Cor do solo

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A cor de cada amostra de solo é codificada por comparação com a tabela de cores de Munsell (Munsell Soil Color Chart).
Observação in situ do perfil de um podzol. Cada um dos horizontes é uma camada que pode ser identificada e distinguida pela sua cor, bem como pelas suas características físicas, químicas e biológicas.

Cor do solo (ou coloração do solo) é um parâmetro físico, ou atributo, amplamente utilizado para caracterizar os solos e os seus horizontes em estudos de pedologia ou agronomia, especialmente quando se pretenda utilizar os sistemas de classificação de solos. Apesar da cor do solo não afetar o comportamento agronómico e o uso potencial do solo, pode ser um importante indicador da composição do solo e das condições em que o solo se formou e daquelas a que está submetido.[1][2][3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O solo pode exibir uma ampla gama de cores: cinza, preto, branco, vermelho, castanho, amarelo e verde.[1] Faixas horizontais de diferentes cores no solo frequentemente identificam um horizonte específico. O desenvolvimento e distribuição da cor no solo resulta da meteorização química e biológica, especialmente das reacções redox. À medida que os minerais primários do material parental do solo vão sendo meteorizados, os elementos constituintes combinam-se em compostos novos, geralmente com cores distintas. As condições do solo produzem mudanças de cor uniformes ou graduais, enquanto os ambientes redutores resultam em fluxo de cor interrompido com padrões complexos e manchados e pontos de concentração de cor.

A cor do solo é produzida pelos minerais e pelo teor de matéria orgânica presentes em cada horizonte so solo. Solo amarelo ou vermelho indica a presença de óxidos férricos.[1] O solo húmido aparecerá mais escuro do que o solo seco.[1] No entanto, a presença de água também afecta a cor do solo, alterando a taxa de oxidação. O solo que tem um alto teor de água terá menos ar no solo, especificamente menos oxigénio. Em solos bem drenados, e, portanto, ricos em oxigénio, as cores vermelha e castanha causadas por oxidação são mais comuns, ao contrário de solos húmidos (com baixo teor de oxigénio), onde o solo geralmente aparece cinza ou esverdeado pela presença de óxido de ferro (ferroso) reduzido.[1] A presença de outros minerais também pode afetar a cor do solo. O óxido de manganês causa uma cor preta, glauconite torna o solo verde e calcite pode fazer o solo em regiões áridas parecer branco.[1]

A matéria orgânica tende a tornar a cor do solo mais escura. Húmus, o estágio final da decomposição da matéria orgânica, é preto. Ao longo das etapas de decomposição da matéria orgânica, a cor conferida ao solo varia do castanho ao preto. O teor de sódio influencia a intensidade da cor da matéria orgânica e, portanto, do solo. O sódio faz com que a matéria orgânica (húmus) se disperse mais rapidamente e se espalhe sobre as partículas do solo, tornando o solo mais escuro (mais preto).[4]

Os solos que acumulam carvão vegetal exibem uma cor preta.[5][6]

Frequentemente descritas usando termos gerais, como castanho escuro, castanho amarelado, ou combinações similares, as cores do solo também são descritas mais tecnicamente usando o sistema de cores de Munsell e a correspondente tabela de cores do solo, que separam as cores em componentes de matiz (relação com vermelho, amarelo e azul), luminosidade (claridade ou escuridão) e cromatismo (palidez ou força).

Na avaliação das características do solo, a cor é considerada uma propriedade do solo que pode ser descrita quanto aos seguintes parâmetros:

  • o matiz — proporções das cores vermelha e amarela;
  • o valor — proporções das cores preta e branca;
  • a croma — proporções de vermelho, amarelo, preto e branco, ou pureza da cor, considerando as diferentes proporções das cores preta e branca para determinado matiz.

A Carta de Munsell é a mais utilizada nas comparações das cores dos solos. Naquela tabela, o croma é indicada no sentido horizontal, variando de 0 a 8, e na anotação da cor refere-se ao denominador. No exemplo: 5 YR 4/3, o croma corresponde ao número 3.

Referências

  1. a b c d e f Brady, Nyle C. & Ray R. Weil Elements of the Nature and Properties of Soils, page 95. Prentice Hall, 2006.
  2. Embrapa: Cor do solo.
  3. Cor do solo.
  4. «Interpreting Soil Colour». Victorian Resources Online. Consultado em 15 janeiro 2017 
  5. Krug, Edward C.; Hollinger, Steven E. (2003). «Identification of Factors that Aid Carbon Sequestration in Illinois Agricultural Systems» (PDF). Champaign, Illinois: Illinois State Water Survey. p. 10. Consultado em 6 de janeiro de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 9 de agosto de 2017. While humus (especially in organomineral form) helps give soils a black color (Duchaufour, 1978), the literature shows correlation between forest and grassland soil color to BC - the blacker the soil the higher its BC content (Schmidt and Noack, 2000) 
  6. Gonzalez-Perez, Jose A.; Gonzalez-Vila, Francisco J.; Almendros, Gonzalo; Knicker, Heike (2004). «The effect of fire on soil organic matter-a review» (PDF). Elsevier. Environment International. 30 (6): 855–870. PMID 15120204. doi:10.1016/j.envint.2004.02.003. Consultado em 4 de janeiro de 2019. As a whole, BC represents between 1 and 6% of the total soil organic carbon. It can reach 35% in Terra Preta Oxisols (Brazilian Amazonia) (Glaser et al., 1998, 2000) up to 45 % in some chernozemic soils from Germany (Schmidt et al., 1999), and up to 60% in black Chernozem from Canada (Saskatchewan) (Ponomarenko and Anderson, 1999) 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]