Eleições estaduais no Rio Grande do Norte em 1965

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1962 Brasil 1966
Eleições estaduais no  Rio Grande do Norte em 1965
3 de outubro de 1965
(Turno único)
Candidato Walfredo Gurgel Dinarte Mariz
Partido PSD UDN
Natural de Caicó, RN Serra Negra do Norte, RN
Vice Clóvis Motta Tarcísio Maia
Votos 151.349 124.119
Porcentagem 54,94% 45,06%
Candidato mais votado por município (150):
  Walfredo Gurgel (94)
  Dinarte Mariz (56)

Titular
Aluizio Alves
PSD

As eleições estaduais no Rio Grande do Norte em 1965 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições gerais em onze estados cujos governadores exerciam um mandato de cinco anos, não obstante a anulação do pleito em Alagoas por razões legais.[1][2][nota 1][nota 2][nota 3]

Na última eleição direta para o governo estadual realizada antes da imposição do bipartidarismo pelo Regime Militar de 1964 os potiguares assistiram a uma reedição do embate havido em 1960 entre as forças políticas comandadas por Aluizio Alves e Dinarte Mariz e se naquela ocasião Alves triunfou sobre Djalma Marinho, desta vez a derrota afligiu ao próprio Mariz numa peleja contra Walfredo Gurgel. Durante a campanha os simpatizantes de Gurgel e de seu padrinho político ostentavam bandeiras verdes como símbolo e seus adversários tinham o emblema das bandeiras vermelhas ornadas com um chapéu de palha ao fundo.[3]

O novo governador potiguar nasceu em Caicó e possui graduação em Filosofia e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma e no curso de sua vida sacerdotal recebeu o título eclesiástico de monsenhor. Vigário das paróquias de Acari e Caicó, dirigiu o Colégio Diocesano Seridoense em sua cidade natal, bem como foi professor e reitor do Seminário Maior de Natal. Walfredo Gurgel entrou para a política através do PSD ao eleger-se eleito deputado federal em 1945, condição que lhe permitiu atuar na Assembleia Nacional Constituinte responsável pela Constituição de 1946,[4] embora não tenha obtido novos mandatos.[5] Seu regresso à vida pública aconteceu em 1960 quando foi eleito vice-governador na chapa de Aluizio Alves, de quem recebeu apoio para eleger-se senador em 1962 e governador em 1965.[6]

Graduado em Engenharia Química na Universidade Federal de Pernambuco,[nota 4] Clóvis Motta é também advogado pela Universidade Federal de Alagoas.[7] Paraibano de Campina Grande, sua carreira política começou via PTB elegendo-se deputado estadual em 1954 e no curso do seu mandato presidiu a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte. Eleito deputado federal pelo PSD em 1958 e reeleito no PTB em 1962, nesta legenda foi eleito vice-governador do Rio Grande do Norte em aliança com Walfredo Gurgel em 1965.[nota 5]

Como o governador eleito do Rio Grande do Norte exercia o mandato de senador teve que abdicar de seu posto em Brasília para assumir o Palácio Potengi e assim foi efetivado o médico Manuel Vilaça. Nascido em São João do Sabugi e formado na Universidade Federal de Pernambuco, fez cursos de administração, puericultura, alimentação, fisiologia e dietética junto ao Ministério da Saúde e um curso de proteção social à infância em Paris. Prestou serviços à Legião Brasileira de Assistência em dois estados nordestinos, presidiu o Conselho Nacional de Saúde e foi ministro da Saúde ao final da gestão de Tancredo Neves como primeiro-ministro na fase parlamentarista do Governo João Goulart. Ato contínuo, foi eleito suplente do senador Walfredo Gurgel sob a legenda do PSD em 1962 sendo efetivado após a renúncia do titular.[8][9][10]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 275.468 votos nominais, 2.296 votos em branco (0,82%) e 3.361 votos nulos (1,19%), resultando no comparecimento de 281.125 eleitores.[1][11]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Walfredo Gurgel
PSD
Clóvis Motta
PTB
-
PSD, PTB
151.349
54,94%
Dinarte Mariz
UDN
Tarcísio Maia
UDN
-
UDN (sem coligação)
124.119
45,06%
  Eleito

Bancada federal após o bipartidarismo[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. A Emenda Constitucional nº 13 promulgada à 8 de abril de 1965 exigia a maioria absoluta de votos para homologar o resultado, quórum inexistente no caso alagoano.
  2. Alagoas, Goiás, Guanabara, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
  3. Os governadores eleitos em 1947 terminariam seus mandatos no mesmo dia que o presidente Eurico Gaspar Dutra e a partir de então alguns estados fixaram em cinco anos o mandato de seus governadores na ausência de uma vedação constitucional, e assim os estados acima faziam eleições a cada lustro. Goiás aderiu à regra do quinquênio em 1960, bem como a Guanabara, criada no referido ano.
  4. Na época a instituição na qual se formou era a Universidade do Recife, depois integrada à Universidade Federal de Pernambuco.
  5. Clóvis Motta renunciou ao mandato de deputado federal em prol de Grimaldi Ribeiro a fim de assumir o mandato de vice-governador.

Referências

  1. a b «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 28 de dezembro de 2019 
  2. «BRASIL. Presidência da República: Emenda Constitucional n.º 13 de 08/04/1965». Consultado em 8 de agosto de 2017 
  3. Eleições no domingo em 11 estados: R. G. do Norte (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 30/09/1965. Geral, p. 10. Página visitada em 13 de agosto de 2017.
  4. «BRASIL. Presidência da República: Constituição de 1946». Consultado em 13 de agosto de 2017 
  5. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Walfredo Gurgel». Consultado em 28 de dezembro de 2019 
  6. «Senado Federal do Brasil: senador Walfredo Gurgel». Consultado em 13 de agosto de 2017 
  7. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Clóvis Mota». Consultado em 28 de dezembro de 2019 
  8. «Senado Federal do Brasil: senador Manuel Vilaça». Consultado em 13 de agosto de 2017 
  9. «CPDOC – A trajetória política de João Goulart: biografia de Manuel Vilaça». Consultado em 13 de agosto de 2017 
  10. Manuel Vilaça morreu (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 02/12/1971. Primeiro caderno, p. 07. Página visitada em 13 de agosto de 2017.
  11. «BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral: Dados estatísticos – eleições federais e estaduais realizadas no Brasil em 1965 e 1966. v. 8». Consultado em 9 de agosto de 2017