Sapo-comum: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m fechar parenteses
Linha 78: Linha 78:


Os fios de ovos absorvem água e incham, e pequenos [[girino]]s eclodem após duas a três semanas. A princípio, permanecem agarrados ao restos do fio e alimentam-se da gelatina. Mais tarde afixam-se à parte de baixo de folhas de vegetação aquática antes de se tornarem livres nadadores. Os girinos à primeira vista parecem semelhantes ao de ''[[Rana temporaria]]'' mas são de uma cor mais escura, sendo pretos em cima e cinzento-escuro em baixo. Podem-se distinguir de girinos de outras espécies pelo facto da boca ser da mesma largura que o espaço entre os olhos, e que esta é o dobro do tamanho da distância entre as narinas. Durante o curso de algumas semanas as suas pernas desenvolvem-se a a cauda é absorvida gradualmente. Às doze semanas de idade são sapos em miniatura medindo cerca de 1,5&nbsp;cm de comprimento e estão prontos a sair do charco.<ref name=Observer/>
Os fios de ovos absorvem água e incham, e pequenos [[girino]]s eclodem após duas a três semanas. A princípio, permanecem agarrados ao restos do fio e alimentam-se da gelatina. Mais tarde afixam-se à parte de baixo de folhas de vegetação aquática antes de se tornarem livres nadadores. Os girinos à primeira vista parecem semelhantes ao de ''[[Rana temporaria]]'' mas são de uma cor mais escura, sendo pretos em cima e cinzento-escuro em baixo. Podem-se distinguir de girinos de outras espécies pelo facto da boca ser da mesma largura que o espaço entre os olhos, e que esta é o dobro do tamanho da distância entre as narinas. Durante o curso de algumas semanas as suas pernas desenvolvem-se a a cauda é absorvida gradualmente. Às doze semanas de idade são sapos em miniatura medindo cerca de 1,5&nbsp;cm de comprimento e estão prontos a sair do charco.<ref name=Observer/>

=== Desenvolvimento de crescimento ===
[[File:BufoBufoTadpoles.jpg|thumb|esquerda|alt=Girinos de sapo-comum|Girinos, alguns com patas traseiras, Alemanha]]

O sapo-comum atinge a [[maturidade sexual]] entre os três e os sete anos de idade mas há uma grande variabilidade entre populações.<ref name=Collins/> Os juvenis são muitas vezes parasitados por nemátodes da espécie ''[[Rhabdias bufonis]]''. Isto diminui as taxas de crescimento e reduz endurance e aptidão. Juvenis maiores durante a metamorfose crescem sempre mais rápido do que mais pequenos que foram criados em charcos com maior número de indivíduos. Mesmo quando possuem alta carga de parasitas, os juvenis maiores crescem mais rápido do que indivíduos de menor tamanho com cargas parasíticas menores.<ref>{{cite journal |author=Goater, Cameron P.; Semlitsch, Raymond D.; Bernasconi, Marco V. |year=1993 |title=Effects of body size and parasite infection on the locomotory performance of juvenile toads, ''Bufo bufo'' |journal=Oikos |volume=16 |issue=1 |pages=129–136 |jstor=3545205 |doi=10.2307/3545205 }}</ref> Depois de vários meses com infecções vérmicas pesadas, alguns juvenis em um estudo pesavam apenas metade do que [[Grupo de controle|juvenis controlo]]. A [[anorexia nervosa]] causada pelos parasitas provocou uma diminuição da quantidade de comida ingerida e alguns morreram.<ref>{{cite journal |author=Goater, C. P.; Ward, P. I. |year=1992 |title=Negative effects of ''Rhabdias bufonis'' (Nematoda) on the growth and survival of toads (''Bufo bufo'') |journal=Oecologia |volume=89 |issue=2 |pages=161–165 |jstor=4219866 }}</ref> Um outro estudo investigou se o uso de [[Fertilizante nitrogenado|fertilizantes nitrogenados]] afectam o desenvolvimento de girinos de sapo-comum. Os girinos foram colocados em soluções diluídas de [[nitrato de amónio]] de potência variável. Determinou-se que a certas concentrações, todas acima das normalmente encontradas no campo, o crescimento e metamorfose foram acelerados, mas a outras, não houve diferença significativa entre os girinos submetidos à experiência e os controlos. No entanto, foram encontrados alguns padrões de natação pouco usuais e algumas deformações nos animais da experiência.<ref>{{cite journal |author=Xu, Q.; Oldham, R. S. |year=1997 |title=Lethal and sublethal effects of nitrogen fertilizer ammonium nitrate on common toad (''Bufo bufo'') tadpoles |journal=Archives of Environmental Contamination and Toxicology |volume=32 |issue=3 |pages=298–303 |doi=10.1007/s002449900188 |pmid=9096079 }}</ref>

{{clear}}
{{wide image|Bufobufotadpoles.jpg|700px|Desenvolvimento de um girino ao longo de duas semanas, Alemanha| alt = Desenvolvimento de girinos}}

Foi feita uma comparação entre a taxa de crescimento de juvenis recém-[[Metamorfose|metamorfoseados]] de diferentes altitudes e latitudes da Noruega, Alemanha, Suiça, Países Baixos e França. A princípio as taxas de crescimento de machos e fêmeas eram idênticas. À medida que ficavam adultos, a sua taxa de crescimento abrandou para cerca de 21% da taxa inicial e tinham chegado a 95% dos tamanho esperado em adulto. Algumas fêmeas que estavam no ciclo de reprodução bienal continuaram a crescer rapidamente por um período maior de tempo. Ajustando para diferenças em temperatura e o comprimento da estação do ano de crescimento, os sapos cresceram e maturaram a aproximadamente a mesma taxa nas quatro localidades mais frias. Estes juvenis chegaram à maturidade após 1,09 anos nos machos e 1,55 anos nas fêmeas. No entanto, o sapos jovem das planícies de França cresceram mais depressa e por mais tempo até um tamanho muito maior levando em média 1,77 anos nos machos e 2,49 anos nas fêmeas antes de atingir a maturidade.<ref>{{cite journal |author=Hemelaar, Agnes |year=1988 |title=Age, growth and other population characteristics of ''Bufo bufo'' from different latitudes and altitudes |journal=Journal of Herpetology |volume=22 |issue=4 |pages=369–388 |jstor=1564332 |doi=10.2307/1564332 }}</ref>



{{referências}}
{{referências}}

Revisão das 16h01min de 21 de junho de 2013

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSapo-comum
Sapo-comum em Bensheim, Alemanha
Sapo-comum em Bensheim, Alemanha
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Bufonidae
Género: Bufo
Nome binomial
Bufo bufo
Linnaeus, 1758
Distribuição geográfica
Mapa de distribuição de Bufo bufo
Mapa de distribuição de Bufo bufo

O sapo-comum ou sapo-europeu (Bufo bufo) é uma espécie de sapo da família Bufonidae. Encontra-se distribuído por toda a Europa, com a excepção da Irlanda e algumas ilhas mediterrânicas. A sua área de distribuição estende-se até Irkutsk na Sibéria a este e até ao norte de África a sul, nomeadamente nas montanhas do norte de Marrocos, Argélia e Tunísia.

Os adultos podem atingir os 18 centímetros e a sua pele tem uma aparência verrugosa. Apresentam uma cor de pele que vai desde o verde até ao castanho. Como defesa contra predadores, segregam uma substância tóxica, de sabor desagradável. Esta substância é normalmente suficiente para deter a maior parte dos predadores. Apesar dos adultos passarem a maior parte do tempo em terra, as fêmeas migram para charcos e outras fontes de água parada para depositar os ovos. Estes diferem dos ovos das rãs porque formam longos fios ao invés de uma massa amorfa. Os ovos são depositados na Primavera, quando as fêmeas tentam regressar ao local onde nasceram. Os girinos são semelhantes aos de outras espécies exceptuando que a sua cabeça é maior, mais redonda e mais escura.

O sapo-comum alimenta-se de invertebrados como insectos, aranhas, lesmas e minhocas, que caçam com as suas línguas pegajosas. Os sapos caçam geralmente à noite, e são mais activos em dias húmidos.

Durante a migração para os locais de reprodução, muitos sapos são atropelados nas estradas. Em alguns locais, túneis especiais são construídos por baixo das estradas de maneira a que os sapos possam passar e algumas associações organizam patrulhas para ajudá-los a atravessar estradas movimentadas carregando-os em baldes.

Sapo-comum

Descrição

Sapo-comum a andar
Sapo-comum a andar

O sapo-comum pode alcançar os 15 cm de comprimento. As fêmeas são normalmente mais robustas que os machos e espécimes mais a sul tendem a ser maiores que os do norte. A cabeça é larga com uma boca grande abaixo do focinho terminal que tem duas pequenas narinas. Não têm dentes. Os olhos bolbosos e salientes têm íris de cor amarela ou avermelhada e pupilas com aberturas horizontais em forma de fenda. Por detrás dos olhos estão duas regiões bolbosas, as glândulas parótidas que estão posicionadas obliquamente. Contêm uma substância tóxica, bufotoxina, usada para deter potenciais predadores. A cabeça une-se ao corpo sem um pescoço visível e não têm saco vocal externo. O corpo é largo e achatado, e colocado rente ao chão. Os membros anteriores são curtos com os dedos das patas virados para dentro. Durante a época de reprodução, os machos desenvolvem almofadas nupciais nos primeiros três dedos, que usam para agarrar as fêmeas durante o acasalamento. Os membors posteriores são curtos em relação às de outras rãs e as patas posteriores têm dedos compridos e sem membrana interdigital. Não possuem cauda. A pele é seca e coberta com altos semelhantes a verrugas. A sua cor é castanho, castanho-dourado ou castanho-acizentado, por vezes parcialmente manchado ou com bandas de cor mais escuro. O sapo-comum tende a ser secualmente dimórfico com as fêmeas mais castanhas e os machos mais cinzentos.[2] The underside is a dirty white speckled with grey and black patches.[3][4]

Outras espécies com o qual o sapo-comum pode ser confundido incluem o sapo-corredor (Epidalea calamita) e o sapo-verde-europeu (Pseudepidalea virdis). Aquele é normalmente mais pequeno e possui uma banda amarela ao longo das suas costas enquanto que o último tem um padrão pintalgado característico. As glândulas parótidas de ambos são paralelas em vez de oblíquas como as do sapo-comum.[3] A rã-comum (Rana temporaria) também é semelhante na aparência mas tem um focinho menos arredondado, pele húmida e macia e normalmente movimenta-se por saltos.[5]

Os sapos-comuns podem viver muitos anos e sabe-se que podem sobreviver cinquenta anos em cativeiro.[6] Na natureza, pensa-se que vivam ente dez e doze anos. A sua idade pode ser determinada contando o número de anéis de crescimento nos ossos das suas falanges.[7]

Taxonomia

Cintura escapular
Esqueleto mostrando a cintura escapular
1 supraescápula, 2 omoplata, 3 clavícula,
4 procoracoidal

Ao sapo-comum foi inicialmente dado o nome binomial Rana bufo pelo biólogo sueco Carolus Linnaeus na 10ª Edição do Systema Naturae em 1758.[8] Nesta obra, colocou todas as rãs e sapos num único género, Rana. Mais tarde, tornou-se óbvio que o género deveria ser subdividido, e em 1768, o naturalista austríaco Josephus Nicolaus Laurenti colocou o sapo-comum no género Bufo, nomeando-o de Bufo bufo.[9][10] Sapos neste género estão incluídos na família Bufonidae, os sapos verdadeiros.[11]

Várias sub-espécies de Bufo bufo foram reconhecidos ao longo dos anos. O sapo do Cáucaso pode ser encontrado nas regiões montanhosas do Cáucaso e foi a certo tempo classificado de Bufo bufo verrucosissima. Devido ao seu genoma maior e por diferenciar-se de Bufo bufo morfologicamente, é agora reconhecido como Bufo verrucosissimus.[12][13] Bufo bufo spinosus encontra-se na região Mediterrânica. Cresce até a um tamanho maior e a sua pele tem mais espinhos que indivíduos localizados mais a norte e com os quais há intergradação.[14] É agora aceite como Bufo spinosus.[15] Bufo bufo gredosicola restringe-se à Sierra de Gredos, uma cordilheira no centro de Espanha. Tem glâdulas paratoides especialemente grandes e a sua cor tende a ser mais às manchas do que uniforme.[16] É considerada sinónima de Bufo bufo.[11]

Bufo bufo faz parte de um complexo de espécies, um grupo de espécies relacionadas entre as quais a demarcação exacta não é clara.[1] Acredita-se que várias espécies contemporâneas formam um grupo antigo de taxa relacionados de tempos pré-glaciais. Estes são Bufo spinosus), Bufo verrucosissimus e Bufo japonicus. O sapo-comum europeu (Bufo bufo) parece ter surgido mais tarde.[12] Crê-se que a distribuição da forma ancestral estendia-se até à Ásia mas o isolamento entre o tipo oriental e ocidental ocorreu como resultado da maior aridez e desertificação no Médio Oriente durante o Mioceno médio.[17] A relação taxonómica exacta entre espécies permanece pouco clara.[12] Estudos serológicos de populações de sapos da Turquia realizados em 2001 examinaram as proteínas do soro sanguíneo de Bufo verrucosissimus e Bufo spinosus. Foi concluído que as diferenças entre as duas espécies não eram significativas e por isso a primeira deveria ser considerada sinónima da segunda.[18]

Um estudo publicado em 2012 examinou as relações filogenéticas entre espécies Euroasiáticas e do Norte de África no grupo Bufo bufo e indicou que o grupo tem uma longa história evolutiva. Bufo eichwaldi, uma espécie presente no sul do Azerbeijão e do Irão descrita recentemente, separou-se da linhagem principal entre nove e treze milhões de anos atrás. Divisões posteriores ocorreram quando Bufo spinosus se separou há cerca de cinco milhões de anos quando os Pirenéus se começaram a formar, um evento que isolou as populações da Península Ibérica das presentes no resto da Europa. As restantes linhagens europeias separaram-se em Bufo bufo e Bufo verrucosissimus há menos de três milhões de anos durante o Pleistoceno.[19]

Muito ocasionalmente o sapo-comum hibridiza com o sapo-corredor (Epidalea calamita, anteriormente B. calamita).[3]

Distribuição e habitat

Filme de sapos-comuns num charco em Burgwald, Alemanha

O sapo-comum é o quarto anfíbio mais comum na Europa, a seguir à Rana temporaria, Pelophylax esculentus e o tritão-comum (Lissotriton vulgaris).[3] Pode ser encontrado por todo o continente com excepção da Islândia, as regiões mais a norte da Escandinávia onde é demasiado frio, e certas ilhas mediterânicas. Estas incluem Malta, Creta, Córsega, Sardenha e as Ilhas Baleares. O limite oriental da sua distribuição é em Irkutsk na Sibéria e para sul, estende-se até partes do noroeste de África nas montanhas nortenhas de Marrocos, Argélia e Tunísia. Um variante relacionado vive no Extremo Oriente, incluindo no Japão.[3] O sapo-comum habita em locais com altitude até 2500 metros na parte sul da sua área de distribuição. Habita principalmente em áreas florestadas com coníferas, árvores de folha caduca e bosques mistos, especialmente em localidades húmidas.[4] Também ocupa ambientes rurais abertos, campos, parques e jardins, e frequentemente ocorre em zonas secas bastante longe de águas paradas.[3]

Comportamento

Sapo-comum em posição defensiva
Sapo-comum em posição defensiva, Polónia.

O sapo-comum movimenta-se normalmente a andar lentamente ou por pequenos saltos envolvendo as quatro patas. Passa a maior parte do dia escondido em abrigos escavados sob a folhagem ou debaixo de uma raiz ou de uma pedra onde a sua coloração os torne inconspícuos. Emerge ao crepúsculo e pode mover-se certa distância no escuro enquanto caça. Está mais activo em tempo húmido. De manhã terá já regressado à sua base e pode ocupar o mesmo local durante vários meses. É voraz e come bichos-de-conta, lesmas, escaravelhos, lagartas, moscas, minhocas e até pequenos ratos.[20][21] Presas pequenas e rápidas podem ser apanhadas por um chicotear da língua enquanto que itens maiores são apanhados com as mandíbulas. Não tendo dentes, engole a comida inteira numa série de goles.[20] Não reconhece as suas presas como tal, mas antes tentará consumir qualquer objecto pequeno, escuro e em movimento que encontre à noite. Um estudo mostrou que tentam agarrar um pedaço de papel preto de 1 cm como se fosse uma presa mas que não ligaria a peças em movimento maiores.[22] Sapos parecem usar dicas visuais para alimentação e conseguem ver as suas presas a intensidades de luz muito baixas, tão baixas que humanos não conseguiriam discernir nada a essas intensidades.[23] Periodicamente, o sapo-comum liberta a sua pele, que sai em farrapos e é depois consumida.[20]

Infectado com larvas de Lucilia bufonivora
Infectado com larvas de Lucilia bufonivora, Polónia.

Quando atacado, o sapo-comum adopta uma posição característica, inchando o seu corpo e colocando-se em pé com as patas traseiras levantadas e a sua cabeça baixa. O seu meio principal de defesa é a secreção de sabor acre produzida pela glândulas parotoides e outras glândulas na sua pele. Esta contém uma toxina chamada bufagin e é suficiente para deter muitos predadores embora a cobra-de-água-de-colar não pareça ser afectada por ela.[3] Outros predadores de sapos adultos incluem ouriços, ratos e visons, e mesmo gatos domésticos.[21] Aves que se alimentam de sapos incluem garças, gralhas e aves de rapina. Gralhas já foram observadas a perfurar a pele com o seu bico e depois retirar o fígado do animal, evitando assim ingerir a toxina.[21] Os girinos também exudem substâncias nocivas que desencorajam que peixes os comam mas que não impede o tritão-de-crista. Invertebrados aquáticos que se alimentam de girinos de sapo incluem larvas de libelinha, escaravelhos da família Dytiscidae e percevejos da família Corixidae. Estes evitam geralmente as secreções nocivas perfurando a pele dos girinos e sugando os líquidos.[21]

Uma mosca parasita, Lucilia bufonivora, ataca sapos-comuns adultos. Deposita os seus ovos na pele do sapo e quando estes eclodem, as larvas rastejam para as narinas do sapo e comem a sua carne internamente com consequências letais.[24] Sphaerium corneum é invulgar na medida em que trepa plantas aquáticas e se desloca no seu pé muscular. Por vezes agarra-se ao pé de um sapo-comum e julga-se que isto será uma maneira de se dispersar para outras localidades.[25]

Em 2007, investigadores que estavam à procura do monstro do Loch Ness, na Escócia, usando um veículo submarino operado remotamente, observaram um sapo-comum a saltar ao longo do fundo do lago a uma profundidade de 99 m. Ficaram surpreendidos por encontrar um animal que respira ar vivo a tais profundidades.[26]

Reprodução

Amplexo
Amplexo

O sapo-comum emerge de hibernação na Primavera e há uma migração em massa em direcção a locais de reprodução. Os sapos convergem em determinados charcos que preferem ao mesmo tempo evitando outros cursos de água que parecem em tudo adequados.[20] Adultos usam a mesma localidade todos os anos e mais de 80% dos machos marcados enquanto juvenis foram encontrados a voltar ao mesmo charco onde desovaram.[27] Eles encontram o seu caminho para estes principalmente usando pistas olfatórias e magnéticas. Em experiências científicas, sapos que foram transportados para outro lugar e implantados com aparelhos de localização conseguem localizar o seu charco de reprodução escolhido quando a deslocação excede três quilómetros.[28]

Os machos chegam primeiro e permanecem no local durante várias semanas enquanto as fêmeas apenas ficam o tempo suficiente para acasalar e desovar. Ao invés de lutarem pelo direito de acasalar com uma fêmea, sapos macho resolvem disputas pelo tom das suas vozes. O coaxar fornece uma indicação fiável do tamanho do corpo e portanto de galantaria.[29] No entanto, lutas ocorrem em algumas ocasiões. Num estudo em um charco onde os machos ocorriam em números quatro a cinco vezes superiores às fêmeas, 38% dos machos ganhavam o direito a acasalar derrotando rivais em combate ou retirando outros machos já montados em fêmeas.[30] Sapos macho geralmente estão em maior número que as fêmeas em charcos de reprodução. Um estudo sueco mostrou que a mortalidade das fêmeas era superior à dos machos e que 41% das fêmeas não ia ao charco de reprodução na Primavera e perdia um ano antes de se reproduzir novamente.[31]

Fios de ovos de sapo-comum
Fios de ovos, Bélgica

Os machos montam as costas das fêmeas, agarrando-as com as suas patas dianteiras em baixo das axilas num aperto conhecido como amplexo. Os machos são muito entusiásticos, e tentarão agarrar peixes ou objectos inanimados e muitas vezes montam as costas de outros machos. Por vezes vários sapos formam uma pilha, com cada um dos machos a tentar agarra a fêmea na base. É um período stressante e a mortalidade é alta entre sapos reprodutores.[3] Um macho com sucesso permanece no amplexo por vários dias e, à medida que a fêmea deposita um fio duplo e comprido de pequenos ovos pretos, fertiliza-os com o seu esperma. O par vagueia pelos baixios do charco, encavalitados, e os fios de ovos gelatinosos, que poderá conter 3 mil a 6 mil ovos e ter um comprimento de 3 a 4,5 metros, emaranham-se nos caules das plantas.[20]

Os fios de ovos absorvem água e incham, e pequenos girinos eclodem após duas a três semanas. A princípio, permanecem agarrados ao restos do fio e alimentam-se da gelatina. Mais tarde afixam-se à parte de baixo de folhas de vegetação aquática antes de se tornarem livres nadadores. Os girinos à primeira vista parecem semelhantes ao de Rana temporaria mas são de uma cor mais escura, sendo pretos em cima e cinzento-escuro em baixo. Podem-se distinguir de girinos de outras espécies pelo facto da boca ser da mesma largura que o espaço entre os olhos, e que esta é o dobro do tamanho da distância entre as narinas. Durante o curso de algumas semanas as suas pernas desenvolvem-se a a cauda é absorvida gradualmente. Às doze semanas de idade são sapos em miniatura medindo cerca de 1,5 cm de comprimento e estão prontos a sair do charco.[20]

Desenvolvimento de crescimento

Girinos de sapo-comum
Girinos, alguns com patas traseiras, Alemanha

O sapo-comum atinge a maturidade sexual entre os três e os sete anos de idade mas há uma grande variabilidade entre populações.[3] Os juvenis são muitas vezes parasitados por nemátodes da espécie Rhabdias bufonis. Isto diminui as taxas de crescimento e reduz endurance e aptidão. Juvenis maiores durante a metamorfose crescem sempre mais rápido do que mais pequenos que foram criados em charcos com maior número de indivíduos. Mesmo quando possuem alta carga de parasitas, os juvenis maiores crescem mais rápido do que indivíduos de menor tamanho com cargas parasíticas menores.[32] Depois de vários meses com infecções vérmicas pesadas, alguns juvenis em um estudo pesavam apenas metade do que juvenis controlo. A anorexia nervosa causada pelos parasitas provocou uma diminuição da quantidade de comida ingerida e alguns morreram.[33] Um outro estudo investigou se o uso de fertilizantes nitrogenados afectam o desenvolvimento de girinos de sapo-comum. Os girinos foram colocados em soluções diluídas de nitrato de amónio de potência variável. Determinou-se que a certas concentrações, todas acima das normalmente encontradas no campo, o crescimento e metamorfose foram acelerados, mas a outras, não houve diferença significativa entre os girinos submetidos à experiência e os controlos. No entanto, foram encontrados alguns padrões de natação pouco usuais e algumas deformações nos animais da experiência.[34]

Desenvolvimento de girinos
Desenvolvimento de um girino ao longo de duas semanas, Alemanha

Foi feita uma comparação entre a taxa de crescimento de juvenis recém-metamorfoseados de diferentes altitudes e latitudes da Noruega, Alemanha, Suiça, Países Baixos e França. A princípio as taxas de crescimento de machos e fêmeas eram idênticas. À medida que ficavam adultos, a sua taxa de crescimento abrandou para cerca de 21% da taxa inicial e tinham chegado a 95% dos tamanho esperado em adulto. Algumas fêmeas que estavam no ciclo de reprodução bienal continuaram a crescer rapidamente por um período maior de tempo. Ajustando para diferenças em temperatura e o comprimento da estação do ano de crescimento, os sapos cresceram e maturaram a aproximadamente a mesma taxa nas quatro localidades mais frias. Estes juvenis chegaram à maturidade após 1,09 anos nos machos e 1,55 anos nas fêmeas. No entanto, o sapos jovem das planícies de França cresceram mais depressa e por mais tempo até um tamanho muito maior levando em média 1,77 anos nos machos e 2,49 anos nas fêmeas antes de atingir a maturidade.[35]


Referências

  1. a b Beja, P. et al. (2004). Bufo bufo (em inglês). IUCN 2006. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2006. Página visitada em 12 de Maio de 2006. Inclui mapa de distribuição e uma justificação para esta espécie ser considerada pouco preocupante.
  2. Naish, Darren. «Toads of the world: first, (some) toads of the north». Tetrapod zoology. Consultado em 23 de junho de 2012 
  3. a b c d e f g h i Arnold, Nicholas; Denys Ovenden (2002). Reptiles and Amphibians of Britain and Europe. [S.l.]: Harper Collins Publishers. pp. 73–74. ISBN 978-0-00-219964-3 
  4. a b «Bufo bufo: Common toad». AmphibiaWeb. Consultado em 4 de maio de 2012 
  5. Fairchild, G. J. (2003). «Common Toad – Bufo bufo». Reptiles and Amphibians of the UK. Consultado em 16 de março de 2012 
  6. «The common toad (Bufo bufo. The Amphibian and Reptile Conservation Trust. Consultado em 4 de maio de 2012 
  7. Hemelaar, A. S. M.; van Gelder, J. J. (1979). «Annual growth rings in phalanges of Bufo bufo (Anura, Amphibia) from the Netherlands and their use for age determination». Netherlands Journal of Zoology. 30 (1): 129–135. doi:10.1163/002829680X00069 
  8. von Linné, Carl, traduzido para inglês por William Turton (1806). A General System of Nature,: Through the Three Grand Kingdoms of Animals, Vegetables, and Minerals, Systematically Divided Into Their Several Classes, Orders, Genera, Species, and Varieties (Volume 1). [S.l.]: Lackington, Allen, and Co. pp. 648–649 
  9. Laurenti, J. N. (1768). Specimen medicum, exhibens synopsin Reptilium emendatam cum experimentis circa venena et antidota Reptilium austriacorum (em Latin). Viennae: Joan. Thom. Nob. de Trattnern. pp. i–ii + 1–215, plates 1–5 
  10. Dubois, Alain; Bour, Roger (2010). «The nomenclatural status of the nomina of amphibians and reptiles created by Garsault (1764), with a parsimonious solution to an old nomenclatural problem regarding the genus Bufo (Amphibia, Anura), comments on the taxonomy of this genus, and comments on some nomina created by Laurenti (1768)». Zootaxa. 2447: 1–52 
  11. a b Frost, Darrel R. (31 de janeiro de 2011). «Bufonidae». Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 5.5. American Museum of Natural History. Consultado em 24 de agosto de 2012 
  12. a b c Birstein, V. J.; Mazin, A. L. (1982). «Chromosomal polymorphism of Bufo bufo: Karyotype and C-banding pattern of B. b. verrucosissima». Genetica. 59 (2): 93–98. doi:10.1007/BF00133292 
  13. Kuzmin, Sergius L. (19 de setembro de 2008). «Bufo verrucosissimus». AmphibiaWeb. Consultado em 17 de setembro de 2012 
  14. Martens, R (1925). «Eine neue Eidechsengattung aus der Familie der Leposterniden». Senckenbergiana. 7: 170–171 
  15. «Bufo spinosus». AmphibiaWeb. Consultado em 17 de setembro de 2012 
  16. Müller, L.; Hellmich, W. (1935). «Mitteilungenyüber die Herpetofauna der Iberischen Halbinsel. Über Salamandra salamandra almanzoris, n. ssp. und Bufo bufo gredosicola, n. ssp., zwei neue Amphibienrassen aus der Sierra de Gredos». Zool. Anz. Leipzig. 112: 49–57 
  17. Garcia-Porta, J.; Litvinchuk, S. N.; Crochet, P. A.; Romano, A.; Lo-Valvo, M.; Lymberakis, P.; Carranza, S. (2012). «Molecular phylogenetics and historical biogeography of the west-palearctic common toads (Bufo bufo species complex)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 63 (1): 113–130. PMID 22214922. doi:10.1016/j.ympev.2011.12.019 
  18. Tosunoğlua, Murat; Taskavak, Ertan (2001). «A serological investigation of the Bufo bufo (Anura, Bufonidae) populations in Southern Marmara (Manyas, Bahkesir) and Eastern Black Sea (Çamhhemşin, Rize) regions». Italian Journal of Zoology. 68 (2): 165–168. doi:10.1080/11250000109356402 
  19. Recuero E.; Canestrelli D.; Voeroes J.; Szabó, K.; Poyarkov, N. A.; Arntzen, J. W.; Crnobrnja-Isailovic, J.; Kidov A. A.; Cogălniceanu, D.; Caputo, F. P.; Nascetti, G.; Martínez-Solano, I. (2012). «Multilocus species tree analyses resolve the radiation of the widespread Bufo bufo species group (Anura, Bufonidae)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 62 (1): 71–86. PMID 21964513. doi:10.1016/j.ympev.2011.09.008 
  20. a b c d e f Stokeo, W. J. (1980). The Observer's Book of British Wild Animals. [S.l.]: Frederick Warne. pp. 213–217. ISBN 978-0-7232-1503-5 
  21. a b c d Daniel Winchester. «Common Toad». Surrey Amphibian and Reptile Group. Consultado em 3 de maio de 2012 
  22. Ewart, J. P. (1987). «Neuroethology of releasing mechanisms: Prey-catching in toads». Behavioral and Brain Sciences. 10 (3): 337–405. doi:10.1017/S0140525X00023128 
  23. Larsen, Lis Olesen; Pedersen, Jan Nyholm (1981). «The snapping response of the toad, Bufo bufo, towards prey dummies at very low light intensities». Amphibia-Reptilia. 2 (4): 321–327. doi:10.1163/156853882X00248 
  24. Strijbosch, H. (1980). «Mortality in a population of Bufo bufo resulting from the fly Lucilia bufonivora». Oecologia. 45 (2): 285–286. doi:10.1007/BF00346472 
  25. Petkeviciute, R.; Stunzenas, V.; Staneviciute, G. (2004). «Cytogenetic and sequence comparison of adult Phyllodistomum (Digenea: Gorgoderidae) from the three-spined stickleback with larvae from two bivalves». Parasitology. 129 (6): 771–778. doi:10.1017/S0031182004006109 
  26. Simpson, Alan (3 de maio de 2007). «The Loch Ness toad; Scientists stunned as 'miraculous' amphibian is found 324ft down.». Daily Mail. via HighBeam Research. Consultado em 18 de abril de 2012 
  27. Reading, C. J.; Loman, J.; Madsen, T. (1991). «Breeding pond fidelity in the common toad, Bufo bufo». Journal of Zoology. 225 (2): 201–211. doi:10.1111/j.1469-7998.1991.tb03811.x 
  28. Sinsch, Ulrich (1987). «Orientation behaviour of toads (Bufo bufo) displaced from the breeding site». Journal of Comparative Physiology A. 161 (5): 715–727. doi:10.1007/BF00605013 
  29. Davies, N. B.; Halliday, T. R. (1978). «Deep croaks and fighting assessment in toads Bufo bufo». Nature. 274 (5672): 683–685. doi:10.1038/274683a0 
  30. Davies, N. B.; Halliday, T. R. (1979). «Competitive mate searching in male common toads, Bufo bufo». Animal Behaviour. 27 (4): 1253–1267. doi:10.1016/0003-3472(79)90070-8 
  31. «Studies conducted at Lund University on amphibian research recently published». Science Letter. via HighBeam Research. 21 de dezembro de 2010. Consultado em 18 de abril de 2012 
  32. Goater, Cameron P.; Semlitsch, Raymond D.; Bernasconi, Marco V. (1993). «Effects of body size and parasite infection on the locomotory performance of juvenile toads, Bufo bufo». Oikos. 16 (1): 129–136. JSTOR 3545205. doi:10.2307/3545205 
  33. Goater, C. P.; Ward, P. I. (1992). «Negative effects of Rhabdias bufonis (Nematoda) on the growth and survival of toads (Bufo bufo)». Oecologia. 89 (2): 161–165. JSTOR 4219866 
  34. Xu, Q.; Oldham, R. S. (1997). «Lethal and sublethal effects of nitrogen fertilizer ammonium nitrate on common toad (Bufo bufo) tadpoles». Archives of Environmental Contamination and Toxicology. 32 (3): 298–303. PMID 9096079. doi:10.1007/s002449900188 
  35. Hemelaar, Agnes (1988). «Age, growth and other population characteristics of Bufo bufo from different latitudes and altitudes». Journal of Herpetology. 22 (4): 369–388. JSTOR 1564332. doi:10.2307/1564332 

Ligações externas


Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Commons Imagens e media no Commons
Wikispecies Diretório no Wikispecies


Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA