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Como ler uma infocaixa de taxonomiaBeija-flor-de-gravata-vermelha


Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Família: Trochilidae
Género: Augastes
Espécie: A. lumachella

O beija-flor-de-gravata-vermelha (nome científico: Augastes lumachella) é uma ave apodiforme da família Trochilidae residente e endêmico em áreas de topos de montanha da Cadeia do Espinhaço [1],localizada na parte setentrional[2]. Seu habitat natural possui clima subtropical ou tropical de altitude. É uma espécie existente exclusivamente no Brasil. A espécie é classificada pela IUCN como "Quase Ameaçada" pela perda do seu habitat natural.[3]

Histórico da pesquisa e etimologia[editar | editar código-fonte]

Em 1839, René Primevère Lesson, ornitólogo francês, reconheceu o beija-flor sob o nome de Ornismya lumachella. Como localidade, ele o identificou como pertencente do estado da Bahia, no Brasil. O tipo de espécime vem da coleção de Charles Parzudaki (1806-1889). Foi John Gould que o classificou em seu livro The Birds of Australia (1840-1848), como o novo e atual gênero Augastes. Este nome possui origem grega, derivado de augastës, augë = brilhante, radiante, luz do sol; e do (latim) lumachella = mármore italiano que irradia fogo; refere-se a um mármore amilolítico de conchas e caramujos fossilizados encontrados na Itália e na Áustria.[4]

Redescoberta[editar | editar código-fonte]

Em 1957, Augusto Ruschi e o ornitólogo francês Jacques Berlioz visitaram o Museu de História Natural em Londres, onde estavam localizados 14 foles de Augastes lumachella . Eles descobriram que a espécie não foi coletada por meio século e não havia informações precisas de sua procedência, pois a sua área de ocorrência era limitada e situada em região de difícil acesso antes da existência de estradas melhores e de automóveis. Enquanto Berlioz concluiu que a espécie havia morrido, Ruschi não estava convencido. No Museu Americano de História Natural, ele encontrou um fole com o local Morro do Chapéu, no Brasil. No Brasil, havia três cidades com esse nome. Em 1961, Ruschi decidiu visitar aquele que fica no sopé de uma montanha de mesmo nome. Depois de oito dias sem sucesso, ele quis desistir, depois conseguiu redescobrir a espécie em um desfiladeiro de quase 200 metros de altura na Cachoeira do Ferro Doido . Ele prolongou a sua estadia por dois dias e recolheu 24 machos e fêmeas da ave "extinta".[1]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O macho tem 10,1 cm de comprimento e a fêmea 8,9 cm. Ambos pesam cerca de 4 g. O bico é preto, reto e mede 19,2 mm. O macho tem um verde brilhante na testa, queixo e garganta, que possui uma linha peitoral branca na base com uma gravata vermelha rubi no centro. A coroa, as bochechas e os lados do pescoço possui coloração preta com tons azulados. As partes superior e inferior e os élitros são verdes dourados brilhantes. As asas são pretas e roxas; baixo cobre vermelho; as superfícies superiores da cauda são azul esverdeadas. As pernas são pretas.[5]

A fêmea é ligeiramente mais pálida. A coroa, as costas e o pescoço são cercados; as bochechas, o queixo, os lados do pescoço e da garganta são cinza a castanho; na parte inferior e sob a cauda a mistura branca e cinza. As penas da cauda são vermelhas douradas, com penas exteriores cinzentas.[5]

Habitat[editar | editar código-fonte]

Vive em áreas rupestres entre 950 e 1.600 m de altitude,[6] com predominância de moradia em cactáceas, bromélias, orquídeas e veloziáceas[7] em áreas pedregosas semiáridas dos cumes de serras e chapadas. Coexiste juntamente às espécies Colibri serrirostris e Colibri delphinae. Restrito à Bahia, entre Morro do Chapéu, Andaraí e Barra da Estiva (Chapada Diamantina, Serra de Sincorá, etc).[5]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

O beija-flor-de-gravata-vermelha voa a alturas de cerca de 50 a 100 cm. Constrói um ninho a uma altura de 60 a 100 cm do solo, com a forma de um copo cônico com uma grande abertura acima. Para a construção, utiliza sementes de bromélias e margaridas transportadas pelo ar, além do cacto felpudo e algumas folhas, cobertas com fios de aranha e musgo. O ninho possui coloração cinza amarelado.[7]

Manifestações Sonoras[editar | editar código-fonte]

Possui uma voz aguda, as vezes inaudível pelos os seres humanos, emitidas na frequência de 10 a 14 mil Hz, já próximo do limite auditivo humano. Possuem vozes diferentes para expressar diferentes comportamentos, como agressivos, de alerta, sexual, entre outros.[5]

Hábitos[editar | editar código-fonte]

Banham-se nas plantas úmidas por orvalho e chuva, e voam de encontro a um ramo com folhas molhadas arrepiando toda plumagem sob o chuveiro assim improvisado. Há necessidade de tanta limpeza devido ao constante contato com o líquido viscoso das flores. Gostam de tomar banho de sol. Os pés têm um papel importante na limpeza. Beija-flores coçam-se em qualquer parte do corpo, até nas costas. Também bocejam frequentemente. Dormem de bico para frente e com a cabeça ligeiramente levantada, assim como a posição que assumem durante a chuva e quando cantam; colocam as asas por baixo da cauda; pousam em um galho fino para dormir.[5]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

Alimentam-se exclusivamente de néctar, usando sua longa língua para retirá-lo da planta. A base de sua alimentação é o açúcar. O néctar e os carboidratos fornecem imediatamente a energia necessária para o seu vôo. Possuem preferência em flores com o néctar diluído. O conjunto língua/bico do beija-flor é um mecanismo que funciona como uma bomba que puxa água. Ele tem que absorver o líquido mais rapidamente possível, pois bebe em vôo. Chega a visitar mais de 200 flores de Salvia uma após a outra, procurando milhares de flores por dia.[5]

Acasalamento[editar | editar código-fonte]

Primeiramente, tem-se o canto do macho e a sua exibição num certo local para chamar a atenção de qualquer fêmea de sua espécie. Determina um território que defende de outros machos da sua espécie. Logo depois, o macho executa vôos nupciais diante de uma determinada fêmea, utilizando-se também de sons (tanto vozes, como também sons decorrentes dos movimentos feitos). Finalmente termina quando a união dos sexos em um galho, com o macho pairando sob a fêmea pousada. Depois, o casal separa-se.[8]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

Ocorre na porção baiana da cadeia do Espinhaço, na Chapada Diamantina.[9] Registros recentes da espécie na região do Boqueirão da Onça, no município de Sento Sé - BA, representaram uma ampliação na distribuição da espécie.[9]

Ameaças[editar | editar código-fonte]

O motivo de que esse animal consta na lista vermelha, é que esta espécie ocorre em poucos locais conhecidos dentro de uma faixa moderadamente pequena, que pode estar diminuindo de tamanho devido à perda de habitat. É consequentemente classificado como Quase Ameaçado.[10] Grande parte de sua área foi colonizada quando diamantes e ouro foram encontrados na região no século 19, e pequenas operações persistem. Cristais de quartzo e manganês também são extraídos. A principal ameaça agora é a conversão de terras para a criação de gado na região,[3] a expansão urbana, o turismo descontrolado e as queimadas.[11]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Souza, Elivan Arantes de; Nunes, Maria Flavia Conti; Simão, Isaac; de Sousa, Antonio o Emanuel Barreto Alves; las Casas, Flor Maria Guedes de; Rodrigues, Roberta Costa; Neto, Francisco Pedro Fonseca (14 de outubro de 2009). «Ampliação de área de ocorrência do Beija-flor-de-gravatinha-vermelha Augastes lumachella Lesson, 1838) (Trochilidae)». Ornithologia. 3 (2): 145-148 
  2. Vasconcelos, Marcelo Ferreira de; Lopes, Leonardo Esteves; Machado, Caio Graco; Rodrigues, Marcos (3 de setembro de 2008). «As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação» (PDF). Megadiversidade. 4 (1-2): 2-22 
  3. a b «The IUCN Red List of Threatened Species». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 15 de agosto de 2019 
  4. «The Birds of Australia : in seven volumes». nla.gov.au (em inglês). Consultado em 22 de agosto de 2019 
  5. a b c d e f Sick, Helmut (2001). Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira 
  6. Machado, Caio Graco; Coelho, Aline Góes; Santana, Cyrio Silveira; Rodrigues, Marcos (junho de 2007). «Beija-flores e seus recursos florais em uma área de campo rupestre da Chapada Diamantina, Bahia» (PDF). Revista Brasileira de Ornitologia. 15 (2): 267-279. Consultado em 13 de agosto de 2019 
  7. a b «beija-flor-de-gravata-vermelha (Augastes lumachella) | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil». www.wikiaves.com.br. Consultado em 8 de agosto de 2019 
  8. Da Cruz Rodrigues, Licléia; Rodrigues, Marcos (dezembro de 2011). «Size Dimorphism, Juvenal Plumage, and Timing of Breeding of the Hyacinth Visorbearer (Augastes scutatus)». The Wilson Journal of Ornithology (em inglês). 123 (4): 726–733. ISSN 1559-4491. doi:10.1676/11-042.1 
  9. a b Vasconcelos, Marcelo (20 de maio de 2009). «Mountaintop endemism in eastern Brazil: why some bird species from campos rupestres of the Espinhaço Range are not endemic to the Cerrado region?» (PDF). Revista Brasileira de Ornitologia. Consultado em 8 de agosto de 2019 
  10. «BirdLife | Partnership for nature and people». www.birdlife.org. Consultado em 8 de agosto de 2019 
  11. VASCONCELOS, MARCELO FERREIRA DE; LOPES, LEONARDO ESTEVES; MACHADO, CAIO GRACO; RODRIGUES, MARCOS (2008). «As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação» (PDF). Megadiversidade. 4 (1-2)