HD 162020

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HD 162020
Dados observacionais (J2000)
Constelação Scorpius
Asc. reta 17h 50m 38,36s[1]
Declinação -40° 19′ 06,07″[1]
Magnitude aparente 9,12[1]
Características
Tipo espectral K3V[1]
Cor (B-V) 0,99[1]
Astrometria
Velocidade radial -27,328 ± 0,002 km/s[2]
Mov. próprio (AR) 19,41 mas/a[3]
Mov. próprio (DEC) -25,80 mas/a[3]
Paralaxe 31,8624 ± 0,0622 mas[3]
Distância 102,4 ± 0,2 anos-luz
31,38 ± 0,06 pc
Magnitude absoluta 6,64
Detalhes
Massa 0,75 ± 0,01[4] M
Raio 0,68 ± 0,01[4] R
Gravidade superficial log g = 4,63 ± 0,01 cgs[4]
Luminosidade 0,22 ± 0,01[4] L
Temperatura 4807 ± 17[4] K
Metalicidade [Fe/H] = -0,10 ± 0,05[5]
Rotação v sin i = 1,9 km/s[2]
Idade 3,1 ± 2,7 bilhões[4] de anos
Outras denominações
CD-40 11894, HD 162020, HIP 87330.[1]
HD 162020

HD 162020 é uma estrela na constelação de Scorpius. Tem uma magnitude aparente visual de 9,12,[1] sendo invisível a olho nu. De acordo com dados de paralaxe, do terceiro lançamento do catálogo Gaia, está localizada a uma distância de 102,4 anos-luz (31,4 parsecs) da Terra.[3] Isso corresponde a uma magnitude absoluta de 6,64.

Esta estrela é uma anã laranja com um tipo espectral de K3V e uma massa de cerca de 75% da massa solar. Em 2000, foi anunciada a descoberta de uma provável anã marrom ao seu redor.[6]

Características[editar | editar código-fonte]

HD 162020 é uma estrela de classe K da sequência principal (anã laranja) com um tipo espectral de K3V,[1] o que indica que é menor, menos luminosa e mais fria que o Sol. Possui uma massa estimada de 75% da massa solar e um raio de 68% do raio solar. Sua fotosfera está irradiando energia com 22% da luminosidade solar e tem uma temperatura efetiva de 4 870 K.[4] A estrela tem uma metalicidade, a abundância de elementos além de hidrogênio e hélio, um pouco inferior à do Sol, com uma concentração de ferro equivalente a 80% da solar.[5]

HD 162020 apresenta um alto nível de atividade cromosférica, evidenciado por uma forte linha de emissão de cálcio ionizado (Ca II) em 3968,5 Å (linha H). Os dados fotométricos obtidos pela sonda Hipparcos possuem uma alta dispersão (desvio padrão de 0,018 magnitudes), o que provavelmente é causado por atividade estelar. Um alto nível de atividade geralmente está associado a uma baixa idade, mas é incerto se esse é o caso para HD 162020, já que a presença da anã marrom tão próxima pode ter aumentado a rotação da estrela e consequentemente a atividade.[2] Um estudo de 2007 não encontrou evidências de baixa idade na concentração de lítio ou na cinemática da estrela.[7]

Atualmente se aproximando do Sistema Solar com uma velocidade radial de -27,3 km/s[2] e um baixo movimento próprio de 32,4 milissegundos de arco por ano,[1] HD 162020 fará sua maior aproximação em cerca de um milhão de anos, quando chegará a uma distância mínima de aproximadamente 15,7 anos-luz (4,8 parsecs) do Sol.[8] Sua magnitude aparente a essa distância seria de 5,1.

Sistema planetário[editar | editar código-fonte]

Em abril de 2000, o Observatório Europeu do Sul anunciou a descoberta de uma provável anã marrom orbitando HD 162020.[6] Sua órbita tem um período de 8,43 dias e uma alta excentricidade de 0,28. A detecção foi feita pelo método da velocidade radial como parte da busca por planetas extrassolares do espectrógrafo CORALIE, localizado no Telescópio Suíço Euler, no Observatório de La Silla. Devido à alta semiamplitude observada da órbita (1,813 km/s), os 46 dados de velocidade radial obtidos permitiram a criação de uma solução orbital muito precisa, com um desvio médio de apenas 8,1 m/s em relação à melhor solução.[2]

Esse objeto tem uma massa mínima de 14,4 vezes a massa de Júpiter, próxima do limite entre planetas e anãs marrons, e orbita a estrela a uma distância média de apenas 0,074 UA. Como não é conhecida a inclinação da órbita, é possível que o objeto seja uma estrela de baixa massa, mas considerações de dissipação de energia por forças de maré indicam que uma massa baixa é mais provável.[2] Os dados astrométricos da sonda Hipparcos não conseguiram impor um limite máximo significativo para a massa do objeto. Anãs marrons orbitando estrelas parecidas com o Sol são extremamente raras, com uma taxa de ocorrência inferior a 0,6%.[9]

O sistema HD 162020 [2]
Planeta Massa
Semieixo maior
(UA)
Período orbital
(dias)
Excentricidade
b >14,4 MJ
0,074
8,428198 ± 0,000056
0,2770 ± 0,0020

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i «HD 162020 -- Star». SIMBAD. Centre de Données astronomiques de Strasbourg. Consultado em 10 de março de 2018 
  2. a b c d e f g Udry, S.; et al. (julho de 2002). «The CORALIE survey for southern extra-solar planets. VIII. The very low-mass companions of HD 141937, HD 162020, HD 168443 and HD 202206: Brown dwarfs or "superplanets"?». Astronomy and Astrophysics. 390: 267-279. Bibcode:2002A&A...390..267U. doi:10.1051/0004-6361:20020685 
  3. a b c d Gaia Collaboration: Brown, A. G. A.; Vallenari, A.; Prusti, T.; et al. (maio de 2021). «Gaia Early Data Release 3. Summary of the contents and survey properties». Astronomy & Astrophysics. 649: A1, 20 pp. Bibcode:2021A&A...649A...1G. arXiv:2012.01533Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361/202039657  Catálogo VizieR
  4. a b c d e f g Bonfanti, A.; Ortolani, S.; Nascimbeni, V. (janeiro de 2016). «Age consistency between exoplanet hosts and field stars». Astronomy & Astrophysics. 585: A5, 14. Bibcode:2016A&A...585A...5B. doi:10.1051/0004-6361/201527297 
  5. a b Sousa, S. G.; et al. (agosto de 2008). «Spectroscopic parameters for 451 stars in the HARPS GTO planet search program. Stellar [Fe/H] and the frequency of exo-Neptunes». Astronomy and Astrophysics. 487 (1): 373-381. Bibcode:2008A&A...487..373S. doi:10.1051/0004-6361:200809698 
  6. a b «Exoplanets Galore! Eight New Very Low-Mass Companions to Solar-Type Stars Discovered at La Silla» (Nota de imprensa). Observatório Europeu do Sul. 15 de abril de 2000. Consultado em 10 de março de 2018 
  7. Bubar, Eric J.; et al. (dezembro de 2007). «Keck HIRES Spectroscopy of Candidate Post-T Tauri Stars». The Astronomical Journal. 134 (6): 2328-2339. Bibcode:2007AJ....134.2328B. doi:10.1086/522626 
  8. Bailer-Jones, C. A. L. (março de 2015). «Close encounters of the stellar kind». Astronomy & Astrophysics. 575: A35, 13. Bibcode:2015A&A...575A..35B. doi:10.1051/0004-6361/201425221 
  9. Sahlmann, J.; et al. (janeiro de 2011). «Search for brown-dwarf companions of stars». Astronomy and Astrophysics. 525: A95, 24. Bibcode:2011A&A...525A..95S. doi:10.1051/0004-6361/201015427 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]