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Antílope-azul: diferenças entre revisões

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Uma descrição do século XVIII sugere que as fêmeias poderiam ter deixado os seus vitelos recém-nascidos em isolamento e voltariam regularmente para amamentá-los até que os vitelos fossem velhos suficientes para se juntarem a um rebanho, à semelhança do comportamento das palancas-vermelha e negra. À semelhança de outros antílopes que pastam, a palanca-azul provavelmente nascia onde a precipitação atingia um pico máximo, o que aumentava a disponibilidade de ervas. Tais locais podiam ser a margem ocidental da CFR durante o inverno e a margem oriental da CFR durante o verão. Faith e colegas descobriram que a ocorrência de juvenis em fósseis de palanca-azul decresce linearmente de oeste para este, indicando que a maior parte dos nascimentos ocorria na CFR ocidental, devido à preferência por precipitação, pode também ser assumido que a maior parte dos nascimentos ocorria durante o inverno, quando a CFR ocidental recebia a maior parte da precipitação. A migração anual de oeste para este teria seguido no verão, em concordância com o maior número de juvenis adultos no leste que se teriam juntado a rebanhos. Fósseis juvenis também ocorrem em outros locais ao longo da distribuição, mas parecer estar concentrados na CFR ocidental.<ref name=Faith2013/>
Uma descrição do século XVIII sugere que as fêmeias poderiam ter deixado os seus vitelos recém-nascidos em isolamento e voltariam regularmente para amamentá-los até que os vitelos fossem velhos suficientes para se juntarem a um rebanho, à semelhança do comportamento das palancas-vermelha e negra. À semelhança de outros antílopes que pastam, a palanca-azul provavelmente nascia onde a precipitação atingia um pico máximo, o que aumentava a disponibilidade de ervas. Tais locais podiam ser a margem ocidental da CFR durante o inverno e a margem oriental da CFR durante o verão. Faith e colegas descobriram que a ocorrência de juvenis em fósseis de palanca-azul decresce linearmente de oeste para este, indicando que a maior parte dos nascimentos ocorria na CFR ocidental, devido à preferência por precipitação, pode também ser assumido que a maior parte dos nascimentos ocorria durante o inverno, quando a CFR ocidental recebia a maior parte da precipitação. A migração anual de oeste para este teria seguido no verão, em concordância com o maior número de juvenis adultos no leste que se teriam juntado a rebanhos. Fósseis juvenis também ocorrem em outros locais ao longo da distribuição, mas parecer estar concentrados na CFR ocidental.<ref name=Faith2013/>


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== Distribuição e habitat ==
== Distribuição e habitat ==
[[Ficheiro:Bloubok.jpg|miniaturadaimagem]]
[[Ficheiro:Bloubok.jpg|miniaturadaimagem|Ilustração do fim do século XVIII por [[Robert Jacob Gordon]], possivelmente mostrando a pele de Paris<ref name=Rookmaaker1992/>]]
A palanca-azul é [[endemismo|endémica]] de África do Sul, e estava confinada ao sudoeste da [[Península do Cabo]]. Um estudo de 2003 estimou a extensão do domínio histórico da palanca-azul em 4300 km², principalment ao longo da costa setentrional de África do Sul;<ref name=Kerley2003/> fósseis, no entanto, foram descovertos numa área mais abrangente que inclui a CFR setentrional e ocidentar e até as terras altas do [[Lesoto]].<ref name=Faith2013/> Registos históricos dão uma estimativa geral da sua distribuição. A 20 de Janeiro de 1774, o naturalista sueco [[Carl Peter Thunberg]] registou um avistamento em Tigerhoek, [[Mpumalanga]]. Em Março ou Abril 1783, Levalliant afirmou ter testemunhado dois espécimes em Soetemelksvlei, [[Cabo Ocidental]]. Baseado nestas notas, um estudo de 2009 pelo zoólogo sulafricano Graham I. H. Kerley e colegas estimaram que a área de distribuição da palanca-azul era limitada dento de uma área triangular no Cabo Ocidental, limitado por [[Caledon]] a oeste, Swellendam a nordeste e [[Bredasdorp]] a sul.<ref name="Kerley2009">{{cite journal|last1=Kerley|first1=G.I.H.|last2=Sims-Castley|first2=R.|last3=Boshoff|first3=A.F.|last4=Cowling|first4=R.M.|title=Extinction of the blue antelope ''Hippotragus leucophaeus'': modeling predicts non-viable global population size as the primary driver|journal=Biodiversity and Conservation|date=2009|volume=18|issue=12|pages=3235–42|doi=10.1007/s10531-009-9639-x}}</ref> [[Pinturas rupestres]] no vale do [[Rio Caledon]] na província de [[Estado Livre]] na África do Sul oriental foram identificadas como palanca-azul, o que também confirma a distribuição anterior mais abrangente da espécie.<ref name="Loubser1990"/>
[[Ficheiro:Bluebuck.jpg|esquerda|miniaturadaimagem]]
[[Ficheiro:Bluebuck.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Ilustração de uma palanca-azul e um [[antílope-salta-rochas]], 1851]]
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In 1974 Klein studied the fossils of ''Hippotragus'' species in South Africa. Most of these were found to represent the bluebuck and the roan antelope. The fossil record suggested that the bluebuck occurred in large numbers during the [[last glacial period]] (nearly 0.1{{nbsp}}million years ago), and was more common than [[sympatry|sympatric]] antelopes. The bluebuck could adapt to more open habitats than could the roan antelope, a notable point of difference between these species. Fossils of the bluebuck have been found in the [[Klasies River Caves|Klaises River]] and the [[Nelson Bay Cave]] (near Plettenberg Bay) and [[Swartklip]] (to the west of the [[Hottentots Holland Mountains|Hottentots Holland mountains]]).<ref name=Klein1974/> Faith et al. 2013 noted that the western and southern CFR were separated by [[biogeographical]] barriers, such as the [[Cape Fold Belt]] and [[afromontane]] forests.<ref name=Faith2013/> A 2011 study suggested that low sea levels facilitated migrations for large mammals;<ref name="Compton2011">{{cite journal|last1=Compton|first1=J.S.|title=Pleistocene sea-level fluctuations and human evolution on the southern coastal plain of South Africa|journal=Quaternary Science Reviews|date=2011|volume=30|issue=5–6|pages=506–27|doi=10.1016/j.quascirev.2010.12.012|bibcode=2011QSRv...30..506C}}</ref> therefore the rise in sea levels with the beginning of the Holocene would have led to fragmented bluebuck populations and distanced many populations from the western coast (fossils dating to this period are scarce in the western coast but have been recorded from the southern coast). Thus, a mass extinction could have taken place, leaving behind mainly the populations that remained in the resource-rich western CFR.<ref name=Faith2013/> The causes of the drastic decline in bluebuck populations just before the 15th and 16th centuries have not been investigated; competition with livestock and habitat deterioration could have been major factors in its depletion.<ref name="Klein1974">{{cite journal|last1=Klein|first1=R.G.|authorlink=Richard Klein (paleoanthropologist)|title=On the taxonomic status, distribution and ecology of the blue antelope, ''Hippotragus leucophaeus''|journal=Annals of the South African Museum|date=1974|volume=65|issue=4|pages=99–143|url=http://www.biodiversitylibrary.org/page/40928273#page/138/mode/2up}}</ref>

Faith et al. 2013 further suggested that the bluebuck, being a grazer, probably favoured grassland habitats.<ref name=Faith2013/> This hypothesis is supported by fossil evidence{{snds}}bluebuck fossils appear in significant numbers along with those of grassland antelopes.<ref name="Faith2012">{{cite journal|last1=Faith|first1=J.T.|title=Palaeozoological insights into management options for a threatened mammal: southern Africa's Cape mountain zebra (''Equus zebra zebra'')|journal=[[Diversity and Distributions]]|date=2012|volume=18|issue=5|pages=438–47|doi=10.1111/j.1472-4642.2011.00841.x}}</ref>{{efn-ua|Klein, R.J., cited. {{sfn|Deacon|Hendley|Lambrechts|1983|pages=116–138}}}} Kerley et al. 2009 suggested that the bluebuck frequented grasslands and shunned wooded areas and thickets.<ref name=Kerley2009/> In a 1976 study of fossils in the [[Southern Cape]], Klein observed that the bluebuck's habitat preferences were similar to those of the [[Cape buffalo]] (''Syncerus caffer'') and the [[reedbuck]] (''Redunca'').<ref name="Klein1976">{{cite journal|last1=Klein|first1=R.G.|title=The mammalian fauna of the Klasies River mouth sites, Southern Cape Province, South Africa|journal=The South African Archaeological Bulletin|date=1976|volume=31|issue=123–4|pages=75–98|doi=10.2307/3887730|url=http://www.rhinoresourcecenter.com/pdf_files/119/1197734541.pdf |format=PDF |publisher=[[South African Archaeological Society]]|jstor=3887730}}</ref>


== Extinção ==
== Extinção ==

Revisão das 12h19min de 9 de novembro de 2017

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPalanca-azul

Estado de conservação
Extinta
Extinta
Classificação científica
Reino: Animalia
Divisão: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Família: Bovidae
Subfamília: Hippotraginae
Género: Hippotragus
Espécie: H. leucophaeus
Nome binomial
H. leucophaeus
(Pallas, 1766)
Distribuição geográfica

A palanca-azul (Hippotragus leucophaeus), também conhecida como antílope-azul, é uma espécie extinta de antílope que viveu na África do Sul e foi extinta no século XIX por volta de 1800. Pertence ao mesmo género que a palanca-negra e a palanca-vermelha (género Hippotragus), mas é mais pequena que ambas. Foi por vezes considerada uma subespécie da palanca-vermelha, mas estudos genéticos confirmaram que se tratava de uma espécie distinta.

O maior espécime montado de palanca-azul tem 119 centímetros de altura na cernelha. Os seus cornos medem 56,5 centímetros ao longo da curvatura. A pelagem era de um azul-acizentado uniforme, com um ventre esbranquiçado. A testa era castanha, de uma cor mais escura que a face. A crina não era tão desenvolvida com nas palancas-negras e vermelhas; as orelhas eram mais curtas e não acabavam em negro; e tinha um tufo de pelo mais escuro na cauda e dentes menores. Também lhe faltavam os padrões contrastantes de branco e preto que é visto na cabeça dos seus parentes mais próximos. A palanca-azul pastava, e pode ter parido quando havia maior precipitação, e maior disponibilidade de ervas. Estava restrito ao sudoeste da Península do Cabo quando encontrado por europeus, mas evidências fósseis e pinturas rupestres mostram que chegou a ter uma distribuição mais alargada.

Os europeus encontraram a espécie no século XVII, mas era já pouco comum na altura. Isso pode ter sido devido à redução do seu habitat preferido de pastagens a uma área de 4 300 quilómetros quadrados, principalmente ao longo da costa sul da África do Sul. Mudanças do nível do mar durante o início do Holoceno podem também ter contribuido para o seu declínio. A primeira publicação que menciona o antílope-azul data de 1681, e algumas descrições do animal foram escritas enquanto ele ainda existia. As poucas ilustrações do século XVIII parecem ter sido baseadas em espécimes empalhados. Caçada por colonos europeus, nomeadamente britânicos e holandeses, o antílope-azul entinguiu-se por volta de 1800. Foi o primeiro mamífero africano de grande porte a se extinguir em tempos históricos, seguido pela quagga em 1883. Apenas quatro espécimes montado permanecem em museus em Leida, Estocolmo, Viena e Paris, assim com alguns crânios e cornos em vários outros museus.

Taxonomia e etimologia

Ilustração de 1778 por Allamand, baseado no espécime tipo em Leida.[1]

Em 1776, o zoólogo alemão Peter Simon Pallas descreveu formalmente o antílope-azul como Antilope leucophaeus.[2] Em 1853, o zoólogo holandês Coenraad Jacob Temminck afirmou que o espécime-tipo era uma pele de um adulto macho no Museu de História Natural de Leiden (então denominado Rijksmuseum van Natuurlijke Historie), recolhido em Swellendam e presente em Haarlem antes de 1776. Desde então foi questionado se este seria mesmo o espécime-tipo, mas em 1969 os zoólogos holandeses Antonius M. Husson e Lipke Holthuis seleccionaram-no como o lectótipo de uma série de síntipos, uma vez que Pallas pode ter baseado a sua descrição em múltiplos espécimes.[3]

Em 1846, o zoólogo sueco Carl Jakob Sundevall mudou a palanca-azul e os seus familiares mais próximos para o género Hippotragus. Ele tinha nomeado este género em 1845 para a palanca-vermelha (H. equinus).[4] Esta revisão foi aceite por outros escritores, tal como os zoólogos britânicos Philip Sclater e Oldfield Thomas, que restringiram o género Antilope ao Antilope cervicapra em 1899.[5] Em 1914, o nome Hippotragus foi submetido para nomen conservandum (para que nomes mais antigos e não usados pudessem ser suprimidos) à Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN) com o antílope-azul como espécie-tipo. Contudo, não foi observado, e mais tarde foi suprimido pelo ICZN, que a nomeação original do género de 1845 tinha a palanca-vermelha como espécie única, o que levou a alguma confusão taxonómica. Em 2001, o ecólogo britânico Peter J. Grubb propôs que o ICZN deveria rescindir a sua supressão da nomeação de 1845 e tornar a palanca-vervelha a espécie-tipo de Hippotragus, uma vez que pouco é sabido sobre o antílope-azul para que este seja uma espécie-tipo fiável.[4] Isto foi aceite pela comissão em 2003.[6]

De acordo com o livro de 1967 da zoóloga alemã Erna Mohr, o relato de 1719 do Cabo da Boa Esperança publicado pelo viajante Peter Kolbe parece ser a primeira publicação contendo menção da espécie. Kolbe também incluíu uma ilustração, que Mohr acreditava ter sido baseada em memória e notas. Em 1975, Husson e Holthuis examinaram a versão original em holandês do livro de Kolbe e concluíram que a ilustração não representava um antílope-azul, mas antes um Tragelaphus strepsiceros, e que o erro era devido a uma má tradução para alemão. A primeira ilustração da palanca-azul publicada terá sido então uma representação de um corno de 1764.[1] [7] Foi também apontado que o animal já tinha sido mencionado (como "blaue Böcke") numa lista de mamíferos de África do Sul em 1681.[8]

Ilustração de uma cabeça por Pennant, 1771 a segunda ilustração publicada da espécie.[1]

O naturalista galês Thomas Pennant fez a ilustração que foi publicada a seguir, e incluiu uma descrição do antílope, chamando-o de "blue goat" (cabra azul), no seu Synopsis of Quadrupeds de 1771, baseado numa pele do Cabo da Boa Esperança, comprada de Amesterdão. Em 1778, um desenho do naturalista suiço-holandês Jean-Nicolas-Sébastien Allamand foi incluido no Histoire Naturelle de Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon; chamou-o de tzeiran, o nome siberiano para a gazela-persa (Gazella subgutturosa). A ilustração terá sido provavelmente baseada no espécime de Leiden. Esta ilustração é a primeira que mostra o animal por inteiro.[1][9][10] Um outro registo do antílope-azul aparece nas memórias de viagem do explorador francês François Levaillant, publicado na década de 1780, descrevendo a sua missão de descobrir a terra a oriente do Cabo da Boa Esperança, "Hottentots Holland". O zoólogo alemão Martin Lichtenstein escreveu sobre a palanca-azul em 1812, mas a espécie foi mencionada menos frequentemente em literatura posterior.[5]

Actualmente, apenas permanecem quatro peles montadas da palanca-azul: o macho adulto de Leida, uma jovem fêmea no Museu Sueco de História Natural, uma fêmea adulta no Naturhistorisches Museum de Viena, e um macho adulto no Museu Nacional de História Natural de Paris. Uma outra pele montada esta hospedada no Museu Zoológico de Uppsala até ao século XIX, mas agora apenas os cornos permaneceram. Também há registos de uma pele em Haarlem, mas o seu paradeiro actual é desconhecido. Várias destas peles foram identificadas em ilustrações do século XVIII. Um crânio feminino faz parte da colecção do Museu Hunterian e do Museu Zoológico de Amsterdão, embora tenha sido sugerido que o do Hunterian pertença a um exemplar de palanca-negra (H. niger). Um par de cornos está presente tanto no Museu de História Natural de Londres como no Museu Sul Africano.[8][11] Esqueletos foram encontrados tanto em contextos arqueológicos como paleontológicos.[12]

A espécie é conhecida em Afrikaans pelo nome "blaubock", "blaawwbok" ou "blawebok", que é traduzido para inglês como "bluebuck" ou "blue antelope" (antílope azul).[5] O nome genérico Hippotragus é grego para "cavalo-cabra", enquanto o nome específico é uma fusão de duas palavras gregas: leukos ("branco") e phaios ("brilhante").[13][14]

Evolução

Osso frontal com cornos, Museu de História Natural de Londres.

Baseado em estudos de morfologia, a palanca-azul foi historicamente classificada quer como uma espécie distinta como uma subespécie da palanca-vermelha.[12] Depois da sua extinção, alguns naturalistas no século XIX começaram a duvidar da sua validade como uma espécie, com alguns a crer que os espécimes de museu eram palancas-vermelhas pequenas ou imaturas, e as duas espécies foram juntas sobre o nome A. leucophaeus pelo zoólogo inglês George Robert Gray em 1821. O zoólogo austríaco Franz Friedrich Kohl apontou características distintivas da palanca-azul em 1866, seguido por Sclater e Thomas, que rejeitaram a sinonímia em 1899.[5]

Em 1974, o biólogo americano Richard G. Klein mostrou, baseado em fósseis, que a palanca-azul e a palanca-vermelha ocorreram em simpatria nas planícies costeiras desde Oakhurst até Uniondale durante o Holoceno inferior, o que suporta o seu estatuto como espécies distintas.[12][15] Em 1996, uma análise do DNA mitocondrial extraído do espécime de Viena mostrou que está fora do clado que contém a palanca-vermelha e a palanca-negra. O estudo por isso conclui que a palanca-azul é uma espécie distinta, e não somente uma subespécie da palanca-vermelha. O cladograma abaixo mostra a posição da palanca-azul em relação às espécies mais próximas, de acordo com a análise de 1996:[15]

Damaliscus pygargus phillipsi

D. p. pygargus

Hippotragus

Antílope-azul (H. leucophaeus)

Palanca-vermelha (H. equinus)

Palanca-negra (H. niger)

Em 2017, reconstrução do genoma DNA mitocondrial inteiro extraído dos cornos presentes na colecção de Uppsala colocou o antílope-azul como irmão da palanca-negra, contradizendo os resultados de 1996 (ver cladograma abaixo).).[16]

Hippotraginae

Addax (Addax nasomaculatus)

Oryx (Oryx spp.)

Palanca-vermelha (H. equinus)

Antílope-azul (H. leucophaeus)

Palanca-negra (H. niger)

Descrição

Cabeça do espécime de Viena.

O antílope-azul macho adulto em Leida tem 119 cm de altura no cachaço, e é possivelmente o espécime de maior porte conhecido.[17] De acordo com Sclater e Thomas, o espécime de Paris, um macho, é o mais alto com 11 cm nos ombros; o espécime de Viena, uma fêmea, é o mais baixo com 100 cm. O antílope-azul era notavelmente mais baixo que a palanca-vermelha e -negra, e por isso o mais baixo do seu género.[5]

A pelagem era um azul-acizentado uniforme, com ventre pálido esbranquiçado, que não era contrastado nos flancos. Os membros tinham uma linha escura subtil ao longo da superfície frontal. A testa era castanha, mais escura do que a face, e o lábio superior e mancha em frente aos olhos era mais claro do que o corpo. A crina estava direccionada para a frente e não tão desenvolvidas como nas outras palancas, e não tinha juba pelo pescoço. Outras diferenças entre a palanca-azul e os seus parentes extantes inclui as suas orelhas serem mais curtas e não terminarem em preto, um tudfo de pelo na cada mais escuro( embora pouco mais escuro do que a sua cor geral), e dentes mais curtos.[5][8] A palanca-azul também não tinha os padrões pretos e brancos contrastantes vistos nas cabeças dos seus parentes próximos[17]

Como as peles antigas estão prosumivelment esbatidas, pode ser difícil reconstruir a cor original da palanca-azul a partir delas.[18] Pennant observou que os olhos tinham manchas brancas por baixo e que o ventre era branco; a pelagem era de um "azul fino" em espécimes vivos, mas mudava para "cinzento azulado, com uma mistura de branco" em animais mortos. Também sugeriu que o comprimento do cabelo da palanca-azul e a morfologia dos seus cornos formavam uma ligação entre antílopes e cabras. Descreveu também as orelhas como pontiagudas e com mais de 23 cm de comprimento e a cauda com 18 cm, terminando com um tufo de 6 cm.[9]

Ilustração de um macho e uma fêmea, por Joseph Smit e Joseph Wolf, anterior a 1899; a imagem pode ser baseada no espécime de Paris, e a juba à volta do pescoço talvez esteja demasiado comprida na representação.[5]

Os cornos da palanca-azul eram significativamente mais curtos e finos do que os da palanca-vermelha, mas talvez proporcionalmente mais compridos.[5] Os cornos do espécime de Leida mediam 56,5 cm ao longo da curvatura.[17] Os cornos presentes no Hunterian Museum estão espaçados 9,8 cm entre eles e têm quase 51 cm de comprimentos com uma circunferência basal de quase 15 cm.[5] Segundo Pennant, o comprimento do corno é 51 cm. Além disso, ele refere também que os cornos, afiados e com curvatura para trás, consistem de vinte anéis.[9] Esta descrição é concordante com os cornos preservados no Hunterian Museum. A crânio no Hunterian mede 39.6 cm de comprimento.[11] Os cornos da palanca-azul parecem ter pedículos ocos (estruturas ósseas de onde os cornos emergem).[19]

Comportamento e ecologia

A palanca-azul, como dito por Klein, extinguiu-se antes que "cientistas qualificados pudessem fazer observações em espécimes vivos". De acordo com descrições históricas, a palanca-azul formava grupos de até 20 indivíduos.[8] Semelhanças com as palancas vermelha e negra em termos de morfologia dentária fazem com que seja altamente provável que a palanca-azul predominantemente pastava selectivamente, alimentando-se principalmente de ervas.[20][21] A fila de pré-molares era mais comprida do que em outros do género, implicando a presença de dicotiledóneas na dieta.[22] Um estudo de 2013 pelo paleontólogo australiano Tyler Faith e colegas notou a escazzes de evidências morfológicas que mostrem que a palanca-azul conseguia sobreviver os verões na margin ocidental da região floral do Cabo (CFR), quando as ervas não são nem palatáveis nem nutritivas. Isto pode ter induzido uma migração oeste-este, porque a margem oriental recebe precipitação durante o ano todo enquanto que na margem ocidental está limitada ao inverno.[22]

Uma descrição do século XVIII sugere que as fêmeias poderiam ter deixado os seus vitelos recém-nascidos em isolamento e voltariam regularmente para amamentá-los até que os vitelos fossem velhos suficientes para se juntarem a um rebanho, à semelhança do comportamento das palancas-vermelha e negra. À semelhança de outros antílopes que pastam, a palanca-azul provavelmente nascia onde a precipitação atingia um pico máximo, o que aumentava a disponibilidade de ervas. Tais locais podiam ser a margem ocidental da CFR durante o inverno e a margem oriental da CFR durante o verão. Faith e colegas descobriram que a ocorrência de juvenis em fósseis de palanca-azul decresce linearmente de oeste para este, indicando que a maior parte dos nascimentos ocorria na CFR ocidental, devido à preferência por precipitação, pode também ser assumido que a maior parte dos nascimentos ocorria durante o inverno, quando a CFR ocidental recebia a maior parte da precipitação. A migração anual de oeste para este teria seguido no verão, em concordância com o maior número de juvenis adultos no leste que se teriam juntado a rebanhos. Fósseis juvenis também ocorrem em outros locais ao longo da distribuição, mas parecer estar concentrados na CFR ocidental.[22]


Distribuição e habitat

Ilustração do fim do século XVIII por Robert Jacob Gordon, possivelmente mostrando a pele de Paris[8]

A palanca-azul é endémica de África do Sul, e estava confinada ao sudoeste da Península do Cabo. Um estudo de 2003 estimou a extensão do domínio histórico da palanca-azul em 4300 km², principalment ao longo da costa setentrional de África do Sul;[21] fósseis, no entanto, foram descovertos numa área mais abrangente que inclui a CFR setentrional e ocidentar e até as terras altas do Lesoto.[22] Registos históricos dão uma estimativa geral da sua distribuição. A 20 de Janeiro de 1774, o naturalista sueco Carl Peter Thunberg registou um avistamento em Tigerhoek, Mpumalanga. Em Março ou Abril 1783, Levalliant afirmou ter testemunhado dois espécimes em Soetemelksvlei, Cabo Ocidental. Baseado nestas notas, um estudo de 2009 pelo zoólogo sulafricano Graham I. H. Kerley e colegas estimaram que a área de distribuição da palanca-azul era limitada dento de uma área triangular no Cabo Ocidental, limitado por Caledon a oeste, Swellendam a nordeste e Bredasdorp a sul.[23] Pinturas rupestres no vale do Rio Caledon na província de Estado Livre na África do Sul oriental foram identificadas como palanca-azul, o que também confirma a distribuição anterior mais abrangente da espécie.[24]

Ilustração de uma palanca-azul e um antílope-salta-rochas, 1851

Referências

  1. a b c d Husson, A.M.; Holthuis, L.B. (1975). «The earliest figures of the blaauwbok, Hippotragus leucophaeus (Pallas, 1766) and of the greater kudu, Tragelaphus strepsiceros (Pallas, 1766)». Zoologische Mededelingen. 49 (5): 57–63  publicação de acesso livre - leitura gratuita
  2. Pallas, P.S. (1766). P.S. Pallas Medicinae Doctoris Miscellanea zoologica (em Latin). [S.l.]: Apud Petrum van Cleef. p. 4 
  3. Husson, A. M; Holthuis, L.B. (1969). «On the type of Antilope leucophaea preserved in the collection of the Rijksmuseum van Natuurlijke Historie Leiden». Zoologische Mededelingen. 44: 147–157 
  4. a b Grubb, P. (2001). «Hippotragus Sundevall, 1845 (Mammalia, Artiodactyla): Proposed Conservation». Bulletin of Zoological Nomenclature. 58: 126–132. ISSN 0007-5167 
  5. a b c d e f g h i Sclater & Thomas 1899, pp. 4–12.
  6. Nomenclature, Intl Commission on Zoological (2003). «Opinion 2030 (Case 3178). Hippotragus Sundevall, 1845 (Mammalia, Artiodactyla): conserved». Bulletin of Zoological Nomenclature. 60: 90–91. ISSN 0007-5167 
  7. Stuart & Stuart 1996, p. 87.
  8. a b c d e Rookmaaker, L. (1992). «Additions and revisions to the list of specimens of the extinct blue antelope (Hippotragus leucophaeus (PDF). Annals of the South African Museum. 102 (3): 131–41 
  9. a b c Pennant, T. (1771). Synopsis of Quadrupeds. London, UK: B. & J. White. p. 24 – via University of Oxford  Text Archive
  10. de Buffon 1778.
  11. a b Groves, C.; Westwood, C.R. (1995). «Skulls of the blaauwbok Hippotragus leucophaeus» (PDF). Zeitschrift für Säugetierkunde. 60: 314–8 
  12. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Klein1974
  13. «Hippotragus». Merriam-Webster Dictionary 
  14. Jobling 2010, p. 224.
  15. a b Robinson, T.J.; Bastos, A.D.; Halanych, K.M.; Herzig, B. (1996). «Mitochondrial DNA sequence relationships of the extinct blue antelope Hippotragus leucophaeus». Naturwissenschaften. 83 (4): 178–82. PMID 8643125. doi:10.1007/s001140050269 
  16. Espregueira Themudo, Gonçalo; Campos, Paula F. «Phylogenetic position of the extinct blue antelope, Hippotragus leucophaeus (Pallas, 1766) (Bovidae: Hippotraginae), based on complete mitochondrial genomes». Zoological Journal of the Linnean Society. doi:10.1093/zoolinnean/zlx034 
  17. a b c van Broggen, A.C. (1959). «Illustrated notes on some extinct South African ungulates» (PDF). South African Journal of Science: 197–200 
  18. Groves & Grubb 2011, p. 198.
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  24. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Loubser1990

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