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Ao contrário do que é comumente creditado, as sociedades gregas antigas nem sempre foram tolerantes ao comportamento homossexual. Embora existisse em algum grau e em algumas pólis específicas a institucionalização da pederastia, muitas pólis gregas foram deveras contra a práticas sexuais homossexuais, condenando a ostracismo e até em alguns casos a morte pela a prática considerada imoral. Atualmente, muita das supostas alegações a permissividades a prática homossexual se mantêm em traduções abstratas e errôneas. Contudo, é válido salientar que embora em nenhum período a prática foi considerada isenta de comportamento homofóbico pela a população. Esse artigo será destinado a compilação de tudo que possa ser considerado homofóbico no período helênico e seus impactos na sociedade helênica.

Esse artigo é dirigido principalmente àqueles que querem pensar que a homossexualidade grega era vista como prática comum, e àqueles que querem fundamentar suspeitas de que a homossexualidade na Grécia seja algo mais do que mera suspeita. Na verdade, houve sim homossexuais na Grécia; mas (como você pode perceber) esse fato não significa que isso era visto como uma "prática comum", muito menos que a pedofilia era uma "instituição social", como alguns autores absurdamente afirmam.

Como já ficou claro, este artigo não se destina a negar que houve homossexualidade na Grécia (se até mesmo leis foram promulgadas contra esse comportamento, é porque obviamente ocorreram casos), ou que todos os fatores acima jamais tendiam a tornar-se normais com o passar dos séculos, especialmente sob condições de decadência e abandono da tradição ancestral, o acabou normalizando o sexo entre homens. O que abordamos aqui e o que se nega neste artigo é que essas relações eram endêmicas, normais e socialmente aceitáveis – e até mesmo "regulamentadas". Essas relações nada tinham a ver com as tradições helênicas originais.

Homossexualismo e a questão ideológica[editar | editar código-fonte]

A primeira "coincidência" que clama ao céu e que as pessoas ignoram (porque as massas são preguiçosas demais para procurar algo fora da sacrossanta TV) e que as revistas infalíveis e os livros oficiais rejeitam, é que quase todos os "especialistas" que reivindicam uma propagação endêmica de pedofilia homossexual na Grécia... eram ou são homossexuais. Esta não é uma questão trivial, uma vez que isso implica necessariamente que as perspectivas de tais autores são inevitavelmente influenciadas por suas próprias tendências pessoais e por seu desejo desesperado de legitimar a sua orientação sexual minoritária em um ambiente "hostil" (já que, diferentemente deles, a maioria da população é irremediavelmente heterossexual), o que faz com que enxerguem homossexualidade até mesmo em reprodução de amebas.

Walter Pater

Nós nos referimos, por exemplo, a Walter Pater, Michel Foucault, John Boswell, John Winkler, David Halperin e Kenneth James Dover, que aparentemente viviam em suas mentes uma série de fantasias em detrimento da história grega. Quem começou tudo foi precisamente Walter Pater (1839-1894), professor em Oxford. Por alguma estranha coincidência, ele e todo o seu círculo de seguidores eram homossexuais (por exemplo, Pater foi professor de Oscar Wilde, o famoso poeta Inglês) e, portanto, não é de se surpreender que extrapola-se as relações sodomitas que tinha com seus alunos; as relações entre professores e alunos na Grécia eram mais uma espécie de treinamento. Quando Pater havia sido abandonado por seu mentor veterano, Benjamin Jowett (devido a uma confusão escandalosa), Pater teve um envolvimento com um tal de William Money Hardinge, um estudante de 19 anos que tinha atraído para si a atenção pública por conta de sua homossexualidade. Provavelmente, o argumento mais desviante e absurdo de Pater é o de que o "amor platônico" não tinha nada a ver com a Psique, sendo puramente sexual.[1]

A origem do mito da homossexualidade grega e da "pedofilia instrutiva" remonta a, Walter Pater. Este grupo exclusivo de vitorianos decadentes foi responsável por ter acomodado a história grega às suas fantasias pessoais (para um professor que “brincava” com seus próprios alunos, justificar que na antiga Grécia as relações professor-aluno estavam tingidas com a homossexualidade era algo bastante conveniente), sendo sua obra aplaudida um século mais tarde, com o advento de uma nova onda de autores – "coincidentemente", todos (ou quase todos) eles homossexuais reconhecidos – que retomaram a causa durante a era hippie. Desde então, talk shows de TV, de tabloides, de jornal e de vários ambientes virtuais dedicam repetir sandices sem o real entendimento do contexto da época sem sequer se preocupar em verificar a veracidade dessas informações.[2]

Em seus escritos, esses autores são cautelosos, sempre utilizando frases hesitantes e ambíguas como "parece", "pode", "se parece com um", justamente para criar o espaço necessário para se manipular e impor a própria visão, objetivando sempre ver fantasmas e sinais homossexuais onde eles não existem. Mais adiante, veremos bem como esses escritores forçam e manipulam coisas para ver a homossexualidade debaixo de cada pedra; mas, por agora, basta dizer que, sem exceção, os "argumentos" deles só lidam com persuasão de quem já se mostra convencido desde o início.

Desde que esses autores escreveram suas teorias (principalmente no final do século XIX e, em seguida, durante a onda hippie pós-1968 do século passado), ninguém trouxe nada de novo sobre o tema, todas as revistas e todos os tentáculos dos meios de comunicação só repetiram a mesma desinformação, e muitos deles anulavam e derrubavam qualquer coisa "tradicional", repetindo como discos arranhados a mesma coisa, parafraseando o que esses autores haviam escrito. Todas essas informações que percorrem a Internet (e que estão limitadas a afirmar abertamente que "os gregos eram homossexuais") vêm simplesmente de pessoas que só repetem o que os outros escreveram, e eles realmente não chegam a conclusões por conta própria – ou são oriundas dos próprios homossexuais.

Onde está, portanto, o “problema” grego? O problema é que:

• Os gregos, em particular os de origem jônica (como os atenienses) e que foram mais influenciados por costumes orientais, tendiam a "reter" muito suas esposas e removê-las da vida pública, suprimindo a imagem feminina – algo que foi muito bem satirizado pelo historiador Indro Montanelli. Esta situação não foi um fenômeno essencialmente pan-helênico, porque as mulheres de origem dórica (como as espartanas, por exemplo) tinham uma liberdade verdadeiramente notável; em qualquer caso, os laços pessoais mais fortes tendiam a ser estabelecidos entre homens, como será discutido em seguida.

• Os gregos (e isto inclui todos eles) admiravam a beleza, não importando onde ela se manifestava: tanto em homens quanto em mulheres; mas, daí concluir que eles sempre traduziam essa beleza em atos sexuais, há um longo caminho, como veremos mais adiante.

• Em um povo que enfatizava tanto a formação desportiva, o combate e a camaradagem, era normal que, durante as aventuras e grandes batalhas, passando muito tempo longe de casa, laços extremamente profundos (laços raramente compreendidos por uma sociedade pacifista, afeminada e sedentária como a nossa) fossem forjados; mas, em qualquer caso, esses laços não passavam de uma fraternidade sólida, algo como uma männerbund. Apesar da enorme importância que o relacionamento entre mestre e discípulo teve na Grécia, e que, sem dúvida, com o advento da decadência alguns destes relacionamentos podem ter se degenerado em homossexualidade, veremos que não foram poucas as cidades-Estado que tomaram medidas para salvaguardar a sacralidade desta instituição de ensino.

• Hoje, o ideal de beleza do imaginário coletivo é a mulher de trinta anos (o que não faz com que todas as mulheres se tornem lésbicas). Na Grécia, o ideal de beleza era o jovem que estava entre a adolescência e a maturidade, tendo sido considerado como o único tipo humano que combinava uma vida de exercício violento ao ar livre com a saúde da juventude e a força da masculinidade. • As palavras gregas para designar o mestre iniciador e o jovem iniciado (que aspirava se tornar um homem) foram, respectivamente, erastes e eromenos, que, numa tradução literal, seria algo como "amante" e "amado". Como veremos, no entanto, a mentalidade da antiguidade fazia uma distinção clara entre amor carnal e amor platônico, e esses relacionamentos foram fundados no segundo tipo, considerado mais elevado, mais altruísta, dissociado do carnal e mais capaz de incutir força e sabedoria. Na Grécia, pensava-se que um jovem precisava da orientação e do conselho de um maior para se tornar sábio na vida ou exaltado nos esportes, na caça e no combate.

Homofobia no cotidiano grego[editar | editar código-fonte]

Historicamente, a maioria das sociedades humanas proibiram e estigmatizaram práticas sexuais estéreis ou aquelas que implicavam em risco de infecção. A homossexualidade satisfaz ambas as condições, porque, por um lado, não é capaz de gerar uma nova vida, e, por outro lado, o orifício utilizado não é exatamente a parte mais limpa, higiênica e saudável do corpo humano. A Grécia antiga não foi uma exceção a esta regra geral, mesmo não havendo palavras modernas como "heterossexual", "homossexual" ou "gay". Os "héteros" eram apenas pessoas normais que cumpriam o que era natural; e, para os homossexuais, havia uma série de palavras, geralmente altamente desonrosas e indignas, com significados reservados:

- Euryproktos: bunda aberta.

- Lakkoproktos: bunda de poço.

- Katapygon, kataproktos: homossexual passivo.

- Arsenokoitai: homossexual ativo.

- Marikas: aquele que é saltitante, pulando para cima e para baixo.

- Androgynus: homem-mulher, "travesti", efeminado, mariquinha, ambíguo.

- Kínaidos (κιναίδος): causador de vergonha. Kínaidos é a junção de Kineo (mover) e Aidos (vergonha, deusa da modéstia, respeito, humildade, reverência, deusa Nêmesis companheira e corretora das transgressões morais). "Aquele que traz a ira de Aedos". Como veremos, o problema da Aedos é que ela sempre foi acompanhada pela cruel Nêmesis (Indignação), uma divindade vingativa que se encaixa bem no conceito de "karma" ou de castigo pelos pecados, e que revela que os gregos pensavam que todos os que praticavam a sodomia estavam moralmente comprometido; ela tinha uma espada de Dâmocles sobre a cabeça, que segurava pacientemente e que iria cair – mais cedo ou mais tarde. Mas o fato é que, no imaginário grego, Aedos foi associada precisamente ao ano no qual:

"Quando Zeus criou os seres humanos e suas almas, introduzindo-as em cada ser humano. No entanto, ele deixou de fora a Vergonha (Aedos, reverência, respeito, decência, modéstia). Uma vez que ele não sabia onde colocá-la, ordenou que fosse inserida no ânus. A Vergonha, no entanto, queixou-se disso e ficou chateada, considerando que o pedido de Zeus estava abaixo de sua dignidade. Conforme ela se queixava profundamente, o Constrangimento disse: 'concordarei em ser inserido desta forma, apenas com a condição de que, quando alguma coisa entrar atrás de mim, eu vou sair imediatamente."[3]

Este mito resulta que, de acordo com a mentalidade tradicional grega, o sexo anal envolve, ao mesmo tempo, a ausência de modéstia (a modéstia era considerada uma virtude na Grécia) e o ato de espalhar a vergonha em torno de alguém. Outra questão é que, em uma cultura europeia pagã onde cada atividade, cada lugar e cada momento da vida têm o seu próprio deus "patrono" ou protetor, seria de se esperar – especialmente em uma sociedade onde a homossexualidade era supostamente galopante – uma divindade ou um número de espíritos de algum tipo que fossem direcionados a proteger a homossexualidade, e não há. Ou melhor, se for o caso: essas “divindades” são os sátiros, os daimones degenerados que realizavam todas as perversões imagináveis ​​para a mente humana, e que, na Grécia, não gozam de boa reputação. Mas isso será discutido posteriormente. Por outro lado, em uma civilização que concede o status de “normalidade” à homossexualidade, esse status se torna favorecido acima da própria heterossexualidade; num lugar assim, seria de se esperar que o erotismo fosse personificado numa divindade representada por um jovem rapaz; mas a realidade, mais uma vez, não é essa: a deusa do amor, a portadora de Eros e todas aquelas coisas que fazem os homens perderem a cabeça, é justamente Afrodite, o arquétipo da mulher alfa.

O mito de Laio[editar | editar código-fonte]

Antígona, por Frederic Leighton(1830–1896)

O mito de Laio é um exemplo perfeito do que acontece se Aedos atrai insultos para a Hybris (ou Húbris), fazendo com que a vingança de Nêmesis seja aplicada de acordo com o conceito arcaico e clássico obtido do exemplo da Hélade. Começaremos falando sobre o primeiro kínaidos e pedófilo da mitologia grega, Laio, e veremos o que acontece como consequência desse “pecado". Laio (do grego Λάϊος, ou "canhoto"), era de linhagem real da cidade de Tebas, mas, quando ele deveria subir ao trono, seus primos o usurparam e Laio ficou exilado em Pisa, aonde o rei Pélope (de cujo nome vem "Peloponeso") acolheu-o como convidado. Pélope queria que Laio ensinasse seu filho, Crisipo, as artes da equitação, numa relação de professor e aluno. No entanto, Laio profanou o aspecto sagrado e a natureza platônica dessa relação, abusando sexualmente do pobre garoto. Este, por pura vergonha (lembre-se do conceito de Aedos), acabou por cometer suicídio. A violação sem precedentes de Laio trouxe como consequência a vingança divina sobre ele e, assim como Aedos tinha feito Crisipo se matar, Nêmesis, companheira de Aedos, puniu o pecado de Laio. Os deuses criam um plano para canalizar a sua raiva no crime, dando exemplo para o resto dos mortais, punindo a perversão e amaldiçoando todas as nações da Laio, até que elas desaparecessem num banho de sangue[4].[3]

A maldição começa quando os deuses enviam a esfinge para Tebas. Este ser, com o corpo de leão, cabeça de mulher e asas de um pássaro, é dedicado a espalhar o terror pelos campos de Tebas, destruindo plantações e estrangulando todos aqueles que são incapazes de resolver seus enigmas. Laio acaba se casando com Jocasta, mas o oráculo de Delfos adverte que eles não deveriam ter filhos, porque o bebê seria um homem destinado a matar o pai e se casar com a própria mãe. Moira (o destino) não pôde ser evitada e a profecia foi cumprida: Édipo, que tinha sido enviado para longe de sua família, mata o próprio pai sem saber quem ele era e, para salvar Tebas da esfinge, se casa com a própria mãe, a rainha Jocasta, tornando-se rei de Tebas até que, quando os fatos são finalmente conhecidos, por vergonha (Aedos e Nêmesis em ação), Jocasta se enforca e Édipo remove os próprios olhos. Quanto às crianças que nasceram desta união incestuosa, duas delas, Etéocles e Polinices, morrem lutando um contra o outro, enquanto que as filhas, Antígona e Ismele, são condenadas à morte. A justiça é servida a Édipo por conta daquilo que Laio, seu avô, havia cometido.[5]

Embora tenha sido bem-sucedido matando o monstro e se entronizando como o rei de Tebas, o herói Édipo, sendo o filho do kínaidos Laio, foi amaldiçoado pelos deuses; quando soube que tinha matado o pai e se casado com a mãe, tendo filhos com ela (algo como o sacrilégio ou Hubris absoluto), Édipo arrancou os próprios olhos.[6]

Em relação à questão da homossexualidade neste mito, devemos fazer várias perguntas. Por qual motivo Crisipo cometeria suicídio se o sexo entre professor e aluno era “tão normal” na Grécia? Por que Zeus enviou a esfinge para Tebas como punição? Por que até mesmo a linhagem de Laio foi amaldiçoada? Este mito foi claramente projetado para prevenir contra a homossexualidade e para advertir aqueles que são ingratos pela hospitalidade de seus hospedeiros, vilmente contaminando a dignidade de criaturas inocentes. Os mitos de Laio e de Édipo possuem muitas lições morais. Por um lado, a lição de que a aberração é sempre punida pelos deuses, eventualmente, tendo consciência disso ou não; e que Aedos é sempre seguida, mais cedo ou mais tarde, pela vingança "cármica" de Nêmesis. Por outro lado, há a lição de que os pecados dos pais são pagos pelo menos até a terceira geração. E, finalmente, que os seres malignos e os monstros (como a Esfinge) são os filhos da traição e da aberração, criados pelas transgressões dos homens – especialmente as sexuais.

Quando pensamos no fato de que esse mito foi uma tradição transmitida oralmente de geração em geração, representado teatralmente ano após ano em uma civilização que dava a maior importância em estar em paz com os deuses, é difícil pensar que os gregos (particularmente os tebanos, em cuja pólis havia ocorrido o mito do kínaidos Laio) aceitassem esse comportamento, que é justamente o que se pretende implicar como doutrina oficial no sistema atual.

Batalhão Sagrado de Tebas[editar | editar código-fonte]

Por essa razão, devemos agora voltar nossa atenção para o Batalhão Sagrado, um corpo de elite do exército de Tebas criado por Epaminondas ou Górgias em 378 AEC, que acabou derrotando e ocupando a própria Esparta e, de acordo com alguns autores, consistia em 150 "pares homossexuais".[7] Acredita-se que há uma alusão ao Batalhão Sagrado no "Banquete" de Platão(178e), quando ele fala da conveniência de ter "um exército de amantes e amados"[8]. Se examinarmos a fonte original da frase, encontramos os termos gregos "genesthai e stratopedon eraston te kai paidikon", onde o termo eromenos (“mordedor de fronhas” segundo os escritores homossexuais modernos; aluno segundo o sentido comum de qualquer pessoa normal tenha lido literatura grega) não aparece em qualquer lugar; mas encontramos o termo paidikon (que significa “menino”). O que não mencionam é que a inovação de Epaminondas consistiu em modificar as táticas de combate de seu exército. Os mais jovens (estudantes com força e impulso) formavam a linha de frente e os veteranos (os tutores, homens de sabedoria e experiência) compunham as linhas de trás. O que Epaminondas fez foi misturar essas duas categorias de soldados igualmente em todas as linhas, combinando a experiência dos veteranos com a coragem dos jovens. Além disso, como em muitos outros casos, não há absolutamente nada mostrando qualquer traço de homossexualidade nesses "parceiros", que são equiparados com a batalha binomial da Infantaria atual, ou a instituição anteriormente citada entre professor e aluno, de caráter platônico.

Como confirmação, no ano 338 AEC, após a batalha de Queronéia, na qual a resistência grega à invasão macedônia foi esmagada, o rei Filipe da Macedônia, pai de Alexandre Magno, olhou para os campos de corpos de soldados mortos de Tebas que lutaram heroicamente até a morte. Depois de um longo tempo olhando para eles, ele exclamou: "Que pereçam miseravelmente aqueles que pensam que estes homens fizeram ou sofreram alguma coisa vergonhosa!"[9].

Outra relação ao caso de Laio é citada na obra Leis(836c), de Platão, quando o ancião ateniense, representante de pontos de vista platônicos, fala sobre "o costume que estava em vigor antes de Laio diz-nos que é estabelecido pelo direito que não se deve manter relações carnais com homens jovens como se eles fossem mulheres, baseando-se no testemunho da natureza dos animais e mostrando que o macho não toca o macho para este fim, porque não está em conformidade com a Natureza"[10]. Laio seria visto aqui como um transtorno da lei natural, contrariando os deuses. O ateniense defende a ideia de que a lei não deve ser benevolente para com a homossexualidade, uma vez que ela não incute nada de elevado na alma do "ativo" (que é acusado de lascívia) ou nada de valoroso na alma do "passivo" (que é acusado de não ser natural ao tentar imitar o papel feminino).

Homofobia nas leias e moralidade grega[editar | editar código-fonte]

Veremos uma série de citações que dão testemunho de uma homofobia clara, atestando que haviam cidades-Estado gregas, incluindo algumas das mais importantes, onde a homossexualidade era proibida e punida com duras penas, e que, em tal caso, dificilmente pode-se dizer que a homossexualidade era "comumente aceita", ou que constituía uma "instituição social", Em seu "Contra Timarco", o orador Ésquines (389-314 AEC) nos fala sobre as famosas leis de Sólon, dentre as quais podemos destacar aquelas que seriam consideradas como “homofóbicas”:

“Se algum ateniense cometer etairese (relações sexuais homossexuais), não lhe será permitido:

- participar como um dos nove arcontes;

- realizar trabalhos sacerdotais;

- agir como juiz do Estado;

- participar de cargo público, nem na pátria nem no estrangeiro, seja por eleição ou por concurso;

- ser enviado como mensageiro; participar de debates;

- participar de sacrifícios públicos;

- adentrar os limites de um espaço purificado para congregação do povo;

- Se alguém que esteve envolvido em atividades sexuais ilegais como as descritas, ou que seja pego no exercício dessas atividades, esse alguém será executado”.

O discurso de Ésquines carrega tonalidades cada vez mais homofóbicas principalmente quando ele convida os juízes a recordar o comportamento de seus antepassados atenienses, que eram "severos para com toda a conduta vergonhosa" e consideravam "preciosa" a "pureza de seus filhos e de seus concidadãos." Ele também elogia as medidas radicais dos espartanos contra a homossexualidade, citando o ditado que afirmava que "é bom imitar a virtude, mesmo que praticada por um estrangeiro".[11]

De sua parte, Demóstenes (384-322 AEC), político e orador ateniense, cita uma medida “homofóbica” similar em sua obra “Contra Andrócio”(30), quando especifica que aqueles que praticam atos de sodomia “não terão o direito de falar em público nem apresentar uma queixa diante de um juizado[12]. A conclusão retirada dessas citações, inevitavelmente, é a de que os homossexuais atenienses eram proibidos de assistir eventos públicos, culturais, religiosos ou populares, de qualquer tipo, convertendo-se em cidadãos de segunda classe(metoikos).

O caso de Platão (427-347 AEC), por um lado porque ele sempre elogia as medidas espartanas e, por outro, ele fala o tempo todo sobre a importância da "abstinência", da "moderação", da "autocontenção" e do comedimento; ele atribui grande importância ao controle dos instintos e prazer a tal ponto que, hoje, praticamente todos o veriam como um velho “rançoso” ― e ainda assim ele é levado em consideração, principalmente pelo ideal de "amor platônico", um amor idílico, desprovido de natureza sexual ― como poderia ser, por exemplo, expresso pelo poeta renascentista Petrarca a um etéreo "amado", que não parece deste mundo: era um amor ascético e ritual, que catalisava a excelência do espírito e que não coincidia necessariamente com o amor físico.

  1. Angela., Thirlwell, (2003). William and Lucy : the other Rossettis. New Haven: Yale University Press. pp. p. 248. ISBN 0300102003. OCLC 52257590 
  2. C., Rintoul, M. (1993). Dictionary of real people and places in fiction. London: Routledge. 481 páginas. ISBN 0415059992. OCLC 27212714 
  3. a b Aesop.; L., Ashliman, D.; 1867-1939., Rackham, Arthur, (2003). Aesop's fables Published in 2003 by Barnes & Noble Classics with new introduction, notes, biography, chronology, inspired by, comments & questions, and for further reading ed. New York: Barnes & Noble Classics. pp. 528C. ISBN 159308062X. OCLC 53680165 
  4. Goulart, Rildo Rodrigues. «Édipo rei: as relações entre édipo e Jocasta» 
  5. Namjoshi, Suniti (2014). «Fábulas feministas.». doi:10.6035/sendes.2003.3 
  6. Fernando Milléo, Luís (2016). «CONTOS PARA JOVENS E ADULTOS: baseados nas fábulas de esopo». doi:10.24824/978854440668.7 
  7. 1963-, Ludwig, Paul W. (Paul Walter), (2002). Eros and polis : desire and community in Greek political theory. Cambridge, UK: Cambridge University Press. ISBN 0521810655. OCLC 70756561 
  8. Platão, Platão (2017). O Banquete. Petrópolis: Vozes. pp. pag. 55 – 178e 
  9. «6. Conclusion: On the Malice of Plutarch?». Berlin, Boston: De Gruyter. 19 de fevereiro de 2018. ISBN 9783110574715 
  10. Plato (2009). The Laws of Plato. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 9781139794558 
  11. Harris, Edward M.; Fisher, Nick (2004). «Aeschines: "Against Timarchos"». The Classical World. 97 (2). 217 páginas. ISSN 0009-8418. doi:10.2307/4352860 
  12. «Demosthenes, Against Androtion». Consultado em 26 de junho de 2018  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)