Bernardo de Treviso

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Bernardo de Treviso
Nascimento 1406
Pádua
Cidadania República de Veneza
Ocupação alquimista
Alegoria da Alquimia.
Jabir ibne Haiane, conhecido como Geber, grande alquimista árabe.
Stradanus - O laboratório do alquimista (1551).
Laboratório do alquimista Hans Vredeman de Vries, cerca de 1595.
O Alquimista por sir William Fettes Douglas.
Signos dos elementos utilizados durante o processo da alquimia.

Bernardo de Treviso, ou Bernhardus Trevisanus, Bernhardus von Trèves, Bernardo, o Trevisano, Bernardo de Tréves, como também conde Bernard de Tresne e Naygen, Bernadus Comes (Pádua, 1406 – 1490), foi um nobre, conde de La Marche Treviso (um pequeno povoado nos Estados venezianos), que tornou-se um renomado alquimista italiano do século XV. Foi autor de algumas obras de cunho hermético e iniciático, dentre as quais o Responsio Thomam de Bolonia (Resposta a Tomás de Bolonha). Seu nome e sua pessoa é, às vezes confundido com outros dois quase homônimos: Bernardo Trevisano (1652-1720), linguista, filósofo, pintor e matemático de origem veneziana e Bernardinus Trivisanus (1506-1583), que estudou medicina e artes na Universidade de Pádua e, posteriormente, tornou-se professor de lógica e teoria médica.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Bernardo nasceu em Pádua em 1406 em uma nobre e rica família. Seu pai era doutor em medicina, e foi quem, provavelmente, ministrou as primeiras noções de ciência ao filho. Já a partir dos 14 anos, em 1420, ele inicia seus estudos na arte da alquimia. Estuda as obras de Geber e Resis, filósofos e alquimistas orientais, e complementa os estudos com a leitura de Sacrobosco e Johannes de Rupescissa.

Embora tenha começado muito precocemente a sua carreira como alquimista (com a idade de quatorze anos),[1] ele tinha o apoio da família, posto que também desejavam aumentar sua riqueza. Ele trabalhou pela primeira vez com um monge de Cister chamado Gotfridus Leurier. Eles tentaram por oito anos criar a pedra filosofal a partir do ovo purificado ou ovo filosofal. Acredita-se que ele pode ter influenciado no trabalho de Gilles de Rais em 1430.[1]

Ele passou a trabalhar então com os minerais e sais naturais utilizando o processo de destilação e cristalização, os quais aprendeu nas leituras de Geber e Resis. Em seguida fez experimentações com os vegetais e compostos animais. Ele gradualmente dilapidou sua riqueza em busca dos segredos para a confecção da pedra filosofal. Em algumas destas vezes a busca resultou em um fracasso, como no caso histórico do padre alemão de nome Henrique, que autovangloriava-se de ter conseguido fabricar a pedra filosofal, o ouro potável e, por conta disto foi que Bernardo viajou à Alemanha para avistar-se com o referido que prometia à troca de certa quantia, revelar o segredo e fornecer as ferramentas e materiais necessários. Deu-se que tudo deu em nada e fora somente um engano.

A partir desta busca infrutífera, deste logro, foi que Bernardo decidiu-se a empreender uma viagem (que duraria 58 anos) por quase todo o mundo conhecido, incluindo os países bálticos, Alemanha, Espanha, Grã-Bretanha, Holanda, França, Viena, tentando em cada um destes países encontrar pistas deixadas pelos alquimistas do passado sobre como criar a pedra filosofal. Posteriormente ele viajou para o Egito, Palestina, Pérsia, Turquia, Chipre e, finalmente chegou à Grécia, em 1481, já com a saúde um tanto deteriorada, foi que, estando naquele momento na Ilha de Rhodes, ele afirma ter encontrado a pedra filosofal com a ajuda de um sacerdote.

Seu nome figura ao lado de outros ínsignes mestres na arte alquímica. Mestres como Arnaldo de Vilanova; Pedro de Abano; Nicolas Flamel; John Dastin; Thomas Norton; Cristóvão de Paris; Paulo de Taranto; o Pseudo-Geber; Gilles de Rais; George Ripley; Hortulano (provável pseudônimo de Joannes Grasseus); Basilio Valentim; Miguel Escoto; Roger Bacon; Alberto Magno; Denis Zachaire; Giovanni Aurelio Augurelli; Jean D'Espagnet; Pico della Mirandola; Giovanni Bracesco; Antoine-Joseph Pernety; João de Rupescissa (Joan de Rocatallada); Élio de Cortona; Gerardo de Cremona; Heinrich Khunrath; Oswaldo Croll; Michael Maier; Alexander Seton; Michel Sendivogius; George Starkey (Irineu Filaleto); Eugênio Canseliet, etc.

"Há trindade numa unidade e unidade numa trindade, e aí estão Corpo, Espírito e Alma. E aí também Mercúrio e Arsénico"[2]

Nesta ilha ele permaneceu até sua morte em 1490.

Obras[editar | editar código-fonte]

Ele foi responsável, ao menos parcialmente, lá pelo ano de 1643, por um excelente manuscrito acerca da pedra filosofal, que circulou livremente, antes de sua publicação, com o nome de Le Bernard d'Alchmague, cum Bernard Treveso e assinado como Sir Bernard Trevisan conto da Marcha.[3] A ele também se credita um outro trabalho, cujo título é La Philosophie Naturelle des METAUX. Nesta última obra ele expõe a necessidade da meditação pelo alquimista na criação da pedra filosofal.[4]

No século XVI, algumas obras literárias de conteúdo alquimista foram atribuídas a Bernardo, por exemplo, Trevisanus de Chymico miraculo, quod lapidem philosophiae recorrente foi editado em 1583 por Gerard Dorn. A resposta de Bernardus Trevisanus, a Epístola de Thomas de Bonônia,[5] e A Epístola Prévia de Bernard Conde de Tresne, em Inglês, apareceu no 1680 Aurifontina Chymica.[6]

  • Bernardo de Trèves, Responsio ad Thomam de Bolonia (1385). Pode ser encontrado no manuscrito de 1533 Responsio MS. 2018 Biblioteca Nacional Francesa, por responsabilidade de Traict Ung; enviado ao mestre Tomás de Bolonha, médico do rei França, o mui virtuoso rei Filipe e Conde Palatino, por Bernardo de Tràves, no ano de 1385.
  • Bernardo de Trèves, os ramos, anagrama revisto 2, 1973. 62 pp, P. 30/05, o galho, o texto alquímico do século XIV atribuído a Bernardo de Trier, editado e traduzido por Dominique Maxime Préaud Lesourd, de acordo com o manuscrito da Biblioteca de Arsenal."

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • Bernardo, o Trevisano, Opúculo da excelência da verdadeira filosofia natural do metais [1], in Claude d'Ygé, Nouvelle assemblée des philosophes chymiques, Dervy-Livres, 1954.
  • Bernardo, o Trevisano, A linguagem negligenciada, por Bernardo, conde de la Marche Trévisanne. Três tratados de filosofia natural (Verum dimissum). Contendo a "Alegoria da Fonte". [2]
  • Bernardo, o Trevisano, O Sonho Verde [3]
  • Bernardo, o Trevisano, Tratado da natureza do ovo dos filósofos, composto por Bernardo, conde de Trèves, Alemanha [4]
  • Obras químicas de Bernardo, o Trevisano. O livro da filosofia natural dos metais. - A linguagem negligenciada. - O sonho verde. - Tratado da natureza do ovo dos filósofos, Guy Trédaniel, 1976, 166 p.

Outras publicações[editar | editar código-fonte]

  • Peri chemeias, et opus Historicum dogmaticum - Gratarolus publicações
  • Da Philosophia hermética, - sobre a Pedra Sagrada, os filósofos pré-eminentes e Mr. hocherfahrnen Bernhardi, von der Marck Graven, e Tervis ... ", editado por Toxites, Strasbourg 1574, 1586
  • Bernhardus innovatus publicado por Caspar Horn, 1643
  • Bernhardi, von der Marck Graven, e Tervis (quem é Bernhardus Trevisanus) - Escritos químicas de Filosofia hermética em quatro partes, Leipzig, 1605 Publicado Tanck
  • Escritos Químicos da Pedra Sagrada. Do latim para o alemão, ingleichen com o J. Tancke * Anmerkunden por Caspar Horn, incluindo Bernhardus Trevisanus - Nuremberg. Tauber. 1717 ASIN B002R19N4Y

Estudos complementares[editar | editar código-fonte]

  • Jacques Sadoul, O tesouro dos alquimistas, J'ai lu, coll. "A aventura misteriosa", 1970, p. 113-123.
  • Didier Kahn, "Pesquisa sobre o Livro atribuído ao chamado Bernardo, o Trevisano (final do séc XV), na A alquimia e medicina medievais Micrologus Library IX, Ed. del Galluzzo (2003) [5]
  • Furio Gallina, "Miti e storie di alchimisti tra il medioevo e l'età contemporanea", mp/edizioni, 2015.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Roland Villeneuve, Gilles de Rais p128, Editions Denoel 1955
  2. (Bernardo Trevisano, citado por Julius Evola, "A Tradição Hermética", Ed. Mediterranee, Roma, 1971)
  3. (Benoist Rigaud, Lyon 1574)
  4. (Alchemy, trans., Arthaud, p. 272).
  5. Tomás de Bonônia sendo descrito como médico do rei francês Carlos VIII, o rei no final do século XV.
  6. Tomás de Bonônia sendo descrito como médico do rei francês Carlos VIII, o rei no final do século XV.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]