Saltar para o conteúdo

Esquimós: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
Adicionadas informações da Wikipedia-en
Etiquetas: Inserção de predefinição obsoleta Editor Visual
Linha 1: Linha 1:
{{mais fontes|data=abril de 2018}}
{{mais fontes|data=abril de 2018}}
{{Info/Grupo étnico
[[Ficheiro:Eskimo Family NGM-v31-p564-2.jpg|thumb|Uma família de '''esquimós''', em foto para a [[National Geographic Society|Revista National Geographic]], em [[1917]].]]
| grupo = Esquimó
| imagem = [[File:Inuit conf map.png|260px]]
| legenda_imagem = Mapa do Conselho Circumpolar Inuíte dos povos esquimós, mostrando os [[iúpiques|povos iúpiques]] ([[yup'ik]], [[yupik siberiano]]) e [[inuítes]] ([[inupiat|iñupiat]], [[inuvialuit]], [[nunavut]], [[nunavik]], [[nunatsiavut]], [[inuíte groenlandês]])
| população = 170,500
| região1 = Rússia<br>- Okrug Autônomo de Chukotka<br>- Sakha (Yakutia)<br> <hr> Estados Unidos<br>- Alasca<br><hr>Canadá<br>- Terra Nova e Labrador<br>- Territórios do Noroeste <br>- Nunavut<br>- Quebec<br>- Yukon (antigamente)<br> <hr> Dinamarca<br>- Groenlândia
| população1 =
| ref1 =
| línguas = [[Língua groenlandesa|Groenlandês]] e outras [[línguas esquimó-aleútes]], [[língua russa|russo]], [[língua inglesa|inglês]], [[língua francesa|francês]], [[língua dinamarquesa|dinamarquês]],
| religiões = - [[Cristianismo]] ([[Igreja Ortodoxa Russa]], [[Igreja Ortodoxa na América]], [[Catolicismo Romano]], [[Igreja Anglicana do Canadá]], [[Igreja da Dinamarca]])<br> - [[Animismo]]
| etnia =
| relacionados = [[Aleútes]]|
}}[[Ficheiro:Eskimo Family NGM-v31-p564-2.jpg|thumb|Uma família de '''esquimós''', em foto para a [[National Geographic Society|Revista National Geographic]], em [[1917]].]]
[[Ficheiro:Femmes Nain.jpg|thumb|'''Esquimó''' [[Inuítes|inuíte]] do [[Labrador]].]]
[[Ficheiro:Femmes Nain.jpg|thumb|'''Esquimó''' [[Inuítes|inuíte]] do [[Labrador]].]]
[[Ficheiro:Eskimo_Family_NGM-v31-p564-2.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eskimo_Family_NGM-v31-p564-2.jpg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|Uma família de esquimós, em foto para a [[National Geographic Society|Revista National Geographic]], em [[1917]].]]
[[Imagem:Esquimós aprisionando ptarmigans.pdf|thumb]]
[[Ficheiro:Femmes_Nain.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Femmes_Nain.jpg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|Esquimós [[Inuítes|inuíte]] do [[Labrador]].]]
Os '''esquimós''' ou '''inuítes''' são os [[povos indígenas]] que habitam tradicionalmente regiões em torno do [[Círculo Polar Ártico]], no extremo norte da [[Terra]], como o norte do [[Alasca]] do [[Canadá]] e na [[Gronelândia|Groenlândia]]. Seu modo de vida tradicional inclui a [[pesca]] e a [[caça]], retirando a [[gordura]] de [[baleia]]s, [[foca]]s e [[urso]]s para usar como alimento e [[combustível]], além da coleta de [[baga]]s durante o verão.
Os '''esquimós''' são os [[povos indígenas]] que habitam tradicionalmente regiões em torno do [[Círculo Polar Ártico]] ([[povos circumpolares]]), no extremo norte da [[Terra]], como a [[Sibéria]] oriental ([[Rússia]]), o norte do [[Alasca]], do [[Canadá]] e a [[Gronelândia|Groenlândia]].<ref name="Stern2013">{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=jVsrAQAAQBAJ&pg=PA2|title=Historical Dictionary of the Inuit|author=Pamela R. Stern|date=2013|isbn=978-0-8108-7912-6|publisher=Scarecrow Press|page=2}}</ref><ref name=":0">{{Citar web|titulo=Eskimo {{!}} Definition, History, Culture, & Facts|url=https://www.britannica.com/topic/Eskimo-people|obra=Encyclopedia Britannica|acessodata=2020-06-19|lingua=en}}</ref> Seu modo de vida tradicional inclui a [[pesca]] e a [[caça]], retirando a [[gordura]] de [[Baleia|baleias]], [[Foca|focas]] e [[Urso|ursos]] para usar como alimento e [[combustível]], além da coleta de [[Baga|bagas]] durante o verão. Os dois principais povos conhecidos como "esquimós" são os [[inuítes]] - incluindo os povos [[Inupiat|iñupiat]] do Alasca, os inuítes [[Gronelândia|groelandeses]] e o agrupamento de inuítes do Canadá - e os [[iúpiques]] do leste da Sibéria<ref name=":1">{{Cite web|url=https://alaska.si.edu/culture_ne_siberian.asp?subculture=Yupik+(Asiatic+Eskimo)&continue=1|title=Arctic Studies|website=alaska.si.edu}}</ref> e do Alasca. Um terceiro grupo do norte, os [[aleútes]], está intimamente relacionado a ambos. Eles compartilham um ancestral comum relativamente recente e um grupo de idiomas ([[Línguas esquimó-aleútes|esquimó-aleúte]]). O povo [[Chukchis|chukchi]], da Sibéria, também é o parente vivo mais próximo dos inuítes e iúpiques. As estimativas recentes da população (início do século XXI) registraram mais de 135.000 indivíduos de descendência esquimó, com aproximadamente 85.000 vivendo na América do Norte, 50.000 na Groenlândia e o restante residindo na Sibéria.<ref name=":0" />


A palavra "esquimó" deriva de expressões que os [[algonquinos]] usavam para designar seus vizinhos do norte. Os inuítes e iupiques geralmente não usam essa denominação para se referir a si próprios, e os governos do Canadá<ref>[http://www.canadainternational.gc.ca/brazil-bresil/about_a-propos/inuit.aspx?lang=por&view=d Os Inuit]. Site do Governo do Canadá.</ref><ref>[http://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha40_pt.pdf Etnónimos, uma categoria gramatical à parte?] Por Paulo Correia. Direção-Geral da Tradução — Comissão Europeia.</ref> e da Groenlândia ([[país constituinte]] do [[reino da Dinamarca]]) também deixaram de usá-la em documentos oficiais.<ref name="Waite2013">{{citar livro|autor =Maurice Waite|título=Pocket Oxford English Dictionary|url=https://books.google.com/books?id=xqKcAQAAQBAJ&pg=PA305|ano=2013|publicado=OUP Oxford|isbn=978-0-19-966615-7|página=305|citação= ''Some people regard the word Eskimo as offensive, and the peoples inhabiting the regions of northern Canada and parts of Greenland and Alaska prefer to call themselves '''Inuit'''. The term '''Eskimo''', however, is the only one that covers both the Inuit and the Yupik peoples of Siberia, the Aleutian islands, and the Alaska, and it's still widely used.'' '''Tradução''': "Algumas pessoas consideram a palavra esquimó como ofensiva, e os povos que habitam as regiões do norte do Canadá e partes da Groenlândia preferem chamar a si próprios de inuítes. Todavia o termo esquimó é o único que abrange tanto os inuítes como os yupiks da Sibéria, das ilhas Aleutas e do Alasca, sendo ainda amplamente utilizado."}}</ref>
A palavra "esquimó" deriva de expressões que os [[algonquinos]] usavam para designar seus vizinhos do norte. Os inuítes e iupiques geralmente não usam essa denominação para se referir a si próprios, e os governos do Canadá<ref>[http://www.canadainternational.gc.ca/brazil-bresil/about_a-propos/inuit.aspx?lang=por&view=d Os Inuit]. Site do Governo do Canadá.</ref><ref>[http://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha40_pt.pdf Etnónimos, uma categoria gramatical à parte?] Por Paulo Correia. Direção-Geral da Tradução — Comissão Europeia.</ref><ref name="publications">{{Cite web|url=http://www.publications.gc.ca/collections/Collection/R2-236-2002E.pdf|title=Words First An Evolving Terminology Relating to Aboriginal Peoples in Canada Communications Branch Indian and Northern Affairs Canada October 2002|quote=The term "Eskimo,"applied to Inuit by European explorers, is no longer used in Canada.|date=8 de junho de 2020|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{Cite web|url=https://www.vice.com/en_us/article/xd7ka4/the-little-known-history-of-how-the-canadian-government-made-inuit-wear-eskimo-tags|title=The Little-Known History of How the Canadian Government Made Inuit Wear 'Eskimo Tags'|first=Natasha|last=MacDonald-Dupuis|date=16 de dezembro de 2015|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> e da Groenlândia ([[país constituinte]] do [[reino da Dinamarca]]) também deixaram de usá-la em documentos oficiais. Nesses países, o termo "esquimó" é predominantemente visto como pejorativo e foi amplamente substituído pelo termo "inuíte" ou termos específicos para um grupo ou comunidade em particular.<ref name="Waite20132">{{citar livro|url=https://books.google.com/books?id=xqKcAQAAQBAJ&pg=PA305|título=Pocket Oxford English Dictionary|autor=Maurice Waite|ano=2013|página=305|isbn=978-0-19-966615-7|citação=''Some people regard the word Eskimo as offensive, and the peoples inhabiting the regions of northern Canada and parts of Greenland and Alaska prefer to call themselves '''Inuit'''. The term '''Eskimo''', however, is the only one that covers both the Inuit and the Yupik peoples of Siberia, the Aleutian islands, and the Alaska, and it's still widely used.'' '''Tradução''': "Algumas pessoas consideram a palavra esquimó como ofensiva, e os povos que habitam as regiões do norte do Canadá e partes da Groenlândia preferem chamar a si próprios de inuítes. Todavia o termo esquimó é o único que abrange tanto os inuítes como os yupiks da Sibéria, das ilhas Aleutas e do Alasca, sendo ainda amplamente utilizado."|publicado=OUP Oxford}}</ref><ref name="SvartvikLeech2016">{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=rtl6DAAAQBAJ&pg=PA97|title=English – One Tongue, Many Voices|author1=Jan Svartvik|author2=Geoffrey Leech|isbn=978-1-137-16007-2|year=2016|publisher=Palgrave Macmillan UK|page=97|quote=Today, the term "Eskimo" is viewed as the "non preferred term". Some Inuit find the term offensive or derogatory.}}</ref><ref>{{cite web|url=https://www.uaf.edu/anlc/resources/inuit-eskimo/|title=Inuit or Eskimo? - Alaska Native Language Center|quote=Although the name 'Eskimo' is commonly used in Alaska to refer to all Inuit and Yupik people of the world, this name is considered derogatory in many other places because it was given by non-Inuit people and was said to mean 'eater of raw meat'.|access-date=2017-04-19|archive-url=https://web.archive.org/web/20150518081326/https://www.uaf.edu/anlc/resources/inuit-eskimo/|archive-date=2015-05-18|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Isso resultou em uma tendência pela qual alguns canadenses e americanos acreditam que não devem usar a palavra "esquimó" e, em vez disso, a palavra canadense "inuíte", mesmo para os iúpiques. Algumas pessoas ainda acreditam que esquimó se traduz em "comedor de carne crua", que pode ser visto como um descritor violento e talvez bárbaro, usado pelos colonizadores racistas. Mas etimologicamente, existe um consenso científico de que a palavra esquimó deriva da palavra [[Língua innu|innu-aimun]] (montagnais) ''ayas̆kimew, que'' significa "uma pessoa que amarra uma [[raquete de neve]]" e está relacionada a "[[ Husky|husky]]" (uma raça de cachorro), não tendo um significado [[Pejoração|pejorativo]] na origem.<ref name="anlc2">Kaplan, Lawrence. [https://www.uaf.edu/anlc/resources/inuit_or_eskimo.php "Inuit or Eskimo: Which name to use?"] ''Alaskan Native Language Center, UAF''.</ref><ref name="aueo">{{Citar web|url=http://alt-usage-english.org/excerpts/fxeskimo.html|titulo=Eskimo|publicação=Alt-usage-english.org|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=Israel|primeiro=Mark|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120403110006/http://www.alt-usage-english.org/excerpts/fxeskimo.html|arquivodata=2012-04-03}}</ref><ref name="Goddard">R. H. Ives Goddard, "Synonymy". In David Damas (ed.) ''Handbook of North American Indians: Volume 5 Arctic'' (Washington, DC: Smithsonian Institution, 1985, 978-0874741858), pages 5–7.</ref><ref>{{Citar web|url=https://stason.org/TULARC/languages/english-usage/91-Eskimo-Word-origins-alt-usage-english.html|titulo=91 "Eskimo" (Word origins - alt.usage.english)|obra=stason.org|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=stason.org|primeiro=Stas Bekman}}</ref><ref name=":0" /> Termos alternativos, como inuíte-iúpique, foram propostos, mas nenhum ganhou ampla aceitação.


== Línguas ==
Os inuítes falam línguas pertencentes à [[família linguística]] [[Línguas esquimó-aleútes|escaleuta]], que contém dois ramos principais:
[[Ficheiro:PSM_V37_D324_Greenland_eskimo.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:PSM_V37_D324_Greenland_eskimo.jpg|miniaturadaimagem|Ilustração de um homem [[Gronelandeses|inuíte da Gronelândia]]]]
* Esquimó ou inuíte propriamente dito, subdividido em duas línguas principais:
Os esquimós falam línguas pertencentes à [[família linguística]] [[Línguas esquimó-aleútes|escaleuta]], que contém dois ramos principais:
**[[Inuktitut|Inuíte]]: compreende os dialetos do norte do Alasca e do Canadá ([[Territórios do Noroeste]], [[Nunavute]] e [[Nunavik]]) e da Groenlândia.

* Esquimó propriamente dito, subdividido em duas línguas principais:
** [[Inuktitut|Inuíte]]: compreende os dialetos do norte do Alasca e do Canadá ([[Territórios do Noroeste]], [[Nunavute]] e [[Nunavik]]) e da Groenlândia.
** [[Iúpiques|Iupique]]: região centro-sul do Alasca e Leste da [[Sibéria]].
** [[Iúpiques|Iupique]]: região centro-sul do Alasca e Leste da [[Sibéria]].
* [[Língua aleúte|Aleúte]] ou aleuta:
* [[Língua aleúte|Aleúte]] ou aleuta:
Linha 15: Linha 31:
** Aleúte atkano: falado na [[Ilha Atka]] e na [[Ilha de Bering]].
** Aleúte atkano: falado na [[Ilha Atka]] e na [[Ilha de Bering]].


== Etimologia ==
== História ==
[[Ficheiro:Escimaux_building_a_snow-hut.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Escimaux_building_a_snow-hut.jpg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|Inuíte construindo um [[iglu]], por [[George Francis Lyon]], 1824]]
Na própria [[língua inuíte]], a palavra ''inuit'' significa "povo" e vem de "inuk", que significa "homem". O termo "esquimó", por sua vez, vem de "esquimantsic", palavra de cunho injurioso que significa "comedor de carne crua" e era usada pelos [[abenaki]]s para designar os inuítes.<ref>{{citar livro|sobrenome=Cascudo|nome=Luís da Câmara|título=Civilização e Cultura|ano=2004|editora=[[Global Editora]]|local=São Paulo|isbn=85-260-0873-0|edição=1|autorlink=Luís da Câmara Cascudo||página=396|capítulo=Capítulo 9}}</ref><ref name="Waite2013"/>
Vários povos indígenas anteriores existiam nas regiões circumpolares do norte do leste da Sibéria, Alasca e Canadá (embora provavelmente não na Groenlândia<ref name=":1" />). As primeiras culturas [[Paleoesquimós|paleo-esquimó]] positivamente identificadas ([[paleo-esquimó inicial]]) datam de 5.000 anos atrás. Elas parecem ter se desenvolvido no Alasca de pessoas relacionadas à [[ Tradição de pequenas ferramentas no Ártico|tradição de pequenas ferramentas]] do [[ Tradição de pequenas ferramentas no Ártico|Ártico]] no leste da Ásia, cujos ancestrais provavelmente haviam migrado para o Alasca pelo menos 3.000 a 5.000 anos antes. Artefatos semelhantes foram encontrados na Sibéria que datam de talvez 18.000 anos atrás.

== Nomenclatura ==

=== Origem ===
A origem etimológica mais comumente aceita da palavra "esquimó" foi derivada por [[ Ives Goddard|Ives Goddard]] na [[Smithsonian Institution]], da palavra montagnais (uma [[Línguas algonquinas|língua algonquiana]]) que significa "trançador de [[Raquete de neve|raquetes de neve]]"<ref name="aueo" /> ou "enredar raquetes de neve":<ref name="anlc2" /> ''assime·w'' significa "ela ''amarra'' uma raquete de neve". Os falantes de montagnais se referem ao povo vizinho [[Micmac|mi'kmaq]] usando palavras que soam como ''esquimó.''<ref name="goddard">Goddard, Ives (1984). "Synonymy", In ''Arctic'', ed. David Damas. Vol. 5 of ''Handbook of North American Indians'', ed. William C. Sturtevant, pp. 5–7. Washington, D.C.: Smithsonian Institution. Cited in Campbell 1997</ref><ref name="campbell">Campbell, Lyle (1997). ''American Indian Languages: The Historical Linguistics of Native America'', pg. 394. New York: Oxford University Press</ref>

Em 1978, Jose Mailhot, um antropólogo de Quebec que fala montagnais, publicou um artigo sugerindo que esquimó significava "pessoas que falam um idioma diferente".<ref name="mailhot1">Mailhot, J. (1978). "L'étymologie de «Esquimau» revue et corrigée", ''Etudes Inuit/Inuit Studies'' 2-2:59–70.</ref><ref name="creeml">{{Citar web|url=http://www.nisto.com/cree/mail/cree-1997-11.txt|titulo=Cree Mailing List Digest November 1997}}</ref> Os comerciantes franceses que encontraram os montagnais nas áreas orientais, adotaram sua palavra para os povos mais ocidentais e a escreveram como ''Esquimau'' em uma transliteração.     

Algumas pessoas consideram ''esquimó'' depreciativo porque é percebido popularmente como significando<ref name="aueo" /><ref name="creeml2">{{Citar web|url=http://www.nisto.com/cree/mail/cree-1997-11.txt|titulo=Cree Mailing List Digest November 1997}}</ref><ref name="mailhot">{{Citar periódico|ultimo=Mailhot|primeiro=Jose|data=|ano=1978|titulo=L'etymologie de "esquimau" revue et corrigée|url=|jornal=Etudes/Inuit/Studies|volume=2|numero=2|acessodata=}}</ref><ref name="igoddard">{{Citar livro|título=Handbook of North American Indians, Vol. 5 (Arctic)|ultimo=Goddard|primeiro=Ives|ano=1984|isbn=978-0-16-004580-6|publicação=[[Smithsonian Institution]]}}</ref> "comedores de carne crua" em idiomas algonquianos comuns a povos ao longo da costa atlântica.<ref name="anlc2" /><ref name="natlang">{{Citar web|url=http://www.native-languages.org/iaq23.htm|titulo=Setting the Record Straight About Native Languages: What Does "Eskimo" Mean In Cree?|publicação=Native-languages.org}}</ref><ref name="bartlebyeskimo">{{Citar web|url=http://www.bartleby.com/61/24/E0212400.html|titulo=Eskimo|archiveurl=https://web.archive.org/web/20010412155403/http://www.bartleby.com/61/24/E0212400.html|archivedate=2001-04-12|obra=American Heritage Dictionary of the English Language: Fourth Edition, 2000|data=|acessodata=|publicado=Bartleby|ultimo=|primeiro=}}</ref> Alguns derivaram o cunho injurioso da palavra "esquimantsic", usada pelos [[Abenaki|abenakis]] para designar os inuítes.<ref>{{citar livro|título=Civilização e Cultura|sobrenome=Cascudo|nome=Luís da Câmara|editora=[[Global Editora]]|ano=2004|local=São Paulo|página=396|isbn=85-260-0873-0|autorlink=Luís da Câmara Cascudo||edição=1|capítulo=Capítulo 9}}</ref><ref name="Waite20132" /> Um falante [[cree]] sugeriu que a palavra original que foi corrompida para o esquimó poderia ter sido ''askamiciw'' (que significa "ele come cru"); os inuítes são referidos em alguns textos cree como ''askipiw'' (que significa "come algo cru").<ref name="natlang" /><ref name="bartlebyeskimo" /><ref name="stern12">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=3UHTsUmt1PEC&dq=isbn:0810850583|título=Historical Dictionary of the Inuit|ultimo=Pamela R. Stern|data=2004-07-27|isbn=9780810865563}}</ref><ref name="ostg12">{{Citar web|autor=Peroni, Robert; Veith, Birgit|url=http://www.ostgroenland-hilfe.de/en/projekt.html|titulo=Ostgroenland-Hilfe Project|publicação=Ostgroenland-hilfe.de|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> O uso continuado de "''esquimó''", em oposição a ''inuit'' ou outro nome preferido, implica e reforça a percepção de que os inuítes são remotos e não importantes.<ref name=":0" /> O uso de ''esquimó'' nesse contexto é frequentemente visto como ofensivo.<ref>{{Citar web|url=https://thecanadianencyclopedia.ca/en/article/eskimo|titulo=Eskimo {{!}} The Canadian Encyclopedia|obra=thecanadianencyclopedia.ca}}</ref>

Um dos primeiros usos impressos da palavra francesa "Esquimaux" vem de ''A Journey from Prince of Wales's Fort in Hudson's Bay to the Northern Ocean in the Years 1769, 1770, 1771, 1772'' de [[Samuel Hearne]], publicado pela primeira vez em 1795.<ref>{{Citar livro|url=http://www.gutenberg.org/files/38404/38404-h/38404-h.htm|título=The Project Gutenberg eBook of A Journey from Prince of Wales's Fort in Hudson's Bay to the Northern Ocean, by Samuel Hearne.}}</ref>

=== Geral ===
[[Ficheiro:Кожаный_панцирь.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:%D0%9A%D0%BE%D0%B6%D0%B0%D0%BD%D1%8B%D0%B9_%D0%BF%D0%B0%D0%BD%D1%86%D0%B8%D1%80%D1%8C.jpg|alt=|miniaturadaimagem|243x243px|[[ Armadura laminar|Armadura laminar]] de couro endurecido reforçada por madeira e ossos]]
[[Ficheiro:Koryak_armor.jpeg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Koryak_armor.jpeg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|[[Armadura lamelar]] usada por [[Povos indígenas da Sibéria|siberianos]] e esquimós [[Povos indígenas da Sibéria|nativos]]]]
No Canadá e na Groenlândia, o termo ''esquimó'' foi amplamente substituído pelo termo ''inuit''.<ref name="anlc2" /><ref name="stern1">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=3UHTsUmt1PEC&dq=isbn:0810850583|título=Historical Dictionary of the Inuit|ultimo=Pamela R. Stern|data=2004-07-27|isbn=9780810865563}}</ref><ref name="ostg1">{{Citar web|autor=Peroni, Robert; Veith, Birgit|url=http://www.ostgroenland-hilfe.de/en/projekt.html|titulo=Ostgroenland-Hilfe Project|publicação=Ostgroenland-hilfe.de|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref name="ahdinuit">Usage note, [https://ahdictionary.com/word/search.html?q=Inuit "Inuit",] ''American Heritage Dictionary of the English Language'': Fourth Edition, 2000</ref> Embora inuíte possa ser aplicado com precisão a todos os povos esquimós no Canadá e na Groenlândia, isso não é verdadeiro no Alasca e na Sibéria. No Alasca, o termo ''esquimó'' é comumente usado, porque inclui os iúpiques e inupiates. ''Inuit'' não é aceito como um termo coletivo e não é usado especificamente aos iñupiat (embora estejam relacionados aos povos inuítes do Canadá).<ref name="anlc">Kaplan, Lawrence. [https://www.uaf.edu/anlc/resources/inuit_or_eskimo.php "Inuit or Eskimo: Which name to use?"] ''Alaskan Native Language Center, UAF''.</ref> Um dos mais antigos sítios arqueológicos esquimós conhecidos, que remonta a 3.800 anos atrás, está localizado em Saglek Bay, Labrador. Na [[Ilha Umnak]], nas [[Aleútas]], outro local foi encontrado e estima-se que tenha uma idade de aproximadamente 3.000 anos.<ref name=":0" />

Em 1977, a reunião da [[Conselho Circumpolar Inuíte|Conferência Circumpolar Inuíte]] (CCI) em [[Utqiagvik|Utqiagvik, Alasca]], adotou oficialmente o termo Inuit como uma designação para todos os povos nativos circumpolares, independentemente de sua visão local sobre um termo apropriado. Como resultado, o uso do governo canadense substituiu o termo (localmente) extinto esquimó por ''Inuit'' (''Inuk'' no singular). O termo preferido no Ártico Central do Canadá é ''Inuinnaq'',<ref name="translate">{{Citar livro|título=Inuinnaqtun-English Dictionary|ultimo=Ohokak|primeiro=G.|ultimo2=M. Kadlun|ultimo3=B. Harnum|publicação=Kitikmeot Heritage Society}}</ref> e ''Inuit'' no Ártico canadense oriental. O idioma costuma ser chamado de ''[[Língua inuktitut|inuktitut]]'', embora outras designações locais também sejam usadas. Apesar da decisão do CCI de 1977 de adotar o termo ''Inuit'', isso nunca foi aceito pelos povos iúpiques, que comparou-a a chamar todos os índios nativos americanos de ''[[Navajos|navajo]]'' simplesmente pelos navajos acharem que é assim que todas as tribos deveriam ser chamadas.

Os [[Gronelandeses|inuítes da Groenlândia]] se referem a si mesmos como "groenlandeses" e falam a [[língua groenlandesa]].<ref name="ethno">[http://www.ethnologue.com/show_language.asp?code=kal "Inuktitut, Greenlandic".] ''Ethnologue''.</ref>

Por causa das diferenças linguísticas, étnicas e culturais entre os povos iúpiques e inuítes, parece improvável que qualquer termo genérico seja aceitável. Houve algum movimento para usar ''inuit'', e o [[Conselho Circumpolar Inuíte]], representando uma população circumpolar de 150.000 pessoas inuítes e iúpiques da Groenlândia, norte do Canadá, Alasca e Sibéria, que em sua carta define ''inuit'' para uso no documento da CCI como incluindo "os inupiat, yupik (Alasca), inuit, [[inuvialuit]] (Canadá), [[kalaallit]] (Groenlândia) e yupik (Rússia)".<ref name="ICCcharter">Inuit Circumpolar Council. (2006). [http://www.inuitcircumpolar.com/icc-charter.html Charter] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20100305060320/http://inuitcircumpolar.com/index.php?auto_slide=&ID=374&Lang=En&Parent_ID=&current_slide_num=|date=5 de março de 2010|title=}}</ref>

Em 2010, o CCI aprovou uma resolução na qual imploraram aos cientistas que usassem "Inuit" e "Paleo-Inuit" em vez de "Esquimó" ou "Paleo-Esquimó".<ref name="ICC2010-01">Inuit Circumpolar Council (2010). {{Citar web|titulo=On the use of the term Inuit in scientific and other circles|tipo=Resolution 2010-01|url=https://www.inuitcircumpolar.com/wp-content/uploads/2019/01/iccexcouncilresolutiononterminuit.pdf}}</ref> A linguista americana [[ Lenore Grenoble|Lenore Grenoble]] adiou explicitamente a esta resolução e usou "Inuit-Yupik" em vez de "esquimó" no que diz respeito ao ramo da língua.<ref name="Grenoble, 2016">{{Citar livro|título=The Journeys of Besieged Languages|ultimo=Grenoble|primeiro=Lenore A.|data=2016|editor-sobrenome=Day|capitulo=Kalaallisut: The Language of Greenland|isbn=978-1-4438-9943-7|editor-sobrenome2=Rewi|editor-sobrenome3=Higgins|publicação=Cambridge Scholars}}</ref> Em um comentário de 2015 na revista ''[[Arctic (revista)|Arctic]]'', o arqueólogo canadense Max Friesen argumentou que outros arqueólogos do Ártico deveriam seguir o CCI e usar "paleoinuíte" em vez de "[[Paleoesquimós|paleoesquimó]]".<ref name="Friesen, 2015">Friesen, T. Max (2015). {{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|titulo=On the Naming of Arctic Archaeological Traditions: The Case for Paleo-Inuit|url=|jornal=Arctic|volume=68|numero=3|páginas=iii–iv|doi=10.14430/arctic4504|acessodata=}}</ref> Em 2016, Lisa Hodgetts e a editora da ''Arctic'' Patricia Wells escreveram: "No contexto canadense, o uso continuado de qualquer termo que incorpore 'esquimó' é potencialmente prejudicial às relações entre arqueólogos e as comunidades inuítes e inuvialuit que são nossos anfitriões e cada vez mais nossos parceiros de pesquisa"; eles sugeriram o uso de termos mais específicos quando possível (por exemplo, [[Cultura Dorset|Dorset]] e [[ Groswater Bay|Groswater]]) e concordaram com Frieson em usar "a tradição inuit" para substituir "neo-esquimó", embora observassem que a substituição de "paleoesquimó" ainda era uma questão em aberto e discutiram "paleo-inuíte"," Tradição de Pequenas Ferramentas do Ártico" e "pré-inuíte", bem como palavras-chave de empréstimo inuktitut como"''Tuniit''" e "''Sivullirmiut''" como possibilidades.<ref>Hodgetts, Lisa; Wells, Patricia (2016). {{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|titulo=Priscilla Renouf Remembered: An Introduction to the Special Issue with a Note on Renaming the Palaeoeskimo Tradition|url=|jornal=Arctic|volume=69|numero=5|doi=10.14430/arctic4678|acessodata=}}</ref> Um artigo de 2020 no ''[[Journal of Anthropological Archaeology]]'', redigido por Katelyn Braymer-Hayes e colegas, observa que existe uma "clara necessidade" de substituir os termos "neo-esquimó" e "paleo-esquimó", citando a resolução do CCI, mas observa que é difícil encontrar um consenso dentro do contexto do Alasca, particularmente os nativos do Alasca que não usam a palavra inuíte para se descrever e, como tal, termos usados no Canadá como "paleo inuíte" e "inuíte ancestral" não seriam ideais.<ref>Braymer-Hayes, Katelyn; Anderson, Shelby L.; Alix, Claire; Darwent, Christyann M.; Darwent, John; Mason, Owen K.; Norman, Lauren Y.E. (2020). {{Citar periódico|ultimo7=Norman|titulo=Studying pre-colonial gendered use of space in the Arctic: Spatial analysis of ceramics in Northwestern Alaska|jornal=Journal of Anthropological Archaeology|volume=58|doi=10.1016/j.jaa.2020.101165}}</ref>

Mas, no Alasca, o povo inuíte referem-se a si próprios como ''Iñupiat,'' plural e ''Iñupiaq'', singular (sua [[Língua inupiat|língua inupiatun do norte do Alasca]] também é chamada ''iñupiaq''). Eles não costumam usar o termo inuíte. No Alasca, ''esquimó'' está em uso comum.<ref name="anlc2" />

O Alasca também usa o termo [[Nativos do Alasca|Nativo do Alasca]] (Alaska Native). O termo ''Alaska Native'' tem importante uso legal no Alasca e no resto dos Estados Unidos como resultado do [[Alaska Native Claims Settlement Act]] de 1971. De acordo com a lei dos EUA e do Alasca (bem como as tradições linguísticas e culturais do Alasca), "Nativo do Alasca" refere-se a todos os povos indígenas do Alasca.<ref name="Company2005">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=xb6ie6PqYhwC&pg=PA313|título=The American Heritage Guide to Contemporary Usage and Style|ultimo=Houghton Mifflin Company|ano=2005|isbn=0-618-60499-5|publicação=Houghton Mifflin Harcourt}}</ref> Isso inclui não apenas os iñupiat (inuítes do Alasca) e os iúpiques, mas também grupos como os aleútas, que compartilham um ancestral recente, bem como os [[povos indígenas da Costa Noroeste do Pacífico]]<ref>{{Citar web|url=https://www.ucl.ac.uk/news/2012/jul/native-american-populations-descend-three-key-migrations|titulo=Native American populations descend from three key migrations|obra=UCL News|publicação=[[University College London]]}}</ref> amplamente não relacionados e dos [[Athabaskan|atabascanos]] do [[Athabaskan|Alasca]]; não se aplica a pessoas inuítes ou iúpiques originárias fora do estado. Como resultado, o termo esquimó ainda é usado no Alasca.<ref name="Stern2013" /> Termos alternativos, como ''inuíte-iúpique'', foram propostos,<ref>Holton, Gary. [https://www.academia.edu/4091073/Place-naming_strategies_in_Inuit-Yupik_and_Dene_languages_in_Alaska "Place-naming strategies in Inuit–Yupik and Dene languages in Alaska".], Academia.edu, Retrieved 27 Jan 2014.</ref> mas nenhum ganhou ampla aceitação.

O termo "esquimó" também é usado em obras linguísticas ou etnográficas para denotar o ramo maior das [[línguas esquimó-aleútes]], sendo o ramo menor o aleúte.


== Modo de vida tradicional ==
== Modo de vida tradicional ==
[[Ficheiro:Inuit_snow_goggles.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Inuit_snow_goggles.jpg|miniaturadaimagem|[[Óculos de neve]] foram uma inovação adaptativa dos povos esquimós]]
Historicamente, os esquimós se vestiam com peles de animais, porém, ao contrário dos outros povos, eles usam a pele voltada para dentro, de forma a mantê-la mais próxima ao corpo e promover um aquecimento mais adequado.
Historicamente, os esquimós se vestiam com peles de animais, porém, ao contrário dos outros povos, eles usam a pele voltada para dentro, de forma a mantê-la mais próxima ao corpo e promover um aquecimento mais adequado.


== Nutrição ==
== Nutrição ==
[[Ficheiro:Esquimós_aprisionando_ptarmigans.pdf|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Esquim%C3%B3s_aprisionando_ptarmigans.pdf|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|Esquimós aprisionando ptarmigans]]
Os inuítes possuem uma dieta pobre em carboidratos, essencialmente baseada no consumo de peixes, focas e baleias em oposição a [[pirâmide alimentar]] usualmente preconizada. Os primeiros registros de expectativa de vida dos inuítes entre 1890 e 1900, quando a influência do estilo de vida ocidental era muito menor que hoje em dia, apontam que eles tinham uma expectativa de vida muito menor que a expectativa do homem branco de então.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Stefansson|primeiro=V.|data=1958-01-03|titulo=Eskimo Longevity in Northern Alaska|url=http://www.sciencemag.org/cgi/doi/10.1126/science.127.3288.16|jornal=Science|lingua=en|volume=127|numero=3288|paginas=16–19|doi=10.1126/science.127.3288.16|issn=0036-8075}}</ref> A Ausência de tuberculose e doenças venéreas e doenças do homem branco em grupos inuítes sugerem que a causa da morte esteja ligada a doenças do coração, derrubando o mito de dietas saudáveis sem carboidrato.<ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/1003873868|título=Dr. Atkins' new diet revolution : the no-hunger, luxurious weight loss plan that really works!|ultimo=Atkins, Robert C.|data=2009|editora=Random House Ebooks|isbn=9781407027685|oclc=1003873868}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Masai and Inuit High-Protein Diets: A Closer Look|url=https://nutritionstudies.org/masai-and-inuit-high-protein-diets-a-closer-look/|obra=Center for Nutrition Studies|data=2015-07-17|acessodata=2019-04-12|lingua=en-US|primeiro=Thomas|ultimo=Campbell|ultimo2=MD}}</ref>
Os inuítes possuem uma dieta pobre em carboidratos, essencialmente baseada no consumo de peixes, focas e baleias em oposição a [[pirâmide alimentar]] usualmente preconizada. Os primeiros registros de expectativa de vida dos inuítes entre 1890 e 1900, quando a influência do estilo de vida ocidental era muito menor que hoje em dia, apontam que eles tinham uma expectativa de vida muito menor que a expectativa do homem branco de então.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Stefansson|primeiro=V.|data=1958-01-03|titulo=Eskimo Longevity in Northern Alaska|url=http://www.sciencemag.org/cgi/doi/10.1126/science.127.3288.16|jornal=Science|lingua=en|volume=127|numero=3288|paginas=16–19|doi=10.1126/science.127.3288.16|issn=0036-8075}}</ref> A ausência de tuberculose e doenças venéreas e doenças do homem branco em grupos inuítes sugerem que a causa da morte esteja ligada a doenças do coração, derrubando o mito de dietas saudáveis sem carboidrato.<ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/1003873868|título=Dr. Atkins' new diet revolution : the no-hunger, luxurious weight loss plan that really works!|ultimo=Atkins, Robert C.|data=2009|editora=Random House Ebooks|isbn=9781407027685|oclc=1003873868}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Masai and Inuit High-Protein Diets: A Closer Look|url=https://nutritionstudies.org/masai-and-inuit-high-protein-diets-a-closer-look/|obra=Center for Nutrition Studies|data=2015-07-17|acessodata=2019-04-12|lingua=en-US|primeiro=Thomas|ultimo=Campbell|ultimo2=MD}}</ref>


Eles têm o costume de se alimentar do fígado cru das caças, sua única fonte de [[vitamina C]].
Eles têm o costume de se alimentar do fígado cru das caças, sua única fonte de [[vitamina C]].
Linha 28: Linha 77:
Muitos esquimós ainda caçam o [[urso polar]] de acordo com o método empregado por seus ancestrais. Fazem-no utilizando lanças há pelo menos dois mil anos. São necessários pelo menos cinco esquimós para o fazer e a técnica é semelhante à da [[tourada]]. Primeiro, um esquimó atiça o [[urso polar]], por forma a que este o persiga. Em seguida, os outros esquimós atiram as suas lanças para as costas do [[urso polar]]. Outro esquimó volta a atiçar o [[urso polar]] e repetem a técnica até que o urso já não se consiga mexer.
Muitos esquimós ainda caçam o [[urso polar]] de acordo com o método empregado por seus ancestrais. Fazem-no utilizando lanças há pelo menos dois mil anos. São necessários pelo menos cinco esquimós para o fazer e a técnica é semelhante à da [[tourada]]. Primeiro, um esquimó atiça o [[urso polar]], por forma a que este o persiga. Em seguida, os outros esquimós atiram as suas lanças para as costas do [[urso polar]]. Outro esquimó volta a atiçar o [[urso polar]] e repetem a técnica até que o urso já não se consiga mexer.


== Ver também ==

* [[Esquimologia]]
* [[Kudlik]]
* [[Maupuk]]
* [[Mitologia inuíte]]
* [[Nanook of the North|''Nanook of the North'']], documentário de 1922

== Ligações externas ==
{{Mídia externa|vídeo1=[https://www.youtube.com/watch?v=-4_S0rj_RtM ''Eskimo Hunters in Alaska - The Traditional Inuit Way of Life'' Documentário de 1949 sobre nativos americanos]}}

== Bibliografia ==

* {{Citar livro|título=Arctic Languages. An Awakening|ultimo=Kaplan|primeiro=Lawrence D.|ano=1990|editor-sobrenome=Dirmid R. F. Collis|localização=Vendôme|páginas=131–158|capitulo=The Language of the Alaskan Inuit|isbn=92-3-102661-5|publicação=UNESCO}}
* {{Citar livro|título=Arctic Languages. An Awakening|ultimo=Menovshchikov|primeiro=Georgy (= Г. А. Меновщиков)|ano=1990|editor-sobrenome=Dirmid R. F. Collis|localização=Vendôme|páginas=69–76|capitulo=Contemporary Studies of the Eskimo–Aleut Languages and Dialects: A Progress Report|isbn=92-3-102661-5|publicação=UNESCO}}
* Nuttall, Mark. [https://books.google.com/books?id=LcucDSk4w3YC&lpg=PA580&dq=Eskimo%20pejorative&pg=PA580#v=onepage&q&f=false ''Encyclopedia of the Arctic.''] New York: Routledge, 2005. {{ISBN|978-1-57958-436-8}}[[ISBN (identifier)|ISBN]] [[Special:BookSources/978-1-57958-436-8|978-1-57958-436-8]].
* {{Citar livro|url=http://waxmann.com/index2.html?kat/651.html|título=Bicultural Education in the North: Ways of Preserving and Enhancing Indigenous Peoples' Languages and Traditional Knowledge|ultimo=Vakhtin|primeiro=Nikolai|editora=|ano=1998|editor-sobrenome=Erich Kasten|localização=Münster|página=|páginas=159–173|capitulo=Endangered Languages in Northeast Siberia: Siberian Yupik and other Languages of Chukotka|isbn=978-3-89325-651-8|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070413070114/http://www.waxmann.com/index2.html?kat%2F651.html|arquivodata=2007-04-13|publicação=Waxmann Verlag}}
* {{Citar livro|título=Язык сиреникских эскимосов. Фонетика, очерк морфологии, тексты и словарь|ultimo=Menovshchikov|primeiro=Georgy|ano=1964|localização=Москва, Ленинград|língua=ru|publicação=[[Russian Academy of Sciences|Академия Наук СССР]]. Институт языкознания}}
{{referências|Notas e referências}}
{{referências|Notas e referências}}


Linha 36: Linha 103:
[[Categoria:Povos nativos do Canadá]]
[[Categoria:Povos nativos do Canadá]]
[[Categoria:Povos nativos dos Estados Unidos]]
[[Categoria:Povos nativos dos Estados Unidos]]
[[Categoria:Grupos étnicos da Rússia]]
[[Categoria:Povos nativos do Ártico]]
[[Categoria:Povos nativos do Ártico]]
[[Categoria:História do Alasca]]
[[Categoria:História do Alasca]]

Revisão das 20h08min de 19 de junho de 2020

Esquimó
Mapa do Conselho Circumpolar Inuíte dos povos esquimós, mostrando os povos iúpiques (yup'ik, yupik siberiano) e inuítes (iñupiat, inuvialuit, nunavut, nunavik, nunatsiavut, inuíte groenlandês)
População total

170,500

Regiões com população significativa
Rússia
- Okrug Autônomo de Chukotka
- Sakha (Yakutia)

Estados Unidos
- Alasca

Canadá
- Terra Nova e Labrador
- Territórios do Noroeste
- Nunavut
- Quebec
- Yukon (antigamente)

Dinamarca
- Groenlândia
Línguas
Groenlandês e outras línguas esquimó-aleútes, russo, inglês, francês, dinamarquês,
Religiões
- Cristianismo (Igreja Ortodoxa Russa, Igreja Ortodoxa na América, Catolicismo Romano, Igreja Anglicana do Canadá, Igreja da Dinamarca)
- Animismo
Grupos étnicos relacionados
Aleútes
Uma família de esquimós, em foto para a Revista National Geographic, em 1917.
Esquimó inuíte do Labrador.
Uma família de esquimós, em foto para a Revista National Geographic, em 1917.
Esquimós inuíte do Labrador.

Os esquimós são os povos indígenas que habitam tradicionalmente regiões em torno do Círculo Polar Ártico (povos circumpolares), no extremo norte da Terra, como a Sibéria oriental (Rússia), o norte do Alasca, do Canadá e a Groenlândia.[1][2] Seu modo de vida tradicional inclui a pesca e a caça, retirando a gordura de baleias, focas e ursos para usar como alimento e combustível, além da coleta de bagas durante o verão. Os dois principais povos conhecidos como "esquimós" são os inuítes - incluindo os povos iñupiat do Alasca, os inuítes groelandeses e o agrupamento de inuítes do Canadá - e os iúpiques do leste da Sibéria[3] e do Alasca. Um terceiro grupo do norte, os aleútes, está intimamente relacionado a ambos. Eles compartilham um ancestral comum relativamente recente e um grupo de idiomas (esquimó-aleúte). O povo chukchi, da Sibéria, também é o parente vivo mais próximo dos inuítes e iúpiques. As estimativas recentes da população (início do século XXI) registraram mais de 135.000 indivíduos de descendência esquimó, com aproximadamente 85.000 vivendo na América do Norte, 50.000 na Groenlândia e o restante residindo na Sibéria.[2]

A palavra "esquimó" deriva de expressões que os algonquinos usavam para designar seus vizinhos do norte. Os inuítes e iupiques geralmente não usam essa denominação para se referir a si próprios, e os governos do Canadá[4][5][6][7] e da Groenlândia (país constituinte do reino da Dinamarca) também deixaram de usá-la em documentos oficiais. Nesses países, o termo "esquimó" é predominantemente visto como pejorativo e foi amplamente substituído pelo termo "inuíte" ou termos específicos para um grupo ou comunidade em particular.[8][9][10] Isso resultou em uma tendência pela qual alguns canadenses e americanos acreditam que não devem usar a palavra "esquimó" e, em vez disso, a palavra canadense "inuíte", mesmo para os iúpiques. Algumas pessoas ainda acreditam que esquimó se traduz em "comedor de carne crua", que pode ser visto como um descritor violento e talvez bárbaro, usado pelos colonizadores racistas. Mas etimologicamente, existe um consenso científico de que a palavra esquimó deriva da palavra innu-aimun (montagnais) ayas̆kimew, que significa "uma pessoa que amarra uma raquete de neve" e está relacionada a "husky" (uma raça de cachorro), não tendo um significado pejorativo na origem.[11][12][13][14][2] Termos alternativos, como inuíte-iúpique, foram propostos, mas nenhum ganhou ampla aceitação.

Línguas

Ilustração de um homem inuíte da Gronelândia

Os esquimós falam línguas pertencentes à família linguística escaleuta, que contém dois ramos principais:

História

Inuíte construindo um iglu, por George Francis Lyon, 1824

Vários povos indígenas anteriores existiam nas regiões circumpolares do norte do leste da Sibéria, Alasca e Canadá (embora provavelmente não na Groenlândia[3]). As primeiras culturas paleo-esquimó positivamente identificadas (paleo-esquimó inicial) datam de 5.000 anos atrás. Elas parecem ter se desenvolvido no Alasca de pessoas relacionadas à tradição de pequenas ferramentas do Ártico no leste da Ásia, cujos ancestrais provavelmente haviam migrado para o Alasca pelo menos 3.000 a 5.000 anos antes. Artefatos semelhantes foram encontrados na Sibéria que datam de talvez 18.000 anos atrás.

Nomenclatura

Origem

A origem etimológica mais comumente aceita da palavra "esquimó" foi derivada por Ives Goddard na Smithsonian Institution, da palavra montagnais (uma língua algonquiana) que significa "trançador de raquetes de neve"[12] ou "enredar raquetes de neve":[11] assime·w significa "ela amarra uma raquete de neve". Os falantes de montagnais se referem ao povo vizinho mi'kmaq usando palavras que soam como esquimó.[15][16]

Em 1978, Jose Mailhot, um antropólogo de Quebec que fala montagnais, publicou um artigo sugerindo que esquimó significava "pessoas que falam um idioma diferente".[17][18] Os comerciantes franceses que encontraram os montagnais nas áreas orientais, adotaram sua palavra para os povos mais ocidentais e a escreveram como Esquimau em uma transliteração.     

Algumas pessoas consideram esquimó depreciativo porque é percebido popularmente como significando[12][19][20][21] "comedores de carne crua" em idiomas algonquianos comuns a povos ao longo da costa atlântica.[11][22][23] Alguns derivaram o cunho injurioso da palavra "esquimantsic", usada pelos abenakis para designar os inuítes.[24][8] Um falante cree sugeriu que a palavra original que foi corrompida para o esquimó poderia ter sido askamiciw (que significa "ele come cru"); os inuítes são referidos em alguns textos cree como askipiw (que significa "come algo cru").[22][23][25][26] O uso continuado de "esquimó", em oposição a inuit ou outro nome preferido, implica e reforça a percepção de que os inuítes são remotos e não importantes.[2] O uso de esquimó nesse contexto é frequentemente visto como ofensivo.[27]

Um dos primeiros usos impressos da palavra francesa "Esquimaux" vem de A Journey from Prince of Wales's Fort in Hudson's Bay to the Northern Ocean in the Years 1769, 1770, 1771, 1772 de Samuel Hearne, publicado pela primeira vez em 1795.[28]

Geral

Armadura laminar de couro endurecido reforçada por madeira e ossos
Armadura lamelar usada por siberianos e esquimós nativos

No Canadá e na Groenlândia, o termo esquimó foi amplamente substituído pelo termo inuit.[11][29][30][31] Embora inuíte possa ser aplicado com precisão a todos os povos esquimós no Canadá e na Groenlândia, isso não é verdadeiro no Alasca e na Sibéria. No Alasca, o termo esquimó é comumente usado, porque inclui os iúpiques e inupiates. Inuit não é aceito como um termo coletivo e não é usado especificamente aos iñupiat (embora estejam relacionados aos povos inuítes do Canadá).[32] Um dos mais antigos sítios arqueológicos esquimós conhecidos, que remonta a 3.800 anos atrás, está localizado em Saglek Bay, Labrador. Na Ilha Umnak, nas Aleútas, outro local foi encontrado e estima-se que tenha uma idade de aproximadamente 3.000 anos.[2]

Em 1977, a reunião da Conferência Circumpolar Inuíte (CCI) em Utqiagvik, Alasca, adotou oficialmente o termo Inuit como uma designação para todos os povos nativos circumpolares, independentemente de sua visão local sobre um termo apropriado. Como resultado, o uso do governo canadense substituiu o termo (localmente) extinto esquimó por Inuit (Inuk no singular). O termo preferido no Ártico Central do Canadá é Inuinnaq,[33] e Inuit no Ártico canadense oriental. O idioma costuma ser chamado de inuktitut, embora outras designações locais também sejam usadas. Apesar da decisão do CCI de 1977 de adotar o termo Inuit, isso nunca foi aceito pelos povos iúpiques, que comparou-a a chamar todos os índios nativos americanos de navajo simplesmente pelos navajos acharem que é assim que todas as tribos deveriam ser chamadas.

Os inuítes da Groenlândia se referem a si mesmos como "groenlandeses" e falam a língua groenlandesa.[34]

Por causa das diferenças linguísticas, étnicas e culturais entre os povos iúpiques e inuítes, parece improvável que qualquer termo genérico seja aceitável. Houve algum movimento para usar inuit, e o Conselho Circumpolar Inuíte, representando uma população circumpolar de 150.000 pessoas inuítes e iúpiques da Groenlândia, norte do Canadá, Alasca e Sibéria, que em sua carta define inuit para uso no documento da CCI como incluindo "os inupiat, yupik (Alasca), inuit, inuvialuit (Canadá), kalaallit (Groenlândia) e yupik (Rússia)".[35]

Em 2010, o CCI aprovou uma resolução na qual imploraram aos cientistas que usassem "Inuit" e "Paleo-Inuit" em vez de "Esquimó" ou "Paleo-Esquimó".[36] A linguista americana Lenore Grenoble adiou explicitamente a esta resolução e usou "Inuit-Yupik" em vez de "esquimó" no que diz respeito ao ramo da língua.[37] Em um comentário de 2015 na revista Arctic, o arqueólogo canadense Max Friesen argumentou que outros arqueólogos do Ártico deveriam seguir o CCI e usar "paleoinuíte" em vez de "paleoesquimó".[38] Em 2016, Lisa Hodgetts e a editora da Arctic Patricia Wells escreveram: "No contexto canadense, o uso continuado de qualquer termo que incorpore 'esquimó' é potencialmente prejudicial às relações entre arqueólogos e as comunidades inuítes e inuvialuit que são nossos anfitriões e cada vez mais nossos parceiros de pesquisa"; eles sugeriram o uso de termos mais específicos quando possível (por exemplo, Dorset e Groswater) e concordaram com Frieson em usar "a tradição inuit" para substituir "neo-esquimó", embora observassem que a substituição de "paleoesquimó" ainda era uma questão em aberto e discutiram "paleo-inuíte"," Tradição de Pequenas Ferramentas do Ártico" e "pré-inuíte", bem como palavras-chave de empréstimo inuktitut como"Tuniit" e "Sivullirmiut" como possibilidades.[39] Um artigo de 2020 no Journal of Anthropological Archaeology, redigido por Katelyn Braymer-Hayes e colegas, observa que existe uma "clara necessidade" de substituir os termos "neo-esquimó" e "paleo-esquimó", citando a resolução do CCI, mas observa que é difícil encontrar um consenso dentro do contexto do Alasca, particularmente os nativos do Alasca que não usam a palavra inuíte para se descrever e, como tal, termos usados no Canadá como "paleo inuíte" e "inuíte ancestral" não seriam ideais.[40]

Mas, no Alasca, o povo inuíte referem-se a si próprios como Iñupiat, plural e Iñupiaq, singular (sua língua inupiatun do norte do Alasca também é chamada iñupiaq). Eles não costumam usar o termo inuíte. No Alasca, esquimó está em uso comum.[11]

O Alasca também usa o termo Nativo do Alasca (Alaska Native). O termo Alaska Native tem importante uso legal no Alasca e no resto dos Estados Unidos como resultado do Alaska Native Claims Settlement Act de 1971. De acordo com a lei dos EUA e do Alasca (bem como as tradições linguísticas e culturais do Alasca), "Nativo do Alasca" refere-se a todos os povos indígenas do Alasca.[41] Isso inclui não apenas os iñupiat (inuítes do Alasca) e os iúpiques, mas também grupos como os aleútas, que compartilham um ancestral recente, bem como os povos indígenas da Costa Noroeste do Pacífico[42] amplamente não relacionados e dos atabascanos do Alasca; não se aplica a pessoas inuítes ou iúpiques originárias fora do estado. Como resultado, o termo esquimó ainda é usado no Alasca.[1] Termos alternativos, como inuíte-iúpique, foram propostos,[43] mas nenhum ganhou ampla aceitação.

O termo "esquimó" também é usado em obras linguísticas ou etnográficas para denotar o ramo maior das línguas esquimó-aleútes, sendo o ramo menor o aleúte.

Modo de vida tradicional

Óculos de neve foram uma inovação adaptativa dos povos esquimós

Historicamente, os esquimós se vestiam com peles de animais, porém, ao contrário dos outros povos, eles usam a pele voltada para dentro, de forma a mantê-la mais próxima ao corpo e promover um aquecimento mais adequado.

Nutrição

Esquimós aprisionando ptarmigans

Os inuítes possuem uma dieta pobre em carboidratos, essencialmente baseada no consumo de peixes, focas e baleias em oposição a pirâmide alimentar usualmente preconizada. Os primeiros registros de expectativa de vida dos inuítes entre 1890 e 1900, quando a influência do estilo de vida ocidental era muito menor que hoje em dia, apontam que eles tinham uma expectativa de vida muito menor que a expectativa do homem branco de então.[44] A ausência de tuberculose e doenças venéreas e doenças do homem branco em grupos inuítes sugerem que a causa da morte esteja ligada a doenças do coração, derrubando o mito de dietas saudáveis sem carboidrato.[45][46]

Eles têm o costume de se alimentar do fígado cru das caças, sua única fonte de vitamina C.

Muitos esquimós ainda caçam o urso polar de acordo com o método empregado por seus ancestrais. Fazem-no utilizando lanças há pelo menos dois mil anos. São necessários pelo menos cinco esquimós para o fazer e a técnica é semelhante à da tourada. Primeiro, um esquimó atiça o urso polar, por forma a que este o persiga. Em seguida, os outros esquimós atiram as suas lanças para as costas do urso polar. Outro esquimó volta a atiçar o urso polar e repetem a técnica até que o urso já não se consiga mexer.

Ver também

Ligações externas

Vídeos externos
Eskimo Hunters in Alaska - The Traditional Inuit Way of Life Documentário de 1949 sobre nativos americanos

Bibliografia

Notas e referências

  1. a b Pamela R. Stern (2013). Historical Dictionary of the Inuit. [S.l.]: Scarecrow Press. p. 2. ISBN 978-0-8108-7912-6 
  2. a b c d e «Eskimo | Definition, History, Culture, & Facts». Encyclopedia Britannica (em inglês). Consultado em 19 de junho de 2020 
  3. a b «Arctic Studies». alaska.si.edu 
  4. Os Inuit. Site do Governo do Canadá.
  5. Etnónimos, uma categoria gramatical à parte? Por Paulo Correia. Direção-Geral da Tradução — Comissão Europeia.
  6. «Words First An Evolving Terminology Relating to Aboriginal Peoples in Canada Communications Branch Indian and Northern Affairs Canada October 2002» (PDF). 8 de junho de 2020. The term "Eskimo,"applied to Inuit by European explorers, is no longer used in Canada. 
  7. MacDonald-Dupuis, Natasha (16 de dezembro de 2015). «The Little-Known History of How the Canadian Government Made Inuit Wear 'Eskimo Tags'» 
  8. a b Maurice Waite (2013). Pocket Oxford English Dictionary. [S.l.]: OUP Oxford. p. 305. ISBN 978-0-19-966615-7. Some people regard the word Eskimo as offensive, and the peoples inhabiting the regions of northern Canada and parts of Greenland and Alaska prefer to call themselves Inuit. The term Eskimo, however, is the only one that covers both the Inuit and the Yupik peoples of Siberia, the Aleutian islands, and the Alaska, and it's still widely used. Tradução: "Algumas pessoas consideram a palavra esquimó como ofensiva, e os povos que habitam as regiões do norte do Canadá e partes da Groenlândia preferem chamar a si próprios de inuítes. Todavia o termo esquimó é o único que abrange tanto os inuítes como os yupiks da Sibéria, das ilhas Aleutas e do Alasca, sendo ainda amplamente utilizado." 
  9. Jan Svartvik; Geoffrey Leech (2016). English – One Tongue, Many Voices. [S.l.]: Palgrave Macmillan UK. p. 97. ISBN 978-1-137-16007-2. Today, the term "Eskimo" is viewed as the "non preferred term". Some Inuit find the term offensive or derogatory. 
  10. «Inuit or Eskimo? - Alaska Native Language Center». Consultado em 19 de abril de 2017. Cópia arquivada em 18 de maio de 2015. Although the name 'Eskimo' is commonly used in Alaska to refer to all Inuit and Yupik people of the world, this name is considered derogatory in many other places because it was given by non-Inuit people and was said to mean 'eater of raw meat'. 
  11. a b c d e Kaplan, Lawrence. "Inuit or Eskimo: Which name to use?" Alaskan Native Language Center, UAF.
  12. a b c Israel, Mark. «Eskimo». Alt-usage-english.org. Cópia arquivada em 3 de abril de 2012 
  13. R. H. Ives Goddard, "Synonymy". In David Damas (ed.) Handbook of North American Indians: Volume 5 Arctic (Washington, DC: Smithsonian Institution, 1985, 978-0874741858), pages 5–7.
  14. stason.org, Stas Bekman. «91 "Eskimo" (Word origins - alt.usage.english)». stason.org 
  15. Goddard, Ives (1984). "Synonymy", In Arctic, ed. David Damas. Vol. 5 of Handbook of North American Indians, ed. William C. Sturtevant, pp. 5–7. Washington, D.C.: Smithsonian Institution. Cited in Campbell 1997
  16. Campbell, Lyle (1997). American Indian Languages: The Historical Linguistics of Native America, pg. 394. New York: Oxford University Press
  17. Mailhot, J. (1978). "L'étymologie de «Esquimau» revue et corrigée", Etudes Inuit/Inuit Studies 2-2:59–70.
  18. «Cree Mailing List Digest November 1997» 
  19. «Cree Mailing List Digest November 1997» 
  20. Mailhot, Jose (1978). «L'etymologie de "esquimau" revue et corrigée». Etudes/Inuit/Studies. 2 (2) 
  21. Goddard, Ives (1984). Handbook of North American Indians, Vol. 5 (Arctic). Smithsonian Institution. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-16-004580-6 
  22. a b «Setting the Record Straight About Native Languages: What Does "Eskimo" Mean In Cree?». Native-languages.org 
  23. a b «Eskimo». American Heritage Dictionary of the English Language: Fourth Edition, 2000. Bartleby. Cópia arquivada em 12 de abril de 2001 
  24. Cascudo, Luís da Câmara (2004). «Capítulo 9». Civilização e Cultura 1 ed. São Paulo: Global Editora. p. 396. ISBN 85-260-0873-0 
  25. Pamela R. Stern (27 de julho de 2004). Historical Dictionary of the Inuit. [S.l.: s.n.] ISBN 9780810865563 
  26. Peroni, Robert; Veith, Birgit. «Ostgroenland-Hilfe Project». Ostgroenland-hilfe.de 
  27. «Eskimo | The Canadian Encyclopedia». thecanadianencyclopedia.ca 
  28. The Project Gutenberg eBook of A Journey from Prince of Wales's Fort in Hudson's Bay to the Northern Ocean, by Samuel Hearne. [S.l.: s.n.] 
  29. Pamela R. Stern (27 de julho de 2004). Historical Dictionary of the Inuit. [S.l.: s.n.] ISBN 9780810865563 
  30. Peroni, Robert; Veith, Birgit. «Ostgroenland-Hilfe Project». Ostgroenland-hilfe.de 
  31. Usage note, "Inuit", American Heritage Dictionary of the English Language: Fourth Edition, 2000
  32. Kaplan, Lawrence. "Inuit or Eskimo: Which name to use?" Alaskan Native Language Center, UAF.
  33. Ohokak, G.; M. Kadlun; B. Harnum. Inuinnaqtun-English Dictionary. Kitikmeot Heritage Society. [S.l.: s.n.] 
  34. "Inuktitut, Greenlandic". Ethnologue.
  35. Inuit Circumpolar Council. (2006). Charter Arquivado em 2010-03-05 no Wayback Machine
  36. Inuit Circumpolar Council (2010). «On the use of the term Inuit in scientific and other circles» (PDF) (Resolution 2010-01) 
  37. Grenoble, Lenore A. (2016). «Kalaallisut: The Language of Greenland». In: Day; Rewi; Higgins. The Journeys of Besieged Languages. Cambridge Scholars. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1-4438-9943-7 
  38. Friesen, T. Max (2015). «On the Naming of Arctic Archaeological Traditions: The Case for Paleo-Inuit». Arctic. 68 (3): iii–iv. doi:10.14430/arctic4504 
  39. Hodgetts, Lisa; Wells, Patricia (2016). «Priscilla Renouf Remembered: An Introduction to the Special Issue with a Note on Renaming the Palaeoeskimo Tradition». Arctic. 69 (5). doi:10.14430/arctic4678 
  40. Braymer-Hayes, Katelyn; Anderson, Shelby L.; Alix, Claire; Darwent, Christyann M.; Darwent, John; Mason, Owen K.; Norman, Lauren Y.E. (2020). «Studying pre-colonial gendered use of space in the Arctic: Spatial analysis of ceramics in Northwestern Alaska». Journal of Anthropological Archaeology. 58. doi:10.1016/j.jaa.2020.101165 
  41. Houghton Mifflin Company (2005). The American Heritage Guide to Contemporary Usage and Style. Houghton Mifflin Harcourt. [S.l.: s.n.] ISBN 0-618-60499-5 
  42. «Native American populations descend from three key migrations». University College London  |obra= e |publicação= redundantes (ajuda)
  43. Holton, Gary. "Place-naming strategies in Inuit–Yupik and Dene languages in Alaska"., Academia.edu, Retrieved 27 Jan 2014.
  44. Stefansson, V. (3 de janeiro de 1958). «Eskimo Longevity in Northern Alaska». Science (em inglês). 127 (3288): 16–19. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.127.3288.16 
  45. Atkins, Robert C. (2009). Dr. Atkins' new diet revolution : the no-hunger, luxurious weight loss plan that really works!. [S.l.]: Random House Ebooks. ISBN 9781407027685. OCLC 1003873868 
  46. Campbell, Thomas; MD (17 de julho de 2015). «Masai and Inuit High-Protein Diets: A Closer Look». Center for Nutrition Studies (em inglês). Consultado em 12 de abril de 2019 
Ícone de esboço Este artigo sobre etnologia ou sobre um(a) etnólogo(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.