Saltar para o conteúdo

Roque Sáenz Peña

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Roque Sáenz Peña
Roque Sáenz Peña
15.º Presidente da Argentina
Período 12 de outubro de 1910
a 9 de agosto de 1914
Vice-presidente Victorino de la Plaza
Antecessor(a) José Figueroa Alcorta
Sucessor(a) Victorino de la Plaza
Deputado Federal pela Capital Federal
Período 1906-1907
Ministro das Relações Exteriores da Argentina
Período 30 de junho de 1890
a 4 de agosto de 1890
Presidente Miguel Juárez Celman
Antecessor(a) Amancio Alcotra
Sucessor(a) Eduardo Costa
Dados pessoais
Nome completo Roque José Antonio Sáenz Peña Lahitte
Nascimento 19 de março de 1851
Buenos Aires
Morte 9 de agosto de 1914 (63 anos)
Buenos Aires
Nacionalidade Argentino
Cônjuge Rosa Isidora González Delgado
Partido Partido Autonomista Nacional
Profissão advogado

Roque José Antonio Sáenz Peña Lahitte (Buenos Aires, 19 de março de 1851Buenos Aires, 9 de agosto de 1914) foi um advogado e político argentino, presidente de seu país entre 1910 e 1914. Combatente voluntário do exército peruano na Guerra do Pacífico.[1][2]

Primeiros anos

[editar | editar código-fonte]

Filho de Luis Sáenz Peña (presidente da Argentina entre 1892 e 1895) e de dona Cipriana Lahitte, nasceu em uma família de partidários de Juan Manuel de Rosas: seus avós paterno e materno, Roque Sáenz Peña e Eduardo Lahitte, haviam sido deputados da Legislatura durante o governo de Rosas. Depois da derrota de Rosas em Caseros, as tradições federais dos avós e do pai, que não mudaram suas convicções, os mantiveram afastados da função pública. Cursou seus estudos secundários no Colégio Nacional de Buenos Aires. Em 1875 se graduou doutor em Direito.

Durante a Revolução de 1874 na Argentina defende as autoridades da nação, como Capitão do Regimento N° 2. Vencida a revolução, é promovido a Segundo Comandante das Guardas Nacionais, porém solicita baixa. Opositor de Mitre, milita no Partido Autonomista encabeçado por Adolfo Alsina, e em 1876 é eleito deputado na Legislatura da Província de Buenos Aires. Apesar da sua juventude, chega a presidir o legislativo provincial. Em 1878, por causa das dissidências internas do autonomismo devido à política de conciliação iniciada pelo presidente Avellaneda a quem Sáenz Peña se opunha, renunciou a seu cargo e terminou por abandonar transitoriamente a política.

A Guerra do Pacífico

[editar | editar código-fonte]

Ao declarar-se a Guerra do Pacífico, entre Chile e Peru, em 1879, se ausenta silenciosamente de seu país viajando até Lima. Oferece seus serviços ao Peru, que lhe outorga o grau de Tenente Coronel. Destaca-se na batalha de Tarapacá. Com a queda do chefe de seu regimento, assume o comando e faz retroceder as forças chilenas.

Comandando, em Arica, o batalhão de Iquique, depois de ser ferido, cai prisioneiro do comandante Supper. É submetido ao Conselho de Guerra e é confinado próximo da capital chilena. Posto em liberdade depois de três meses, a pedidos de sua família e do governo argentino, regressa a Buenos Aires em setembro de 1880. O Congresso da Nação em votação unânime lhe devolve a cidadania argentina, que havia perdido de jure ao incorporar-se ao exército peruano.[1]

Atuação política posterior

[editar | editar código-fonte]

Presidia na época o país, o General Roca, e seu Ministro de Relações Exteriores, Bernardo de Yrigoyen o nomeia Subsecretário em 1881. Em 1883, junto com seus amigos Paul Groussac, Carlos Pellegrini e Exequiel Ramos Mejía concebe o projeto de fundar a revista Sud América, na qual suas ideias americanistas foram amplamente divulgadas. Renuncia ao cargo de Subsecretário, e se muda para a Europa por dois anos.

De volta a Buenos Aires, apoia a candidatura presidencial de Miguel Juárez Celman. Em 1887, com Juárez Celman já na presidência, é designado ministro plenipotenciário no Uruguai. No ano seguinte sobressai-se como representante do país na Conferência de Montevidéu. Em 1889 - 1890, junto com Manuel Quintana representa a Argentina na Primeira Conferência Pan-americana, realizada em Washington. Ali defende o princípio de inviolabilidade dos Estados e se opõe ardorosamente ao projeto norte-americano de criar uma união aduaneira continental. Voltou a Buenos Aires para ser ministro de Relações Exteriores do agonizante governo de Juárez Celman, que cairia pouco depois.

Em meio à grave crise política e econômica que sacudia o país, a figura de Roque Sáenz Peña se perfila como favorita para as eleições presidenciais de 1892. Contava com forte apoio entre a juventude, e na Província de Buenos Aires.

Para destruir sua candidatura, Mitre, aliado de Roca, impulsiona a de seu próprio pai: Luis Sáenz Peña. Para não enfrentar seu pai, Roque prefere renunciar à sua candidatura. As eleições dão como vencedor Luis Sáenz Peña, que designa Roque como chefe do Regimento de Guardas Nacionais. Em junho de 1892 incorpora-se à Câmara de Senadores da Província de Buenos Aires, porém pouco depois renuncia aos dois cargos para retirar-se da vida pública. Por um tempo viveu em Entre Ríos, regressando a Buenos Aires em 1895 para montar um escritório de advogado junto com seus amigos Federico Pinedo e Carlos Pellegrini.

Em 1905, em reconhecimento a sua atuação durante a Guerra do Pacífico, foi convidado oficialmente pelo Peru para inaugurar um monumento a Francisco Bolognesi Cervantes. Ali recebe a medalha de ouro dada pelo Congresso peruano, e os galões de General de Brigada do exército peruano.

Em 1906 o governo de José Figueroa Alcorta o designa representante extraordinário para assistir aos atos da boda de Afonso XIII de Espanha. De regresso à Argentina, em 1907 é nomeado para encabeçar as missões diplomáticas na Suíça e Itália. Chegando a Roma, recebe instruções de seu governo para representar o país na segunda Conferência de Paz de Haia junto com Luis María Drago. Ali sustentaram uma posição favorável à criação de um tribunal internacional de arbitragem. Em 1909 forma parte do tribunal que arbitra as divergências entre Estados Unidos e Venezuela. Sua missão diplomática junto aos governos italiano e suíço se prolonga até 1910, quando ficou sabendo na Itália, da sua proclamação como candidato a Presidente da República, em sucessão a José Figueroa Alcorta.

Presidente da Nação

[editar | editar código-fonte]

Assumiu a presidência em 12 de outubro de 1910. Seus esforços se concentram em democratizar a vida política, através de uma reforma eleitoral, iniciada pelo seu antecessor e baseada em três elementos chave: o voto secreto, obrigatório, e utilizando o padrão militar. Entre os opositores a seu governo encontravam-se os beneficiários do antigo regime eleitoral, cujos privilégios estavam claramente ameaçados pela reforma.

Assim, muitos legisladores dos setores conservadores, ainda que não se opondo abertamente, impuseram dificuldades à reforma. No entanto, esta foi proclamada em 10 de fevereiro de 1912 como Lei N° 8 871, conhecida desde então como Lei Sáenz Peña.

Por razões de saúde, desde 1913 solicita constantemente licenças do cargo, assumindo interinamente o seu vice-presidente Victorino de la Plaza. Morreu em 9 de agosto de 1914, dois anos antes de terminar seu mandato, que foi concluído por Victorino de la Plaza.

Referências

  1. a b «Roque José Antonio Sáenz Peña Lahitte» (em espanhol). Genealogía Familiar. Consultado em 4 de março de 2015 
  2. «Galeria de presidentes» (em espanhol). Presidencia de la Nación Argentina. Consultado em 4 de março de 2015 

Precedido por
José Figueroa Alcorta
Presidente da Argentina
1910 - 1914
Sucedido por
Victorino de la Plaza