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Masculinidade: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Lewis Hine Power house mechanic working on steam pump.jpg|thumb|Durante a primeira metade do [[século XX]], a imagem do '''homem másculo''' foi ligada ao trabalho braçal e à [[industrialização]].]]
[[Imagem:Lewis Hine Power house mechanic working on steam pump.jpg|thumb|Durante a primeira metade do [[século XX]], a imagem do '''homem másculo''' foi ligada ao trabalho braçal e à [[industrialização]].]]
'''Masculinidade''' é um conjunto de atributos, comportamentos e papéis geralmente associados a meninos e homens. A masculinidade é construída socialmente, mas composta por tanto fatores socialmente definidos quanto biologicamente,<ref name="Wijngaard">{{citar livro|autores=Marianne van den Wijngaard|título=Reinventing the sexes: the biomedical construction of femininity and masculinity. Race, gender, and science|publicado=Indiana University Press|ano=1997|páginas=171 pages |acessodata=3 de junho de 2011|ISBN =0-253-21087-9|url=https://books.google.com/books?id=Dn5cI9BHbKgC&pg=PA1}}</ref><ref name="Martin and Finn">{{citar livro|autores= Hale Martin, Stephen Edward Finn|título=Masculinity and Femininity in the MMPI-2 and MMPI-A|publicado=U of Minnesota Press|ano=2010|páginas=310 pages|acessodata=3 de junho de 2011 |ISBN =0-8166-2445-3|url=https://books.google.com/books?id=5KLPlmr9T7MC&pg=PA16}}</ref><ref name="Dunphy">{{citar livro|autores=Richard Dunphy|título=Sexual politics: an introduction|publicado=Edinburgh University Press|ano=2000|páginas=240 pages|acessodata=3 de junho de 2011 |ISBN =0-7486-1247-5|url=https://books.google.com/books/about/Sexual_Politics.html?id=NVPQkt0bVpAC}}</ref> distintos da definição do sexo biológico masculino.<ref name=Ferrante>{{citar livro|último =Ferrante|primeiro =Joan|título=Sociology: A Global Perspective|publicado=Thomson Wadsworth|local=Belmont, CA|isbn=0-8400-3204-8|edição=7th|páginas=269–272}}</ref><ref>''[http://www.who.int/gender/whatisgender/en/ Gender, Women and Health: What do we mean by "sex" and "gender"?']'', The World Health Organization</ref> Ambos homens e mulheres podem exibir traços e comportamentos masculinos. Aqueles que exibem características masculinas e femininas são considerados [[andrógino]]s e filósofos feministas argumentaram que a ambiguidade de gênero pode confundir a classificação de gênero.<ref>Butler, Judith (1999 [1990]), Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity (New York and London: Routledge).</ref><ref>Laurie, Timothy (2014), 'The Ethics of Nobody I Know: Gender and the Politics of Description', Qualitative Research Journal, 14 (1), pp. 64-78.URL: https://www.academia.edu/6262250/The_Ethics_of_Nobody_I_Know_Gender_and_the_Politics_of_Description</ref>
'''Masculinidade''' é um conjunto de atributos, comportamentos e papéis geralmente associados a meninos e homens. A masculinidade é construída socialmente, mas composta por tanto fatores socialmente definidos quanto biologicamente,<ref name="Wijngaard">{{citar livro|autor=Marianne van den Wijngaard|título=Reinventing the sexes: the biomedical construction of femininity and masculinity. Race, gender, and science|publicado=Indiana University Press|ano=1997|páginas=171 pages |acessodata=3 de junho de 2011|ISBN =0-253-21087-9|url=https://books.google.com/books?id=Dn5cI9BHbKgC&pg=PA1}}</ref><ref name="Martin and Finn">{{citar livro|autor= Hale Martin, Stephen Edward Finn|título=Masculinity and Femininity in the MMPI-2 and MMPI-A|publicado=U of Minnesota Press|ano=2010|páginas=310 pages|acessodata=3 de junho de 2011 |ISBN =0-8166-2445-3|url=https://books.google.com/books?id=5KLPlmr9T7MC&pg=PA16}}</ref><ref name="Dunphy">{{citar livro|autor=Richard Dunphy|título=Sexual politics: an introduction|publicado=Edinburgh University Press|ano=2000|páginas=240 pages|acessodata=3 de junho de 2011 |ISBN =0-7486-1247-5|url=https://books.google.com/books/about/Sexual_Politics.html?id=NVPQkt0bVpAC}}</ref> distintos da definição do sexo biológico masculino.<ref name=Ferrante>{{citar livro|último =Ferrante|primeiro =Joan|título=Sociology: A Global Perspective|publicado=Thomson Wadsworth|local=Belmont, CA|isbn=0-8400-3204-8|edição=7th|páginas=269–272}}</ref><ref>''[http://www.who.int/gender/whatisgender/en/ Gender, Women and Health: What do we mean by "sex" and "gender"?']'', The World Health Organization</ref> Ambos homens e mulheres podem exibir traços e comportamentos masculinos. Aqueles que exibem características masculinas e femininas são considerados [[andróginos]] e filósofos feministas argumentaram que a ambiguidade de gênero pode confundir a classificação de gênero.<ref>{{Citar livro|url=https://www.taylorfrancis.com/books/mono/10.4324/9780203902752/gender-trouble-judith-butler|título=Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity|ultimo=Butler|primeiro=Judith|data=1999-09-02|editora=Routledge|edicao=2|local=New York|isbn=9780203902752}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://doi.org/10.1108/QRJ-03-2014-0011 |titulo=The ethics of nobody I know: gender and the politics of description |data=2014-01-01 |acessodata=2021-12-24 |jornal=Qualitative Research Journal |número=1 |ultimo=Laurie |primeiro=Timothy |editor-sobrenome=Ian Davis |editor-nome=Dr |paginas=64–78 |doi=10.1108/QRJ-03-2014-0011 |issn=1443-9883 |volume=14}}</ref>


Traços masculinos incluem coragem, independência e assertividade.<ref name="Vetterling-Braggin">Vetterling-Braggin, Mary ''"Femininity," "masculinity," and "androgyny": a modern philosophical discussion''</ref><ref name="Worell">Worell, Judith, ''Encyclopedia of women and gender: sex similarities and differences and the impact of society on gender, Volume 1'' Elsevier, 2001, ISBN 0-12-227246-3, ISBN 978-0-12-227246-2</ref><ref name="R. Murray Thomas">{{citar livro|último =Thomas|primeiro =R. Murray|título=Recent Theories of Human Development|ano=2000|publicado=[[Sage Publications]]|isbn=0761922474|url=https://books.google.com/books?hl=fr&id=-RxIUDYIuiIC|página=248|citação=As feministas de gênero também consideram os traços femininos tradicionais (gentileza, modéstia, humildade, sacrifício, apoio, empatia, compaixão, ternura, nutrição, intuição, sensibilidade, altruísmo) moralmente superiores aos traços masculinos tradicionais (coragem, vontade forte, ambição, independência, assertividade , Iniciativa, racionalidade e controle emocional).}}</ref> Esses traços variam conforme o local e contexto e são influenciados por fatores sociais e culturais.<ref>{{citar livro|último =Witt|primeiro =edited by Charlotte|título=Feminist Metaphysics: Explorations in the Ontology of Sex, Gender and Identity|ano=2010|publicado=Springer|local=Dordrecht|isbn=90-481-3782-9|página=77}}</ref> Uma ênfase excessiva na masculinidade e no poder, muitas vezes associada a um desrespeito pelas consequências e responsabilidades, é conhecida como [[machismo]].<ref name = "Britannica">{{citar web|título=Machismo (exaggerated masculinity) - Encyclopædia Britannica|url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/1381820/machismo|publicado=Encyclopædia Britannica, Inc.|edição=online|acessodata=6 de março de 2015}}</ref>
Traços masculinos incluem coragem, independência e assertividade.<ref name="Vetterling-Braggin">Vetterling-Braggin, Mary ''"Femininity," "masculinity," and "androgyny": a modern philosophical discussion''</ref><ref name="Worell">{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/47901444|título=Encyclopedia of Women and Gender: Sex Similarities and Differences and the Impact of Society on Gender|data=2001|editora=Academic Press|outros=Judith Worell|local=San Diego, Calif.|isbn=9780122272462|oclc=47901444}}</ref><ref name="R. Murray Thomas">{{citar livro|último =Thomas|primeiro =R. Murray|título=Recent Theories of Human Development|ano=2000|publicado=[[Sage Publications]]|isbn=0761922474|url=https://books.google.com/books?hl=fr&id=-RxIUDYIuiIC|página=248|citação=As feministas de gênero também consideram os traços femininos tradicionais (gentileza, modéstia, humildade, sacrifício, apoio, empatia, compaixão, ternura, nutrição, intuição, sensibilidade, altruísmo) moralmente superiores aos traços masculinos tradicionais (coragem, vontade forte, ambição, independência, assertividade , Iniciativa, racionalidade e controle emocional).}}</ref> Esses traços variam conforme o local e contexto e são influenciados por fatores sociais e culturais.<ref>{{citar livro|último =Witt|primeiro =edited by Charlotte|título=Feminist Metaphysics: Explorations in the Ontology of Sex, Gender and Identity|ano=2010|publicado=Springer|local=Dordrecht|isbn=90-481-3782-9|página=77}}</ref> Uma ênfase excessiva na masculinidade e no poder, muitas vezes associada a um desrespeito pelas consequências e responsabilidades, é conhecida como [[machismo]].<ref name = "Britannica">{{citar web|título=Machismo (exaggerated masculinity) - Encyclopædia Britannica|url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/1381820/machismo|publicado=Encyclopædia Britannica, Inc.|edição=online|acessodata=6 de março de 2015}}</ref>


== Visão geral ==
== Visão geral ==
As qualidades, características ou papéis masculinos são considerados típicos ou apropriados para um menino ou homem. Há graus de comparação: "muito masculino" e "mais masculino", e o oposto pode ser expresso por "não-másculo" ou "[[epiceno]]".<ref name=Roget>''[[Roget's Thesaurus|Roget’s II: The New Thesaurus]]'', 3rd. ed., [[Houghton Mifflin]], 1995.</ref> Semelhante à masculinidade é a [[virilidade]] (do [[latim]] ''vir'', "homem"). O conceito de masculinidade varia histórica e culturalmente; embora o [[Dândi]] tenha sido visto como um ideal de masculinidade do século XIX, é agora considerado [[efeminado]] pelos padrões modernos.<ref>{{citar livro|último =Reeser|primeiro =Todd|título=Masculinities in Theory: An Introduction|ano=2010|páginas=1–3|publicado=John Wiley and Sons|isbn=1444358537|url=https://books.google.com/books?id=YMnn8Zf0heoC}}</ref> As normas masculinas, como descrito na ''Masculinity Reconstructed'' ("Masculinidade Reconstruída") de Ronald F. Levant, são "evitação da feminilidade", emoções restritas, sexo desconectado da intimidade, busca de realização e ''status'', auto-suficiência, força e [[agressividade]] e [[homofobia]]".<ref>{{citar livro|último1 =Levant |primeiro1 =Ronald F. |último2 =Kopecky |primeiro2 =Gini |título=Masculinity Reconstructed: Changing the Rules of Manhood—At Work, in Relationships, and in Family Life |local=New York |publicado=Dutton |ano=1995 |isbn=978-0452275416}}</ref> Estas normas reforçam o [[papel de gênero]] associando atributos e características a um gênero.<ref>{{citar jornal|último1 =Dornan |primeiro1 =Jennifer |título=Blood from the Moon:Gender Ideology and the Rise of Ancient Maya Social Complexity |ano=2004 |issn=0953-5233}}</ref>
As qualidades, características ou papéis masculinos são considerados típicos ou apropriados para um menino ou homem. Há graus de comparação: "muito masculino" e "mais masculino", e o oposto pode ser expresso por "não-másculo" ou "[[epiceno]]".<ref name="Roget">{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/31514503|título=Roget's II: The New Thesaurus|data=1995|editora=Houghton Mifflin Co.|edicao=Third|local=Boston|isbn=978-0395687222|oclc=31514503}}</ref> Semelhante à masculinidade é a [[virilidade]] (do [[latim]] ''vir'', "homem"). O conceito de masculinidade varia histórica e culturalmente; embora o [[Dândi]] tenha sido visto como um ideal de masculinidade do século XIX, é agora considerado [[efeminado]] pelos padrões modernos.<ref>{{citar livro|último =Reeser|primeiro =Todd|título=Masculinities in Theory: An Introduction|ano=2010|páginas=1–3|publicado=John Wiley and Sons|isbn=1444358537|url=https://books.google.com/books?id=YMnn8Zf0heoC}}</ref> As normas masculinas, como descrito na ''Masculinity Reconstructed'' ("Masculinidade Reconstruída") de Ronald F. Levant, são "evitação da feminilidade", emoções restritas, sexo desconectado da intimidade, busca de realização e ''status'', auto-suficiência, força e [[agressividade]] e [[homofobia]]".<ref>{{citar livro|último1 =Levant |primeiro1 =Ronald F. |último2 =Kopecky |primeiro2 =Gini |título=Masculinity Reconstructed: Changing the Rules of Manhood—At Work, in Relationships, and in Family Life |local=New York |publicado=Dutton |ano=1995 |isbn=978-0452275416}}</ref> Estas normas reforçam o [[papel de gênero]] associando atributos e características a um gênero.<ref>{{citar jornal|último1 =Dornan |primeiro1 =Jennifer |título=Blood from the Moon:Gender Ideology and the Rise of Ancient Maya Social Complexity |ano=2004 |issn=0953-5233}}</ref>


O estudo acadêmico da masculinidade recebeu atenção crescente durante o final dos anos 1980 e início dos anos 90, com o número de cursos sobre o assunto nos Estados Unidos subindo de 30 para mais de 300.<ref>{{citar livro|último =Bradley|primeiro =Rolla M.|título=Masculinity and Self Perception of Men Identified as Informal Leaders|ano=2008|publicado=ProQuest|isbn=0549473998|páginas=9|url=https://books.google.com/books?id=8MiVG4T2_eYC}}</ref> Isso desencadeou a investigação da interseção da masculinidade com outros eixos de discriminação social e conceitos de outros campos, como a [[construção social da diferença de gênero]].<ref name="Flood 2007 Viii">{{citar livro|último =Flood|primeiro =Michael|título=International Encyclopaedia of Men and Masculinities|ano=2007|publicado=Routledge|isbn=0415333431|páginas=Viii|url=https://books.google.com/books?id=EUON2SYps-QC}}</ref>
O estudo acadêmico da masculinidade recebeu atenção crescente durante o final dos anos 1980 e início dos anos 90, com o número de cursos sobre o assunto nos Estados Unidos subindo de 30 para mais de 300.<ref>{{citar livro|último =Bradley|primeiro =Rolla M.|título=Masculinity and Self Perception of Men Identified as Informal Leaders|ano=2008|publicado=ProQuest|isbn=0549473998|páginas=9|url=https://books.google.com/books?id=8MiVG4T2_eYC}}</ref> Isso desencadeou a investigação da interseção da masculinidade com outros eixos de discriminação social e conceitos de outros campos, como a [[construção social da diferença de gênero]].<ref name="Flood 2007 Viii">{{citar livro|último =Flood|primeiro =Michael|título=International Encyclopaedia of Men and Masculinities|ano=2007|publicado=Routledge|isbn=0415333431|páginas=Viii|url=https://books.google.com/books?id=EUON2SYps-QC}}</ref>
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A medida em que a masculinidade é [[inato ou adquirido|inata ou adquirida]] é debatida. A pesquisa genômica produziu informações sobre o desenvolvimento de características masculinas e o processo de diferenciação sexual específico do sistema reprodutivo humano. O fator determinante do testículo (também conhecido como proteína SRY) no [[cromossomo Y]], crítico para o desenvolvimento sexual masculino, ativa a proteína SOX9.<ref name="Moniot">{{citar periódico|último =Moniot |primeiro =Brigitte |último2 =Declosmenil |primeiro2 =Faustine |último3 =Barrionuevo |primeiro3 =Francisco |último4 =Scherer |primeiro4 =Gerd |último5 =Aritake |primeiro5 =Kosuke |último6 =Malki |primeiro6 =Safia |último7 =Marzi |primeiro7 =Laetitia |último8 =Cohen-Solal |primeiro8 =Ann |último9 =Georg |primeiro9 =Ina |último10 =Klattig |primeiro10 =Jürgen |último11 =Englert |primeiro11 =Christoph |último12 =Kim |primeiro12 =Yuna |último13 =Capel |primeiro13 =Blanche |último14 =Eguchi |primeiro14 =Naomi |último15 =Urade |primeiro15 =Yoshihiro |último16 =Boizet-Bonhoure |primeiro16 =Brigitte |último17 =Poulat |primeiro17 =Francis |ano=2009 |título=The PGD2 pathway, independently of FGF9, amplifies SOX9 activity in Sertoli cells during male sexual differentiation|periódico=Development| volume=136|número=11|páginas=1813–1821|publicado=The Company of Biologists Ltd. | pmid=19429785 | doi=10.1242/dev.032631}}</ref> SOX9 trabalha com a proteína SF1 para aumentar o nível de [[Hormônio antimülleriano]], reprimindo o desenvolvimento feminino enquanto ativando e formando um ''loop'' que se [[Alimentação avante|autoalimenta]] com a proteína FGF9; Isso cria as cordas dos testículos e é responsável pelas [[Célula de Sertoli|células de Sertoli]] que ajudam na produção de [[espermatozóide]]s.<ref>{{citar periódico|último1 = Kim |primeiro1 = Y.|último2 = Kobayashi |primeiro2 = A.|último3 = Sekido |primeiro3 = R.|último4 = Dinapoli |primeiro4 = L.|último5 = Brennan |primeiro5 = J.|último6 = Chaboissier |primeiro6 = M. C.|último7 = Poulat |primeiro7 = F.|último8 = Behringer |primeiro8 = R. R.|último9 = Lovell-Badge |primeiro9 = R.| doi = 10.1371/journal.pbio.0040187|último10 = Capel |primeiro10 = B.|título= Fgf9 and Wnt4 Act as Antagonistic Signals to Regulate Mammalian Sex Determination|periódico= PLoS Biology| volume = 4|número= 6|páginas= e187|ano= 2006| pmid = 16700629| pmc =1463023}}</ref>
A medida em que a masculinidade é [[inato ou adquirido|inata ou adquirida]] é debatida. A pesquisa genômica produziu informações sobre o desenvolvimento de características masculinas e o processo de diferenciação sexual específico do sistema reprodutivo humano. O fator determinante do testículo (também conhecido como proteína SRY) no [[cromossomo Y]], crítico para o desenvolvimento sexual masculino, ativa a proteína SOX9.<ref name="Moniot">{{citar periódico|último =Moniot |primeiro =Brigitte |último2 =Declosmenil |primeiro2 =Faustine |último3 =Barrionuevo |primeiro3 =Francisco |último4 =Scherer |primeiro4 =Gerd |último5 =Aritake |primeiro5 =Kosuke |último6 =Malki |primeiro6 =Safia |último7 =Marzi |primeiro7 =Laetitia |último8 =Cohen-Solal |primeiro8 =Ann |último9 =Georg |primeiro9 =Ina |último10 =Klattig |primeiro10 =Jürgen |último11 =Englert |primeiro11 =Christoph |último12 =Kim |primeiro12 =Yuna |último13 =Capel |primeiro13 =Blanche |último14 =Eguchi |primeiro14 =Naomi |último15 =Urade |primeiro15 =Yoshihiro |último16 =Boizet-Bonhoure |primeiro16 =Brigitte |último17 =Poulat |primeiro17 =Francis |ano=2009 |título=The PGD2 pathway, independently of FGF9, amplifies SOX9 activity in Sertoli cells during male sexual differentiation|periódico=Development| volume=136|número=11|páginas=1813–1821|publicado=The Company of Biologists Ltd. | pmid=19429785 | doi=10.1242/dev.032631}}</ref> SOX9 trabalha com a proteína SF1 para aumentar o nível de [[Hormônio antimülleriano]], reprimindo o desenvolvimento feminino enquanto ativando e formando um ''loop'' que se [[Alimentação avante|autoalimenta]] com a proteína FGF9; Isso cria as cordas dos testículos e é responsável pelas [[Célula de Sertoli|células de Sertoli]] que ajudam na produção de [[espermatozóide]]s.<ref>{{citar periódico|último1 = Kim |primeiro1 = Y.|último2 = Kobayashi |primeiro2 = A.|último3 = Sekido |primeiro3 = R.|último4 = Dinapoli |primeiro4 = L.|último5 = Brennan |primeiro5 = J.|último6 = Chaboissier |primeiro6 = M. C.|último7 = Poulat |primeiro7 = F.|último8 = Behringer |primeiro8 = R. R.|último9 = Lovell-Badge |primeiro9 = R.| doi = 10.1371/journal.pbio.0040187|último10 = Capel |primeiro10 = B.|título= Fgf9 and Wnt4 Act as Antagonistic Signals to Regulate Mammalian Sex Determination|periódico= PLoS Biology| volume = 4|número= 6|páginas= e187|ano= 2006| pmid = 16700629| pmc =1463023}}</ref>


Como uma criança desenvolve [[identidade de gênero]] também é debatido. Alguns acreditam que a masculinidade está ligada ao corpo masculino; Nesta visão, a masculinidade está associada à [[pénis humano| genitália masculina]].<ref name="Reeser 2010 3">{{citar livro|último =Reeser|primeiro =Todd|título=Masculinities in Theory: An Introduction|ano=2010|página=3|publicado=John Wiley and Sons|isbn=1444358537|url=https://books.google.com/books?id=YMnn8Zf0heoC}}</ref> Outros sugeriram que, embora a masculinidade possa ser influenciada pela biologia, é também uma construção cultural. Pesquisas recentes têm sido feitas sobre o auto-conceito de masculinidade e sua relação com a [[testosterona]]; Os resultados mostraram que a masculinidade não só difere em diferentes culturas, mas os níveis de testosterona não prevém o quão masculino ou feminino o indivíduo se sente.<ref name="Pletzer 2015">{{citar livro|último =Pletzer|primeiro =Belinda|título=Intereactive effects of culture and sex hormones on the role of self concept|ano=2015|páginas=1–10|publicado=Frontiers in Neuroscience|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4500910/}}</ref>
Como uma criança desenvolve [[identidade de gênero]] também é debatido. Alguns acreditam que a masculinidade está ligada ao corpo masculino; Nesta visão, a masculinidade está associada à [[pénis humano| genitália masculina]].<ref name="Reeser 2010 3">{{citar livro|último =Reeser|primeiro =Todd|título=Masculinities in Theory: An Introduction|ano=2010|página=3|publicado=John Wiley and Sons|isbn=1444358537|url=https://books.google.com/books?id=YMnn8Zf0heoC}}</ref> Outros sugeriram que, embora a masculinidade possa ser influenciada pela biologia, é também uma construção cultural. Pesquisas recentes têm sido feitas sobre o auto-conceito de masculinidade e sua relação com a [[testosterona]]; Os resultados mostraram que a masculinidade não só difere em diferentes culturas, mas os níveis de testosterona não prevém o quão masculino ou feminino o indivíduo se sente.<ref name="Pletzer 2015">{{Citar periódico |url=https://www.frontiersin.org/article/10.3389/fnins.2015.00240 |titulo=Interactive effects of culture and sex hormones on the sex role self-concept |data=2015 |acessodata=2021-12-24 |jornal=Frontiers in Neuroscience |ultimo=Pletzer |primeiro=Belinda |ultimo2=Petasis |primeiro2=Ourania |paginas=1-10 |doi=10.3389/fnins.2015.00240 |issn=1662-453X |pmc=4500910 |pmid=26236181 |ultimo3=Ortner |primeiro3=Tuulia |ultimo4=Cahill |primeiro4=Larry}}</ref>


== Libertação masculina ==
== Libertação masculina ==
{{Artigo principal|Libertação masculina}}
{{Artigo principal|Libertação masculina}}
O movimento de libertação masculina surge no final da [[Década de 1960]], a procura de entender como uma sociedade patriarcal também poderia afetar os homens..<ref>{{Citar web|titulo=The ‘Men’s Liberation’ Movement Time Forgot|url=https://www.vice.com/en_us/article/eve7zk/the-mens-liberation-movement-time-forgot|obra=Vice|data=2019-03-18|acessodata=2019-05-31|lingua=en-US|primeiro=Nona Willis|ultimo=Aronowitz|primeiro2=Kate|ultimo2=Dries}}</ref> O movimento surge como uma resposta ao crescimento do [[feminismo]], a [[contracultura]] da época, e a [[revolução sexual]] da época. Jack Sawyer publica ''On Male Liberation'' (''Sobre a Liberação Masculina'' em português), onde discutia as implicações negativas do estereótipo do homem ideal<ref>{{Citar periódico|ultimo=Sawyer|primeiro=Jack|titulo=On Male Liberation|url=https://www.academia.edu/33743560/On_Male_Liberation|lingua=en}}</ref>
O movimento de libertação masculina surge no final da [[Década de 1960]], a procura de entender como uma sociedade patriarcal também poderia afetar os homens.<ref>{{Citar web|titulo=The ‘Men’s Liberation’ Movement Time Forgot|url=https://www.vice.com/en_us/article/eve7zk/the-mens-liberation-movement-time-forgot|obra=Vice|data=2019-03-18|acessodata=2019-05-31|lingua=en-US|primeiro=Nona Willis|ultimo=Aronowitz|primeiro2=Kate|ultimo2=Dries}}</ref> O movimento surge como uma resposta ao crescimento do [[feminismo]], a [[contracultura]] da época, e a [[revolução sexual]] da época. Jack Sawyer publica ''On Male Liberation'' (''Sobre a Liberação Masculina'' em português), onde discutia as implicações negativas do estereótipo do homem ideal.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Sawyer|primeiro=Jack|titulo=On Male Liberation|url=https://www.academia.edu/33743560/On_Male_Liberation|lingua=en}}</ref>


== Masculinidade tóxica ==
== Masculinidade tóxica ==
'''Masculinidade tóxica''' é uma descrição estreita e repressiva da masculinidade que a designa como definida por violência, sexo, ''status'' e agressão,<ref name="Boyd2008">Craig A. Boyd (2008). [https://books.google.com/books?id=mHZhdok-XQsC&pg=PA52 ''Visions of Agapé: Problems and Possibilities in Human and Divine Love'']. Ashgate Publishing, Ltd. pp. 52–. ISBN 978-0-7546-5818-4.</ref> é o ideal cultural da masculinidade, onde a força é tudo, enquanto as emoções são uma fraqueza; sexo e brutalidade são padrões pelos quais os homens são avaliados, enquanto traços supostamente "femininos" - que podem variar de vulnerabilidade emocional a simplesmente não serem [[hipersexualidade|hipersexuais]] - são os meios pelos quais seu ''status'' como "homem" pode ser removido.<ref name="tgm">{{Citar web | url=https://goodmenproject.com/featured-content/the-difference-between-toxic-masculinity-and-being-a-man-dg/|título=The Difference Between Toxic Masculinity and Being A Man|acessodata=27/12/216|autor=Harris O'Malley|data= 27 de junho de 2016|formato= |publicado= The Good Men Project|páginas=|língua=inglês|citação=}}</ref> Alguns do efeitos da masculinidade tóxica estão a supressão de sentimentos, encorajamento da violência, falta de incentivo em procurar ajuda, perpetuação da [[cultura do estupro]], [[homofobia]], [[misoginia]].<ref name="6ty">{{Citar web | url=https://www.bustle.com/articles/143644-6-harmful-effects-of-toxic-masculinity|título=6 Harmful Effects Of Toxic Masculinity|acessodata=27/12/216|autor=Suzannah Weiss|data= 23 de fevereiro|formato= |publicado= Bustle|páginas=|língua=inglês|citação=}}</ref> [[racismo]] e [[machismo]].<ref name="Ph.D.2016">Hanalei Vierra Ph.D. (2016). [https://books.google.com/books?id=mN8nDQAAQBAJ&pg=PT105 ''The TRUE HEART of a MAN: How Healthy Masculinity Will Transform Your Life, Your Relationships, and the World'']. Balboa Press. p. 105. ISBN 978-1-5043-4652-8.</ref>
'''Masculinidade tóxica''' é uma descrição estreita e repressiva da masculinidade que a designa como definida por violência, sexo, ''status'' e agressão,<ref name="Boyd2008">{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=mHZhdok-XQsC&pg=PA52&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=Visions of Agapé: Problems and Possibilities in Human and Divine Love|ultimo=Boyd|primeiro=Craig A.|data=2008|editora=Ashgate Publishing, Ltd.|página=52|lingua=en|isbn=9780754658184}}</ref> é o ideal cultural da masculinidade, onde a força é tudo, enquanto as emoções são uma fraqueza; sexo e brutalidade são padrões pelos quais os homens são avaliados, enquanto traços supostamente "femininos" - que podem variar de vulnerabilidade emocional a simplesmente não serem [[hipersexualidade|hipersexuais]] - são os meios pelos quais seu ''status'' como "homem" pode ser removido.<ref name="tgm">{{Citar web|url=https://goodmenproject.com/featured-content/the-difference-between-toxic-masculinity-and-being-a-man-dg/|título=The Difference Between Toxic Masculinity and Being A Man|data=27 de junho de 2016|acessodata=27-12-2016|publicado=The Good Men Project|autor=Harris O'Malley|páginas=|língua=inglês|formato=|citação=}}</ref> Alguns do efeitos da masculinidade tóxica estão a supressão de sentimentos, encorajamento da violência, falta de incentivo em procurar ajuda, perpetuação da [[cultura do estupro]], [[homofobia]], [[misoginia]].<ref name="6ty">{{Citar web | url=https://www.bustle.com/articles/143644-6-harmful-effects-of-toxic-masculinity|título=6 Harmful Effects Of Toxic Masculinity|acessodata=27/12/216|autor=Suzannah Weiss|data= 23 de fevereiro|formato= |publicado= Bustle|páginas=|língua=inglês|citação=}}</ref> [[racismo]] e [[machismo]].<ref name="Ph.D.2016">{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=mN8nDQAAQBAJ&pg=PT105&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=The True Heart of a Man: How Healthy Masculinity Will Transform Your Life, Your Relationships, and the World|ultimo=Ph.D|primeiro=Hanalei Vierra|data=2016-09-16|editora=Balboa Press|página=105|lingua=en|isbn=9781504346528}}</ref>


A masculinidade tóxica é também tema recorrente do psiquiatra e autor norte-americano [[Frank Pittman]], especialmente as maneiras pelas quais a masculinidade tradicional literalmente prejudica os homens (Pittman, 1993). Os homens vivem sete anos menos do que as mulheres, têm taxas de mortalidade mais altas por homicídio, suicídio e acidentes além de serem as maiores vítimas de [[câncer de pulmão]] e [[cirrose]]. Pittman enfatiza que as normas da masculinidade exigem que a própria masculinidade seja perseguida por toda a vida. Pittman relaciona a masculinidade tóxica a homens que foram criados por mulheres sem terem um modelo masculino.<ref name="Dowd2000">Nancy E. Dowd (2000). [https://books.google.com/books?id=xjahBwAAQBAJ&pg=PT286 ''Redefining Fatherhood'']. NYU Press. p. 286. ISBN 978-0-8147-4403-1. {{en}}</ref>
A masculinidade tóxica é também tema recorrente do psiquiatra e autor norte-americano [[Frank Pittman]], especialmente as maneiras pelas quais a masculinidade tradicional literalmente prejudica os homens.<ref>(Pittman, 1993)</ref> Os homens vivem sete anos menos do que as mulheres, têm taxas de mortalidade mais altas por homicídio, suicídio e acidentes além de serem as maiores vítimas de [[câncer de pulmão]] e [[cirrose]]. Pittman enfatiza que as normas da masculinidade exigem que a própria masculinidade seja perseguida por toda a vida. Pittman relaciona a masculinidade tóxica a homens que foram criados por mulheres sem terem um modelo masculino.<ref name="Dowd2000">Nancy E. Dowd (2000). [https://books.google.com/books?id=xjahBwAAQBAJ&pg=PT286 ''Redefining Fatherhood'']. NYU Press. p. 286. ISBN 978-0-8147-4403-1. {{en}}</ref>


Nas últimas três décadas, cientistas sociais e o público em geral examinaram o conceito de masculinidade tóxica, enfocando atributos tradicionalmente masculinos que muitos perceberam como prejudiciais não só para as mulheres, mas também para os homens e para a sociedade. Em uma meta-análise de 78 estudos, incluindo 19.453 participantes, pesquisadores da Indiana University Bloomington e a Nanyang Technological University, em Cingapura, encontraram associações modestas mas negativas entre um número de normas masculinas e resultados de [[saúde mental]]. Essas normas sociais "masculinas" incluíam o desejo de ganhar, a necessidade de controle emocional, comportamentos de risco, violência, dominância, [[promiscuidade]] sexual, autossuficiência, alta importância atribuída ao trabalho, poder sobre as mulheres, desprezo pela homossexualidade e busca por ''status''.<ref name="Sexi">{{Citar web | url=http://www.popsci.com/research-shows-that-toxic-masculinity-is-harmful-to-mens-mental-health|título=Sexism my be bad for men's mental health|acessodata=27/12/216|autor=Peter Hess|data= 21 de novembro de 2016|formato= |publicado= Popular Science|páginas=|língua=inglês|citação=}}</ref> As três normas que os pesquisadores descobriram ter os efeitos negativos mais consistentes sobre a saúde mental dos homens foram a autossuficiência, a busca por promiscuidade sexual e poder sobre as mulheres.<ref name="Sexi"/>
Nas últimas três décadas, cientistas sociais e o público em geral examinaram o conceito de masculinidade tóxica, enfocando atributos tradicionalmente masculinos que muitos perceberam como prejudiciais não só para as mulheres, mas também para os homens e para a sociedade. Em uma meta-análise de 78 estudos, incluindo 19.453 participantes, pesquisadores da Indiana University Bloomington e a Nanyang Technological University, em Cingapura, encontraram associações modestas mas negativas entre um número de normas masculinas e resultados de [[saúde mental]]. Essas normas sociais "masculinas" incluíam o desejo de ganhar, a necessidade de controle emocional, comportamentos de risco, violência, dominância, [[promiscuidade]] sexual, autossuficiência, alta importância atribuída ao trabalho, poder sobre as mulheres, desprezo pela homossexualidade e busca por ''status''.<ref name="Sexi">{{Citar web|url=http://www.popsci.com/research-shows-that-toxic-masculinity-is-harmful-to-mens-mental-health|título=Sexism my be bad for men's mental health|data=21 de novembro de 2016|acessodata=27-12-2016|publicado=Popular Science|autor=Peter Hess|páginas=|língua=inglês|formato=|citação=}}</ref> As três normas que os pesquisadores descobriram ter os efeitos negativos mais consistentes sobre a saúde mental dos homens foram a autossuficiência, a busca por promiscuidade sexual e poder sobre as mulheres.<ref name="Sexi"/>


== Ver também ==
== Ver também ==

Revisão das 14h48min de 24 de dezembro de 2021

 Nota: "Masculino" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Masculino (desambiguação).
Durante a primeira metade do século XX, a imagem do homem másculo foi ligada ao trabalho braçal e à industrialização.

Masculinidade é um conjunto de atributos, comportamentos e papéis geralmente associados a meninos e homens. A masculinidade é construída socialmente, mas composta por tanto fatores socialmente definidos quanto biologicamente,[1][2][3] distintos da definição do sexo biológico masculino.[4][5] Ambos homens e mulheres podem exibir traços e comportamentos masculinos. Aqueles que exibem características masculinas e femininas são considerados andróginos e filósofos feministas argumentaram que a ambiguidade de gênero pode confundir a classificação de gênero.[6][7]

Traços masculinos incluem coragem, independência e assertividade.[8][9][10] Esses traços variam conforme o local e contexto e são influenciados por fatores sociais e culturais.[11] Uma ênfase excessiva na masculinidade e no poder, muitas vezes associada a um desrespeito pelas consequências e responsabilidades, é conhecida como machismo.[12]

Visão geral

As qualidades, características ou papéis masculinos são considerados típicos ou apropriados para um menino ou homem. Há graus de comparação: "muito masculino" e "mais masculino", e o oposto pode ser expresso por "não-másculo" ou "epiceno".[13] Semelhante à masculinidade é a virilidade (do latim vir, "homem"). O conceito de masculinidade varia histórica e culturalmente; embora o Dândi tenha sido visto como um ideal de masculinidade do século XIX, é agora considerado efeminado pelos padrões modernos.[14] As normas masculinas, como descrito na Masculinity Reconstructed ("Masculinidade Reconstruída") de Ronald F. Levant, são "evitação da feminilidade", emoções restritas, sexo desconectado da intimidade, busca de realização e status, auto-suficiência, força e agressividade e homofobia".[15] Estas normas reforçam o papel de gênero associando atributos e características a um gênero.[16]

O estudo acadêmico da masculinidade recebeu atenção crescente durante o final dos anos 1980 e início dos anos 90, com o número de cursos sobre o assunto nos Estados Unidos subindo de 30 para mais de 300.[17] Isso desencadeou a investigação da interseção da masculinidade com outros eixos de discriminação social e conceitos de outros campos, como a construção social da diferença de gênero.[18]

Desenvolvimento

Em muitas culturas, apresentar características não típicas do seu sexo pode ser um problema social. Na sociologia, esta rotulagem é conhecida como suposições de gênero e faz parte da socialização para satisfazer os costumes de uma sociedade. O comportamento não padronizado pode ser considerado indicativo de homossexualidade, apesar da expressão de gênero, a identidade de gênero e a orientação sexual serem amplamente aceitas como conceitos distintos.[19] Quando a sexualidade é definida em termos de escolha de objeto (como nos estudos iniciais da sexologia), a homossexualidade masculina é interpretada como efeminação.[20] A desaprovação social da masculinidade excessiva pode ser expressa como "machismo"[12]ou por neologismos como "envenenado por testosterona".[21]

Natureza versus criação

A medida em que a masculinidade é inata ou adquirida é debatida. A pesquisa genômica produziu informações sobre o desenvolvimento de características masculinas e o processo de diferenciação sexual específico do sistema reprodutivo humano. O fator determinante do testículo (também conhecido como proteína SRY) no cromossomo Y, crítico para o desenvolvimento sexual masculino, ativa a proteína SOX9.[22] SOX9 trabalha com a proteína SF1 para aumentar o nível de Hormônio antimülleriano, reprimindo o desenvolvimento feminino enquanto ativando e formando um loop que se autoalimenta com a proteína FGF9; Isso cria as cordas dos testículos e é responsável pelas células de Sertoli que ajudam na produção de espermatozóides.[23]

Como uma criança desenvolve identidade de gênero também é debatido. Alguns acreditam que a masculinidade está ligada ao corpo masculino; Nesta visão, a masculinidade está associada à genitália masculina.[24] Outros sugeriram que, embora a masculinidade possa ser influenciada pela biologia, é também uma construção cultural. Pesquisas recentes têm sido feitas sobre o auto-conceito de masculinidade e sua relação com a testosterona; Os resultados mostraram que a masculinidade não só difere em diferentes culturas, mas os níveis de testosterona não prevém o quão masculino ou feminino o indivíduo se sente.[25]

Libertação masculina

Ver artigo principal: Libertação masculina

O movimento de libertação masculina surge no final da Década de 1960, a procura de entender como uma sociedade patriarcal também poderia afetar os homens.[26] O movimento surge como uma resposta ao crescimento do feminismo, a contracultura da época, e a revolução sexual da época. Jack Sawyer publica On Male Liberation (Sobre a Liberação Masculina em português), onde discutia as implicações negativas do estereótipo do homem ideal.[27]

Masculinidade tóxica

Masculinidade tóxica é uma descrição estreita e repressiva da masculinidade que a designa como definida por violência, sexo, status e agressão,[28] é o ideal cultural da masculinidade, onde a força é tudo, enquanto as emoções são uma fraqueza; sexo e brutalidade são padrões pelos quais os homens são avaliados, enquanto traços supostamente "femininos" - que podem variar de vulnerabilidade emocional a simplesmente não serem hipersexuais - são os meios pelos quais seu status como "homem" pode ser removido.[29] Alguns do efeitos da masculinidade tóxica estão a supressão de sentimentos, encorajamento da violência, falta de incentivo em procurar ajuda, perpetuação da cultura do estupro, homofobia, misoginia.[30] racismo e machismo.[31]

A masculinidade tóxica é também tema recorrente do psiquiatra e autor norte-americano Frank Pittman, especialmente as maneiras pelas quais a masculinidade tradicional literalmente prejudica os homens.[32] Os homens vivem sete anos menos do que as mulheres, têm taxas de mortalidade mais altas por homicídio, suicídio e acidentes além de serem as maiores vítimas de câncer de pulmão e cirrose. Pittman enfatiza que as normas da masculinidade exigem que a própria masculinidade seja perseguida por toda a vida. Pittman relaciona a masculinidade tóxica a homens que foram criados por mulheres sem terem um modelo masculino.[33]

Nas últimas três décadas, cientistas sociais e o público em geral examinaram o conceito de masculinidade tóxica, enfocando atributos tradicionalmente masculinos que muitos perceberam como prejudiciais não só para as mulheres, mas também para os homens e para a sociedade. Em uma meta-análise de 78 estudos, incluindo 19.453 participantes, pesquisadores da Indiana University Bloomington e a Nanyang Technological University, em Cingapura, encontraram associações modestas mas negativas entre um número de normas masculinas e resultados de saúde mental. Essas normas sociais "masculinas" incluíam o desejo de ganhar, a necessidade de controle emocional, comportamentos de risco, violência, dominância, promiscuidade sexual, autossuficiência, alta importância atribuída ao trabalho, poder sobre as mulheres, desprezo pela homossexualidade e busca por status.[34] As três normas que os pesquisadores descobriram ter os efeitos negativos mais consistentes sobre a saúde mental dos homens foram a autossuficiência, a busca por promiscuidade sexual e poder sobre as mulheres.[34]

Ver também

Referências

  1. Marianne van den Wijngaard (1997). Reinventing the sexes: the biomedical construction of femininity and masculinity. Race, gender, and science. [S.l.]: Indiana University Press. pp. 171 pages. ISBN 0-253-21087-9. Consultado em 3 de junho de 2011 
  2. Hale Martin, Stephen Edward Finn (2010). Masculinity and Femininity in the MMPI-2 and MMPI-A. [S.l.]: U of Minnesota Press. pp. 310 pages. ISBN 0-8166-2445-3. Consultado em 3 de junho de 2011 
  3. Richard Dunphy (2000). Sexual politics: an introduction. [S.l.]: Edinburgh University Press. pp. 240 pages. ISBN 0-7486-1247-5. Consultado em 3 de junho de 2011 
  4. Ferrante, Joan. Sociology: A Global Perspective 7th ed. Belmont, CA: Thomson Wadsworth. pp. 269–272. ISBN 0-8400-3204-8 
  5. Gender, Women and Health: What do we mean by "sex" and "gender"?', The World Health Organization
  6. Butler, Judith (2 de setembro de 1999). Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity 2 ed. New York: Routledge. ISBN 9780203902752 
  7. Laurie, Timothy (1 de janeiro de 2014). Ian Davis, Dr, ed. «The ethics of nobody I know: gender and the politics of description». Qualitative Research Journal. 14 (1): 64–78. ISSN 1443-9883. doi:10.1108/QRJ-03-2014-0011. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  8. Vetterling-Braggin, Mary "Femininity," "masculinity," and "androgyny": a modern philosophical discussion
  9. Encyclopedia of Women and Gender: Sex Similarities and Differences and the Impact of Society on Gender. Judith Worell. San Diego, Calif.: Academic Press. 2001. ISBN 9780122272462. OCLC 47901444 
  10. Thomas, R. Murray (2000). Recent Theories of Human Development. [S.l.]: Sage Publications. p. 248. ISBN 0761922474. As feministas de gênero também consideram os traços femininos tradicionais (gentileza, modéstia, humildade, sacrifício, apoio, empatia, compaixão, ternura, nutrição, intuição, sensibilidade, altruísmo) moralmente superiores aos traços masculinos tradicionais (coragem, vontade forte, ambição, independência, assertividade , Iniciativa, racionalidade e controle emocional). 
  11. Witt, edited by Charlotte (2010). Feminist Metaphysics: Explorations in the Ontology of Sex, Gender and Identity. Dordrecht: Springer. p. 77. ISBN 90-481-3782-9 
  12. a b «Machismo (exaggerated masculinity) - Encyclopædia Britannica» online ed. Encyclopædia Britannica, Inc. Consultado em 6 de março de 2015 
  13. Roget's II: The New Thesaurus Third ed. Boston: Houghton Mifflin Co. 1995. ISBN 978-0395687222. OCLC 31514503 
  14. Reeser, Todd (2010). Masculinities in Theory: An Introduction. [S.l.]: John Wiley and Sons. pp. 1–3. ISBN 1444358537 
  15. Levant, Ronald F.; Kopecky, Gini (1995). Masculinity Reconstructed: Changing the Rules of Manhood—At Work, in Relationships, and in Family Life. New York: Dutton. ISBN 978-0452275416 
  16. Dornan, Jennifer (2004). «Blood from the Moon:Gender Ideology and the Rise of Ancient Maya Social Complexity». ISSN 0953-5233 
  17. Bradley, Rolla M. (2008). Masculinity and Self Perception of Men Identified as Informal Leaders. [S.l.]: ProQuest. 9 páginas. ISBN 0549473998 
  18. Flood, Michael (2007). International Encyclopaedia of Men and Masculinities. [S.l.]: Routledge. pp. Viii. ISBN 0415333431 
  19. «Gender Identity and Expression Issues at Colleges and Universities». National Association of College and University Attorneys. 2 de junho de 2005. Consultado em 2 de abril de 2007 
  20. «Chrysler TV ad criticized for using gay stereotypes». O Advogado. 7 de abril de 2006. Consultado em 7 de abril de 2007. Arquivado do original em 23 de abril de 2006 
  21. Alan Alda, "What Every Woman Should Know About Men", Ms., New York, October 1975
  22. Moniot, Brigitte; Declosmenil, Faustine; Barrionuevo, Francisco; Scherer, Gerd; Aritake, Kosuke; Malki, Safia; Marzi, Laetitia; Cohen-Solal, Ann; Georg, Ina; Klattig, Jürgen; Englert, Christoph; Kim, Yuna; Capel, Blanche; Eguchi, Naomi; Urade, Yoshihiro; Boizet-Bonhoure, Brigitte; Poulat, Francis (2009). «The PGD2 pathway, independently of FGF9, amplifies SOX9 activity in Sertoli cells during male sexual differentiation». The Company of Biologists Ltd. Development. 136 (11): 1813–1821. PMID 19429785. doi:10.1242/dev.032631 
  23. Kim, Y.; Kobayashi, A.; Sekido, R.; Dinapoli, L.; Brennan, J.; Chaboissier, M. C.; Poulat, F.; Behringer, R. R.; Lovell-Badge, R.; Capel, B. (2006). «Fgf9 and Wnt4 Act as Antagonistic Signals to Regulate Mammalian Sex Determination». PLoS Biology. 4 (6): e187. PMC 1463023Acessível livremente. PMID 16700629. doi:10.1371/journal.pbio.0040187 
  24. Reeser, Todd (2010). Masculinities in Theory: An Introduction. [S.l.]: John Wiley and Sons. p. 3. ISBN 1444358537 
  25. Pletzer, Belinda; Petasis, Ourania; Ortner, Tuulia; Cahill, Larry (2015). «Interactive effects of culture and sex hormones on the sex role self-concept». Frontiers in Neuroscience: 1-10. ISSN 1662-453X. PMC 4500910Acessível livremente. PMID 26236181. doi:10.3389/fnins.2015.00240. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  26. Aronowitz, Nona Willis; Dries, Kate (18 de março de 2019). «The 'Men's Liberation' Movement Time Forgot». Vice (em inglês). Consultado em 31 de maio de 2019 
  27. Sawyer, Jack. «On Male Liberation» (em inglês) 
  28. Boyd, Craig A. (2008). Visions of Agapé: Problems and Possibilities in Human and Divine Love (em inglês). [S.l.]: Ashgate Publishing, Ltd. p. 52. ISBN 9780754658184 
  29. Harris O'Malley (27 de junho de 2016). «The Difference Between Toxic Masculinity and Being A Man» (em inglês). The Good Men Project. Consultado em 27 de dezembro de 2016 
  30. Suzannah Weiss (23 de fevereiro). «6 Harmful Effects Of Toxic Masculinity» (em inglês). Bustle. Consultado em 27 de dezembro de 216  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  31. Ph.D, Hanalei Vierra (16 de setembro de 2016). The True Heart of a Man: How Healthy Masculinity Will Transform Your Life, Your Relationships, and the World (em inglês). [S.l.]: Balboa Press. p. 105. ISBN 9781504346528 
  32. (Pittman, 1993)
  33. Nancy E. Dowd (2000). Redefining Fatherhood. NYU Press. p. 286. ISBN 978-0-8147-4403-1. (em inglês)
  34. a b Peter Hess (21 de novembro de 2016). «Sexism my be bad for men's mental health» (em inglês). Popular Science. Consultado em 27 de dezembro de 2016