Guilherme de Monferrato, conde de Jafa e Ascalão
Guilherme de Monferrato | |
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Guilherme de Monferrato (início da década de 1140 — Ascalão, junho de 1177), cognominado Guilherme Longa-Espada (Guglielmo Lungaspada ou Spadalunga em italiano, Guilhelm Longa-Espia em occitano, Gullielmus Spatam-longam em latim), foi conde de Jafa e Ascalão jure uxoris de 1176 até à sua morte, pelo seu casamento com Sibila de Jerusalém.
A sua família ficou intimamente ligada às cruzadas: primogénito do marquês Guilherme V de Monferrato com Judite de Babemberga, o seu pai participou da Segunda Cruzada (e voltaria à Terra Santa pelo nascimento do seu filho Balduíno V); o seu irmão Conrado participou da Terceira Cruzada e foi rei de Jerusalém; e outro irmão, Bonifácio I, foi um dos principais líderes da Quarta Cruzada. Era também sobrinho de Conrado III da Germânia, primo de Frederico Barbarossa e de Luís VII de França.
“Minha canção, não irás tu ao ultramar,
e, por Deus, dizer à minha senhora
que em grande dor e desgosto
me faz estar noite e dia.
Diz a Guilherme Longa Espada,
boa canção, que ele te dê a ela
e depois vai a ela confortá-la.”
— Tradução livre de Em abril, quando vejo verdejar, Peire Bremon lo Tort[1]
A primeira menção conhecida ao epíteto Longa Espada de Guilherme (alegadamente referente à sua proeza militar e que o diferenciava do pai, conhecido como Guilherme o Velho) encontra-se na canção En abril, quan vei verdeyar, composta no final de 1176 ou início de 1177 pelo trovador Peire Bremon lo Tort.[1] Guilherme de Tiro converteu o seu nome em latim para Longaspata na sua Historia rerum in partibus transmarinis gestarum,[2] escrita no início da década de 1180 e usada desde então pelos historiadores.
Apesar das suas boas perspectivas como herdeiro de um dos grandes senhores do norte da Itália, com muitas ligações a tronos reais e imperiais, e da beleza física comum à sua família, só se casou depois dos 30 anos de idade. Em 1167, o seu pai tentara combinar casamentos para Guilherme e Conrado com as filhas de Henrique II da Inglaterra ou as irmãs de Guilherme I da Escócia - mas as negociações falhariam: com a Inglaterra devido à consanguinidade (a sua mãe era parente de Leonor da Aquitânia); com a Escócia porque entretanto essas princesas casaram-se.
Em 1176, Guilherme Longa Espada foi escolhido pelo conde Raimundo III de Trípoli e por Balduíno IV de Jerusalém para se casar com a irmã do rei leproso, Sibila. Foi enviada uma missão diplomática a Monferrato, e tanto Guilherme V como o seu filho consentiram com o matrimónio. Desembarcado em Sídon em outubro, prestou imediatamente o juramento de vassalagem a Balduíno IV e consumou a união.
Com o casamento recebeu o Condado de Jafa e Ascalão para seus domínios no Levante, e esperava-se que subisse ao trono com Sibila assim que Balduíno ficasse incapacitado. O cronista Guilherme de Tiro descreveu o conde como alto, loiro e belo; inteligente, corajoso, guerreiro experiente, generoso, honesto e despretensioso, com tendência a comer e beber copiosamente, mas não de modo a toldar o seu raciocínio.[2][3]
Com a autorização do rei, Guilherme e Reinaldo de Châtillon concederam terras à nova ordem militar castelhana de Montjoie, comandada pelo conde Rodrigo Álvarez de Sarria. Mas as actividades do conde de Jafa e Ascalão no Ultramar seriam breves: adoeceu com uma febre, provavelmente malária[4] em Ascalão em abril de 1177, e lá morreu em junho,[3] deixando Sibila grávida com o futuro rei Balduíno V. O seu corpo foi levado para Jerusalém e sepultado no Hospital de São João.
Referências
- ↑ a b «Tradução por James H. Donalson de En abril, quan vei verdeyar, com o original em occitano de Peire Bremon lo Tort» (em inglês)
- ↑ a b «Tradução da Historia rerum in partibus transmarinis gestarum de Guilherme de Tiro em francês antigo, Internet Medieval Sourcebook» (em francês)
- ↑ a b Pierre Aubé (1996) [1981]. Baudouin IV de Jérusalem, le roi lépreux (em francês) col. «Pluriel» ed. [S.l.]: Hachette. pp. 127–9. ISBN 2-01-278807-6
- ↑ René Grousset (2006) [1935]. Histoire des croisades et du royaume franc de Jérusalem. vol. II. 1131-1187 L'équilibre (em francês). Paris: Perrin. 602 páginas. ISBN 978-0-521-62566-1
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- «Genealogia dos Condes de Jafa, Foundation for Medieval Genealogy» (em inglês)
- «Genealogia dos marqueses de Monferrato, Foundation for Medieval Genealogy» (em inglês)
- «Walter Haberstumpf. Dinastie europee nel Mediterraneo orientale. I Monferrato e i Savoia nei secoli XII–XV, 1995)» (em italiano)
- Bernard Hamilton (2000). The Leper King and His Heirs: Baldwin IV and the Crusader Kingdom of Jerusalem (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-64187-X
- Steven Runciman (1952). A History of the Crusades Vol. II: The Kingdom of Jerusalem and the Frankish East, 1100-1187 (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press
- Leopoldo Usseglio (1926). I Marchesi di Monferrato in Italia ed in Oriente durante i secoli XII e XIII (em italiano). [S.l.: s.n.]
- René Grousset (1979) [1949]. L'Empire du Levant: Histoire de la Question d'Orient (em francês). Paris: Payot. pp. 231–37. ISBN 2-228-12530-X
Precedido por Amalrico I (1151-1163) (concessão por apanágio real de Balduíno IV de Jerusalém) |
Conde de Jafa e Ascalão jure uxoris com Sibila 1176–1177 |
Sucedido por Sibila de Jerusalém |