Hiperêmese gravídica: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Página marcada para reciclagem, usando FastButtons
Linha 1: Linha 1:
{{Info/Patologia
{{Reciclagem|data=agosto de 2015}}
| Nome = Hiperémese gravídica
Muitas das mulheres que engravidam apresentam [[náuseas]] e [[vômitos]] nos primeiros meses da gestação. A taxa pode passar de 55%, dependendo da população estudada. Em geral, as náuseas e vômitos são transitórios, findam até o início do 4º mês, não se acompanham de sinais deletérios, são leves, respondem bem a alterações na dieta com ou sem doses pequenas e ocasionais de anti-eméticos. Neste caso, são fisiológicas.
| CID10 = {{CID10|O|21.1|||}}
| CID9 = {{CID9|643.1}}
| MedlinePlus = 001499
}}
<!-- Definição e sintomas -->
{{PEPB|Hiperémese gravídica|hiperêmese gravídica}} é uma [[complicação da gravidez]] caracterizada por [[náusea]]s e [[vómito]]s de tal forma graves que provocam [[perda de peso]] e [[desidratação]].<ref name=Drug2013>{{cite journal|title=Management of hyperemesis gravidarum.|journal=Drug Ther Bull|date=November 2013|volume=51|issue=11|pages=129-9|doi=10.1136/dtb.2013.11.0215|pmid=24227770}}</ref> Entre os sinais e sintomas estão vómitos várias vezes ao dia e sensação de desmaio. Os sintomas são mais graves do que os do [[enjoo matinal]]. Muitas vezes os sintomas melhoram após a 20ª semana de gestação, mas podem durar a gravidez completa.<ref name=Women2010>{{cite web|title=Pregnancy|url=http://www.womenshealth.gov/pregnancy/you-are-pregnant/pregnancy-complications.html|website=Office on Women's Health|accessdate=5 December 2015|date=September 27, 2010}}</ref> Em termos técnicos, a hiperémese gravídica define-se como mais de três episódios de vómitos por dia que causem a perda de 5% ou 3 quilos de peso e com presença de [[corpos cetónicos]] na urina.<ref name=BMC2010>{{cite journal|last1=Jueckstock|first1=JK|last2=Kaestner|first2=R|last3=Mylonas|first3=I|title=Managing hyperemesis gravidarum: a multimodal challenge.|journal=BMC medicine|date=15 July 2010|volume=8|pages=46|pmid=20633258|doi=10.1186/1741-7015-8-46|pmc=2913953}}</ref>


<!-- Causa e diagnóstico -->
Considera-se {{PBPE|hiperêmese gravídica|hiperémese gravídica}} ('''HG''') quando as náuseas e vômitos são persistentes, frequentes e às vezes intensos, não cedem facilmente aos tratamentos simples e progridem até causar distúrbios nutricionais e metabólicos como uma perda de peso acima de 4% do peso anterior, [[desidratação]] e [[cetonúria]]. Delimita-se o tempo do aparecimento das náuseas e vômitos: estes devem iniciar nas primeiras semanas da gravidez. Outras doenças que causam náuseas e vômitos, como a infecção urinária e a apendicite, precisam ser descartadas.
Desconhece-se a causa exata da hiperémese gravídica.<ref name=BMC2010/> Os fatores de risco incluem a primeira gravidez, [[Nascimento múltiplo|gravidez múltipla]], [[obesidade]], episódio anterior de hiperémese gravídica, historial da doença na família, [[doença trofoblástica gestacional]] e historial de [[Transtorno alimentar|perturbações alimentares]].<ref name=BMC2010/><ref name=Fer2013>{{cite book|last1=Ferri|first1=Fred F.|title=Ferri's clinical advisor 2013 5 books in 1|date=2012|publisher=Elsevier Mosby|isbn=9780323083737|page=538|edition=1st|url=https://books.google.ca/books?id=OR3VERnvzzEC&pg=PA538}}</ref> O diagnóstico tem por base os sinais e sintomas.<ref name=BMC2010/> Devem ser excluídas outras potenciais causas para os sintomas, incluindo [[Infecção do trato urinário|infeções do trato urinário]] e [[hipertiroidismo]].<ref name=Sheehan07>{{cite journal |url=http://www.racgp.org.au/afpbackissues/2007/200709/200709sheenan.pdf |last1=Sheehan |first1=P |title=Hyperemesis gravidarum—assessment and management |journal= Australian Family Physician|volume=36|issue=9|pages=698–701 |date=September 2007|pmid=17885701 |format=PDF}}</ref>


<!-- Prevenção e tratamento -->
A HG tem uma incidência variável e que depende sobremaneira das condições sócio-econômicas do local. Podemos ter 1 caso em cada 500 grávidas.
O tratamento consiste em beber líquidos e numa dieta suave.<ref name=Women2010/> As recomendações podem incluir [[terapia de reidratação oral]], [[tiamina]] e uma dieta rica em proteínas.<ref name=BMC2010/><ref name=Gab2012>{{cite book|last1=Gabbe|first1=Steven G.|title=Obstetrics : normal and problem pregnancies|date=2012|publisher=Elsevier/Saunders|isbn=9781437719352|page=117|edition=6th|url=https://books.google.ca/books?id=-3ufSTqeb6cC&pg=PA117}}</ref> Algumas mulheres podem necessitar de [[Terapia intravenosa|soro por via intravenosa]].<ref name=Women2010/> Em termos de medicação, a [[piridoxina]] e a [[metoclopramida]] são preferenciais.<ref name=Sheehan07/> No caso de não serem eficazes, podem ser usadas [[proclorperazina]], [[dimenidrinato]] ou [[ondansetrona]].<ref name=BMC2010/><ref name=Sheehan07/> Em alguns casos pode ser necessária hospitalização. A [[psicoterapia]] pode melhorar o prognóstico. As evidências da eficácia da [[acupressão]] são de fraca qualidade.<ref name=BMC2010/>


<!-- História, epidemiologia e prognóstico -->
É muito discutida a causa da HG.
Estima-se que a hiperémse gravídica afete entre 0,3 e 2% das grávidas.<ref name=Goodwin2008>{{cite journal|last=Goodwin|first=TM|title=Hyperemesis gravidarum|journal=Obstetrics and gynecology clinics of North America|date=September 2008|volume=35|issue=3|pages=401–17, viii|pmid=18760227|doi=10.1016/j.ogc.2008.04.002}}</ref> Embora antigamente fosse uma das causas mais comuns de morte durante a gravidez, com tratamento adequado esta situação é atualmente muito rara.<ref>{{cite book|last1=Kumar|first1=Geeta|title=Early Pregnancy Issues for the MRCOG and Beyond|date=2011|publisher=Cambridge University Press|isbn=9781107717992|page=Chapter 6|url=https://books.google.ca/books?id=lfSUAwAAQBAJ&pg=PT61}}</ref><ref>{{cite book|last1=DeLegge|first1=Mark H.|title=Handbook of home nutrition support|date=2007|publisher=Jones and Bartlett|location=Sudbury, Mass.|isbn=9780763747695|page=320|url=https://books.google.ca/books?id=KtSF221KP-0C&pg=PA320}}</ref> As mulheres afetadas apresentam baixo risco de [[aborto espontâneo]], mas risco elevado de [[parto prematuro]].<ref name=Fer2013/> Algumas mulheres optam por interromper a gravidez devido aos sintomas.<ref name=Gab2012/> Embora os vómitos durante a gravidez já tenham sido descritos desde pelo menos 2000 a.C., a primeira descrição médica clara da hiperémese gravídica foi feita em 1852 por [[:en:Antoine Dubois|Antoine Dubois]].<ref>{{cite book|last1=Davis|first1=Christopher J.|title=Nausea and Vomiting : Mechanisms and Treatment|date=1986|publisher=Springer |isbn=9783642704796|page=152|url=https://books.google.ca/books?id=ufoqBAAAQBAJ&pg=PA152}}</ref>
Provavelmente, é mais correto entendê-la como o resultado de diversos fatores agindo em conjunto. Há muitas teorias que tentam explicar sua causa(ou causas), eis algumas:<font color=blue> - resposta anormal à gonadotrofina coriônica humana; - citotoxinas, produzidas a partir de substâncias das vilosidades coriônicas, penetram na circulação materna; - uma insuficiência da glândula adrenal levaria à hipersensibilidade à histamina com reações alérgicas como náuseas e vômitos; - deficiência de vitamina B<font size=-1>6</font>; - reação gastrintestinal de origem psicossomática.</font> Há outras teorias, mas nenhuma considerada isoladamente explica todos os detalhes da doença( inclusive as que aqui são citadas). Estudos mais recentes têm indicado um envolvimento maior do aparelho genético: filhas de mães que sofreram de HG, têm três vezes mais riscos de desenvolver esta doença. Aspectos raciais também têm sido implicados: as náuseas e vômitos da gravidez parecem ser mais frequentes entre mulheres ocidentais que entre asiáticas ou africanas.


{{Referências|col=2}}
Os vômitos contínuos provocam desidratação, depleção de eletrólitos( H+, Na+, Cl-, K+,...), perda de vitaminas e ingesta calórica negativa. Há: perda de peso; fraqueza; boca seca, língua saburrosa e hálito cetônico( cheiro de frutas); diminuição do volume urinário e aumento do ácido úrico na urina; aumento da frequencia cardíaca e queda da pressão arterial; corpos cetônicos( ácido acetoacético, ácido betahidroxibutírico) são detectados na urina: eles são oriundos da oxidação das gorduras, que são mobilizadas como fonte alternativa de energia já que há ingesta calórica negativa( eles também causam o hálito cetônico).

Enquanto a mulher não tem vômitos muito severos, frequentes e que não respondem a doses pequenas e ocasionais de anti-eméticos, ela se alimenta, tem a língua limpa e úmida, não tem uma significativa perda de peso e não se detecta cetose, não há grandes motivos de preocupação. Ao contrário, se há algum destes fatores e a gestante não se alimenta, a internação é mandatória. Observe que a perda de peso geralmente precede os sinais objetivos de desidratação.

O tratamento da gestante internada requer repouso absoluto em ambiente tranquilo e dieta zero( nas primeiras 24 a 48 horas ou enquanto persistirem os vômitos). Hidratação abundante, mas cuidadosa, por via venosa. Glicose, vitaminas, ferro, ácido fólico são ministrados por via parenteral, assim como uma sedação leve e anti-eméticos. Frequentemente, a recuperação com ganho de peso se dá em 5 a 10 dias de internação, quando ocorre a alta hospitalar.

Em geral, o prognóstico é bom para mãe e feto e não há consequências negativas para o bom evolver da gravidez. Mas, após o episódio de HG, é preciso vigiar a gestante mais de perto visto que a pré-eclâmpsia pode acontecer. Embora haja relatos de recém-nascido de baixo peso, prematuridade, baixo quociente de inteligência do bebê, morte fetal ou materna, eles são próprios de casos muito graves e/ou que não tiveram a devida atenção.

==Referências==
*Obstetrícia Fundamental,'''Resende-Montenegro'''
:Guanabara-Koogan
*Principles and Practice of Obstetrics & Perinatology,'''Iffy-Kaminetzky'''
:John Wiley & Sons
*Williams Obstetrics,'''Pritchard-McDonald-Gant'''
*Risk for Severe Morning Sickness Increased in Women Whose
:Mothers Had the Condition,'''Nancy Fowler Larson'''
::Medscape Medical News, 30/04/2010<BR>
:::BMJ 2010;340:c2050

{{esboço-medicina}}
{{Patologia da gravidez, nascimento e puerpério}}
{{Patologia da gravidez, nascimento e puerpério}}
{{Portal3|Medicina}}


[[Categoria:Emergências médicas]]
[[Categoria:Emergências médicas]]

Revisão das 23h10min de 15 de agosto de 2016

Hiperémese gravídica
Especialidade obstetrícia
Classificação e recursos externos
CID-10 O21.1
CID-9 643.1
CID-11 1745892781
DiseasesDB 6227
MedlinePlus 001499
eMedicine 254751
MeSH D006939
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

Hiperémese gravídica (português europeu) ou hiperêmese gravídica (português brasileiro) é uma complicação da gravidez caracterizada por náuseas e vómitos de tal forma graves que provocam perda de peso e desidratação.[1] Entre os sinais e sintomas estão vómitos várias vezes ao dia e sensação de desmaio. Os sintomas são mais graves do que os do enjoo matinal. Muitas vezes os sintomas melhoram após a 20ª semana de gestação, mas podem durar a gravidez completa.[2] Em termos técnicos, a hiperémese gravídica define-se como mais de três episódios de vómitos por dia que causem a perda de 5% ou 3 quilos de peso e com presença de corpos cetónicos na urina.[3]

Desconhece-se a causa exata da hiperémese gravídica.[3] Os fatores de risco incluem a primeira gravidez, gravidez múltipla, obesidade, episódio anterior de hiperémese gravídica, historial da doença na família, doença trofoblástica gestacional e historial de perturbações alimentares.[3][4] O diagnóstico tem por base os sinais e sintomas.[3] Devem ser excluídas outras potenciais causas para os sintomas, incluindo infeções do trato urinário e hipertiroidismo.[5]

O tratamento consiste em beber líquidos e numa dieta suave.[2] As recomendações podem incluir terapia de reidratação oral, tiamina e uma dieta rica em proteínas.[3][6] Algumas mulheres podem necessitar de soro por via intravenosa.[2] Em termos de medicação, a piridoxina e a metoclopramida são preferenciais.[5] No caso de não serem eficazes, podem ser usadas proclorperazina, dimenidrinato ou ondansetrona.[3][5] Em alguns casos pode ser necessária hospitalização. A psicoterapia pode melhorar o prognóstico. As evidências da eficácia da acupressão são de fraca qualidade.[3]

Estima-se que a hiperémse gravídica afete entre 0,3 e 2% das grávidas.[7] Embora antigamente fosse uma das causas mais comuns de morte durante a gravidez, com tratamento adequado esta situação é atualmente muito rara.[8][9] As mulheres afetadas apresentam baixo risco de aborto espontâneo, mas risco elevado de parto prematuro.[4] Algumas mulheres optam por interromper a gravidez devido aos sintomas.[6] Embora os vómitos durante a gravidez já tenham sido descritos desde pelo menos 2000 a.C., a primeira descrição médica clara da hiperémese gravídica foi feita em 1852 por Antoine Dubois.[10]

Referências

  1. «Management of hyperemesis gravidarum.». Drug Ther Bull. 51 (11): 129-9. November 2013. PMID 24227770. doi:10.1136/dtb.2013.11.0215  Verifique data em: |data= (ajuda)
  2. a b c «Pregnancy». Office on Women's Health. September 27, 2010. Consultado em 5 December 2015  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  3. a b c d e f g Jueckstock, JK; Kaestner, R; Mylonas, I (15 July 2010). «Managing hyperemesis gravidarum: a multimodal challenge.». BMC medicine. 8. 46 páginas. PMC 2913953Acessível livremente. PMID 20633258. doi:10.1186/1741-7015-8-46  Verifique data em: |data= (ajuda)
  4. a b Ferri, Fred F. (2012). Ferri's clinical advisor 2013 5 books in 1 1st ed. [S.l.]: Elsevier Mosby. p. 538. ISBN 9780323083737 
  5. a b c Sheehan, P (September 2007). «Hyperemesis gravidarum—assessment and management» (PDF). Australian Family Physician. 36 (9): 698–701. PMID 17885701  Verifique data em: |data= (ajuda)
  6. a b Gabbe, Steven G. (2012). Obstetrics : normal and problem pregnancies 6th ed. [S.l.]: Elsevier/Saunders. p. 117. ISBN 9781437719352 
  7. Goodwin, TM (September 2008). «Hyperemesis gravidarum». Obstetrics and gynecology clinics of North America. 35 (3): 401–17, viii. PMID 18760227. doi:10.1016/j.ogc.2008.04.002  Verifique data em: |data= (ajuda)
  8. Kumar, Geeta (2011). Early Pregnancy Issues for the MRCOG and Beyond. [S.l.]: Cambridge University Press. p. Chapter 6. ISBN 9781107717992 
  9. DeLegge, Mark H. (2007). Handbook of home nutrition support. Sudbury, Mass.: Jones and Bartlett. p. 320. ISBN 9780763747695 
  10. Davis, Christopher J. (1986). Nausea and Vomiting : Mechanisms and Treatment. [S.l.]: Springer. p. 152. ISBN 9783642704796