Márcio Moreira Alves: diferenças entre revisões
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Revisão das 12h17min de 21 de setembro de 2020
Márcio Moreira Alves | |
---|---|
Deputado federal pela Guanabara | |
Período | 1 de fevereiro de 1967 a 13 de dezembro de 1968 |
Dados pessoais | |
Nome completo | Márcio Emanuel Moreira Alves |
Nascimento | 14 de julho de 1936 Rio de Janeiro, Distrito Federal Brasil |
Morte | 3 de abril de 2009 (72 anos) Rio de Janeiro Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Fundação Nacional de Ciências Políticas de Paris |
Cônjuge | Marie Breux Moreira Alves |
Partido | MDB (1966-1968) PMDB (1982-1990) |
Profissão | Jornalista e político |
Márcio Emanuel Moreira Alves (Rio de Janeiro, 14 de julho de 1936 - Rio de Janeiro, 3 de abril de 2009)[1] foi um jornalista e político brasileiro.
Biografia
Era filho do ex-prefeito da cidade fluminense de Petrópolis Márcio Honorato Moreira Alves. Sua família era proprietária do Hotel Ambassador, no Rio de Janeiro, onde funcionou o Juca's Bar, ponto de encontro de intelectuais e políticos na década de 1960.
Começou sua carreira no jornalismo aos dezessete anos, como repórter no jornal Correio da Manhã, e foi premiado com o Prêmio Esso de Jornalismo pela sua matéria a respeito da crise política de Alagoas em 1957. Entre 1958 e 1963, cursou a Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ). Foi assessor do ministro das Relações Exteriores entre 1961 e 1962, San Tiago Dantas.[2]
Membro da oposição ao governo do presidente João Goulart, apoiou o Golpe Militar de 1964. Porém, passou a se opor ao regime militar instituído pelo golpe depois da edição do Ato Institucional Número Um (AI-1) e passou a comandar uma forte campanha denunciando a prática de torturas contra presos políticos no Brasil.[3]
Marcito, como era conhecido, participou em 1965 de uma manifestação promovida por intelectuais e estudantes no Rio de Janeiro em frente ao Hotel Glória, onde se reunia o Conselho da Organização dos Estados Americanos. Esta organização internacional, à época, vinha servindo praticamente para facilitar o controle das ditaduras militares na América Latina pelos Estados Unidos. Neste dia, estaria presente para a abertura da reunião o marechal Humberto Castelo Branco, presidente imposto pelo golpe militar. Houve a manifestação e o DOPS, o órgão de repressão política, prendeu várias personalidades. Márcio Moreira Alves não havia sido preso, mas logo correu atrás da viatura da polícia e exigiu seguir junto de seus companheiros de protesto e ideias.[carece de fontes]
Em outubro de 1967, participou da comissão parlamentar que visitou presos políticos em Juiz de Fora e encontrou onze vítimas de torturas realizadas por militares agindo dentro de quartéis do Exército Brasileiro.[4] Era o terceiro ano da luta de Moreira Alves contra a tortura, tendo denunciado o general Ernesto Geisel como "mancomunado com um bando de sádicos".[4]
É lembrado como o provocador do AI-5,[5] ao proferir no início de setembro de 1968, como deputado, um discurso no Congresso Nacional em que convocava um boicote às comemorações do Dia da Independência do Brasil[3] e solicitava às jovens brasileiras que não namorassem oficiais do Exército.[6] Em função do tom, considerado radical, de seu discurso, o Ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva enviou à Câmara de Deputados um pedido de autorização para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado, mas, em votação realizada em 12 de dezembro, o pedido do governo foi rejeitado por 216 a 141, com quinze abstenções. Nesse mesmo dia, Márcio Moreira rapidamente abandonou o recinto da Câmara e desapareceu, exilando-se depois.[7]
A represália do governo foi violenta: na manhã seguinte, foi convocado o conselho de segurança nacional e editado o Ato Institucional Número Cinco, considerado o mais duro ato institucional editado durante o Regime Militar.[8] Márcio teve o mandato imediatamente cassado pelo AI-5 e deixou clandestinamente o país ainda em dezembro de 1968, exilando-se no Chile, onde ficou até 1971. Em 1971, foi para Paris, onde se doutorou pela Fundação Nacional de Ciências Políticas de Paris. Em 1974, mudou-se para Lisboa, onde ficou até 1979. Com a chegada da Lei da Anistia, em 1979, Márcio voltou ao Brasil e passou a colaborar, até 1986, com o jornal Tribuna da Imprensa.[9]
Com o fim do sistema bipartidário e as posteriores reformulações partidárias, filiou-se ao PMDB, sucessor do antigo MDB, e concorreu a uma vaga de deputado federal pelo Rio de Janeiro em novembro de 1982, ficando como suplente. Entre 1982 e 1986, assessorou Luís Carlos Bresser Pereira durante o período em que Bresser era presidente do Banco do Estado de São Paulo e no período em que Bresser era secretário de governo de São Paulo. Em 1987, foi subsecretário de relações internacionais do estado do Rio de Janeiro, durante o governo de Wellington Moreira Franco. Deixou a vida pública em 1990, quando se desligou do PMDB e passou a se dedicar ao jornalismo.[10] Foi comentarista da Rede Manchete e colunista no jornal O Globo até 2008, quando se afastou das funções por problemas de saúde, devido a um acidente vascular cerebral que havia sofrido em outubro de 2008.
Márcio Moreira Alves morreu em 3 de abril de 2009, aos 72 anos, depois de 5 meses em que estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla dos órgãos e de uma insuficiência renal e respiratória.[11]
Obras
- O Cristo do Povo, Sabiá, 1968.
- Un grano de mostaza (El despertar de la revolución brasileña). Premio Casa de las Américas, 1972[12]
- Sábados Azuis: 75 Histórias de Um Brasil que Dá Certo, 2000
- Gostei do Século: Crônicas, 2001
- Brava Gente Brasileira: Crônicas, 2001
- 68 Mudou o Mundo, 1993
- Histórias do Brasil Profundo: Crônicas, 2003
Referências
- ↑ G1 - Morre ex-deputado Marcio Moreira Alves
- ↑ https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/biografias/marcio_moreira_alves
- ↑ a b José Maria Mayrink, Mordaça no Estadão, O Estado de S. Paulo, 2008, pág. 24
- ↑ a b Gaspari, Elio (2014). A Ditadura Derrotada 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca. 544 páginas. ISBN 978-85-8057-432-6
- ↑ José Maria Mayrink, Mordaça no Estadão, O Estado de S. Paulo, 2008, pág. 36
- ↑ Maria Fernanda Lopes Almeida, Veja sob Censura, Jaboticaba, São Paulo, 2008, pág. 86
- ↑ SKIDMORE, Thomas (2004). Brasil: de Castelo a Tancredo. [S.l.]: Paz e Terra. p. 165
- ↑ «Ex-deputado federal Marcio Moreira Alves morre no Rio». Terra. Consultado em 11 de abril de 2016
- ↑ https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/biografias/marcio_moreira_alves
- ↑ https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/biografias/marcio_moreira_alves
- ↑ «Aos 72 anos, morre o ex-deputado federal Márcio Moreira Alves». Estadão. Consultado em 11 de abril de 2016
- ↑ Blanes, Jaume (6 de dezembro de 2015). «El premio Testimonio de Casa de las Américas. Conversación cruzada con Jorge Fornet, Luisa Campuzano y Victoria García». KAMCHATKA. Consultado em 9 de março de 2017