Batom

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Um batom vermelho
Uma mulher passando batom

O batom é um cosmético usado para dar cor aos lábios. Com ou sem brilho, realça a boca e é disponível em várias cores e marcas, adequando-se a diversos gostos. O nome vem do francês bâton, literalmente "bastão", embora o cosmético não seja chamado assim em francês. O batom é o cosmético mais utilizado em todo o mundo. Ele desfrutou de sua participação global de R$23.422.75 (US $5760) milhões em 2016 e espera atingir R$35.256.12 (US $8670) milhões em 2021.[1]

História[editar | editar código-fonte]

As mulheres da Antiga Mesopotâmia foram possivelmente as primeiras mulheres a inventarem e usarem batom. Elas pulverizavam minérios para decorar os lábios.[2] Já mulheres da antiga Civilização do Vale do Indo usavam batom nos lábios para decoração.[3]

No Egito Antigo, eram usados pigmentos vermelhos extraídos de algas, 0.01% iodo, bromo manitol, o que causa graves problemas de saúde. Batons com efeitos brilhantes foram inicialmente feitos usando a substância que causa a iridescência encontrada em escamas de peixe.[4]

Na Idade Média, muitas pessoas se preocupavam com os cuidados da pele e do cabelo. O branco era a cor de base preferida para maquiagem, já que se admirava a compleição pálida. Blush era aplicado aos lábios e bochechas. No período dos anglo-saxões, usava-se o laranja ou o rosa. Na Itália nos anos 1200, preferia-se um visual mais natural com cores de pele fresca e blush rosa.[5] Na Península Ibérica, alguns poetas descreveram a beleza feminina com lábios vermelhos.[6]

Uma visão comum é que os cosméticos teriam desaparecido da Europa ao longo da Idade Média por estarem associados ao exotismo do mundo árabe e ao Império Bizantino.[6] No início da Idade Média, a maquiagem foi vista como pecaminosa por alguns teólogos como Tertuliano[6] e Cipriano de Cartago,[7] embora posteriormente defendida por Tomás de Aquino.[8] A influência da Igreja, no entanto, é desconhecida e tratados sobre cosméticos seguiram sendo publicados de acordo com a tradição da antiguidade de tratá-los como parte de saúde e os cosméticos eram descritos juntamente com os medicamentos[6] e diversos livros religiosos incluíam receitas para melhorar a aparência.[9]Tais tratados, embora infrequentes na alta Idade Média, tornaram-se numerosos a partir do século XII.[10]

A maquiagem só retornou em grande escala na Europa Renascentista, mas ainda sendo usada unicamente pela realeza e a aristocracia. Somente no século XVIII, os cosméticos passaram a ser usados por mulheres de todas as classes sociais.[11][carece de fonte melhor]

Inglaterra[editar | editar código-fonte]

Colorir os lábios começou a ganhar alguma popularidade na Inglaterra do século XVI. Durante o reinado da rainha Elizabeth I ter os lábios vermelhos brilhantes e um rosto branco e austero tornou-se moda.[12] Naquela época, o batom era feito a partir de uma mistura de cera de abelha e extratos vermelhos de plantas. Só as mulheres da classe alta e atores masculinos usavam maquiagem.[13]

Durante a maior parte do século XIX, o uso óbvio de cosméticos não foi considerado aceitável na Grã-Bretanha para mulheres respeitáveis​​, e seu uso foi associado a grupos marginalizados, como atrizes e prostitutas. Considerava-se descarado e grosseiro usar maquiagem.[2] Na década de 1850, relatórios foram publicados às mulheres com advertências sobre os perigos do uso de chumbo e vermelhão em cosméticos aplicados na face. Até o final do século XIX, Guerlain, uma empresa de cosméticos francesa, começou fabricar batom. O primeiro batom comercial foi inventado em 1884, por perfumistas em Paris, França. Era coberto de papel de seda e feito a partir de sebo de veado, óleo de rícino e cera de abelha.[2]

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

No século XIX, o batom era colorido através de corante carmim. O corante carmim era extraído de cochonilha nativas do México e da América Central. A cochonilha é um inseto que produz ácido carmínico para evitar a predação por outros insetos. O ácido carmínico, constitui 17% a 24% do peso de cada inseto seco e o corante pode ser extraído de seu corpo e ovos.[14]:36

Este batom não vinha em um tubo, portanto era aplicado com pincel. O corante carmim era caro e aparecer de batom carmim era considerado pouco natural e teatral, por isso o batom não era para uso diário. Somente atores e atrizes poderiam sair em público com batom. Até 1880, poucas atrizes de palco usavam batom em público.[15][16] A atriz Sarah Bernhardt, começou a usar batom e blush em público. Antes do final do século XIX, as mulheres só usavam maquiagem em casa. Bernhardt muitas vezes aplicou corante carmim nos lábios publicamente.[14]:36

No início da década de 1890, o carmim foi misturado a uma base de cera e óleo. A mistura rendeu uma aparência natural e foi mais aceitável entre as mulheres. Naquela época, o batom não era vendido em tubos metálicos ou plásticos, mas em tubos de papel, papéis coloridos, ou em pequenos frascos.[15]

Em 1912 as mulheres americanas já começaram a considerar batom como aceitável, embora um artigo no The New York Times avisava ​​sobre a necessidade de usar com cautela.[17]

Em 1915, o batom foi vendido em cilindros metálicos que foram inventado por Maurice Levy. As mulheres tinham de deslizar uma alavanca pequena na parte lateral do tubo com a ponta dos seus dedos para deslocar o batom para cima para o topo da embalagem. Em 1923, o primeiro tubo giratório foi patenteado por James Bruce Mason Jr. em Nashville, Tennessee.Como as mulheres começaram a usar batom para fotografias, a fotografia ajudou o batom a ser aceitável entre as mulheres.[15] Elizabeth Arden e Estee Lauder começaram a vender batom em seus salões.[16]

Referências

  1. «Ladies! Here are herbal lipsticks for you». Tech Explorist (em inglês). 8 de janeiro de 2020. Consultado em 8 de janeiro de 2020 
  2. a b c «The Slightly Gross Origins of Lipstick». InventorSpot. Consultado em 9 de fevereiro de 2010 
  3. Yona Williams. Ancient Indus Valley: Food, Clothing & Transportation.
  4. «What's That Stuff?». Chemical and Engineering News. Consultado em 2 de setembro de 2010 
  5. Jordan, William C. (1996). The Middle Ages: An Encyclopedia for Students (em inglês). [S.l.]: Charles Scribner's Sons 
  6. a b c d Da Soller, Claudio (2005). «The beautiful woman in medieval Iberia: rhetoric, cosmetics, and evolution». Consultado em 17 de abril de 2021 
  7. Grung, Anne Hege; Kartzow, Marianne Bjelland; Solevag, Anna Rebecca (26 de maio de 2016). Bodies, Borders, Believers: Ancient Texts and Present Conversations (em inglês). [S.l.]: ISD LLC 
  8. Aquinas, Saint Thomas (1950). Summa Theologica (Complete) (em inglês). [S.l.]: Library of Alexandria 
  9. Julien, Pierre (1990). «Produits de beauté au Moyen Age et au début des temps modernes : Les soins de beauté, Moyen Age, début des temps modernes. Actes du IIIe Colloque international, Grasse (26-28 avril 1985)». Revue d'Histoire de la Pharmacie (284): 96–100. Consultado em 19 de abril de 2021. Comment ne pas s'étonner, dès lors, que nombre de ces recettes destinées à perfectionner l'apparence physique figurent dans maints ouvrages religieux, tel le traité de l'évêque Etienne de Fougères (1168), qui mêle bien curieusement théologie et recettes pour embellir les yeux, le teint, les cheveux?  line feed character character in |citacao= at position 197 (ajuda)
  10. Moulinier-Brogi, Laurence (1 de junho de 2004). «Esthétique et soins du corps dans les traités médicaux latins à la fin du Moyen Âge». Médiévales. Langues, Textes, Histoire (em francês) (46): 55–72. ISSN 0751-2708. doi:10.4000/medievales.869. Consultado em 20 de abril de 2021 
  11. Cosmetic Encyclopædia Britannica - acessado em 12 de abril de 2021
  12. http://www.elizabethancostume.net/makeup.html Elizabethan Makeup
  13. «Elizabethan Make-up». Elizabethanera. org.uk. Consultado em 9 de fevereiro de 2010 
  14. a b Riordan, Theresa (10 de maio de 2004). Inventing Beauty: A History of the Innovations that Have Made Us Beautiful. New York, NY: Crown Publishing Group. pp. 36–60. ISBN 0-7679-1451-1 
  15. a b c «A Brief History of Lipstick». Enjoy Your Style. Consultado em 2 de setembro de 2010 
  16. a b «How Lipstick Works». Discovery Health. Consultado em 2 de setembro de 2010 
  17. New York Times, March 17, 1912, "The Art of Making Up":"Toque os lábios ligeiramente com um batom, mas não faça a boca parecer uma carne crua." (em inglês)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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