Casa da Angélica

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Casa da Angélica
Casa da Angélica
Informação geral
Formato programa de auditório
Gênero Infantil
Duração aprox. 2 horas
País de origem Brasil Brasil
Idioma original (português brasileiro)
Produção
Apresentador(es) Angélica
Exibição
Emissora original Brasil SBT
Transmissão original 9 de agosto de 199326 de abril de 1996
Cronologia
TV Animal
Angel Mix

Casa da Angélica foi um programa de televisão infantil brasileiro produzido e exibido pelo SBT, entre 9 de agosto de 1993[1] e 26 de abril de 1996, ano que a apresentadora Angélica deixou o SBT e foi para a TV Globo.

Após apresentar os programas Clube da Criança e Milk Shake, na extinta Rede Manchete, Angélica foi convidada por Silvio Santos para comandar um infantil no SBT.

O programa tinha música, plateia, desenhos e quadros de humor. Casa da Angélica começou a ser exibido às 15h em 1993, mas passou por reformulações nos anos seguintes.

História[editar | editar código-fonte]

1ª Fase[editar | editar código-fonte]

Depois de adiamentos e conflitos nos bastidores, "Casa da Angélica" estreou em 9 de agosto de 1993 sob a direção de Marcelo Zambelli, repetindo a fórmula dos infantis de sucesso da época com plateia, desenhos e musicais. Inicialmente, o programa estava previsto para ser exibido das 8h15 às 10h15[2], precedendo o Show Maravilha, no entanto, após as mudanças na produção, o programa foi para o horário da tarde, sendo exibido a partir das 15h.

Com um orçamento de R$50 mil programa contava com um cenário fixo e vinhetas feitas por uma empresa fora do SBT além do uso de câmeras e equipamentos de iluminação novos[2]. O formato inicial do programa não agradou a alguns membros da mídia. O jornal O Globo chegou a chamar o programa de "feijão-com-arroz", alegando se tratar de um misto dos programas "Milk shake" e "Clube da criança"[3].

O programa contava também com quadros de humor mais voltados ao público adolescente aproveitando a performance mostrada pela apresentadora no programa da extinta Rede Manchete, Milk Shake. Entre os quadros e personagens se destacavam: “Anjôlica”, onde Angélica imitava o Jô Soares, a apresentadora satirizava ainda programas de culinária e em especial a culinarista Ofélia, em “AngélicaStrid” ela tirava sarro dos Vjs da MTV, em especial Astrid; 'Cycy' era a prima que tinha problemas de dicção e fazia diversas maldades com Angélica por sentir inveja de seu sucesso.

Em “Tempestade de Lágrimas”, Angélica satirizava as novelas mexicanas, com muito exagero nos figurinos e sentimentos e também uma apresentadora de programa esportivo que repetia bordões famosos de locutores e apresentadores, como “pimba na gorduchinha”, e “é pá e bola!”, quando costumava tomar uma “bolada” na cabeça. O quadro onde ela se travestia como o grosseiro taxista Bernardão que sempre levava em seu "táxi" com fundo em chroma key uma personalidade famosa fazia Sílvio Santos reclamar: "Eu contratei você e não esse barbudão."[4]

Além disso, o programa também contava com competições entre a criançada e atrações musicais no palco, o programa ainda tinha matérias externas do interesse do público infantil, com o repórter Otaviano Costa.

Junto com o programa, Angélica lançou o álbum "Meu Jeito De Ser". O disco vendeu 150.000[5] cópias e rendeu o hit "Flecha De Amor". A música fez tanto sucesso que chegou a ter seu clipe exibido na MTV Brasil.

Angélica fechou o primeiro ano de programa como uma das três principais estrelas do SBT e como a artista que mais fez shows naquele ano.

2º Fase[editar | editar código-fonte]

A segunda fase da Casa da Angélica teve início na segunda metade do ano de 1994 depois do fim da Copa do Mundo. Nessa fase, o programa mudou o público alvo, focando em crianças entre 2 e 9 anos de idade e passando para o horário das 16h. Para isso, toda a estrutura do programa foi modificada, até mesmo o local de gravação, que saiu do Vila Guilherme e passou a ser gravado nos estúdios do SBT em Sumaré[5].

A nova proposta era deixar o programa mais acelerado, aumentando o número de brincadeiras e quadros ao mesmo tempo diminuindo a sua duração. Também houve mudanças nos cenários, ganhando temáticas como a de soldadinhos de chumbo, da baleia Moby Dick e da Arca de Noé,[5] além de novos bonecos para dividir a atração.

Nessa fase, o programa marcava de 5 a 6 pontos de audiência, ou seja, entre 500 mil e 600 mil telespectadores, índices altos para o SBT.[6] O bom índice de audiência fez com que Angélica ganhasse várias outras atrações no SBT. Dessa forma, em 1995 o Casa da Angélica passaria por mais uma formulação.

3º Fase[editar | editar código-fonte]

Após uma pesquisa para evitar o desgaste da imagem da apresentadora, que em 1995, assumiu o revival dos programas TV Animal e Passa ou Repassa no SBT, o Casa da Angélica deixou de ser exibido a tarde indo para as manhãs em que era exibido das 7:30 às 8h. Nesse último período, a Casa da Angélica tinha sua exibição resumida em apenas 30 minutos, sendo 15 minutos com o auditório e mais 15 de desenhos animados.

A audiência nesse período foi de 2 pontos, ou seja, cerca de 200 mil telespectadores na Grande São Paulo. E, mesmo com o baixo índice, a apresentadora não queria que o programa fosse extinto. Walter Leite, que era diretor dos programas "Passa ou Repassa" e "TV Animal", chegou a afirmar à mídia que o programa poderia sair do ar em 1996.[6]

Ainda, Silvio Santos tinha planos de levar a apresentadora para os finais de semana com uma nova versão do Domingo no Parque nas manhãs de domingo. Entretanto, os planos foram abortados quando a apresentadora optou por não renovar o seu contrato e escolheu se transferir para a Rede Globo.

A atração infantil acabou em abril de 1996, quando as negociações com Rede Globo se concretizaram e Angélica retornou para o Rio de Janeiro. O último programa foi ao ar no dia 26 de abril com uma despedida emocionante, entretanto, esta parte do programa não foi ao ar por uma decisão técnica da própria emissora.

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Segundo o que afirmou Jornal do Brasil o péssimo clima de trabalho da equipe foi revelado no dia 28 de julho, depois que o angélico Édson Carlos de Almeida Júnior, de 1,80 m de altura, chutou e arrastou pelo chão Joaquim Lopes Salgado, um anão que mede 95 cm, e desempenha o papel de Animal, um monstrinho que ficava animando a plateia. Salgado registrou queixa por agressão no 9° Distrito Policial, mas no inicio da semana seguinte, com a intermediação do empresário de Angélica, Ivo Moraes, acabou "fazendo as pazes" com Júnior e retirou a queixa. Para os amigos, porém, Salgado deixou claro que a agressão ocorreu sim (está gravada em vídeo), mas que ele mudou de ideia porque precisa manter seu emprego. Quem assistiu ao deprimente episódio confirma a versão do anão e acrescenta que, ao chutá-lo, Júnior gargalhava e compactuava com outros dois angélicos e também com um dos seguranças de Angélica. Além disso, várias pessoas confirmam que os angélicos já estavam satirizando Joaquim. Nos bastidores do SBT, comentava-se que o caso foi rapidamente abafado porque a empresária dos angélicos é ninguém menos do que Márcia, a irmã de Angélica. "Logo após o incidente, Angélica ficou trancada no camarim e a Márcia se referia aos anões como 'esse tipo de gente' ", conta uma pessoa que assistiu à briga, mas que preferiu não se identificar. Outras pessoas reclamaram que a fantasia era pesada - e uma pessoa passou mal com pressão baixa durante a gravação. O programa deveria ter estreado no dia 2 de Agosto, mas uma série de desentendimentos obrigou a emissora a modificar seus planos. Apesar do anúncio da estreia, a equipe não parecia muito entusiasmada. Tanto que a apresentadora não queria dar entrevistas e todos os seus representantes também evitavam falar.[7]

Outro ponto que adiou a estreia do Casa da Angélica foi a primeira versão do programa que não tinha nada a ver com a fórmula de brincadeiras, cantores e angélicos dançando. Até mesmo o visual de Angélica dispensaria as tradicionais botinhas. Mas a animação das crianças na gravação do piloto teria provocado uma sensação de insegurança em Angélica, no sentido de que o novo formato roubava a cena da estrela e excluía os angélicos. Com isso, o diretor Rogério Gallo (trazido da MTV) e sua equipe foram demitidos. No lugar de Gallo quem assumiu a direção do programa foi Marcelo Zambelli, que já dirigiu a apresentadora no Milk Shake da Manchete. Enlouquecida, a equipe ainda tentou conciliar o projeto original com os reparos pedidos, mas perdeu a corrida contra o, relógio. A Casa de Angélica, com roteiro de Cláudio Paiva e direção de Rogério Gallo, serviria às crianças um episódio diário. Para isso, Sílvio Santos montou um estúdio fixo onde despejou um caminhão de equipamentos importados. Mas a apresentadora não quis segurar a barra de decorar um texto por dia, insistiu em apresentar um número a cada programa e pediu a criação de jogos infantis. [8]

Uma semana antes do programa estrear, Sandra Zatz, assessora de imprensa de Angélica, teria comentado que existiria um trabalho contra Angélica encomendado pela família da apresentadora baiana Mara Maravilha , também do SBT. O escritório carioca de Angélica teria confirmado o boato, o que gerou uma série de processos judiciais[9] De início o programa fora comparado com outro programa: o TV Leezão programa no qual a Rita Lee recebia seus convidados. Bem, como em "Casa da Angélica", cada dia um convidado participava de todo o programa, inclusive da historinha. Além de ser a anfitriã, Rita assumia alguns dos personagens: podia ser uma empregada ou uma cartomante.[10]

Cenários[editar | editar código-fonte]

  • As primeiras gravações do programa eram realizadas nos antigos estúdios da Vila Guilherme. O primeiro cenário fazia alusão a uma casa com seus ambientes, Angélica entrava por uma porta para comandar a atração, com a música Casa da Angélica, existia uma biblioteca onde ela lia cartas e telefonava para os fãs, os convidados eram recebidos da porta da garagem, a platéia ficava em um cercado branco de vizinhança, com algumas crianças também livres pelo palco. Foram inseridos também dois personagens interpretrados por anões com fantasias de Jacaré o "Jaca" e Pinguim.
  • Em 1994 as gravações foram transferidas para os estúdios do Sumaré e o cenário foi modificado ganhando um estilo mais lúdico com elementos de histórias infantis como; João e o pé de feijão, a baleia do Pinóquio por onde entravam os convidados e o relógio do coelho de Alice no país das Maravilhas, de onde a apresentadora chegava para comandar o programa e se dirigia para o final, os personagens Jacaré e Pinguim permaneceram até o fim da atração, assim como a logomarca da apresentadora no centro do palco (uma letra "A" com asas e auréola).

Elenco[editar | editar código-fonte]

Apresentação[editar | editar código-fonte]

Angelicats[editar | editar código-fonte]

Desenhos e seriados exibidos[editar | editar código-fonte]

Trilha[editar | editar código-fonte]

Álbuns lançados por Angélica durante o programa.

Ver artigo principal: Discografia de Angélica
Álbum Detalhes Vendas Certificações
Meu Jeito de Ser
  • Lançamento: 1993
  • Formatos: CD, LP, K7, download digital
  • Gravadora: Columbia
  • Brasil: 150.000
  • PMB: Ouro
Angélica
  • Lançamento: 1994
  • Formatos: CD, LP, K7, download digital
  • Gravadora: Columbia
  • Brasil: 100.000
  • PMB: Ouro
Angélica
  • Lançamento: 1995
  • Formatos: CD, LP, K7, download digital
  • Gravadora: Columbia
  • Brasil: 120.000

Referências

  1. «O dia na História (09/08/1993): Angélica faz sua estreia oficial na tela do SBT». SBTPédia. 9 de agosto de 2013. Consultado em 27 de fevereiro de 2016 
  2. a b Moreira, Paulo (9 de julho de 1993). «Uma farra surrealista na "Casa da Angélica"». Jornal do Brasil. Consultado em 13 de maio de 2022 
  3. Andrade, Patrícia (10 de agosto de 1993). «Papinha feijão-com-arroz em cenário confuso». O Globo. Consultado em 13 de maio de 2022 
  4. «Casa da Angélica». Ifantv. Consultado em 13 de maio de 2022 
  5. a b c Andrade, Patrícia (19 de junho de 1994). «Angélica só para baixinhos». Consultado em 13 de maio de 2022 
  6. a b «APRESENTADORA QUER REFORMULAR INFANTIL». Folha de S. Paulo. 19 de novembro de 1995. Consultado em 1 de abril de 2016 
  7. Cláudia Thevenet (4 de agosto de 1993). «CLIMA PESADO PARA A ESTRÉIA NO SBT». Folha de S.Paulo. Consultado em 1 de abril de 2013 
  8. Apoenan Rodrigues (31 de julho de 1993). «ANGÉLICA TEM SEU NOVO PROGRAMA ADIADO PELO SBT». Jornal do Brasil. Consultado em 1 de abril de 2014 
  9. Apoenan Rodrigues (31 de julho de 1993). «SBT SE AGITA COM ESTRÉIA DE ANGÉLICA». Jornal do Brasil. Consultado em 1 de abril de 2015 
  10. Paula Fernandez (11 de julho de 1993). «SBT SE AGITA COM ESTRÉIA DE ANGÉLICA». Jornal O Globo. Consultado em 1 de abril de 2016