Usuário(a):Bafuncius/Epigramas (Platão)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Trinta e um Epigramas ao todo são atribuídos a Platão.[1] 18 ou 17 deles são os mais conhecidos,[2][3] sendo 11 relatados por Diógenes Laércio, alegadamente citados de uma obra de Pseudo-Aristipo sobre anedotas românticas de filósofos, e 17 encontrados exclusivamente dentre os 29 da Antologia Palatina, a partir da Antologia Grega de Meleagro de Gádara.[4] Outras referências são encontradas em Apuleio, Filóstrato, Olimpiodoro, Aulo Gélio e na Suda.[1] Acadêmicos modernos levantaram a posição de que a maioria deles seriam espúrios e apenas alguns verdadeiros, e sua autenticidade é controversa, mas atualmente tendem a considerá-los como pseudepígrafos, referindo-se ao autor como "Pseudo-Platão".[1][5][6]

Composição[editar | editar código-fonte]

Esses são poemas curtos adequados para propósitos dedicatórios escritos na forma de dísticos elegíacos,[2] seu estilo de composição remete a temas das poesias eróticas gregas e elegias simpóticas em moda nos séculos VII e V a.C., vagamente comparados à filosofia platônica (e em particular aos diálogos O Banquete e Fedro), girando em torno dos temas do amor, da beleza e da brevidade das alegrias.[7]

Diferenciam-se em subgrupos, além do gênero erótico, aqueles sepulcrais, em que alguns dos epigramas teriam originalmente aparecido com motivação fúnebre de inscrições tumulares, ao caso do IX a Arqueanassa, na atribuição de Asclepíades de Samos; ecfrásticos, apresentados em obras de arte; e ainda outros epidíticos cujas razões são desconhecidas e formam um subgrupo miscelâneo.[1]

Os estudiosos em maioria consideram apenas o epigrama a Díon (X) plausível como tendo provável autoria platônica, pois os outros apresentam situações anacrônicas de personagens dos diálogos platônicos, não têm evidências, além de que os epigramas eróticos não concordam com a linha do tempo do desenvolvimento de seu estilo, que teria sido revivido apenas a partir do século III a.C. por Asclepíades.[1]

Texto[editar | editar código-fonte]

Pessoas, lugares e panteão[editar | editar código-fonte]

Tipicamente da literatura grega antiga (e independentemente de sua autenticidade platônica), os epigramas referem-se claramente a personalidades históricas, vários lugares dentro e ao redor da Grécia antiga e personagens específicos da mitologia grega.

A Afrodite Cnídia de Ludovisi, uma cópia romana em mármore da Afrodite de Cnidos original, esculpida por Praxíteles e referida no epigrama 17
  • Hécuba: rainha de Troia. A perda troiana da guerra de Troia, conforme descrita na Ilíada, explica o decreto de lágrimas para Hécuba e as mulheres de Troia nas mãos das Moiras, que representam as inevitabilidades mais duras da condição humana, como a morte e o destino.
  • Díon: figura política de Siracusa, cuja campanha é amplamente discutida nas Epístolas ou Cartas Platônicas.
  • Aléxis: possivelmente uma de várias personalidades antigas já nomeadas, ou então uma nova personalidade com o mesmo nome.
  • Fedro: contemporâneo de Platão; homônimo do diálogo platônico de mesmo nome.
  • Arqueanassa: um possível interesse romântico histórico de Platão.
  • Agatão: poeta trágico ateniense, conhecido por ter aparecido no Simpósio de Platão.
  • Xântipe: esposa de Sócrates. O epigrama pertinente pode, portanto, representar o namoro de Sócrates com Xântipe.
  • Laís: Uma referência a qualquer das cortesãs Laís de Corinto ou Laís de Hícara, as duas sendo historicamente confundidas na literatura antiga e, portanto, inextricavelmente ligadas.
  • Píndaro: poeta lírico, cuja associação com as musas é um elogio à sua habilidade.
  • Safo: poetisa lírica feminina, cuja habilidade é igualmente elogiada por contá-la como a décima musa, uma denominação comum para Safo no antigo registro histórico.
  • Praxíteles: escultor. O epigrama é um elogio poético de sua habilidade, já que em sua narrativa, Afrodite de Cnido (mais tarde comumente copiada) é vista pela própria Afrodite, e é julgada por ela como uma semelhança perfeita.
  • Aristófanes: dramaturgo cômico. Como as Graças representam os elementos mais felizes da condição humana, é adequado que fossem associadas a Aristófanes no epigrama 18.

Lugares[editar | editar código-fonte]

Os nomes de lugares conhecidos mencionados nos epigramas incluem Troia, a própria Grécia, o Mar Egeu e Atenas. Referências mais específicas incluem:

  • Cólofon: uma cidade da Grécia antiga, atual Turquia ocidental.
  • Eubeia: uma grande ilha no centro da Grécia, perto do continente, perto de Atenas.
  • Erétria: uma cidade na Eubeia.
  • Susa: uma cidade da antiga Pérsia, atual Irã ocidental.
  • Ecbátana: outra cidade da antiga Pérsia, atual Irã ocidental.
  • Lesbos: uma ilha no leste da Grécia, perto da atual Turquia, lar histórico de Safo.
  • Cnido, então uma cidade grega no atual sudoeste da Turquia, local da escultura de Afrodite de Cnido acima mencionada.

Figuras mitológicas[editar | editar código-fonte]

  • As Moiras: em sua capacidade de terrível atribuição do destino aos humanos, as Moiras são mencionadas como decretando lágrimas para as mulheres troianas.
  • As Musas: mencionadas duas vezes, as Musas estão associadas aos esforços criativos de Píndaro e Safo.
  • As Graças: representando os elementos mais felizes da condição humana, as Graças estão associadas a Aristófanes.
  • "A Páfia" e "Cupris (Kypris ou Cípria)": ambos os nomes referem-se à deusa Afrodite que, segundo a lenda, surgiu do mar em Pafos, no sudoeste de Chipre. A primeiro "Cípria" do epigrama 17, portanto, refere-se à própria deusa, enquanto a segunda "Cípria" se refere à famosa estátua perdida (embora muitas vezes copiada) de sua imagem, a Afrodite de Cnido, que Afrodite está reconhecendo como uma perfeita semelhança.

Referências

  1. a b c d e Massimo, Davide (26 de outubro de 2020). «Defining a 'Pseudo-Plato' Epigrammatist». In: Berardi, Roberta; Filosa, Martina; Massimo, Davide. Defining Authorship, Debating Authenticity: Problems of Authority from Classical Antiquity to the Renaissance (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter GmbH & Co KG 
  2. a b John Madison Cooper, D. S. Hutchinson, (1997), Plato, Complete works, page 1742. Hackett Publishing.
  3. Brickhouse, Thomas; Smith; Nicholas D. «Plato» (em inglês). Internet Encyclopedia of Philosophy 
  4. Mackail, John William (1906). Select Epigrams from the Greek Anthology. Longmans, Green, and Co. p. 10
  5. Paes, José Paulo (11 de junho de 1995). «O resgate da poesia renegada de Platão». Folha de S. Paulo. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  6. D. Del Corno (1995). Letteratura Greca. [S.l.: s.n.] .
  7. G. Guidorizzi (2000). Il mondo letterario greco. 2/2. [S.l.: s.n.] .

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

[[Categoria:Category:Platão]]