Verde por Fora, Vermelho por Dentro

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Verde por Fora, Vermelho por Dentro
Verde por Fora, Vermelho por Dentro (PRT)
Verde por Fora, Vermelho por Dentro
Portugal Portugal
1980 •  cor •  122 min 
Direção Ricardo Costa (cineasta)
Roteiro Ricardo Costa (cineasta), Maurício Cunha, Ilídio Ribeiro
Elenco Luís Alberto
Fernando Amaro
António Anjos
António Macedo
Idioma português

Verde por Fora, Vermelho por Dentro (1980) é um filme português de longa metragem, de Ricardo Costa.

O filme estreou a 16 de Outubro de 1980 no Estúdio 144 [1], em Lisboa, e nos cinemas Carlos Manuel (Sintra) e Gil Vicente (Coimbra) [2] [3].

Comédia eivada de humor negro a obra é, mais precisamente, uma comédia dramática em estilo de paródia com o intuito de provocar no espectador uma reacção crítica perante uma adivinha popular : ‘Qual é a coisa qual é ela verde por fora e vermelha por dentro?’ [4]

No início da década de 1980 sérias questões se levantavam quanto ao futuro de Portugal e é esse o ponto de interrogação que o filme explora, interpelando não só os verrinosos crentes do regime deposto mas também as mentes bem pensantes dos novos tempos. [5] [6] Como seria de esperar, a obra foi espancada pela crítica nacional, que a considerou nula e ‘um disparate’, mas deu bastante que falar. (VER ‘fontes e referências’)

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Um homem de negócios de meia idade, um neoliberal, regressa a Portugal pouco depois do 25 de Abril de 1974. Tecido em décors kitsch, o seu grande projecto é fazer uma plantação de bananas para ajudar a salvar a economia nacional, abalada pela revolução. Falha. E até falha a própria morte, à qual «escapa» misteriosamente, ficando cadáver adiado. E assim a fita continua...

Enquadramento histórico[editar | editar código-fonte]

É uma produção independente da Diafilme (1976/1990), empresa não cooperativa mas similar a outras então existentes, que o produz sem subsídios. A firma é gerida por Ricardo Costa, associado com Ilídio Ribeiro, um dos argumentistas. Ambos tinham criado antes a MONDAR editores (1965/1975), que lançou obras como os Cadernos de Poesia Experimental, os Cadernos de Teatro, os Cadernos de Cinema (Bergman no Cerco - 1964), o livro CIA, conjunto de desenhos humorísticos de Maurice Siné [7], e ainda vários outros livros de referência.

O filme foi produzido inteiramente com financiamentos privados, mas não dispunha de fundos para a pós-produção. Para o concluir, os produtores candidataram-se ao fundo de apoio ao cinema português do Instituto Português de Cinema. O então Secretário de Estado da Cultura, António Reis, deu luz verde para atribuir uma percentagem do pretendido financiamento, mas foi entretanto exonerado do cargo numa mudança de governo. O grupo de trabalho ao qual António Reis pertencia entregou a selecção das candidaturas ao novo presidente do IPC, Alberto Seixas Santos. Após um segundo visionamento do filme, decidiu Seixas Santos chumbar o projecto, que ficou sem apoios. A sua conclusão só foi possível visto o filme ter sido seleccionado para o 9º Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz, tendo sido contemplado com algum dinheiro para esse efeito pelo IPC, junto com outros filmes portugueses que aí foram exibidos.

Verde por fora, Vermelho por Dentro, foi distribuído pela Doperfilme, então gerida pelo escritor Almeida Faria. Estreou em Lisboa no "Estúdio 144", situado junto do Campo Pequeno. Ferozmente atacado pela crítica nacional, foi no entanto bem aceite por outro género de público, mais sensível ao humor, e participou com sucesso em vários festivais internacionais.

As filmagens de Verde por Fora, Vermelho por Dentro tiveram lugar nas quintas de Vale de Lobos, perto de Santarém, nas do Alviela e do Gaio, aí perto também. Os interiores foram filmados na casa de Alexandre Herculano, em Vale de Lobos. A produção é de 1978/1979.

Elenco[editar | editar código-fonte]

Festivais[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Estúdio 444: Mais um cinema perdido nas brumas do tempo... – artigo em Cinema Paraíso
  2. Cine-Teatro Carlos Manuel – artigo em Restos de Colecção
  3. Teatro Académico Gil Vicente - Coimbra – referência Medeia Files
  4. É a melancia!, eis a resposta certa para a adivinha, com a insinuação acutilante de ser a Bandeira de Portugal aquilo que está em causa
  5. Mudança social em Portugal, 1960/2000 – estudo de António Barreto, WP 6-02, ICS, outubro 2002
  6. Bandeiras negras: O FMI em Portugal – artigo de Carlos Santos na pág. do Bloco de Esquerda
  7. Je Suis Siné: A Lifetime of Anti-Imbecile Cartoon Provocation – artigo de Michael Dooley sobre a obra de Maurice Siné, 11 de maio 2016

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Crítica de João Lopes no Diário de Notícias de 21 de Outubro, 1980
  • Crítica de Jorge Leitão Ramos no Diário de Lisboa de 27 de Outubro, 1980
  • Entrevista com Adelaide João na revista Plateia, nº 921, Dezembro, 1980
  • Artigo no Diário Popular de 22 de Fevereiro de 1978: Ricardo Costa fala do cinema independente em Portugal
  • Artigo no jornal A Capital de 6 de Novembro de 1978: Filme de Ricardo Costa à espera de apoio oficial
  • Artigo no Diário Popular de (?) Dezembro de 1978: IPC «esquece» recomendações de António Reis (professor) (na altura Secretário de Estado da Cultura) - Verde por Fora …, de Ricardo Costa, fica fora do "saco" dos subsídios
  • Artigo no Diário de Notícias de 2 de Fevereiro de 1980: novo filme em acabamento
  • Artigo no Jornal de Notícias de 8 de Fevereiro de 1980: Verde por Fora, Vermelho por Dentro estreia no Outono
  • Artigo no Diário de Notícias de 15 de Fevereiro de 1980: Novo Filme Português (anuncia estreia)
  • Artigo no jornal O Diário de 15 de Fevereiro de 1980 (anuncia o filme)
  • Artigo no Diário de Lisboa de 18 de Fevereiro de 1980: Verde por Fora, Vermelho por Dentro em fase de acabamento
  • Artigo no jornal Se7e (Sétima Arte) de 21 de Fevereiro de 1980 (anuncia o filme)
  • Entrevista de José de Matos-Cruz no Diário Popular de 17 de Abril de 1980: Ricardo Costa sobre o cinema português" - «Somos vítimas de colonização económica e cultural»
  • Artigo no Diário de Notícias de 2 de Junho de 1980 (noticia sobre o acabamento)
  • Artigo no Jornal de Notícias de 2 de Junho de 1980 (noticia sobre o acabamento)
  • Artigo no Diário Popular de 2 de Junho de 1980: Verde por Fora, Vermelho por Dentro' deverá estrear em breve
  • Artigo no jornal A Capital de 4 de Junho de 1980: Verde por Fora, Vermelho por Dentro é adivinha para espectador responder
  • Artigo sobre antestreia no jornal A Capital (?) de 20 de Julho de 1980: O primeiro filme de um novo realizador (Cit.: «Exibido já em sessões privadas, as opiniões quanto ao seu interesse e qualidade dividem-se radicalmente: uns exaltam-no como "um filme com piada", outros detestam-no soberanamente, como se tivessem ficado enojados (VR)»
  • Artigo no Correio da Manhã de 10 de Outubro de 1980: Mais um polémico filme português
  • Artigo no jornal Se7e de 15 de Outubro de 1980: Ricardo Costa fala de Verde por fora, Vermelho por Dentro – filme para "enganar" o público
  • Artigo no jornal Portugal Hoje de 19 de Novembro de 1980: Verde por fora, Vermelho por Dentro e Distúrbios no Palácio de Cristal (Festival Internacional de Cinema de Santarém)