Patagona gigas: diferenças entre revisões

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O '''colibri-gigante''' ([[Nomenclatura binomial|nome científico]]: ''Patagona gigas'') ou '''beija-flor-gigante'''<ref>{{Citar web|url=https://avibase.bsc-eoc.org/species.jsp?avibaseid=59067C71DACB05F6|titulo=''Patagona gigas'' (Vieillot, 1824)|acessodata=2022-05-06|website=Avibase}}</ref> é uma [[espécie]] de ave [[Apodiformes|apodiforme]] pertencente à [[Família (biologia)|família]] dos [[Beija-flor|troquilídeos]], sendo o único representante do [[Género (biologia)|gênero]] ''Patagona'', e o único da [[subfamília]] Patagonidae, comumente conhecida por '''patagoníneos'''. Anteriormente à publicação de um estudo filogenético molecular de 2007, realizado por McGuire e outros colaboradores, esta espécie estava incluída na subfamília dos [[troquilíneos]].<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1093/oxfordjournals.molbev.a025767 |titulo=DNA hybridization evidence for the principal lineages of hummingbirds (Aves:Trochilidae) |data=1997-03-01 |acessodata=2022-05-06 |jornal=Molecular Biology and Evolution |número=3 |ultimo=Bleiweiss |primeiro=R. |ultimo2=Kirsch |primeiro2=J. A. |paginas=325–343 |doi=10.1093/oxfordjournals.molbev.a025767 |issn=0737-4038 |pmid=9066799 |ultimo3=Matheus |primeiro3=J. C. |volume=14 |doi-access=free}}</ref> Esta espécie pode ser encontrada ao oeste da [[América do Sul]], desde o extremo sul da [[Colômbia]], em direção ao centro do [[Equador]], sudoeste do [[Peru]] e [[Bolívia]], ao norte da [[Argentina]] e centro do [[Chile]].
O '''colibri-gigante''' ([[Nomenclatura binomial|nome científico]]: ''Patagona gigas'') ou '''beija-flor-gigante'''<ref>{{Citar web|url=https://avibase.bsc-eoc.org/species.jsp?avibaseid=59067C71DACB05F6|titulo=''Patagona gigas'' (Vieillot, 1824)|acessodata=2022-05-06|website=Avibase}}</ref> é uma [[espécie]] de ave [[Apodiformes|apodiforme]] pertencente à [[Família (biologia)|família]] dos [[Beija-flor|troquilídeos]], sendo o único representante do [[Género (biologia)|gênero]] ''Patagona'',<ref name=":0">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.2307/1222800 |titulo=Birds of the High Andes: A Manual to the Birds of the Temperate Zone of the Andes and Patagonia, South America |data=1991-11 |acessodata=2022-05-06 |jornal=Taxon |publicado=Universidade de Copenhague |número=4 |ultimo=Ewan |primeiro=Joseph |ultimo2=Fjeldsa |primeiro2=Jon |local=Dinamarca |paginas=876 |doi=10.2307/1222800 |issn=0040-0262 |ultimo3=Krabbe |primeiro3=Niels}}</ref> e o único da [[subfamília]] Patagonidae, comumente conhecida por '''patagoníneos'''. Anteriormente à publicação de um estudo filogenético molecular de 2007, realizado por McGuire e outros colaboradores, esta espécie estava incluída na subfamília dos [[troquilíneos]].<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1093/oxfordjournals.molbev.a025767 |titulo=DNA hybridization evidence for the principal lineages of hummingbirds (Aves:Trochilidae) |data=1997-03-01 |acessodata=2022-05-06 |jornal=Molecular Biology and Evolution |número=3 |ultimo=Bleiweiss |primeiro=R. |ultimo2=Kirsch |primeiro2=J. A. |paginas=325–343 |doi=10.1093/oxfordjournals.molbev.a025767 |issn=0737-4038 |pmid=9066799 |ultimo3=Matheus |primeiro3=J. C. |volume=14 |doi-access=free}}</ref> Esta espécie pode ser encontrada ao oeste da [[América do Sul]], desde o extremo sul da [[Colômbia]], em direção ao centro do [[Equador]], sudoeste do [[Peru]] e [[Bolívia]], ao norte da [[Argentina]] e centro do [[Chile]].


É o maior representante da família dos [[Beija-flor|beija-flores]], pesando cerca de 18–24 gramas (0.63–0.85 oz) e possuindo uma [[envergadura]] de aproximadamente 21,5 cm (8.5 in) e cerca de 23 [[Metro|centímetros]] de comprimento (9.1 in).<ref name=":0">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.2307/1222800 |titulo=Birds of the High Andes: A Manual to the Birds of the Temperate Zone of the Andes and Patagonia, South America |data=1991-11 |acessodata=2022-05-06 |jornal=Taxon |publicado=Universidade de Copenhague |número=4 |ultimo=Ewan |primeiro=Joseph |ultimo2=Fjeldsa |primeiro2=Jon |local=Dinamarca |paginas=876 |doi=10.2307/1222800 |issn=0040-0262 |ultimo3=Krabbe |primeiro3=Niels}}</ref> Este possui, aproximadamente, o mesmo comprimento que um [[estorninho-comum]] ou um [[Cardinalis cardinalis|cardeal-do-norte]], embora este beija-flor seja um pouco mais leve, devido ao formato do corpo e seu [[bico]] longo, tornando com que o corpo ocupe uma porção menor de seu peso total. Este peso é quase seis vezes maior do que da segunda maior espécie de beija-flor,<ref>{{Citar periódico |url=https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/660084 |titulo=Comparative Energetics of the Giant Hummingbird (Patagona gigas) |data=2011-05-01 |acessodata=2022-05-06 |jornal=Physiological and Biochemical Zoology |número=3 |ultimo=Fernández |primeiro=María José |ultimo2=Dudley |primeiro2=Robert |paginas=333–340 |doi=10.1086/660084 |issn=1522-2152 |pmid=21527824 |ultimo3=Bozinovic |primeiro3=Francisco |volume=84}}</ref> além de ser quase dez vezes maior quando comparado à menor espécie, o [[Mellisuga helenae|colibri-abelha]].<ref>{{Citar periódico |url=https://www.cell.com/current-biology/abstract/S0960-9822(06)01555-7 |titulo=Hummingbirds |data=2006-06-06 |acessodata=2022-05-06 |jornal=Current Biology |número=11 |ultimo=Healy |primeiro=Susan |ultimo2=Hurly |primeiro2=T. Andrew |paginas=R392–R393 |lingua= |doi=10.1016/j.cub.2006.05.015 |issn=0960-9822 |pmid=16753546 |volume=16 |doi-access=free}}</ref>
É o maior representante da família dos [[Beija-flor|beija-flores]], pesando cerca de 18–24 gramas (0.63–0.85 oz) e possuindo uma [[envergadura]] de aproximadamente 21,5 cm (8.5 in) e cerca de 23 [[Metro|centímetros]] de comprimento (9.1 in).<ref name=":5">{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0010406X67903428 |titulo=Physiological responses of the giant hummingbird, Patagona gigas |data=1967-12-01 |acessodata=2022-05-07 |jornal=Comparative Biochemistry and Physiology |número=3 |ultimo=Lasiewski |primeiro=Robert C. |ultimo2=Weathers |primeiro2=Wesley W. |paginas=797–813 |lingua=en |doi=10.1016/0010-406X(67)90342-8 |issn=0010-406X |ultimo3=Bernstein |primeiro3=Marvin H.}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://animals.sandiegozoo.org/animals/hummingbird|titulo=Hummingbird|acessodata=2022-05-07|website=San Diego Zoo Animals & Plants}}</ref> Este possui, aproximadamente, o mesmo comprimento que um [[estorninho-comum]] ou um [[Cardinalis cardinalis|cardeal-do-norte]], embora este beija-flor seja um pouco mais leve, devido ao formato do corpo e seu [[bico]] longo, tornando com que o corpo ocupe uma porção menor de seu peso total. Este peso é quase seis vezes maior do que da segunda maior espécie de beija-flor,<ref>{{Citar periódico |url=https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/660084 |titulo=Comparative Energetics of the Giant Hummingbird (Patagona gigas) |data=2011-05-01 |acessodata=2022-05-06 |jornal=Physiological and Biochemical Zoology |número=3 |ultimo=Fernández |primeiro=María José |ultimo2=Dudley |primeiro2=Robert |paginas=333–340 |doi=10.1086/660084 |issn=1522-2152 |pmid=21527824 |ultimo3=Bozinovic |primeiro3=Francisco |volume=84}}</ref> além de ser quase dez vezes maior quando comparado à menor espécie, o [[Mellisuga helenae|colibri-abelha]].<ref name=":6">{{Citar periódico |url=https://www.cell.com/current-biology/abstract/S0960-9822(06)01555-7 |titulo=Hummingbirds |data=2006-06-06 |acessodata=2022-05-06 |jornal=Current Biology |número=11 |ultimo=Healy |primeiro=Susan |ultimo2=Hurly |primeiro2=T. Andrew |paginas=R392–R393 |lingua= |doi=10.1016/j.cub.2006.05.015 |issn=0960-9822 |pmid=16753546 |volume=16 |doi-access=free}}</ref>


== Descrição ==
== Descrição ==
[[Ficheiro:Colibrí gegant (Patagona gigas).JPG|esquerda|miniaturadaimagem|''Patagona gigas'' no [[Vale do Colca|Valle del Colca]], Peru]]
Esta espécie é a maior representante dentre todos da família dos [[Beija-flor|troquilídeos]], pesando cerca de 18–24 gramas (0.63–0.85 oz), possuindo uma [[envergadura|envergadura de asas]] de aproximadamente 21,5 cm (8.5 in) e chegando aos 23 [[Metro|centímetros]] de comprimento (9.1 in).<ref name=":0" /> Por conta de seu tamanho, muito maior quando comparado com outras espécies, é facilmente identificado, sendo maior do que muitas aves com peso aproximado, como o [[canário-da-terra-verdadeiro]] e o [[pardal-doméstico]], que possuem em torno de 20–24 gramas. Enquanto outras aves de comprimento similar, como o [[joão-de-barro]] e o [[sabiá-laranjeira]], pesam quase o dobro, ou até mais, que este beija-flor.
Esta espécie é a maior representante dentre todos da família dos [[Beija-flor|troquilídeos]], pesando cerca de 18–24 gramas (0.63–0.85 oz), possuindo uma [[envergadura|envergadura de asas]] de aproximadamente 21,5 cm (8.5 in) e chegando aos 23 [[Metro|centímetros]] de comprimento (9.1 in).<ref name=":0" /> Por conta de seu tamanho, muito maior quando comparado com outras espécies, é facilmente identificado, sendo maior do que muitas aves com peso aproximado, como o [[canário-da-terra-verdadeiro]] e o [[pardal-doméstico]], que possuem em torno de 20–24 gramas. Enquanto outras aves de comprimento similar, como o [[joão-de-barro]] e o [[sabiá-laranjeira]], pesam quase o dobro, ou até mais, que este beija-flor.


Seus representantes se caracterizam, além de seu [[comprimento]] e [[peso]], pelas manchas anelares em torno de seus olhos, seu bico reto pouco mais longo que a [[cabeça]], a coloração castanho-acinzentada de sua [[plumagem]], suas [[Asa|asas]] que alcançam a cauda quando fechadas, a [[cauda]] longa e bifurcada,<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1525/auk.2009.09073 |titulo=The Evolution of Tail Shape in Hummingbirds |data=2010-01 |acessodata=2022-05-06 |jornal=The Auk |número=1 |ultimo=Clark |primeiro=Christopher J. |paginas=44–56 |doi=10.1525/auk.2009.09073 |issn=0004-8038 |volume=127 |doi-access=free}}</ref> [[Tarso (pé)|tarsos]] emplumado até os [[Dedo|dedos]] e [[Pé|pés]] largos e robustos. Não apresenta [[dimorfismo sexual]].<ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/62727566|título=''Taxonomy, Phylogeny, and biogeography of the Andean Hummingbird Genera'' Coeligena ''Lesson, 1832;'' Pterophanes ''Gould, 1849;'' Ensifera ''Lesson 1843; and'' Patagona ''Gray, 1840 (Aves: Trochiliformes)''|ultimo=Sánchez Osés|primeiro=Carlos|data=08-2003|editora=Bonn University Press|edicao=1.ª|local=Bonn, Alemanha|oclc=62727566|acessodata=06-05-2022}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://bioone.org/journals/the-wilson-journal-of-ornithology/volume-120/issue-3/07-111.1/The-Giant-Hummingbird-Patagona-gigas-in-the-Mountains-of-Central/10.1676/07-111.1.full |titulo=The Giant Hummingbird (Patagona gigas) in the Mountains of Central Argentina and a Climatic Envelope Model for its Distribution |data=2008-09 |acessodata=2022-05-06 |jornal=The Wilson Journal of Ornithology |número=3 |ultimo=Wehrden |primeiro=Henrik von |paginas=648–651 |doi=10.1676/07-111.1 |issn=1559-4491 |volume=120}}</ref> Os imaturos possuem diminutas ondulações oblíquas na região lateral do [[Bico|cúlmen]].<ref>{{Citar periódico |url=https://academic.oup.com/auk/article/89/4/851-857/5209285 |titulo=A New Method to Separate Immature and Adult Hummingbirds |data=1972-10 |acessodata=2022-05-06 |jornal=The Auk |número=4 |ultimo=Ortiz-Crespo |primeiro=Fernando I. |paginas=851–857 |doi=10.2307/4084114 |jstor=4084114 |volume=89 |doi-access=free |jstor-access=free}}</ref>
Seus representantes se caracterizam, além de seu [[comprimento]] e [[peso]], pelas manchas anelares em torno de seus olhos, seu bico reto pouco mais longo que a [[cabeça]], a coloração castanho-acinzentada de sua [[plumagem]], suas longas [[Asa|asas]] (que alcançam a cauda quando fechadas), a [[cauda]] longa e bifurcada,<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1525/auk.2009.09073 |titulo=The Evolution of Tail Shape in Hummingbirds |data=2010-01 |acessodata=2022-05-06 |jornal=The Auk |número=1 |ultimo=Clark |primeiro=Christopher J. |paginas=44–56 |doi=10.1525/auk.2009.09073 |issn=0004-8038 |volume=127 |doi-access=free}}</ref> [[Tarso (pé)|tarsos]] emplumado até os [[Dedo|dedos]] e [[Pé|pés]] largos e robustos. Não apresenta [[dimorfismo sexual]].<ref name=":1">{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/62727566|título=''Taxonomy, Phylogeny, and biogeography of the Andean Hummingbird Genera'' Coeligena ''Lesson, 1832;'' Pterophanes ''Gould, 1849;'' Ensifera ''Lesson 1843; and'' Patagona ''Gray, 1840 (Aves: Trochiliformes)''|ultimo=Sánchez Osés|primeiro=Carlos|data=08-2003|editora=Bonn University Press|edicao=1.ª|local=Bonn, Alemanha|oclc=62727566|acessodata=06-05-2022}}</ref><ref name=":4">{{Citar periódico |url=https://bioone.org/journals/the-wilson-journal-of-ornithology/volume-120/issue-3/07-111.1/The-Giant-Hummingbird-Patagona-gigas-in-the-Mountains-of-Central/10.1676/07-111.1.full |titulo=The Giant Hummingbird (Patagona gigas) in the Mountains of Central Argentina and a Climatic Envelope Model for its Distribution |data=2008-09 |acessodata=2022-05-06 |jornal=The Wilson Journal of Ornithology |número=3 |ultimo=Wehrden |primeiro=Henrik von |paginas=648–651 |doi=10.1676/07-111.1 |issn=1559-4491 |volume=120}}</ref> Os imaturos possuem diminutas ondulações oblíquas na região lateral do [[Bico|cúlmen]].<ref>{{Citar periódico |url=https://academic.oup.com/auk/article/89/4/851-857/5209285 |titulo=A New Method to Separate Immature and Adult Hummingbirds |data=1972-10 |acessodata=2022-05-06 |jornal=The Auk |número=4 |ultimo=Ortiz-Crespo |primeiro=Fernando I. |paginas=851–857 |doi=10.2307/4084114 |jstor=4084114 |volume=89 |doi-access=free |jstor-access=free}}</ref>

As subespécies são visualmente distinguíveis. ''P. g. peruviana'' possui coloração marrom amarelado em geral e tem branco no queixo e garganta, enquanto ''P. g. gigas'' é mais verde-oliva a marrom e carece de branco no queixo e na garganta.<ref name=":1" />

''Patagona gigas'' ocasionalmente desliza em [[Voo|vôo]], um comportamento muito raro entre os beija-flores. Suas asas alongadas permitem deslizamentos mais eficientes do que os de outros beija-flores.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0376042100000075 |titulo=The spectrum of animal flight: insects to pterosaurs |data=2000-08-01 |acessodata=2022-05-07 |jornal=Progress in Aerospace Sciences |número=5 |ultimo=Templin |primeiro=R. J. |paginas=393–436 |lingua=en |doi=10.1016/S0376-0421(00)00007-5 |issn=0376-0421}}</ref> As [[Vocalização das aves|vocalizações]] do beija-flor-gigante são "chips" altos e agudos, semelhante a um assobio.<ref name=":7">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.5860/choice.48-2678 |titulo=Multi-ethnic bird guide of the sub-Antarctic forests of South America |data=2011-01-01 |acessodata=2022-05-07 |jornal=Choice Reviews Online |número=5 |ultimo=Ricardo |primeiro=R. |paginas=48–2678-48-2678 |doi=10.5860/choice.48-2678 |issn=0009-4978}}</ref>

== Taxonomia ==
A espécie foi descrita pela primeira vez em 1824, pelo ornitólogo francês [[Louis Jean Pierre Vieillot|Louis Pierre Vieillot]], a partir de espécimes de um [[macho]] juvenil e uma [[fêmea]]. Apesar de a descrição original indique que a espécie tenha ocorrência no [[Brasil]], não existem registros recentes do beija-flor neste país.<ref name="vieillot" /> Originalmente, esta espécie foi descrita sob o [[basônimo]] ''Trochilus gigas'', tendo, posteriormente, seu binomial alterado e sido incluído no gênero ''[[Patagona]]'', introduzido em 1855, pelo ornitólogo inglês [[George Robert Gray]]. O nome do gênero ''Patagona'', faz referência à região da [[Patagónia|Patagônia]], na América do Sul, por onde a espécie se [[Distribuição geográfica|distribui]] e se [[Reprodução|reproduz]]. Seu [[Descritor específico|epíteto específico]], ''gigas'', por sua vez, deriva do [[Língua grega antiga|grego antigo]] γίγας, ''gígas'', que significa '[[Gigantes (mitologia grega)|gigante]]', em referência ao seu tamanho.<ref>{{Citar web|ultimo=Liddell|primeiro=Henry George|ultimo2=Scott|primeiro2=Robert|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus:text:1999.04.0057:entry=*gi/gas|titulo=Γίγας|data=1940|acessodata=2022-05-07|website=A Greek-English Lexicon|publicado=Perseus Digital Library}}</ref>

Esta espécie aparenta ser relativamente mais antiga em comparação às outras, possivelmente resultado de um experimento [[Evolução|evolutivo]] fracassado em aumentar o tamanho do beija-flor, uma vez que não divergiu e proliferou. Este mesmo estudo evidencia que esta espécie não se encaixa na [[Classificação clássica|classificação tradicional]] proposta por Bleiweiss, et al. (1997).<ref name=":04">{{Citar periódico |url=https://www.cell.com/current-biology/abstract/S0960-9822(14)00275-9 |titulo=Molecular Phylogenetics and the Diversification of Hummingbirds |data=2014-04-14 |acessodata=2022-05-01 |jornal=Current Biology |número=8 |ultimo=McGuire |primeiro=Jimmy A. |ultimo2=Witt |primeiro2=Christopher C. |paginas=910–916 |lingua= |doi=10.1016/j.cub.2014.03.016 |issn=0960-9822 |pmid=24704078 |ultimo3=Remsen |primeiro3=J. V. |ultimo4=Corl |primeiro4=Ammon |ultimo5=Rabosky |primeiro5=Daniel L. |ultimo6=Altshuler |primeiro6=Douglas L. |ultimo7=Dudley |primeiro7=Robert |doi-access=free}}</ref> Por ser um patagoníneo, esta espécie faz parte da família [[Beija-flor|Trochilidae]], que inclui mais de 331 espécies descritas, aproximadamente, tornando esta família uma das mais [[Biodiversidade|diversas]] famílias de aves do Novo Mundo.<ref name=":04" />

Um estudo [[Filogenética molecular|filogenético molecular]] sobre [[Beija-flor|beija-flores]] publicado em 2007 descobriu a família [[Beija-flor|Trochilidae]] era [[Polifilia|polifilética]], consistindo em um total de nove [[Clado|clados]].<ref name=":02">{{Citar periódico |url=https://www.cell.com/current-biology/abstract/S0960-9822(14)00275-9 |titulo=Molecular Phylogenetics and the Diversification of Hummingbirds |data=2014-04-14 |acessodata=2022-05-01 |jornal=Current Biology |número=8 |ultimo=McGuire |primeiro=Jimmy A. |ultimo2=Witt |primeiro2=Christopher C. |paginas=910–916 |lingua= |doi=10.1016/j.cub.2014.03.016 |issn=0960-9822 |pmid=24704078 |ultimo3=Remsen |primeiro3=J. V. |ultimo4=Corl |primeiro4=Ammon |ultimo5=Rabosky |primeiro5=Daniel L. |ultimo6=Altshuler |primeiro6=Douglas L. |ultimo7=Dudley |primeiro7=Robert |doi-access=free}}</ref> Uma revisão filogenética de 2008 encontrou uma probabilidade de 97,5% de que ''P. gigas'' tenha divergido substancialmente dos clados filogenéticos propostos mais próximos para ser considerado pertencente a um clado de espécie única chamado [[Patagoninae|Patagonini]], este último dentro da subfamília [[Patagoninae]].<ref name=":2">{{Citar periódico |url=http://link.springer.com/10.1007/s10336-008-0330-x |titulo=A higher-level taxonomy for hummingbirds |data=2009-01 |acessodata=2022-05-01 |jornal=Journal of Ornithology |número=1 |ultimo=McGuire |primeiro=Jimmy A. |ultimo2=Witt |primeiro2=Christopher C. |paginas=155–165 |lingua= |doi=10.1007/s10336-008-0330-x |issn=2193-7192 |ultimo3=Remsen |primeiro3=J. V. |ultimo4=Dudley |primeiro4=R. |ultimo5=Altshuler |primeiro5=Douglas L. |doi-access=free}}</ref> Esta classificação atual entra de acordo com o reconhecimento do ''P. gigas'' como um gênero separado pela International Ornithologists' Union.<ref name=":3">{{Citar web|ultimo=Gill|primeiro=F.|ultimo2=Donsker|primeiro2=D.|url=https://www.worldbirdnames.org/new/bow/hummingbirds/|titulo=Hummingbirds|acessodata=2022-05-07|website=World Bird List Version 5.1|publicado=International Ornithologists' Union|lingua=en-US}}</ref>

São reconhecidas duas subespécies, ''P. gigas gigas'' e ''P. gigas peruviana''.<ref name=":1" /><ref name=":2" /><ref name=":3" /> Acredita-se que tais subespécies tenham surgido como resultado da separação geográfica parcial das populações pela atividade vulcânica na [[Andes|Cordilheira dos Andes]] antes do [[Mioceno]]; no entanto, permanecem áreas de contato entre as espécies, daí a falta de [[especiação]] completa.<ref name=":1" /> O sistema filogenético proposto para beija-flores sugerido por McGuire et al. (2009)<ref name=":2" /> acomoda a possível elevação dessas subespécies ao nível de espécie.

== Distribuição geográfica e habitat ==
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== Voo, anatomia e fisiologia ==
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== Ligações externas ==
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[[Categoria:Espécies descritas em 1824]]
[[Categoria:Espécies descritas em 1824]]

Revisão das 19h53min de 7 de maio de 2022

Patagona gigas
Patagona gigas no Chile
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Gênero:
Gray, GR, 1840
Espécies:
P. gigas
Nome binomial
Patagona gigas

O colibri-gigante (nome científico: Patagona gigas) ou beija-flor-gigante[3] é uma espécie de ave apodiforme pertencente à família dos troquilídeos, sendo o único representante do gênero Patagona,[4] e o único da subfamília Patagonidae, comumente conhecida por patagoníneos. Anteriormente à publicação de um estudo filogenético molecular de 2007, realizado por McGuire e outros colaboradores, esta espécie estava incluída na subfamília dos troquilíneos.[5] Esta espécie pode ser encontrada ao oeste da América do Sul, desde o extremo sul da Colômbia, em direção ao centro do Equador, sudoeste do Peru e Bolívia, ao norte da Argentina e centro do Chile.

É o maior representante da família dos beija-flores, pesando cerca de 18–24 gramas (0.63–0.85 oz) e possuindo uma envergadura de aproximadamente 21,5 cm (8.5 in) e cerca de 23 centímetros de comprimento (9.1 in).[6][7] Este possui, aproximadamente, o mesmo comprimento que um estorninho-comum ou um cardeal-do-norte, embora este beija-flor seja um pouco mais leve, devido ao formato do corpo e seu bico longo, tornando com que o corpo ocupe uma porção menor de seu peso total. Este peso é quase seis vezes maior do que da segunda maior espécie de beija-flor,[8] além de ser quase dez vezes maior quando comparado à menor espécie, o colibri-abelha.[9]

Descrição

Patagona gigas no Valle del Colca, Peru

Esta espécie é a maior representante dentre todos da família dos troquilídeos, pesando cerca de 18–24 gramas (0.63–0.85 oz), possuindo uma envergadura de asas de aproximadamente 21,5 cm (8.5 in) e chegando aos 23 centímetros de comprimento (9.1 in).[4] Por conta de seu tamanho, muito maior quando comparado com outras espécies, é facilmente identificado, sendo maior do que muitas aves com peso aproximado, como o canário-da-terra-verdadeiro e o pardal-doméstico, que possuem em torno de 20–24 gramas. Enquanto outras aves de comprimento similar, como o joão-de-barro e o sabiá-laranjeira, pesam quase o dobro, ou até mais, que este beija-flor.

Seus representantes se caracterizam, além de seu comprimento e peso, pelas manchas anelares em torno de seus olhos, seu bico reto pouco mais longo que a cabeça, a coloração castanho-acinzentada de sua plumagem, suas longas asas (que alcançam a cauda quando fechadas), a cauda longa e bifurcada,[10] tarsos emplumado até os dedos e pés largos e robustos. Não apresenta dimorfismo sexual.[11][12] Os imaturos possuem diminutas ondulações oblíquas na região lateral do cúlmen.[13]

As subespécies são visualmente distinguíveis. P. g. peruviana possui coloração marrom amarelado em geral e tem branco no queixo e garganta, enquanto P. g. gigas é mais verde-oliva a marrom e carece de branco no queixo e na garganta.[11]

Patagona gigas ocasionalmente desliza em vôo, um comportamento muito raro entre os beija-flores. Suas asas alongadas permitem deslizamentos mais eficientes do que os de outros beija-flores.[14] As vocalizações do beija-flor-gigante são "chips" altos e agudos, semelhante a um assobio.[15]

Taxonomia

A espécie foi descrita pela primeira vez em 1824, pelo ornitólogo francês Louis Pierre Vieillot, a partir de espécimes de um macho juvenil e uma fêmea. Apesar de a descrição original indique que a espécie tenha ocorrência no Brasil, não existem registros recentes do beija-flor neste país.[2] Originalmente, esta espécie foi descrita sob o basônimo Trochilus gigas, tendo, posteriormente, seu binomial alterado e sido incluído no gênero Patagona, introduzido em 1855, pelo ornitólogo inglês George Robert Gray. O nome do gênero Patagona, faz referência à região da Patagônia, na América do Sul, por onde a espécie se distribui e se reproduz. Seu epíteto específico, gigas, por sua vez, deriva do grego antigo γίγας, gígas, que significa 'gigante', em referência ao seu tamanho.[16]

Esta espécie aparenta ser relativamente mais antiga em comparação às outras, possivelmente resultado de um experimento evolutivo fracassado em aumentar o tamanho do beija-flor, uma vez que não divergiu e proliferou. Este mesmo estudo evidencia que esta espécie não se encaixa na classificação tradicional proposta por Bleiweiss, et al. (1997).[17] Por ser um patagoníneo, esta espécie faz parte da família Trochilidae, que inclui mais de 331 espécies descritas, aproximadamente, tornando esta família uma das mais diversas famílias de aves do Novo Mundo.[17]

Um estudo filogenético molecular sobre beija-flores publicado em 2007 descobriu a família Trochilidae era polifilética, consistindo em um total de nove clados.[18] Uma revisão filogenética de 2008 encontrou uma probabilidade de 97,5% de que P. gigas tenha divergido substancialmente dos clados filogenéticos propostos mais próximos para ser considerado pertencente a um clado de espécie única chamado Patagonini, este último dentro da subfamília Patagoninae.[19] Esta classificação atual entra de acordo com o reconhecimento do P. gigas como um gênero separado pela International Ornithologists' Union.[20]

São reconhecidas duas subespécies, P. gigas gigas e P. gigas peruviana.[11][19][20] Acredita-se que tais subespécies tenham surgido como resultado da separação geográfica parcial das populações pela atividade vulcânica na Cordilheira dos Andes antes do Mioceno; no entanto, permanecem áreas de contato entre as espécies, daí a falta de especiação completa.[11] O sistema filogenético proposto para beija-flores sugerido por McGuire et al. (2009)[19] acomoda a possível elevação dessas subespécies ao nível de espécie.

Distribuição geográfica e habitat

P. gigas é amplamente distribuído por toda a extensão da Cordilheira dos Andes, tanto no lado leste quanto no oeste.[11] P. gigas normalmente habitam os cerrados e florestas de maior altitude que revestem as encostas dos Andes durante o verão e depois se retiram para habitats semelhantes de altitude mais baixa nos meses de inverno.[12][21] A espécie persiste por uma grande faixa de altitude, com espécimes registrados em até 4600 metros acima do nível do mar.[11] Eles têm se mostrado bastante resistentes à urbanização e às atividades agrícolas; no entanto, a remoção da vegetação limita sua distribuição em áreas urbanas densas e zonas industriais.[22]

P. g. peruviana ocorre desde o extremo sul Equador às montanhas do sudeste do Peru, enquanto P. g. gigas distribui-se do norte da Bolívia e Argentina, ao centro do Chile, onde ocorre o período de reprodução. O contato entre subespécies é mais provável de ocorrer nas encostas orientais dos Andes peruanos do norte.[11]

Esta espécie possui uma distribuição geográfica considerável, e sua extensão global de ocorrência é estimada em 1.200.000 km². Acredita-se que sua população global não seja inferior a 10.000 adultos.[1]

Comportamento

Os beija-flores-gigantes são extremamente ágeis e acrobáticos, participando regularmente de vôos suspensos sustentados, muitas vezes usados ​​não apenas para se alimentar, mas para proteger seu território[23] e companheiros de corte.[9] O P. gigas tipicamente defende descaradamente seu precioso território de flores ricas em energia de outras espécies e outros beija-flores gigantes. Estas aves são normalmente vistas sozinhas, em pares ou em pequenos grupos familiares.[15]

Voo, anatomia e fisiologia

P. gigas paira a uma média de 15 batidas de asa por segundo, muito lento para um beija-flor.[6] Sua frequência cardíaca em repouso é de 300 por minuto, com uma frequência máxima de 1020 por minuto.[6] Os requisitos de energia para beija-flores não aumentam uniformemente com o aumento de tamanho, o que significa que um pássaro maior, como o P. gigas, requer mais energia por grama para pairar do que um pássaro menor.[24] P. gigas requer cerca de 4,3 calorias por hora para sustentar seu voo.[24] Essa enorme necessidade, juntamente com a baixa disponibilidade de oxigênio e o ar rarefeito (gerando pouca sustentação) nas altas altitudes em que o beija-flor gigante geralmente vive, sugere que o P. gigas provavelmente esteja muito próximo do tamanho máximo viável para um beija-flor.[25]

Referências

  1. a b BirdLife International (2016). «Patagona gigas». The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22687785A93168933. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687785A93168933.enAcessível livremente. Consultado em 6 de maio de 2022 
  2. a b Vieillot, L. P.; Oudart, P. L. (1825). La galerie des oiseaux. Paris: Constant-Chantpie. p. 296. OCLC 14176804. doi:10.5962/bhl.title.161301. Consultado em 7 de maio de 2022 
  3. «Patagona gigas (Vieillot, 1824)». Avibase. Consultado em 6 de maio de 2022 
  4. a b Ewan, Joseph; Fjeldsa, Jon; Krabbe, Niels (novembro de 1991). «Birds of the High Andes: A Manual to the Birds of the Temperate Zone of the Andes and Patagonia, South America». Dinamarca: Universidade de Copenhague. Taxon (4). 876 páginas. ISSN 0040-0262. doi:10.2307/1222800. Consultado em 6 de maio de 2022 
  5. Bleiweiss, R.; Kirsch, J. A.; Matheus, J. C. (1 de março de 1997). «DNA hybridization evidence for the principal lineages of hummingbirds (Aves:Trochilidae)». Molecular Biology and Evolution. 14 (3): 325–343. ISSN 0737-4038. PMID 9066799. doi:10.1093/oxfordjournals.molbev.a025767Acessível livremente. Consultado em 6 de maio de 2022 
  6. a b c Lasiewski, Robert C.; Weathers, Wesley W.; Bernstein, Marvin H. (1 de dezembro de 1967). «Physiological responses of the giant hummingbird, Patagona gigas». Comparative Biochemistry and Physiology (em inglês) (3): 797–813. ISSN 0010-406X. doi:10.1016/0010-406X(67)90342-8. Consultado em 7 de maio de 2022 
  7. «Hummingbird». San Diego Zoo Animals & Plants. Consultado em 7 de maio de 2022 
  8. Fernández, María José; Dudley, Robert; Bozinovic, Francisco (1 de maio de 2011). «Comparative Energetics of the Giant Hummingbird (Patagona gigas)». Physiological and Biochemical Zoology. 84 (3): 333–340. ISSN 1522-2152. PMID 21527824. doi:10.1086/660084. Consultado em 6 de maio de 2022 
  9. a b Healy, Susan; Hurly, T. Andrew (6 de junho de 2006). «Hummingbirds». Current Biology. 16 (11): R392–R393. ISSN 0960-9822. PMID 16753546. doi:10.1016/j.cub.2006.05.015Acessível livremente. Consultado em 6 de maio de 2022 
  10. Clark, Christopher J. (janeiro de 2010). «The Evolution of Tail Shape in Hummingbirds». The Auk. 127 (1): 44–56. ISSN 0004-8038. doi:10.1525/auk.2009.09073Acessível livremente. Consultado em 6 de maio de 2022 
  11. a b c d e f g Sánchez Osés, Carlos (agosto de 2003). Taxonomy, Phylogeny, and biogeography of the Andean Hummingbird Genera Coeligena Lesson, 1832; Pterophanes Gould, 1849; Ensifera Lesson 1843; and Patagona Gray, 1840 (Aves: Trochiliformes) 1.ª ed. Bonn, Alemanha: Bonn University Press. OCLC 62727566. Consultado em 6 de maio de 2022 
  12. a b Wehrden, Henrik von (setembro de 2008). «The Giant Hummingbird (Patagona gigas) in the Mountains of Central Argentina and a Climatic Envelope Model for its Distribution». The Wilson Journal of Ornithology. 120 (3): 648–651. ISSN 1559-4491. doi:10.1676/07-111.1. Consultado em 6 de maio de 2022 
  13. Ortiz-Crespo, Fernando I. (outubro de 1972). «A New Method to Separate Immature and Adult Hummingbirds». The Auk. 89 (4): 851–857. JSTOR 4084114Acessível livremente. doi:10.2307/4084114Acessível livremente. Consultado em 6 de maio de 2022 
  14. Templin, R. J. (1 de agosto de 2000). «The spectrum of animal flight: insects to pterosaurs». Progress in Aerospace Sciences (em inglês) (5): 393–436. ISSN 0376-0421. doi:10.1016/S0376-0421(00)00007-5. Consultado em 7 de maio de 2022 
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  19. a b c McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Dudley, R.; Altshuler, Douglas L. (janeiro de 2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology (1): 155–165. ISSN 2193-7192. doi:10.1007/s10336-008-0330-xAcessível livremente. Consultado em 1 de maio de 2022 
  20. a b Gill, F.; Donsker, D. «Hummingbirds». World Bird List Version 5.1 (em inglês). International Ornithologists' Union. Consultado em 7 de maio de 2022 
  21. Herzog, Sebastian K.; A, Rodrigo Soria; Matthysen, Erik (dezembro de 2003). «Seasonal Variation in Avian Community Composition in a High-Andean Polylepis (Rosaceae) Forest Fragment». The Wilson Bulletin. 115 (4): 438–447. ISSN 0043-5643. doi:10.1676/03-048. Consultado em 7 de maio de 2022 
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  23. Schlumpberger, Boris O.; Badano, Ernesto I. (dezembro de 2005). «Diversity of Floral Visitors to Echinopsis Atacamensis Subsp. Pasacana (Cactaceae)». Haseltonia (11): 18–26. ISSN 1070-0048. doi:10.2985/1070-0048(2005)11[18:DOFVTE]2.0.CO;2. Consultado em 7 de maio de 2022 
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Ligações externas

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