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Amália Rodrigues: diferenças entre revisões

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Revisão das 19h48min de 31 de julho de 2013

Amália da Piedade Rodrigues(mais conhecida como tagarela)

Amália, Arte de Rua em Lisboa
Informação geral
Nome completo Amália da Piedade Rodrigues
Também conhecido(a) como Rainha do Fado[1]
Nascimento 23 de julho de 1920 [nota 1]
Origem Lisboa
País Portugal Portugal
Morte 6 de outubro de 1999 (79 anos)
Género(s) Fado
Período em atividade 1940 - 1999
Outras ocupações Actriz
Página oficial Amalia.com

Amália da Piedade Rodrigues DmSEOSEGCSEGOIHGCIHDama Oficial[2] (Lisboa, 23 de Julho de 1920[3]Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado, comummente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.

Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado[4] e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa, americana, espanhola, italiana, brasileira). Marcante contribuição sua para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados. Teve ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill.

Biografia

Infância

Filha de Albertino de Jesus Rodrigues (Castelo Branco, Castelo Branco, 6 de Agosto de 1888 - 13 de Maio de 1962), um músico sapateiro que, para sustentar os quatro filhos e a mulher (Fundão, Fundão, 3 de Fevereiro de 1913), Lucinda da Piedade Rebordão (Fundão, São Martinho, 2 de Maio de 1892 - Lisboa, Graça, 23 de Novembro de 1986), tentou a sua sorte em Lisboa[5]. Amália nasceu a 1 de Julho de 1920, porém apenas foi registada dias depois, tendo no seu assento de nascimento como nascida às cinco horas de 23 de Julho de 1920, na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena. Amália pretendia, no entanto, que o aniversário fosse celebrado a 1 de Julho ("no tempo das cerejas"), e dizia: Talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes. Catorze meses depois, o pai, não tendo arranjado trabalho, volta com a família para o Fundão. Amália fica com os avós na capital.

A sua faceta de cantora cedo se revela. Amália era muito tímida, mas começa a cantar para o avô e os vizinhos, que lhe pediam. Na infância e juventude, cantarolava tangos de Carlos Gardel e canções populares que ouvia e lhe pediam para cantar.

Aos 9 anos, a avó, analfabeta, manda Amália para a escola, que tanto gostava de frequentar. Contudo, aos 12 anos tem que interromper a sua escolaridade como era frequente em casas pobres. Escolhe então o ofício de bordadeira, mas depressa muda para ir embrulhar bolos.

Aos 14 anos decide ir viver com os pais, que entretanto regressam a Lisboa. Mas a vida não é tão boa como em casa dos avós. Amália tinha que ajudar a mãe e aguentar o irmão mais velho, autoritário. Trabalha como bordadeira, engomadeira e tarefeira.[6]

Aos 15 anos vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara (nas festividades de Santo António de Lisboa) de 1936. O ensaiador da Marcha insiste para que Amália se inscreva numa prova de descoberta de talentos, chamada Concurso da Primavera, em que se disputava o título de Rainha do Fado. Amália acabaria por não participar, pois todas as outras concorrentes se recusavam a competir com ela.

Conhece nessa altura o seu futuro marido, Francisco da Cruz (c. 1915 - ?), um guitarrista amador, com o qual casará em 1940. Um assistente recomenda-a para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da Severa, mas Amália acaba por recusar esse convite, e depois adiar a resposta, e só em 1939 irá cantar nessa casa.

Uma carreira que começa

Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atracção da peça Ora Vai Tu, no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de muitos dos seus fados.

Amália

Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano actua pela primeira vez fora de Portugal. A convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira, canta em Madrid.

Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme, de Frederico Valério. Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos, Amália tem já um espectáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. É convidada a repetir a turné, acompanhada por bailarinos e músicos.

É no Rio de Janeiro que Frederico Valério compõe um dos mais famosos fados de todos os tempos: Ai Mouraria, estreado no Teatro República. Grava discos, vendidos em vários países, motivando grande interesse das companhias de Hollywood.

Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira.[4]

Amália é apoiada por artistas inovadores como Almada Negreiros e António Ferro. Esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris, no Chez Carrère, e a Londres, no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o próprio organiza.

A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall, o plano de apoio dos Estados Unidos à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna, Paris e Dublin (onde canta a canção Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yvette Giraud, é popularizada por ela em todo o mundo como Avril au Portugal).

Em Roma, Amália actua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espectáculo em que figuram os mais famosos cantores de música clássica.

Em Setembro de 1952 a sua estreia em Nova Iorque fez-se no palco do La Vie en Rose, onde ficou 14 semanas em cartaz. Ainda nos Estados Unidos, em 1953 canta pela primeira vez na televisão (na NBC), no programa do Eddie Fisher patrocinado pela Coca-Cola, que teve que beber e de que não gostara nada. Grava discos de fado e de flamenco. Convidam-na para ficar, mas não fica por que não quer.

Ficheiro:Amalia Rodrigues 01.jpg
Retrato de Amália

Nos EUA editou o seu primeiro LP (as gravações anteriores eram em discos de 78 rotações). Amalia Rodrigues Sings Fado From Portugal and Flamenco From Spain, lançado em 1954 pela Angel Records, assinala a sua estreia no formato do long-play, a 33 rotações, criado apenas seis anos antes e, na época, ainda longe de conhecer a expressão de mercado que depois viria a conquistar. O álbum, que seria editado em 1957 em Inglaterra e, um ano depois, em França, nunca teve prensagem portuguesa.

Amália dá ao fado um fulgor novo. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente, sincretizando o que é rural e urbano.

Canta os grandes poetas da língua portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escrevem para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, O’Neill). Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe várias canções.

O seu fado de Peniche é proibido por ser considerado um hino aos que se encontram presos em Peniche, Amália escolhe também um poema de Pedro Homem de Mello Povo que lavas no rio, que ganha uma dimensão política.

A 16 de Julho de 1958 é feita Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[7]

A 26 de Abril de 1961, casa-se no Rio de Janeiro com o seu segundo marido, o engenheiro luso-brasileiro César Henrique de Moura de Seabra Rangel (Anadia, Avelãs do Caminho, c. 1920 - Odemira, Zambujeira do Mar, 11 de Junho de 1997), filho de Augusto César de Seabra Rangel (Anadia, Avelãs de Caminho, Casa dos Rangel, 16 de Abril de 1885 - Anadia, Avelãs do Caminho, Casa dos Rangel, 28 de Outubro de 1929), sobrinho-neto do 1.º Barão de Mogofores, e de sua mulher Teresa de Seabra de Moura[8], com quem fica até à morte deste, em 1997.

Em 1966, volta aos Estados Unidos, actuando no Lincoln Center, em Nova Iorque, com o maestro Andre Kostelanetz frente a uma orquestra, num programa essencialmente feito de canções do folclore português numa das noites e num outro, feito de fados (também com orquestra), na seguinte. O mesmo espectáculo foi encenado, dias depois, no Hollywood Bowl. Voltaria ao Lincoln Center em 1968.

Ainda em 1966, o seu amigo Alain Oulman é preso pela PIDE. Amália dá todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja libertado e posto na fronteira.

Em 1969, Amália é condecorada pelo novo presidente do conselho, Marcelo Caetano, na Exposição Mundial de Bruxelas antes de iniciar uma grande digressão à União Soviética.

Em 1970 é editado o álbum Com Que Voz.

A 16 de Fevereiro de 1971 é elevada a Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[9] Nesse mesmo ano encontra finalmente Manuel Alegre, exilado em Paris.

Em 1974 grava o álbum Encontro - Amália e Don Byas com o saxofonista Don Byas.

Amália após o 25 de Abril

Homenagem ao Fado, a Amália e a Lisboa

Em 1976 é editado o disco Amália no Canecão gravado no Brasil. No mesmo ano é lançado o álbum Cantigas da boa gente. Fandangueiro e Cantigas numa Língua Antiga são lançados em 1977.

No ano de 1980 é lançado o disco Gostava de Ser Quem Era. Em 1982 é lançado o Máxi-single Senhor Extraterrestre com dois temas de Carlos Paião. É editado o álbum Amália Fado com temas de Frederico Valério.

A 9 de Abril de 1981 é feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[10]

Em 1983 é editado o álbum Lágrima a que se segue Amália na Broadway em 1984.

Em 1985 obtém grande sucesso a colectânea O Melhor de Amália: Estranha forma de vida. É lançado um novo volume: O Melhor de Amália, vol. 2: Tudo isto é fado.

Ao mesmo tempo, atravessa dissabores financeiros que a obrigam a desfazer-se de algum do seu património.

A 4 de Janeiro de 1990 é elevada a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[11] Nesse mesmo ano, em França, depois da Ordem das Artes e das Letras, recebe, desta vez das mãos do presidente Mitterrand, a Légion d'Honneur.

Ao longo dos anos que passam, vê desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o seu poeta David Mourão-Ferreira e o seu marido, César Seabra, com quem era casada há 36 anos, e que morre em 1997.

Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o álbum Segredo com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975.[4] É ainda publicado o livro (Versos) com os seus poemas. É-lhe feita uma homenagem nacional na Exposição Mundial de Lisboa (Expo 98).[1]

A 27 de Julho de 1998 é elevada a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.[12]

Em Abril de 1999, Amália desloca-se pela última vez a Paris, sendo condecorada na Cinemateca Francesa, por os muitos espectáculos que deu naquela cidade e, dever-se a ela o facto da França começar a apreciar o Fado. Já ligeiramente debilitada, agradeceu aos franceses o facto de se ter começado a projectar no mundo, pois era a partir de França que os seus discos começaram a espalhar-se.

Túmulo de Amália, no Panteão Nacional

A 6 de Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre, em sua casa, repentinamente, ao início da manhã, com 79 anos, poucas horas depois de regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. Imediatamente, o então primeiro-ministro, António Guterres, decreta Luto Nacional por três dias. No seu funeral centenas de milhares de lisboetas descem à rua para lhe prestar uma última homenagem. Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Dois anos depois, em Julho de 2001, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional, em Lisboa. (após pressão dos seus admiradores e uma modificação da lei que exigia um mínimo de quatro anos antes da trasladação), onde repousam as personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade.

Amália Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Tóquio à União Soviética, do México a Londres, de Madrid a Paris (onde actuou tantas vezes no prestigiadíssimo Olympia).

Propagou a cultura portuguesa, a língua portuguesa e o fado.

Discografia

Ver artigo principal: Lista de álbuns de Amália

Filmografia

Na cultura popular

Bruno de Almeida realizou quatro filmes sobre Amália: Amália, Live in New York City (um filme-concerto de 1990 de um espectáculo em (Nova Iorque no Town Hall - auditório da cidade), Amália - uma estranha forma de vida (um documentário de cinco horas, em formato de série), Amália - Expo'98 (a respeito de um dia dedicado a Amália Rodrigues, por ocasião da Exposição Mundial de 1998 em (Portugal), e A Arte de Amália (documentário de 90 minutos, pensado para uma audiência internacional, que se estreou no Cinema Quad, em Nova Iorque, em Dezembro de (2000).

Amália, o Filme, a primeira biografia ficcionada da diva do fado, estreia-se a 4 de Dezembro de 2008. A rodagem do filme começou em Junho de 2008. Com realização de Carlos Coelho da Silva, tem argumento de Pedro Marta Santos e de João Tordo. É produzido pela Valentim de Carvalho Filmes e conta com a participação financeira da RTP. Amália é encarnada pela actriz Sandra Barata Belo.[13]

Filipe La Féria encenou dois musicais inspirados em Amália e na sua história de vida, o primeiro em 1999, intitulado "Amália" e protagonizado por Alexandra.[14] Em 2012 La Féria encena o musical intitulado "Uma Noite em Casa de Amália", protagonizado por Vanessa Silva, onde retrata uma das tertúlias que Amália fazia em sua casa.[15][16]

Tributos

Notas

  1. Amália terá nascido a 1 de Julho, sendo a data que a própria atribuía como o seu aniversário, mas só foi registada dia 23.

Referências

  1. a b «Amália Rodrigues». www.amalia-rodrigues.com. Consultado em 9 de Julho de 2011 
  2. «Ordens Honoríficas Portuguesas/Amália Rodrigues». Consultado em 15 de agosto de 2012 
  3. «Google homenageia Amália Rodrigues (vídeo)». Jornal Expresso. 23 de julho de 2011. Consultado em 25 de julho de 2011 
  4. a b c «Estranha forma de vida». www.amalia.com. Consultado em 9 de Julho de 2011 
  5. Fotobiografias do Século XX, Fotobiografia de Amália Rodrigues, Círculo de Leitores.
  6. «Biografia de Amália no sítio Vidas Lusófonas». Vidaslusofonas.pt 
  7. http://www.ordens.presidencia.pt/
  8. "Genealogia da Família Seabra de Mogofores", José Manuel de Seabra da Costa Reis e Gonçalo Ferreira Bandeira Calheiros, Edição dos Autores, 1.ª Edição, Porto, 1998, p. 482
  9. http://www.ordens.presidencia.pt
  10. http://www.ordens.presidencia.pt/
  11. http://www.ordens.presidencia.pt/
  12. http://www.ordens.presidencia.pt/
  13. «Amália, o Filme (2008)». Cinema PTgate. Consultado em 9 de Julho de 2011 
  14. «Amália». Filipe La Féria. Consultado em 3 de Junho de 2012 
  15. «Vanessa no papel de Amália Rodrigues». O informador. Consultado em 3 de Junho de 2012 
  16. «Uma Noite em Casa de Amália». C. M. Lisboa. Consultado em 3 de Junho de 2012 

Ligações externas

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