9. Bulfinch, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro, 8ª edição, 1999. Capítulo XXXIII, p. 306. ISBN 9788579470226
  10. Bulfinch, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro, 8ª edição, 1999. Capítulo XXXIII, p. 327-339. ISBN 9788579470226
  11. Αναδυόμενη (Anadyómenē), "erguendo[-se]"
  12. O nascimento de Vénus (pintura). In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Commons
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O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Venus

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Gerd Scherm, Brigitte Tast Astarte und Venus. Eine foto-lyrische Annäherung (1996), ISBN 3-88842-603-0
  • Miguel Spinelli. Lucrécio e Virgílio. As várias faces de vênus: musa, genitora e vulgívaga. In: Revista Hypnos (do Centro de Estudos da Antiguidade Grego-Romana. nº23, São Paulo, 2009
  • Lusíadas, de Luis de Camões (sec. XV e XVI)
  • BRANDÃO, J. S. Dicionário Mítico-Etimológico vol. I. Petrópolis: Vozes, 1991.
  • SWINGLEHURST, E. Vida e Obra de Botticelli. RJ: Ediouro, 1996.
  • SCHWAB, Gustav. As Mais Belas Histórias da Antiguidade Clássica - Os Mitos da Grécia e de Roma, Volume 1.
  • BULFINCH, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro, 8ª edição, 1999.