Condicionador de cabelo
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Condicionador de cabelo ou amaciante de cabelo, ou ainda amaciador de cabelos é um produto usado nos cabelos, após o uso do xampu, para equilibrar o pH dos fios, e melhorar a sensação, a aparência e a capacidade de gerenciamento do cabelo. Seu principal objetivo é reduzir o atrito entre os fios para facilitar a escovação ou o penteado, o que poderia causar danos ao couro cabeludo.[1]
É também usado para hidratar e condicionar água nos fios, podendo exercer funções cada vez mais variadas, como devolver nutrientes ao cabelo, proteínas e várias outras substâncias extraídas dos fios no dia-a-dia.
Histórico
[editar | editar código-fonte]Durante séculos, os óleos naturais têm sido usados para condicionar o cabelo humano.[2] Um condicionador popular entre os seres humanos no final da era vitoriana era o óleo de Macassar, mas este produto era bastante gorduroso e exigia a fixação de um pequeno pano, conhecido como antimacassar, nos apoios de cabeça de cadeiras e sofás para preservar o estofamento de ser danificado pelo óleo.[3]
O condicionador de cabelo moderno foi criado na virada do século 20, quando a empresa Edouard Pinaud apresentou um produto que ele chamou de Brilliantine na Exposição Universal de 1900 em Paris.[4] Seu produto tinha como objetivo suavizar os cabelos dos homens, incluindo barbas e bigodes.[5] Desde a invenção dos primeiros produtos de Pinaud, a ciência moderna avançou na indústria de condicionadores de cabelo para incluir aqueles feitos com silicone, álcoois graxos e compostos de amônio quaternário. Esses produtos químicos têm os benefícios do condicionador de cabelo sem parecer gorduroso ou pesado.
Mecanismo químico
[editar | editar código-fonte]Estrutura do cabelo
[editar | editar código-fonte]O cabelo é composto de fios de proteína, sendo que a queratina predomina em sua camada exterior, denominada cutícula. As proteínas são polímeros feitos de unidades de aminoácidos.[6] Na queratina, um aminoácido muito presente é a cisteína. A saúde do cabelo está fortemente relacionada à regularidade dessa camada (inclusive, quanto mais lisa, mais regularmente a luz é refletida, isto é, mais brilhante fica o cabelo), sendo que a quantidade de moléculas de água nas pontas das estruturas e a carga elétrica delas são fatores importantes.
As proteínas fibrosas, das quais as que compõem o cabelo fazem parte, possuem propriedades que dão força e flexibilidade às estruturas do fio[7] e, assim como qualquer outra proteína, fatores como calor, pH, tipos de detergentes e solventes orgânicos podem alterá-las.
Xampu e desbalanço de carga
[editar | editar código-fonte]O xampu, em consequência de seus mecanismos para a limpeza do cabelo, acaba deixando as cisteínas dos fios de cabelo carregadas negativamente. Devido a efeitos eletrostáticos, os fios se repelem, o que, macroscopicamente, significa que o cabelo fica esvoaçado. Nesse sentido, o condicionador serve, primordialmente, para neutralizar as cargas desses aminoácidos.
Relação entre o pH do cabelo e produtos capilares
[editar | editar código-fonte]O pH do couro cabeludo é de 5,5 e o pH da haste do cabelo é de 3,67.[8][9] O cabelo é extremamente sensível à variação de pH dos produtos aplicados em sua superfície. O pH alcalino pode aumentar a carga negativa na superfície da fibra capilar, e assim, aumentar o atrito entre as fibras. Esse atrito pode levar a danos na cutícula do cabelo. A acidez dos condicionadores (baixos valores de pH, grande disponibilidade de H+) se deve à necessidade de doar prótons às cisteínas carregadas negativamente, de modo que se neutralizem. Além da limpeza, o tratamento do cabelo com produtos de baixo pH (até 3,5) faz com que a cutícula fique compacta e o cabelo, tratado. Isso se deve às ligações de hidrogênio entre as moléculas de queratina, que são reforçadas com o novo ambiente de pH. Abaixo disso, o excesso de H+ desencadeia reações que comprometem a estrutura da queratina, podendo danificar o cabelo.[10] É necessário, portanto, atentar-se às composições dos produtos, buscando o equilíbrio entre eles: o excesso no uso de condicionador pode ultrapassar o ponto isoelétrico das proteínas (nível de pH em que a carga líquida é nula. No cabelo é em torno de pH 3,67) e carregar positivamente os fios de cabelo, fazendo com que fiquem esvoaçados devido à repulsão, gerando frizz e abrindo as cutículas dos fios.[11]
Um pH alto nos xampus comerciais pode gerar incompatibilidade com o couro cabelo e os fios por conta dos efeitos de frizz e atrito entre as fibras, mas para cabelos lisos extremamente oleosos e finos pode dar volume ao cabelo, um efeito considerado positivo. Um pH superior a 5,5, isto é, superior ao pH do couro cabeludo, pode causar irritações.[11]
Vinagre como condicionador de cabelo
[editar | editar código-fonte]O vinagre é uma solução muito ácida que deriva da reação de fermentação acética do álcool. O uso de vinagre de maçã tornou-se popular como cosmético capilar por proporcionar efeitos positivos aos cabelos. Tem seu pH em torno de 2 a 3[12] - dependendo do fabricante - e por isso seu uso como condicionador deve ser feito após a diluição em água a fim de diminuir a concentração e aumentar o pH para um valor mais próximo do encontrado no cabelo.
Um estudo realizado em 2017 demonstrou a eficácia do vinagre de cebola-albarrã no combate de piolhos.[13]
Referências
- ↑ André O. Barel; Marc Paye; Howard I. Maibach (3 de março de 2009). Handbook of Cosmetic Science and Technology, Third Edition. [S.l.]: CRC Press. pp. 687–. ISBN 978-1-4200-6968-6
- ↑ «Argan oil as a geographic indication». web.archive.org. 19 de março de 2017. Consultado em 28 de outubro de 2022
- ↑ «Antimacassar». 1911 Encyclopædia Britannica. 1911. Consultado em 28 de outubro de 2022
- ↑ Gaspar, Enrique (26 de junho de 2012). The Time Ship: A Chrononautical Journey (em inglês). [S.l.]: Wesleyan University Press
- ↑ «Prell Shampoo - Rediscover a Classic Clean». www.neotericcosmetics.com. Consultado em 28 de outubro de 2022
- ↑ ATKINS, Peter (2018). Princípios de Química. Porto Alegre: Bookman. p. 819. ISBN 978-85-8260-462-5
- ↑ NELSON, David L. (2014). Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed. pp. 125–126–127. ISBN 978-85-8271-073-9
- ↑ Sinclair RD. Healthy hair: what is it? J Investig Dermatol Symp Proc. 2007 Dec;12(2):2-5. doi: 10.1038/sj.jidsymp.5650046. PMID: 18004288.
- ↑ Robbins, Clarence R. and Richard Joseph Crawford. “Cuticle damage and the tensile properties of human hair.” Journal of the society of cosmetic chemists 42 (1991): 59-67.
- ↑ Köhler, Rita de Cassia Oliveira (2011). A Química da estética capilar como temática no ensino de Química e na capacitação dos profissionais da beleza. Santa Maria: [s.n.] pp. 42–47 . Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/6646
- ↑ a b Gavazzoni Dias, Maria FernandaReis; Pichler, Janine; Adriano, AndreRicardo; Cecato, Patricia; de Almeida, AndreiaMunck (2014). «The shampoo pH can affect the hair: Myth or Reality?». International Journal of Trichology (em inglês) (3). 95 páginas. ISSN 0974-7753. PMC 4158629. PMID 25210332. doi:10.4103/0974-7753.139078. Consultado em 31 de outubro de 2022
- ↑ «Is Vinegar an Acid or Base? And Does It Matter?». Healthline (em inglês). 30 de agosto de 2019. Consultado em 31 de outubro de 2022
- ↑ Shahrbanoo Abdolhosseini, Roshanak Mokaberinejad, Vahid AlianNezhadi, Mahbubeh Bozorgi, Esmaeel Nazem. Evaluation of Treatment with Squill Vinegar in 10 patients with Head Pediculosis. Asian J Clin Case Rep Trad Alt Med, Jan-Mar 2017; 1(1): 57-64