Canis lupus pallipes: diferenças entre revisões

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O '''lobo-indiano''' ou '''lobo-iraniano''' (''Canis lupus pallipes'') é uma [[Subespécies de Canis lupus|subespécie de lobo-cinzento]] que habita desde o [[Sudoeste Asiático]] ao [[subcontinente indiano]]. É intermediário em tamanho entre o [[lobo-do-himalaia]] e o [[lobo-árabe]], e não possui a luxuriante pelagem de inverno do primeiro, pois vive em condições mais quentes.<ref name="pocock1941"/> Nesta subespécie, o lobo das planícies indianas é geneticamente [[Basal (filogenética)|basal]] para todos os outros ''Canis lupus'' existentes, com exceção do lobo-do-himalaia, de linhagem mais antiga, tendo os dois sido propostos como espécies separadas.<ref name=sharma2004/><ref name=agga2007/> O lobo-indiano viaja em grupos menores e é menos vocal que outras variantes do [[Lobo|lobo-cinzento]],<ref name="mivart1890"/> além de ter a reputação de ser dissimulado.<ref name="blanford1888"/><ref name=walkingwithwolves>{{cite AV media | people = Senani Hegde (Director) | date = 27 fevereiro 2015 | title = Walking with Wolves | trans-title = Walking with Wolves | medium = Motion Picture | language = en-US | url = https://www.amazon.com/Walking-Wolves-BOBBY-KRUPAKAR/dp/B074PCC641 | access-date = 1 janeiro 2020 | publisher = Krupakar, Bobby}}</ref>
{{Info/Taxonomia
| nome = Lobo-iraniano
| período_fóssil =
| imagem = Canis lupus pallipes Mysore Zoo 1.jpg
| estado = EN
| sistema_estado = iucn3.1
| reino = [[Animalia]]
| filo = [[Chordata]]
| classe = [[Mammalia]]
| subclasse =
| ordem = [[Carnivora]]
| família = [[Canidae]]
| subfamília =
| género = [[Canis]]
| género_autoridade =
| espécie = ''[[Canis lupus]]''
| subespécie = '''''C. l. pallipes'''''
| trinomial = ''Canis lupus pallipes''
| trinomial_autoridade = [[William Henry Sykes|Sykes]], 1831
| mapa =
| mapa_legenda =
| sinónimos =
}}
{{Wikispecies|Canis lupus pallipes}}
'''Lobo-iraniano'''(''Canis lupus pallipes'') ou '''lobo-indiano''', é uma [[subespécie]] do [[Lobo cinzento]](''Canis lupus''),sendo portanto um [[mamífero]] da ordem dos [[canídeo]]s, ocupa áreas do [[Afeganistão]], da [[Arábia Saudita]], da [[Índia]], do [[Irã]], de [[Israel]], do [[Líbano]], do [[Paquistão]] e da [[Turquia]]. Medem até 76 [[centímetro]]s e pesam até 31 [[quilograma]]s.<ref name="(a)">{{Citar web |url=http://www.wolfsongalaska.org/wolves_in_iran.htm |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2009-07-24 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20071011212032/http://wolfsongalaska.org/wolves_in_iran.htm |arquivodata=2007-10-11 |urlmorta=sim }}</ref>


== Características ==
== Taxonomia ==
O lobo-indiano foi descrito pela primeira vez em 1831 pelo [[Ornitologia|ornitólogo]] britânico [[William Henry Sykes]], sob o [[Nomenclatura binomial|nome binomial]] ''Canis pallipes''.<ref name=sykes1831>{{cite journal|last1=Sykes |first1=William H. |authorlink1=William Henry Sykes|year=1831 |url=https://archive.org/stream/lietuvostsrmoksl30liet#page/n113/mode/2up |title=Catalogue of the Mammalia of Dukun (Deccan); with observations on the habits, etc., and characters of new species. |journal=Proceedings of the Committee of Science and Correspondence of the Zoological Society of London 1830–1831|volume=I |page=101 |publisher=[[Zoological Society of London]] |location=London |accessdate=28 Dezembro 2013}}</ref> Em 1941, [[Reginald Innes Pocock]] subordinou-o a ''Canis lupus'', sob o [[Nomenclatura trinomial|nome trinomial]] ''Canis lupus pallipes''.<ref name="pocock1941">[[Reginald Innes Pocock|Pocock, R. I.]] (1941), [https://archive.org/stream/PocockMammalia2/pocock2#page/n105/mode/2up ''Fauna of British India: Mammals volume 2''], Taylor & Francis, pp. 82-94</ref>
A [[cor]] de sua [[pelagem]] é geralmente composta por tons fortes, que o ajudam a camuflar-se pela paisagem [[semi-árido|semi-árida]] do seu habitat. O pelo curto é essencial ao frior excessivo do [[Oriente Médio]]. Medem em média 45&nbsp;cm e pesam no mínimo 24&nbsp;kg. Aparentemente o lobo-iraniano é uma espécie que não gosta de uivar.<ref name="(a)" />


=== Mistura com outras espécies de ''Canis'' ===
Segundo uma pesquisa feita recentemente, o lobo-indiano (''Canis indica'') é uma subespécie ligada no passado ao lobo-iraniano. Hoje são consideradas duas espécies distintas.<ref name="(c)">https://doi.org/10.1111/j.1439-0469.2006.00400.x</ref>
Em 2018, o [[sequenciamento do genoma completo]] foi usado para comparar membros do gênero ''Canis''. O estudo encontrou evidência de fluxo genético entre o [[lobo-dourado-africano]], o [[chacal-dourado]] e o [[Lobo|lobo-cinzento]] (da Arábia Saudita e Síria). Um lobo-dourado-africano da [[Sinai|Península do Sinai]] egípcia mostrou alta mistura com os lobos-cinzentos do Oriente Médio, ressaltando o papel da ponte terrestre entre os continentes africano e eurasiano na evolução dos canídeos. Concluiu-se que o lobo-dourado-africano é descendente de um canídeo geneticamente misturado, com 72% do lobo-cinzento e 28% de um ancestral do [[lobo-etíope]].<ref name=gopalakrishnan2018/>


=== ''Canis indica'' ===
== Alimentação ==
O lobo das planícies indianas<ref name=spotte2012/> é formado por dois [[haplótipo]]s proximamente relacionados de [[ADN mitocondrial|DNA mitocondrial]] de linhagem materna,<ref name=agga2007/> que se enquadram na subespécie ''Canis lupus pallipes'' do lobo-cinzento. Ele é encontrado somente nas planícies áridas e semiáridas peninsulares da Índia.<ref name=agga2007/> Essas linhagens do lobo são geneticamente únicas em relação a todos os outros lobos do mundo e entre si.<ref name=aggarwal2007b/><ref name=spotte2012/> O lobo cinzento indiano e o lobo-do-himalaia são filogeneticamente [[Basal (filogenética)|basais]] para todos os outros lobos e são mais próximos do lobo-dourado-africano. Isto indica que eles são descendentes de uma distribuição antiga do lobo.<ref name=agga2007/><ref name=spotte2012/> Em abril de 2009, o nome binomial ''Canis indica'' foi proposto para esses dois haplótipos, como uma separação de nomenclatura e taxonômica do ''Canis lupus'' e criação de nova espécie através do Especialista de Nomenclatura do Comitê de Animais do [[Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção|CITES]].<ref name=cites2009a/> O comitê posicionou-se contrário a esta proposta, mas recomendou que o nome fosse incluído na base de dados de espécies como um sinônimo do nome que estava listado.<ref name=cites2009b/> A proposta era baseada em um estudo<ref name=agga2007/> que se apoiava em um número limitado de amostras de museus e zoológicos, que podiam não ser representativos da população selvagem, tendo sido requeridos estudos de campo adicionais.<ref name=shrotriya2012/>{{rp|886}}
Sua [[dieta]] pode variar desde pequenos [[mamífero]]s como [[lebre]]s e [[rato]]s, até os grandes como [[antílope]]s, [[gazela]]s e [[ovelha]]s, [[pássaro]]s também podem fazer parte de suas eventuais presas.<ref name="(b)">{{Citar web |url=http://www.infolobo.org/Pallipes.html |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2009-04-06 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090406132448/http://www.infolobo.org/Pallipes.html |arquivodata=2009-04-06 |urlmorta=sim }}</ref>


Antes disso, dois grupos tinham sequenciado o DNA mitocondrial do lobo cinzento indiano e descobriram que ele é basal para todos os outros haplótipos existentes de ''Canis lupus'', com exceção do [[lobo-do-himalaia]], de linhagem mais antiga.<ref name=sharma2004/><ref name=agga2007/> Estudos posteriores compararam essas sequências com as de lobos de todo o mundo e confirmaram esta posição basal.<ref>{{cite book|last1=Miklosi|first1=Adam|title=Dog Behaviour, Evolution, and Cognition|publisher=Oxford University Press|edition=2nd|series=Oxford Biology|year=2015|pages=106–107|url=https://books.google.com/books?id=VT-WBQAAQBAJ&pg=PA106|isbn=978-0199545667}}</ref><ref>{{Cite journal
== Comportamento ==
| pmid = 17583509|url=http://www.es.ucsc.edu/~pkoch/pdfs/Koch%20papers/2007/Leonard%20et%2007%20CurBio%2017-1146.pdf
Os lobos-iranianos vivem em [[alcateia]]s de 6 a 14 indivíduos. Já foram registradas várias queixas de ataques desses animais a crianças que moram nessas regiões.<ref name="(b)" />
| year = 2007
| last1 = Leonard
| first1 = J. A.
| title = Megafaunal extinctions and the disappearance of a specialized wolf ecomorph
| journal = Current Biology
| volume = 17
| issue = 13
| pages = 1146–50
| last2 = Vilà
| first2 = C
| last3 = Fox-Dobbs
| first3 = K
| last4 = Koch
| first4 = P. L.
| last5 = Wayne
| first5 = R. K.
| last6 = Van Valkenburgh
| first6 = B
| doi = 10.1016/j.cub.2007.05.072
}}</ref><ref>{{Cite journal | doi = 10.1186/1471-2148-10-104| pmid = 20409299| pmc = 2873414| title = Phylogeographic history of grey wolves in Europe| journal = BMC Evolutionary Biology| volume = 10| pages = 104| year = 2010| last1 = Pilot | first1 = M. G. | last2 = Branicki | first2 = W. | last3 = Jędrzejewski | first3 = W. O. | last4 = Goszczyński | first4 = J. | last5 = Jędrzejewska | first5 = B. A. | last6 = Dykyy | first6 = I. | last7 = Shkvyrya | first7 = M. | last8 = Tsingarska | first8 = E. }}</ref> Um estudo, baseado em um registro fóssil, estimou que a divergência entre o coiote e as linhagens de lobo ocorreu um milhão de anos atrás e, assumindo uma taxa de mutação do lobo, estimou que a divergência entre o lobo cinzento indiano e o ancestral do cão/lobo ocorreu há 400 mil anos.<ref name=sharma2004/> Outro estudo, que expressou dúvidas quanto ao estudo anterior, deu uma estimativa de 270 mil anos.<ref name=agga2007/>


O lobo cinzento indiano está em perigo de extinção e sua população é estimada em 2 000-3 000 indivíduos.<ref name=sharma2004/> Ele se parece com o ''C. l. pallipes'' em sua aparência externa (características morfológicas) e no seu comportamento social/reprodutivo, mas é menor em tamanho. Ele é geneticamente distinto do ''C. l. pallipes''. Esses achados sugerem que que o lobo cinzento indiano não é o ''pallipes'' encontrado no Oriente Médio e Ásia Central.<ref name=agga2007/> Foi, portanto, proposto que o lobo cinzento indiano fosse reclassificado como a espécie separada ''Canis indica''.<ref name=sharma2004/><ref name=agga2007/> Em 2016, um estudo de mtDNA dos lobos modernos e antigos indicou que o lobo cinzento indiano e o lobo-do-himalaia eram geneticamente basais quando comparados com todos os outros lobos cinzentos.<ref name=ersmark2016/>
{{Referências}}


A referência taxonômica [[Taxonomia de Wilson e Reeder]] (2005) não reconhece ''Canis indica'', entretanto o [[GenBank]]/[[National Center for Biotechnology Information]] relaciona ''Canis lupus indica''.<ref>{{cite web|title=Canis lupus indica|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy/Browser/wwwtax.cgi?id=242524}}</ref>
== Ligações externas ==
* {{link|en|2=http://www.treknature.com/gallery/Middle_East/Iran/photo23112.htm|3=Imagem do lobo-iraniano}}


== Descrição e hábitos ==
{{DEFAULTSORT:Canis Lupus Pallipes}}
[[File:Wolf Islamabad Pakistan.jpg|thumb|left|Lobo-indiano cativo, Zoológico de Islamabad, [[Paquistão]]]]
[[Categoria:Mamíferos da Ásia]]
[[File:Indian Wolf Pack at Blackbuck National Park, Gujarat, India.jpg|thumb|Matilha de lobos-indianos no Parque Nacional de Blackbuck, Gujarat, Índia]]
[[Categoria:Canídeos]]
O lobo-indiano é similar em estrutura ao [[lobo-eurasiático]], mas é menor, mais esguio e tem [[pelo]] mais curto, com menos ou nenhum pelo inferior.<ref name="blanford1888">Blanford, W. T. (1888), [https://www.biodiversitylibrary.org/item/89654#page/173/mode/1up ''Fauna of British India: Mammalia''], London, Taylor and Francis, pp. 137-40</ref> Ele tipicamente mede entre 57 e 72 cm de altura no ombro, com os machos pesando entre 19 e 25 kg e as fêmeas entre 17 e 22 kg. Seu comprimento varia entre 103 e 145 cm do focinho à cauda.<ref>{{cite web |title=National Studbook: Indian Wolf (Canis lupus pallipes) |url=http://cza.nic.in/uploads/documents/studbooks/english/nswolf.pdf |website=Central Zoo Authority, Government of India |publisher=Wildlife Institute of India |accessdate=1 janeiro 2020}}</ref> Como o [[lobo-árabe]], ele tem pelo curto e fino no verão, embora o pelo no traseiro permaneça longo mesmo no verão, uma adaptação que se acredita destinar-se a proteção contra a radiação solar.<ref>Harrington, F. H. & Paquet, P. C. (1982). ''Wolves of the World: Perspectives of Behavior, Ecology, and Conservation''. Park Ridge, N.J: Noyes Publications. {{ISBN|0-8155-0905-7}}</ref> O pelo é geralmente acinzentado-vermelho a avermelhado-branco com tons de cinza. Os pelos são acinzentados com preto, particularmente no traseiro, formando uma mancha escura em forma de V ao redor dos ombros. As patas são mais pálidas do que o corpo, e as partes inferiores são quase completamente brancas.<ref name="mivart1890">Mivart, G. (1890), ''[https://archive.org/stream/dogsjackalswolve00mivauoft#page/n69/mode/2up/search/pallipes Dogs, Jackals, Wolves and Foxes: A Monograph of the Canidæ]'', London: R.H. Porter : Dulau, pp. 9-10</ref> Os filhotes nascem com a cor marrom fuliginosa, com uma mancha branca leitosa no peito, que some com a idade.<ref name="blanford1888"/> Espécimes pretos são raros, mas foram registrados no distrito de Solapur na Índia e em duas regiões do Irã. Neste último país, a mutação ocorre naturalmente, diferentemente dos lobos-cinzentos norte-americanos, que herdaram o [[alelo]] K<sup>b</sup>, responsável pelo [[melanismo]], de intercruzamento no passado com cães.<ref>{{cite journal | last1 = Lokhande | first1 = A. S. | last2 = Bajaru | first2 = S. B. | year = 2013 | title = First Record of Melanistic Indian Wolf ''Canis lupus pallipes'' from the Indian Subcontinent | url = | journal = Journal of the Bombay Natural History Society | volume = 110 | issue = 3| pages = 220–30 }}</ref><ref>{{cite journal | last1 = Khosravi | first1 = R | year = 2014 | title = Is black coat color in wolves of Iran an evidence of admixed ancestry with dogs? | url = | journal = Journal of Applied Genetics | volume = 56| issue = | pages = 97–105| doi = 10.1007/s13353-014-0237-6 | pmid = 25085671 }}</ref>
[[Categoria:Lobos]]

[[Categoria:Espécies descritas em 1831]]
Seus hábitos são similares aos de outras subespécies de lobos cinzentos, embora o lobo-indiano geralmente viva em matilhas menores, raramente excedendo 6-8 indivíduos, e seja relativamente menos vocal,<ref name="blanford1888"/> sendo raramente conhecido por uivar.<ref name="mivart1890"/> A vocalização do lobo-indiano inclui uivos, uivos-latidos, choramingos, guinchos sociais e ganidos, tendo os uivos uma frequência média de 422 Hz e os ganidos 906 Hz.<ref>{{cite journal |last1=Sadhukhan |title=Characterising the harmonic vocal repertoire of the Indian wolf (Canis lupus pallipes) |journal=PLOS ONE |volume=14 |date=31 outubro 2019 |issue=10 |pages=e0216186 |doi=10.1371/journal.pone.0216186 |pmid=31671161 |pmc=6822943 }}</ref> Há pelo menos um registro de um lobo solitário associando-se com um par de [[Cão-selvagem-asiático|cães-selvagens-asiáticos]] no Santuário de Vida Selvagem de Debrigarh.<ref>{{cite journal | last1 = Nair | first1 = M. V. | last2 = Panda | first2 = S. K. | year = 2013 | title = Just Friends | url = http://www.sanctuaryasia.com/magazines/features/9390-just-friends.html | journal = Sanctuary Asia | volume = XXXIII | issue = 3 }}</ref> Ele tende a se reproduzir entre o meio de outubro e fim de dezembro, e as crias nascem em buracos ou em ravinas.<ref name="mivart1890"/> Ele tipicamente caça [[antílope]]s, [[roedores]] e [[lebre]]s. Geralmente caça em pares quando o alvo são antílopes, com um lobo atuando como chamariz enquanto o outro ataca por trás.<ref name="blanford1888"/> O território do lobo-indiano coincide com os do [[chacal-dourado]], [[urso-beiçudo]], [[leopardo]], [[urso-pardo]], [[leão-asiático]] e [[tigre]].<ref name="Geptner1972">{{cite book |author1=Heptner, V. G. |author2=Sludskij, A. A. |orig-year=1972 |year=1992 |title=Mlekopitajuščie Sovetskogo Soiuza. Moskva: Vysšaia Škola |trans-title=Mammals of the Soviet Union. Volume II, Part 2. Carnivora (Hyaenas and Cats) |publisher=Smithsonian Institution and the National Science Foundation |location=Washington DC |chapter=Lion |chapter-url=https://archive.org/stream/mammalsofsov221992gept#page/83/mode/2up |pages=82–93}}</ref><ref name="Negi">{{citation |last=Negi |first=Sharad Singh |title=Handbook of National Parks, Wildlife Sanctuaries and Biosphere Reserves in India |edition=3rd |url=https://books.google.com/books?id=JYFmoOWfmX8C&pg=PA151 |year=2002 |publisher=Indus Publishing |isbn=978-81-7387-128-3 |page=151}}</ref>
[[Categoria:Fauna da Turquia]]

=== Caça ===
Os lobos-indianos são noturnos e caçam do anoitecer à alvorada, usando diferentes estratégias para as suas várias presas.<ref>{{cite web |title=Indian Wolf |url=https://www.wolfworlds.com/indian-wolf/ |website=Wolf Worlds |accessdate=1 Janeiro 2020}}</ref><ref name="mivart1890"/> Diz-se que esses lobos são excepcionais quanto à velocidade e resistência. Uma matilha de lobos-indianos se espalha quando caça [[Lepus nigricollis|lebres-indianas]] e vários [[roedor]]es, em contraste com a coordenação desenvolvida quando o alvo é o [[Antilope cervicapra|antílope-negro]]. Este antílope é a principal presa para lobos em Nannaj e no Parque Nacional Blackbuck, e constitui até 88% do consumo de biomassa do lobo-indiano.<ref>{{cite web |last1=Jhala |first1=Yadvendradev V. |title=Predation on Blackbuck by Wolves in Velavadar National Park, Gujarat, India |url=http://wolfology1.tripod.com/id171.htm |website=Wolves: Wolf History, Conservation, Ecology and Behavio |accessdate=1 Janeiro 2020}}</ref> Como o antílope é mais veloz, os lobos-indianos normalmente o perseguem em direção a ravinas, moitas ou depressões, onde mais lobos aguardam em emboscada.<ref name="blanford1888"/> <ref name =ecologykumar>{{cite web |last1=Kumar |first1=Satish |title=Ecology and Behavior of Indian Grey Wolf (Canis lupus pallipes Sykes, 1831) in the Deccan Grasslands of Solapur, Maharashtra |url=http://ir.amu.ac.in/859/1/T%205038.pdf |website=AMU Repository |accessdate=1 Janeiro 2020}}</ref> Além de dirigirem os antílopes para emboscadas, os lobos-indianos podem persegui-los descendo colinas em explosões de velocidade de curta duração. Os lobos-indianos também podem selecionar um animal doente ou machucado e separá-lo do bando, perseguindo-o até a exaustão. Esta estratégia é comumente vista em lobos-cinzentos, e com frequência é bem-sucedida. Finalmente, quando eles cobrem a distância e atacam, um único lobo agarra o focinho para [[Asfixia|asfixiar]] o antílope, enquanto os outros atacam por trás. Também foi registrado que os lobos-indianos usam a curiosidade para atrair antílopes para a morte. Uma história relata que um lobo rolava com as patas para cima, quando os antílopes estavam pastando. Quando o antílope acidentalmente interferiu com este lobo, dois outros saltaram para matá-lo.<ref name="blanford1888"/>

== Localização e status ==
=== Ásia Ocidental ===
Durante o século XIX, os lobos se espalhavam em muitas partes do leste da [[Terra Santa]] e no oeste do [[rio Jordão]]. Entretanto, eles diminuíram consideravelmente em número entre 1964 e 1980, principalmente devido a perseguição por fazendeiros.<ref>Qumsiyeh, Mazin B. (1996). ''Mammals of the Holy Land.'' Texas Tech University Press, pp. 146–148, {{ISBN|089672364X}}</ref> Atualmente, as políticas de conservação de [[Israel]] e a efetiva imposição da lei mantêm uma população de tamanho moderado, que se irradia para os países vizinhos. A [[Turquia]] pode ter um papel importante na manutenção dos lobos na região, devido a sua contiguidade com a Ásia Central. As montanhas da Turquia serviram como refúgio para os poucos lobos remanescentes na [[Síria]]. Uma pequena população ocorre nas [[colinas de Golã]] e está bem protegida pelas atividades militares desenvolvidas lá.<ref name="m326">Mech, L. David; Boitani, Luigi (2003). ''Wolves: Behaviour, Ecology and Conservation.'' University of Chicago Press. p. 326-27. {{ISBN|0-226-51696-2}}.</ref> Embora os lobos da Turquia não tenham proteção legal, eles contam cerca de 700 indivíduos.<ref name="Turkish Wolf">{{cite journal | last1 = Zuppiroli | first1 = Pierre | last2 = Donnez | first2 = Lise | year = 2006 | title = An Interview with Ozgun Emre Can on the Wolves in Turkey | url = http://www.lcie.org/Docs/Regions/Turkey/EMRE_WP_emre_interview.pdf | archiveurl = https://web.archive.org/web/20110727195624/http://www.lcie.org/Docs/Regions/Turkey/EMRE_WP_emre_interview.pdf | archivedate = 2011-07-27 | journal = UKWCT | volume = 26 | pages = 8–9 }}</ref>

Pouco se sabe das populações atuais de lobos no [[Irã]], que ocorriam por todo o país em baixas densidades em meados dos anos 1970.<ref name="m326"/> Embora espalhados por todo o país e ausentes somente no [[Deserto de Lute|deserto central de Lute]], não há estimativa confiável do tamanho da população de lobos lá. Os lobos do Irã continuam a sofrer com a perda de hábitat, caça irregular e perda de presas.<ref name="khosravi2012">{{cite journal | last1 = Khosravi | first1 = R. | display-authors = etal | year = 2012 | title = Morphometric variations of the skull in the Gray Wolf (''Canis lupus'') in Iran | url = | journal = Acta Theriol | volume = 57| issue = | pages = 361–369| doi = 10.1007/s13364-012-0089-6 }}</ref><ref name="khosravi2013">{{cite journal | last1 = Khosravi | first1 = R. | last2 = Rezaei | first2 = H.R. | last3 = Kaboli | first3 = M. | year = 2013 | title = Detecting hybridization between Iranian wild wolf (''Canis lupus pallipes'') and free-ranging domestic dog (''Canis familiaris'') by analysis of microsatellite markers | url = | journal = Zool. Sci. | volume = 30 | issue = 1| pages = 27–34 | doi=10.2108/zsj.30.27| pmid = 23317363 }}</ref>

=== Subcontinente indiano ===
[[File:Bengalwolfskull.jpg|thumb|Crânio]]
[[File:Indian Wolf Photo Dhaval Vargiya.jpg|thumb|Lobo-indiano no Parque Nacional de Velavadar]]
As regiões setentrionais do [[Afeganistão]] e [[Paquistão]] são redutos importantes para o lobo. Estima-se que haja cerca de 300 lobos em aproximadamente 60 mil quilômetros quadrados de Jammu e Caxemira, no norte da Índia, e mais 50 em [[Himachal Pradesh]].<ref name="m326"/> Os [[Hinduísmo|hindus]] tradicionalmente consideravam a caça de lobos, mesmo os perigosos, como [[tabu]], por medo de provocar más colheitas. A etnia santal, entretanto, os considerava animais de caça, como todos os animais silvestres.<ref name="Children">{{cite book |last1=Maclean |first1= Charles | title = The Wolf Children |location=Harmondsworth, Eng.; New York |publisher=[[Penguin Books]] |year=1980 | isbn=0-14-005053-1 | page=336}}</ref> Durante a ocupação britânica da Índia, os lobos não eram considerados espécies de caça esportiva, e eram mortos principalmente em resposta aos ataques a rebanhos e a pessoas. Em 1876, nas províncias do noroeste e no estado de Bihar, 2 825 lobos foram mortos em resposta a 721 ataques fatais a humanos.<ref name="knight">Knight, John (2004). ''Wildlife in Asia: Cultural Perspectives.'' Psychology Press, pp. 219–221, {{ISBN|0700713328}}</ref> Dois anos depois, 2 600 lobos foram mortos devido a ataques que deixaram 624 pessoas mortas.<ref name="maneaters">{{cite book |last1=Bright |first1=Michael | title = Man-Eaters| year = 2002 |location=New York |publisher=St. Martin's Paperbacks| isbn = 0-312-98156-2 | page = 304}}</ref> Até os anos 1920, o extermínio dos lobos permaneceu uma prioridade nas províncias do noroeste e na região de [[Oude]]. Ao todo, mais de 100 mil lobos foram mortos mediante recompensa na Índia Britânica entre 1871 e 1916.<ref name="knight"/> Na Índia moderna, o lobo-indiano está distribuído nos estados de [[Guzerate]], [[Rajastão]], [[Haryana]], [[Uttar Pradesh]], [[Madhya Pradesh]], [[Maharashtra]], [[Karnataka]] e [[Andra Pradexe]]. Desde 2004, estima-se que haja 2 000-3 000 lobos no país.<ref>{{cite journal | last1=Yadvendradev |first1=V. Jhala |title=The Status and Conservation of the Wolf in Gujarat and Rajasthan, India|first2=Robert H. Jr. |last2=Giles |journal=Conservation Biology |volume=5 |number=4 |date=Dezembro 1991 |pages=476–483 |publisher=Wiley |doi=10.1111/j.1523-1739.1991.tb00354.x |jstor=2386069}}</ref> Eles se encontram principalmente fora de reservas protegidas e se alimentam de animais domésticos, como cabras ou carneiros. Entretanto, nas áreas onde as presas naturais ainda são abundantes, por exemplo no Parque Nacional de Velavadar ou no Parque Nacional de Panna, essas presas naturais são preferidas.<ref>{{cite journal|title=Distribution, status and conservation of Indian gray wolf (''Canis lupus pallipes'') in Karnataka, India|doi=10.1111/j.1469-7998.2006.00103.x|year=2006|last1=Singh|first1=Mewa |last2=Kumara|first2=H. N.|journal=Journal of Zoology|pages=164–169|volume =270|issue =1}}</ref> Embora protegidos desde 1972, os lobos-indianos são considerados Em Perigo, com muitas populações subsistindo em pequenas quantidades ou vivendo em áreas cada vez mais ocupadas por humanos. Embora presentes no [[Butão]], não há informação sobre os lobos que ocorrem lá.<ref name="m326"/>

== Relações com humanos ==
=== Ataques a humanos ===
Lobos-indianos têm uma história de predação de crianças, um fenômeno chamado “roubo de criança”. Em 1878, 624 pessoas foram mortas por lobos em Uttar Pradesh e 14 outras em Bengala.<ref name="rajpurohit1999">{{cite journal | last1 = Rajpurohit | first1 = K.S. | year = 1999 | title = Child lifting: Wolves in Hazaribagh, India | url = | journal = Ambio | volume = 28 | issue = | pages = 162–166 }}</ref> Em 1900, 285 pessoas foram mortas nas Províncias Centrais.<ref name="attacks">Burton, R.G. (1991). ''A Book of Man Eaters.'' Mittal Publications.</ref> Entre 1910 e 1915, 115 crianças foram mortas por lobos em Hazaribagh, e 122 foram mortas na mesma área entre 1980 e 1986. Em Jaunpur, Pratapgarh e Sultanpur, em Uttar Pradesh, lobos mataram 21 crianças e feriram outras 16 na mesma área entre 27 de março e 1º de julho de 1996. Entre abril de 1993 e abril de 1995, cinco matilhas de lobos atacaram 80 crianças em Hazaribagh, Koderma ocidental e Latehar, 20 das quais foram resgatadas. As crianças foram levadas principalmente nas noites de verão, frequentemente em povoamentos humanos.<ref name="rajpurohit1999"/>

No Irã, ataques de lobos têm sido registrados por milênios. Como na Índia, muitos casos de lobos roubando crianças pequenas foram registrados. Adultos foram atacados ocasionalmente, como por exemplo um incidente em que um policial foi morto e parcialmente devorado por três lobos após desmontar de seu cavalo para se aliviar.<ref>{{ cite web |publisher=Abundant Wildlife Society of North America|last1=Mader |first1=T. R. |url=http://www.aws.vcn.com/wolf_attacks_on_humans.html |title=Wolf Attacks on Humans |accessdate=28 Dezembro 2013 | |archiveurl=https://web.archive.org/web/20070529160435/http://www.aws.vcn.com/wolf_attacks_on_humans.html |archivedate=29 Maio 2007 }}</ref> Em 2 de janeiro de 2005, na vila de Vali Asr, perto da cidade de [[Torbat-e Heydarieh]], nordeste do Irã, uma matilha de lobos atacou um homem sem lar na frente de testemunhas. Embora a polícia tenha intervindo, o homem morreu em virtude dos ferimentos.<ref>[http://www.iranfocus.com/en/index.php?option=com_content&view=article&id=1150:homeless-man-eaten-by-wolves-in-iran&catid=4:iran-general&Itemid=26 Homeless man eaten by wolves in Iran]. Iranfocus (2005-01-04)</ref> Em novembro de 2008, a imprensa noticiou que um lobo havia atacado uma mulher de 87 anos no cemitério da vila de [[Caxã]] no Irã central, mordendo um dos seus dedos, mas ela resistiu e ele foi sufocado até a morte.<ref>[http://www.presstv.ir/detail.aspx?id=74694&sectionid=3510212 Wolf slain by 87-year-old Iranian woman] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120926015429/http://www.presstv.ir/detail.aspx?id=74694&sectionid=3510212 |date=2012-09-26 }}. presstv.ir (2008-11-08).</ref>
[[File:Iran-wolf.jpg|thumb|Uma miniatura mostrando uma caçada de lobo na antiga Pérsia]]

=== Predação do gado ===
Lobos-indianos se alimentam de gado quando as presas naturais ficam escassas. Isto causa conflitos com humanos e perseguições a lobos desde que a [[densidade populacional]] humana se tornou alta nessas áreas.<ref>{{cite web|url=http://projectwaghoba.in/docs/roopa_krithivasan_indian_wolf_report_2009.pdf|title=Human-Wolf Conflict in human dominated landscapes of Ahmednagar District, Maharashtra & Possible Mitigation Measures|last1=Krithivasan|first1=Roopa|last2=Athreya|first2=Vidya R.|date=|website=Project Waghoba|url-status=|archive-url=|archive-date=|accessdate=|last3=Odden|first3=Morten}}</ref> A relva é rapidamente consumida pelo gado em pastagens desprotegidas, que depois não podem sustentar uma população de antílopes.<ref name =ecologykumar /> Entre os animais domésticos, as cabras são o alvo principal dos lobos-indianos, respondendo por 66% dos ataques de lobos em torno do distrito de Jhelum, ficando os carneiros em segundo lugar, com 27%.<ref>{{cite journal |last1=Saad |first1=Muhammed |last2=Anwar |first2=Maqsood |last3=Waseem |first3=Muhammad |last4=Salim |first4=Mohammed |last5=Ali |first5=Zulfiqar |title=Distribution range and population status of Indian grey wolf (Canis Lupus Pallipes) and Asiatic jackal (Canis aureus) in Lehri Nature Park, District Jhelum, Pakistan |journal=Journal of Animal and Plant Sciences |date=Janeiro 2015 |volume=25 |issue=3 |url=https://www.researchgate.net/publication/282328876 |accessdate=2 Janeiro 2020}}</ref> Os lobos são também mais propensos a atacar o gado nos períodos em que estão nas tocas e com filhotes entre 5 e 6 meses de vida.<ref name =ecologykumar /> Não é incomum que os locais exagerem na magnitude da predação por lobos e contem histórias dos seus estratagemas de caça, contribuindo para o ódio contra o animal.<ref name="blanford1888"/><ref name=walkingwithwolves /><ref name =ecologykumar />

=== Na cultura ===
Como a raposa e o coiote, o lobo-indiano tem reputação de ser inteligente. Há muitas histórias dos seus estratagemas contadas pelos locais, observadores e pastores.<ref name="blanford1888"/><ref name=walkingwithwolves /> O povo de Maharashtra canta ''''“labad landga dhong kartay”'', que se traduz como “lobos são animais inteligentes e vão enganar você com os seus métodos diabólicos”.<ref>{{cite web |last1=Banerjee |first1=Ananda |title=India's disregarded wolves |url=https://www.downtoearth.org.in/coverage/indias-disregarded-wolves-46355 |website=DownToEarth |accessdate=2 Março 2020}}</ref>

Lobos são mencionados ocasionalmente na [[mitologia hindu]]. No [[Harivamsa]], [[Krishna]], para convencer o povo de Vraja a migrar para [[Vrindavan]], cria centenas de lobos a partir dos seus cabelos, o que apavora os habitantes de Vraja e os convence a fazer a jornada.<ref>Wilson, H. H., Hall, F. (1868). ''The Vishńu Puráńa: A System of Hindu Mythology and Tradition''. Trubner</ref> No [[Rigueveda]], Rijrsava é cegado pelo seu pai como punição por ter dado 101 carneiros da família para uma loba, que em troca reza para [[Asvins]] restaurar a sua visão.<ref name="murthy" /> Bhima, o voraz filho do deus [[Vayú]], é descrito como ''Vrikodara'', significando “com estômago de lobo”.<ref>{{cite book |title=Hindu Mythology, Vedic and Puranic |first1=W. J. |last1=Wilkins |location=S.l |publisher=Kessinger Publishing |year=2004 |isbn=0-7661-8881-7}}</ref>

O lobo tem uma reputação ambivalente na [[Cultura do Irão|cultura iraniana]], sendo demonizado no [[Avestá]] como uma criação de [[Arimã]],<ref name="murthy">Krishna Murthy, K. (1985). ''Mythical animals in Indian art''. Abhinav Publications, {{ISBN|0-391-03287-9}}</ref> e ainda participa em fábulas contemporâneas, contadas para crianças malcomportadas.<ref name="humphreys1999">Humphreys, P. & Kahrom, E. (1999). ''Lion and Gazelle: The Mammals and Birds of Iran''. I.B.Tauris. pp. 88-9. {{ISBN|1860642292}}</ref>

Os lobos-indianos têm um papel central na série [[O Livro da Selva]] de [[Rudyard Kipling]], em que uma matilha na área de [[Seoni (Madhya Pradesh)|Seoni, Madhya Pradesh]], adota a [[criança selvagem]] [[Mogli]] e lhe ensina como sobreviver na selva, enquanto o protege do [[tigre-de-bengala]] [[Shere Khan]] e de um [[Cão-selvagem-asiático|cão-selvagem]] saqueador.

== Referências ==
{{Reflist|colwidth=30em|refs=

<ref name=aggarwal2007b>{{cite book|last1=Aggarwal|first1=Ramesh K.|title=You Deserve, We Conserve: A Biotechnological Approach to Wildlife Conservation|publisher=I K International Publishing House, New Dehli|editor= M. W. Pandit|editor2= S. Shivaji|editor3= Lalji Singh|year=2007|chapter=7-Molecular Genetic Studies on highly Endangered Species|pages=54–57|chapter-url=https://books.google.com/books?id=-BLEGylIIasC&pg=PA57|isbn=978-81-89866-24-2}}</ref>

<ref name=cites2009a>{{cite web|publisher=[[CITES]]|year=2009|title=Nomenclatural Matters. Twenty-fourth meeting of the Animals Committee Geneva, (Switzerland), 20–24 Abril 2009, AC24 Doc. 13 Rev. 1 Annex 1|page=3|url=https://www.cites.org/sites/default/files/eng/com/ac/24/E24-13.pdf}}</ref>
<ref name=cites2009b>{{cite web|publisher=[[CITES]]|year=2009|title=Summary Record. Twenty-fourth meeting of the Animals Committee Geneva, (Switzerland), 20–24 Abril 2009, AC24 Summary Record|page=28|url=https://www.cites.org/sites/default/files/eng/com/ac/24/E-AC24-Sum-Rec-FINAL.pdf}}</ref>

<ref name=ersmark2016>{{cite journal|doi=10.3389/fevo.2016.00134|title=From the Past to the Present: Wolf Phylogeography and Demographic History Based on the Mitochondrial Control Region|journal=Frontiers in Ecology and Evolution|volume=4|year=2016|last1=Ersmark|first1=Erik|last2=Klütsch|first2=Cornelya F. C.|last3=Chan|first3=Yvonne L.|last4=Sinding|first4=Mikkel-Holger S.|last5=Fain|first5=Steven R.|last6=Illarionova|first6=Natalia A.|last7=Oskarsson|first7=Mattias|last8=Uhlén|first8=Mathias|last9=Zhang|first9=Ya-Ping|last10=Dalén|first10=Love|last11=Savolainen|first11=Peter| }}</ref>

<ref name=gopalakrishnan2018>{{cite journal|doi=10.1016/j.cub.2018.08.041|pmid=30344120|pmc=6224481|title=Interspecific Gene Flow Shaped the Evolution of the Genus Canis|journal=Current Biology|volume=28|issue=21|pages=3441–3449.e5|year=2018|last1=Gopalakrishnan|first1=Shyam|last2=Sinding|first2=Mikkel-Holger S.|last3=Ramos-Madrigal|first3=Jazmín|last4=Niemann|first4=Jonas|last5=Samaniego Castruita|first5=Jose A.|last6=Vieira|first6=Filipe G.|last7=Carøe|first7=Christian|last8=Montero|first8=Marc de Manuel|last9=Kuderna|first9=Lukas|last10=Serres|first10=Aitor|last11=González-Basallote|first11=Víctor Manuel|last12=Liu|first12=Yan-Hu|last13=Wang|first13=Guo-Dong|last14=Marques-Bonet|first14=Tomas|last15=Mirarab|first15=Siavash|last16=Fernandes|first16=Carlos|last17=Gaubert|first17=Philippe|last18=Koepfli|first18=Klaus-Peter|last19=Budd|first19=Jane|last20=Rueness|first20=Eli Knispel|last21=Heide-Jørgensen|first21=Mads Peter|last22=Petersen|first22=Bent|last23=Sicheritz-Ponten|first23=Thomas|last24=Bachmann|first24=Lutz|last25=Wiig|first25=Øystein|last26=Hansen|first26=Anders J.|last27=Gilbert|first27=M. Thomas P.}}</ref>

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}}

Revisão das 14h25min de 15 de agosto de 2020

O lobo-indiano ou lobo-iraniano (Canis lupus pallipes) é uma subespécie de lobo-cinzento que habita desde o Sudoeste Asiático ao subcontinente indiano. É intermediário em tamanho entre o lobo-do-himalaia e o lobo-árabe, e não possui a luxuriante pelagem de inverno do primeiro, pois vive em condições mais quentes.[1] Nesta subespécie, o lobo das planícies indianas é geneticamente basal para todos os outros Canis lupus existentes, com exceção do lobo-do-himalaia, de linhagem mais antiga, tendo os dois sido propostos como espécies separadas.[2][3] O lobo-indiano viaja em grupos menores e é menos vocal que outras variantes do lobo-cinzento,[4] além de ter a reputação de ser dissimulado.[5][6]

Taxonomia

O lobo-indiano foi descrito pela primeira vez em 1831 pelo ornitólogo britânico William Henry Sykes, sob o nome binomial Canis pallipes.[7] Em 1941, Reginald Innes Pocock subordinou-o a Canis lupus, sob o nome trinomial Canis lupus pallipes.[1]

Mistura com outras espécies de Canis

Em 2018, o sequenciamento do genoma completo foi usado para comparar membros do gênero Canis. O estudo encontrou evidência de fluxo genético entre o lobo-dourado-africano, o chacal-dourado e o lobo-cinzento (da Arábia Saudita e Síria). Um lobo-dourado-africano da Península do Sinai egípcia mostrou alta mistura com os lobos-cinzentos do Oriente Médio, ressaltando o papel da ponte terrestre entre os continentes africano e eurasiano na evolução dos canídeos. Concluiu-se que o lobo-dourado-africano é descendente de um canídeo geneticamente misturado, com 72% do lobo-cinzento e 28% de um ancestral do lobo-etíope.[8]

Canis indica

O lobo das planícies indianas[9] é formado por dois haplótipos proximamente relacionados de DNA mitocondrial de linhagem materna,[3] que se enquadram na subespécie Canis lupus pallipes do lobo-cinzento. Ele é encontrado somente nas planícies áridas e semiáridas peninsulares da Índia.[3] Essas linhagens do lobo são geneticamente únicas em relação a todos os outros lobos do mundo e entre si.[10][9] O lobo cinzento indiano e o lobo-do-himalaia são filogeneticamente basais para todos os outros lobos e são mais próximos do lobo-dourado-africano. Isto indica que eles são descendentes de uma distribuição antiga do lobo.[3][9] Em abril de 2009, o nome binomial Canis indica foi proposto para esses dois haplótipos, como uma separação de nomenclatura e taxonômica do Canis lupus e criação de nova espécie através do Especialista de Nomenclatura do Comitê de Animais do CITES.[11] O comitê posicionou-se contrário a esta proposta, mas recomendou que o nome fosse incluído na base de dados de espécies como um sinônimo do nome que estava listado.[12] A proposta era baseada em um estudo[3] que se apoiava em um número limitado de amostras de museus e zoológicos, que podiam não ser representativos da população selvagem, tendo sido requeridos estudos de campo adicionais.[13]:886

Antes disso, dois grupos tinham sequenciado o DNA mitocondrial do lobo cinzento indiano e descobriram que ele é basal para todos os outros haplótipos existentes de Canis lupus, com exceção do lobo-do-himalaia, de linhagem mais antiga.[2][3] Estudos posteriores compararam essas sequências com as de lobos de todo o mundo e confirmaram esta posição basal.[14][15][16] Um estudo, baseado em um registro fóssil, estimou que a divergência entre o coiote e as linhagens de lobo ocorreu um milhão de anos atrás e, assumindo uma taxa de mutação do lobo, estimou que a divergência entre o lobo cinzento indiano e o ancestral do cão/lobo ocorreu há 400 mil anos.[2] Outro estudo, que expressou dúvidas quanto ao estudo anterior, deu uma estimativa de 270 mil anos.[3]

O lobo cinzento indiano está em perigo de extinção e sua população é estimada em 2 000-3 000 indivíduos.[2] Ele se parece com o C. l. pallipes em sua aparência externa (características morfológicas) e no seu comportamento social/reprodutivo, mas é menor em tamanho. Ele é geneticamente distinto do C. l. pallipes. Esses achados sugerem que que o lobo cinzento indiano não é o pallipes encontrado no Oriente Médio e Ásia Central.[3] Foi, portanto, proposto que o lobo cinzento indiano fosse reclassificado como a espécie separada Canis indica.[2][3] Em 2016, um estudo de mtDNA dos lobos modernos e antigos indicou que o lobo cinzento indiano e o lobo-do-himalaia eram geneticamente basais quando comparados com todos os outros lobos cinzentos.[17]

A referência taxonômica Taxonomia de Wilson e Reeder (2005) não reconhece Canis indica, entretanto o GenBank/National Center for Biotechnology Information relaciona Canis lupus indica.[18]

Descrição e hábitos

Lobo-indiano cativo, Zoológico de Islamabad, Paquistão
Matilha de lobos-indianos no Parque Nacional de Blackbuck, Gujarat, Índia

O lobo-indiano é similar em estrutura ao lobo-eurasiático, mas é menor, mais esguio e tem pelo mais curto, com menos ou nenhum pelo inferior.[5] Ele tipicamente mede entre 57 e 72 cm de altura no ombro, com os machos pesando entre 19 e 25 kg e as fêmeas entre 17 e 22 kg. Seu comprimento varia entre 103 e 145 cm do focinho à cauda.[19] Como o lobo-árabe, ele tem pelo curto e fino no verão, embora o pelo no traseiro permaneça longo mesmo no verão, uma adaptação que se acredita destinar-se a proteção contra a radiação solar.[20] O pelo é geralmente acinzentado-vermelho a avermelhado-branco com tons de cinza. Os pelos são acinzentados com preto, particularmente no traseiro, formando uma mancha escura em forma de V ao redor dos ombros. As patas são mais pálidas do que o corpo, e as partes inferiores são quase completamente brancas.[4] Os filhotes nascem com a cor marrom fuliginosa, com uma mancha branca leitosa no peito, que some com a idade.[5] Espécimes pretos são raros, mas foram registrados no distrito de Solapur na Índia e em duas regiões do Irã. Neste último país, a mutação ocorre naturalmente, diferentemente dos lobos-cinzentos norte-americanos, que herdaram o alelo Kb, responsável pelo melanismo, de intercruzamento no passado com cães.[21][22]

Seus hábitos são similares aos de outras subespécies de lobos cinzentos, embora o lobo-indiano geralmente viva em matilhas menores, raramente excedendo 6-8 indivíduos, e seja relativamente menos vocal,[5] sendo raramente conhecido por uivar.[4] A vocalização do lobo-indiano inclui uivos, uivos-latidos, choramingos, guinchos sociais e ganidos, tendo os uivos uma frequência média de 422 Hz e os ganidos 906 Hz.[23] Há pelo menos um registro de um lobo solitário associando-se com um par de cães-selvagens-asiáticos no Santuário de Vida Selvagem de Debrigarh.[24] Ele tende a se reproduzir entre o meio de outubro e fim de dezembro, e as crias nascem em buracos ou em ravinas.[4] Ele tipicamente caça antílopes, roedores e lebres. Geralmente caça em pares quando o alvo são antílopes, com um lobo atuando como chamariz enquanto o outro ataca por trás.[5] O território do lobo-indiano coincide com os do chacal-dourado, urso-beiçudo, leopardo, urso-pardo, leão-asiático e tigre.[25][26]

Caça

Os lobos-indianos são noturnos e caçam do anoitecer à alvorada, usando diferentes estratégias para as suas várias presas.[27][4] Diz-se que esses lobos são excepcionais quanto à velocidade e resistência. Uma matilha de lobos-indianos se espalha quando caça lebres-indianas e vários roedores, em contraste com a coordenação desenvolvida quando o alvo é o antílope-negro. Este antílope é a principal presa para lobos em Nannaj e no Parque Nacional Blackbuck, e constitui até 88% do consumo de biomassa do lobo-indiano.[28] Como o antílope é mais veloz, os lobos-indianos normalmente o perseguem em direção a ravinas, moitas ou depressões, onde mais lobos aguardam em emboscada.[5] [29] Além de dirigirem os antílopes para emboscadas, os lobos-indianos podem persegui-los descendo colinas em explosões de velocidade de curta duração. Os lobos-indianos também podem selecionar um animal doente ou machucado e separá-lo do bando, perseguindo-o até a exaustão. Esta estratégia é comumente vista em lobos-cinzentos, e com frequência é bem-sucedida. Finalmente, quando eles cobrem a distância e atacam, um único lobo agarra o focinho para asfixiar o antílope, enquanto os outros atacam por trás. Também foi registrado que os lobos-indianos usam a curiosidade para atrair antílopes para a morte. Uma história relata que um lobo rolava com as patas para cima, quando os antílopes estavam pastando. Quando o antílope acidentalmente interferiu com este lobo, dois outros saltaram para matá-lo.[5]

Localização e status

Ásia Ocidental

Durante o século XIX, os lobos se espalhavam em muitas partes do leste da Terra Santa e no oeste do rio Jordão. Entretanto, eles diminuíram consideravelmente em número entre 1964 e 1980, principalmente devido a perseguição por fazendeiros.[30] Atualmente, as políticas de conservação de Israel e a efetiva imposição da lei mantêm uma população de tamanho moderado, que se irradia para os países vizinhos. A Turquia pode ter um papel importante na manutenção dos lobos na região, devido a sua contiguidade com a Ásia Central. As montanhas da Turquia serviram como refúgio para os poucos lobos remanescentes na Síria. Uma pequena população ocorre nas colinas de Golã e está bem protegida pelas atividades militares desenvolvidas lá.[31] Embora os lobos da Turquia não tenham proteção legal, eles contam cerca de 700 indivíduos.[32]

Pouco se sabe das populações atuais de lobos no Irã, que ocorriam por todo o país em baixas densidades em meados dos anos 1970.[31] Embora espalhados por todo o país e ausentes somente no deserto central de Lute, não há estimativa confiável do tamanho da população de lobos lá. Os lobos do Irã continuam a sofrer com a perda de hábitat, caça irregular e perda de presas.[33][34]

Subcontinente indiano

Crânio
Lobo-indiano no Parque Nacional de Velavadar

As regiões setentrionais do Afeganistão e Paquistão são redutos importantes para o lobo. Estima-se que haja cerca de 300 lobos em aproximadamente 60 mil quilômetros quadrados de Jammu e Caxemira, no norte da Índia, e mais 50 em Himachal Pradesh.[31] Os hindus tradicionalmente consideravam a caça de lobos, mesmo os perigosos, como tabu, por medo de provocar más colheitas. A etnia santal, entretanto, os considerava animais de caça, como todos os animais silvestres.[35] Durante a ocupação britânica da Índia, os lobos não eram considerados espécies de caça esportiva, e eram mortos principalmente em resposta aos ataques a rebanhos e a pessoas. Em 1876, nas províncias do noroeste e no estado de Bihar, 2 825 lobos foram mortos em resposta a 721 ataques fatais a humanos.[36] Dois anos depois, 2 600 lobos foram mortos devido a ataques que deixaram 624 pessoas mortas.[37] Até os anos 1920, o extermínio dos lobos permaneceu uma prioridade nas províncias do noroeste e na região de Oude. Ao todo, mais de 100 mil lobos foram mortos mediante recompensa na Índia Britânica entre 1871 e 1916.[36] Na Índia moderna, o lobo-indiano está distribuído nos estados de Guzerate, Rajastão, Haryana, Uttar Pradesh, Madhya Pradesh, Maharashtra, Karnataka e Andra Pradexe. Desde 2004, estima-se que haja 2 000-3 000 lobos no país.[38] Eles se encontram principalmente fora de reservas protegidas e se alimentam de animais domésticos, como cabras ou carneiros. Entretanto, nas áreas onde as presas naturais ainda são abundantes, por exemplo no Parque Nacional de Velavadar ou no Parque Nacional de Panna, essas presas naturais são preferidas.[39] Embora protegidos desde 1972, os lobos-indianos são considerados Em Perigo, com muitas populações subsistindo em pequenas quantidades ou vivendo em áreas cada vez mais ocupadas por humanos. Embora presentes no Butão, não há informação sobre os lobos que ocorrem lá.[31]

Relações com humanos

Ataques a humanos

Lobos-indianos têm uma história de predação de crianças, um fenômeno chamado “roubo de criança”. Em 1878, 624 pessoas foram mortas por lobos em Uttar Pradesh e 14 outras em Bengala.[40] Em 1900, 285 pessoas foram mortas nas Províncias Centrais.[41] Entre 1910 e 1915, 115 crianças foram mortas por lobos em Hazaribagh, e 122 foram mortas na mesma área entre 1980 e 1986. Em Jaunpur, Pratapgarh e Sultanpur, em Uttar Pradesh, lobos mataram 21 crianças e feriram outras 16 na mesma área entre 27 de março e 1º de julho de 1996. Entre abril de 1993 e abril de 1995, cinco matilhas de lobos atacaram 80 crianças em Hazaribagh, Koderma ocidental e Latehar, 20 das quais foram resgatadas. As crianças foram levadas principalmente nas noites de verão, frequentemente em povoamentos humanos.[40]

No Irã, ataques de lobos têm sido registrados por milênios. Como na Índia, muitos casos de lobos roubando crianças pequenas foram registrados. Adultos foram atacados ocasionalmente, como por exemplo um incidente em que um policial foi morto e parcialmente devorado por três lobos após desmontar de seu cavalo para se aliviar.[42] Em 2 de janeiro de 2005, na vila de Vali Asr, perto da cidade de Torbat-e Heydarieh, nordeste do Irã, uma matilha de lobos atacou um homem sem lar na frente de testemunhas. Embora a polícia tenha intervindo, o homem morreu em virtude dos ferimentos.[43] Em novembro de 2008, a imprensa noticiou que um lobo havia atacado uma mulher de 87 anos no cemitério da vila de Caxã no Irã central, mordendo um dos seus dedos, mas ela resistiu e ele foi sufocado até a morte.[44]

Uma miniatura mostrando uma caçada de lobo na antiga Pérsia

Predação do gado

Lobos-indianos se alimentam de gado quando as presas naturais ficam escassas. Isto causa conflitos com humanos e perseguições a lobos desde que a densidade populacional humana se tornou alta nessas áreas.[45] A relva é rapidamente consumida pelo gado em pastagens desprotegidas, que depois não podem sustentar uma população de antílopes.[29] Entre os animais domésticos, as cabras são o alvo principal dos lobos-indianos, respondendo por 66% dos ataques de lobos em torno do distrito de Jhelum, ficando os carneiros em segundo lugar, com 27%.[46] Os lobos são também mais propensos a atacar o gado nos períodos em que estão nas tocas e com filhotes entre 5 e 6 meses de vida.[29] Não é incomum que os locais exagerem na magnitude da predação por lobos e contem histórias dos seus estratagemas de caça, contribuindo para o ódio contra o animal.[5][6][29]

Na cultura

Como a raposa e o coiote, o lobo-indiano tem reputação de ser inteligente. Há muitas histórias dos seus estratagemas contadas pelos locais, observadores e pastores.[5][6] O povo de Maharashtra canta ''“labad landga dhong kartay”, que se traduz como “lobos são animais inteligentes e vão enganar você com os seus métodos diabólicos”.[47]

Lobos são mencionados ocasionalmente na mitologia hindu. No Harivamsa, Krishna, para convencer o povo de Vraja a migrar para Vrindavan, cria centenas de lobos a partir dos seus cabelos, o que apavora os habitantes de Vraja e os convence a fazer a jornada.[48] No Rigueveda, Rijrsava é cegado pelo seu pai como punição por ter dado 101 carneiros da família para uma loba, que em troca reza para Asvins restaurar a sua visão.[49] Bhima, o voraz filho do deus Vayú, é descrito como Vrikodara, significando “com estômago de lobo”.[50]

O lobo tem uma reputação ambivalente na cultura iraniana, sendo demonizado no Avestá como uma criação de Arimã,[49] e ainda participa em fábulas contemporâneas, contadas para crianças malcomportadas.[51]

Os lobos-indianos têm um papel central na série O Livro da Selva de Rudyard Kipling, em que uma matilha na área de Seoni, Madhya Pradesh, adota a criança selvagem Mogli e lhe ensina como sobreviver na selva, enquanto o protege do tigre-de-bengala Shere Khan e de um cão-selvagem saqueador.

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