Aruá: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
LasMatos (discussão | contribs)
Etiqueta: Hiperligações de desambiguação
Linha 1: Linha 1:
{{Ver desambig|prefixo=Se procura|pelo povo indígena|Aruás}}
{{Ver desambig|prefixo=Se procura|pelo povo indígena|Aruás}}
{{Info/Taxonomia
{{Info/Taxonomia
| nome = ''Pomacea canaliculata''<br><small>aruá</small>
| nome = ''Pomacea canaliculata''<br><small>Aruá</small>
| imagem = Pomacea canaliculata1.jpg
| imagem = Pomacea canaliculata1.jpg
| imagem_legenda = ''[[Pomacea canaliculata]]''
| imagem_legenda = ''[[Pomacea canaliculata]]''
Linha 15: Linha 15:
}}
}}
[[File:Pomacea canaliculata eggs on Pistia stratiotes.jpg|thumb|Ovos de ''Pomacea canaliculata'' depositados em tronco de árvore em área alagada na [[República Popular da China]]]]
[[File:Pomacea canaliculata eggs on Pistia stratiotes.jpg|thumb|Ovos de ''Pomacea canaliculata'' depositados em tronco de árvore em área alagada na [[República Popular da China]]]]

{{Commons|Category:Pomacea}}
'''''Pomacea canaliculata''''', também popularmente conhecido como '''Aruá''', '''ampulária''', '''arauá''', '''aruá-do-banhado''', '''aruá-do-brejo''', '''caramujo-do-banhado''', '''fuá''' e '''uruá''', é um [[Moluscos|molusco]] [[Gastropoda|gastrópode]] [[animal aquático|aquático]] pertencente à família Ampullariidae. É uma [[espécie]] de grandes [[caramujo]]s com [[brânquia]]s e [[Opérculo (gastrópode)|opérculo]].
{{Wikispecies|Pomacea}}

O '''aruá''' ('''''Pomacea canaliculata''''', anteriormente ''Ampullaria'') é um [[molusco]] gastrópode da família dos [[Ampullaridae|ampularídeos]], encontrado em [[rio]]s e [[lagoa]]s da [[América do Sul]]. Tal molusco possui cerca de 15 centímetros de comprimento e [[concha]] castanho-esverdeada. Também é conhecido pelos nomes de '''ampulária''', '''arauá''', '''aruá-do-banhado''', '''aruá-do-brejo''', '''caramujo-do-banhado''', '''fuá''' e '''uruá'''. Deixa seus ovos brancos, rosas ou alaranjados no caule de plantas aquáticas, em barrancos na margem dos rios ou na mata, no limite das inundações<ref>{{Citar web |url=http://omalfazejo2.wordpress.com/2009/02/19/mestre-mangueira-e-a-ova-do-arua/ |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2012-06-27 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130906043233/http://omalfazejo2.wordpress.com/2009/02/19/mestre-mangueira-e-a-ova-do-arua/ |arquivodata=2013-09-06 |urlmorta=yes }}</ref>. É predado pelo [[gavião-caramujeiro]]<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 178">FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 178</ref>.
== Etimologia ==
== Etimologia ==
"Aruá" é proveniente do termo [[Língua tupi|tupi]] ''aru'á''<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 178"/>. "Uruá" vem do tupi ''uru'á''<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 1 743</ref>.
O molusco é mais popularmente conhecido como "Aruá". A palavra é proveniente do termo [[Língua tupi|tupi]] ''aru'á''<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 178">FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 178</ref>.. "Uruá" vem do tupi ''uru'á''<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 1 743</ref>.


==Características==
{{referências}}
===A concha===
A concha dos Aruás é globular, com cores tipicamente variando em uma mistura muito variável de marrom, preto e amarelo-acastanhado; há individuos de cor dourada e também [[albino]]s.<ref>Howells, R. Personal communication. Texas Parks and Wildlife Department. In: United States Geological Survey. 2008. ''Pomacea canaliculata''. [[United States Geological Survey|USGS]] Nonindigenous Aquatic Species Database, Gainesville, FL. Revision Date: 2/4/2008</ref> Essa concha pode alcançar 15cm de comprimento.
===Dieta===
Esses moluscos são extremamente [[Polifagia|polifagos]] e alimentam-se de vegetais e também matéria animal. A dieta pode mudar conforme a idade, com indivíduos jovens se alimentando principalmente de algas e detritos enquanto os maiores podem se alimentar de plantas maiores. <ref name="Estebenet">{{citar jornal |autor= Estebenet AL, Martín PR |titulo= ''Pomacea canaliculata'' (Gastropoda: Ampullariidae): life-history traits and their plasticity |jornal = Biocell |volume = 26|paginas= 83–9 |data=2002-04}}</ref> Essa espécie impacta de forma negativa a agricultura de [[arroz]] e [[taro]] em locais onde foi introduzida.


===Reprodução===
[[File:Pomacea canaliculata eggsonhand.jpg|thumb|upright|A massa de ovos de ''Pomacea canaliculata'' tem cor que varia entre um rosa brilhante e alaranjado.]]
[[File:Pomacea canaliculata eggs.jpg|thumb|upright|Massa de ovos de ''Pomacea canaliculata'' em uma escala de centímetros.]]
Os aruás são animais polígamos que copulam com frequência de 2 a 3 vezes por semana. A cópula é demorada e pode durar até 12 horas, sendo realizada debaixo da água. São postos de 12 a 1000 ovos, normalmente menos que 300, em massas alocadas em vegetações.<ref name="PI2">{{citar web|url=http://www.planetainvertebrados.com.br/index.asp?pagina=especies_ver&id_categoria=27&id_subcategoria=0&com=1&id=308&local=2|título="Pomacea canaliculata" 2|autor=<noinclude>|data=2021-09-12|publicado=Planeta Invertebrados|acessodata=2022-09-28}}</ref>

Em climas temperados, a fêmea posta os ovos em um período que se estende do início da primavera ao início do outono.<ref>{{citar jornal |autor= Bachmann A |titulo = Apuntes para una hidrobiología argentina. II. ''Ampullaria insularum'' Orb. y ''A. canaliculata'' Lam.(Moll. Prosobr., Ampullaridae). Observaciones biológicas y ecológicas. |jornal = Actas y Trabajos Primer Congreso Sudamericano de Zoología |data = 1960-10|volume = 1 |paginas = 19–24 |local= La Plata, Argentina}}</ref> Nas áreas tropicais por sua vez a reprodução é contínua. A duração desse período reprodutivo diminuí conforme a latitude para um minimo de seis mêses no limite sul da sua distribuição natural.<ref name="Martín" /> As fêmeas adultas depositam seus ovos nas vegetações que emergentes durante a noite, mas também podem postar em rochas ou até mesmo barcos. Esses ovos levam cerca de duas semanas para eclodir e neste período ele perde suas cores brilhantes.<ref name=":0">{{Citar jornal|autor= Ismail SN, Abdul Wahab NI, Mansor M |data=2018|titulo=Behavioural study of the golden apple snail (''Pomacea canaliculata'') in a Tropical Lake, Chenderoh Reservoir, Malaysia |jornal=Lakes & Reservoirs: Science, Policy and Management for Sustainable Use|volume=23|edição=3|paginas=256–260}}</ref>

==Distribuição==
[[File:Pomacea canaliculata 001.png|thumb|Desenho de um ''Pomacea canaliculata'']]
A distribuição original da espécie é basicamente tropical e subtropical, incluindo países como [[Argentina]], [[Bolívia]], [[Paraguai]], [[Uruguai]] e [[Brasil]].<ref>{{citar jornal |autor= Cowie R, Thiengo SC |titulo= The apple snails of the Americas (Mollusca: Gastropoda: Ampullariidae: Asolene, Felipponea, Marisa, Pomacea, Pomella): a nomenclatural and type catalog. |jornal = Malacologia |volume = 45 |issue = 1 |paginas= 41–100 }}</ref> O local mais ao sul em que a espécie foi encontrada é o reservatório ''Paso de las Piedras'', ao sul da província de Buenos Aires, na Argentina.<ref name="Martín">{{citar jornal |autor= Martín PR, Estebenet AL, Cazzaniga NJ |titulo= Factors affecting the distribution of ''Pomacea canaliculata'' (Gastropoda: Ampullariidae) along its southernmost natural limit.|jornal= Malacologia |data=2001 | volume=43 |issue=1–2 |paginas= 13–23 }}</ref>

===Espécie Invasora===
É uma espécie de origem [[América do Sul|sul americana]], mas que se tornou invasiva em outros locais, sendo considerada uma das 100 piores espécies invasivas do mundo.<ref>{{citar web|url=http://www.issg.org/database/species/search.asp?st=100ss&fr=1&str=&lang=EN|título=''100 of the World's Worst Invasive Alien Species'' Global Invasive Species Database|autor=<noinclude>|data=<noinclude>|publicado=issg.org|acessodata=2008-10-27}}</ref> Também é colocado como uma das 40 piores espécies invasoras na Europa e como a pior espécie de gastrópode invasor no mesmo continente.<ref>{{Citar jornal|autor= Nentwig W, Bacher S, Kumschick S, Pyšek P, Vilà M |data=2017-12-18|título=More than "100 worst" alien species in Europe|jornal=Biological Invasions|volume=20|issue=6 |paginas=1611–1621|doi=10.1007/s10530-017-1651-6 |doi-access=free}}</ref>

A espécie pode ser encontrada nos [[Estados Unidos]], onde sua introdução provavelmente ocorreu a partir de aquários. É encontrada também na [[China]] desde 1981,<ref>[http://www.plosntds.org/article/slideshow.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pntd.0000368&imageURI=info: doi/10.1371/journal.pntd.0000368.g004 map of distribution in 2007] {{webarchive|url=https://archive.today/20120907105727/http://www.plosntds.org/article/slideshow.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pntd.0000368&imageURI=info:|data=2012-09-07}}</ref> com a cidade de Zhongshan sendo considerada o ponto de distribuição.<ref>{{citar jornal |autor= Lv S, Zhang Y, Liu HX, Hu L, Yang K, Steinmann P, Chen Z, Wang LY, Utzinger J, Zhou XN |titulo= Invasive snails and an emerging infectious disease: results from the first national survey on Angiostrongylus cantonensis in China|jornal= PLOS Neglected Tropical Diseases |volume= 3 |issue= 2 |paginas= e368 |ano= 2009}} [http://www.plosntds.org/article/slideshow.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pntd.0000368&imageURI=info: doi/10.1371/journal.pntd.0000368.g004 figure 4] {{webarchive|url=https://archive.today/20120907105727/http://www.plosntds.org/article/slideshow.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pntd.0000368&imageURI=info: |data=2012-09-07}}</ref> No [[Chile]] é encontrado desde 2009 com distribuição restrita.<ref>{{citar jornal|ultimo1=Jackson|primeiro1=Douglas|ultimo2=Jackson |primeiro2 = Donald |titulo=Registro de ''Pomacea canaliculata'' (LAMARCK, 1822) (AMPULLARIIDAE), molusco exótico para el norte de Chile|jornal=Gayana|data=2009|volume=73|issue=1|paginas=40–44}}</ref> Além disso, pode ser também encontrado nas [[Filipinas]], [[Japão]], [[Coréia do Sul]], [[Taiwan]], [[Vietnã]], [[Camboja]], [[Laos]], [[Papua Nova Guiné]], partes da [[Indonésia]] e [[Malásia]], [[Singapura]] e [[Guam]]. O molusco foi introduzido no leste asiático em 1980, como uma iguaria e também como animal de aquário. Sua introdução pode ter iniciado em Taiwan, partindo então para o Japão, depois [[Tailândia]] e Filipinas. Dali, ou escaparam ou foram soltos, se multiplicando e tornando-se uma grande praga agrícola.<ref>{{citar web| url=http://www.columbia.edu/itc/cerc/danoff-burg/invasion_bio/inv_spp_summ/Pomacea_canaliculata.html | titulo=Introduced Species Summary Project Apple Snail (Pomacea canaliculata) |primeiro=Nalini |ultimo=Mohan |data=2002-02-25| publicado=Columbia University|accessdate=2022-09-28}}</ref> Em 3 de Dezembro de 2020 o primeiro exemplar foi encontrado em continente africano, no [[Quênia]].<ref>{{citar jornal |autor=BUDDIE, Alan; RWOMUSHANA, Ivan, OFFORD, Lisa; KIBET, Simeon; MAKALE, Fernadis; DJEDDOUR, Djami; CAFA, Giovanni; KOSKEI, Vincent; MUVEA, Alex; CHACHA, Duncan; DAY, Roger|titulo=First report of the invasive snail Pomacea canaliculata in Kenya|url=https://www.researchgate.net/publication/350375381_First_report_of_the_invasive_snail_Pomacea_canaliculata_in_Kenya|jornal=CABI Agriculture and Bioscience|data=2021-03|paginas=11|volume=2|acessodata=2022-09-28}}</ref>

=== Habitát ===
[[File:Egg mass.jpg|thumb|upright|Ovos de ''Pomacea canaliculata'' são geralmente postos em massa aderidos em vegetação emergida de água doce.]]
A espécie vive em águas frescas de lagos, rios, alagados e pântanos e tolera as mais variadas temperaturas.<ref>{{Citar jornal|autor= Wada T, Matsukura K |data=2007-12|titulo=Seasonal Changes in Cold Hardiness of the Invasive Freshwater Apple Snail, ''Pomacea canaliculata'' (Lamarck) (Gastropoda: Ampullariidae) |jornal= Malacologia |volume=49 |issue=2 |pages=383–392 |doi=10.4002/0076-2997-49.2.383 |s2cid= 85173507 }}</ref> Em seus ambientes naturais, eles dependem das vegetações que emergem das águas para depositar seus ovos. Em locais onde é invasor, podem utilizar plantações de arroz e outras plantações para se reproduzir.<ref>{{citar jornal |autor= Rawlings TA, Hayes KA, Cowie RH, Collins TM |titulo=The identity, distribution, and impacts of non-native apple snails in the continental United States |jornal= BMC Evolutionary Biology |volume = 7 |issue = 1 |paginas = 97 | data=2007-06}}</ref>

==Predadores==
Na América do Sul, o aruá é predado pelo [[gavião-caramujeiro]](''Rostrhamus sociabilis''). A [[Formiga-lava-pés|formiga-de-fogo]](''Solenopsis geminata'') tem sido observada predando ovos dessa espécie.<ref>{{citar jornal |autor= Yusa Y |ano= 2001 |titulo = Predation on eggs of the apple snail ''Pomacea canaliculata'' (Gastropoda: Ampullaridae) by the fire ant ''Solenopsis geminata'' |jornal = Journal of Molluscan Studies |volume = 67 |edição= 3|paginas= 275–279}}</ref> Vale mencionar que os ovos do aruá contém substâncias tóxicas.<ref name="PI2"/> Na Ásia, o caracol ''Quantula striata'' também pôde ser observado se alimentando de ovos do aruá.<ref>{{citar web|url=https://www.researchgate.net/publication/259609218_OBSERVATIONS_OF_LAND_SNAILS_FEEDING_ON_THE_EGGS_OF_POMACEA_CANALICULATA_LAMARCK_1822_MOLLUSCA_GASTROPODA|título=OBSERVATIONS OF LAND SNAILS FEEDING ON THE EGGS OF POMACEA CANALICULATA (LAMARCK, 1822) (MOLLUSCA: GASTROPODA)|autor=Ng, Ting Hui e Tan, Siong Kiat |data=2011|publicado=Nature in Singapore|acessodata=2022-09-28}}</ref>

==Parasitas==
Em 2009, em locais de venda de alimentos da [[Cidade de Dali]] em [[Iunã| Yunnan]], na [[China]], observou-se que aproximadamente 1% desses moluscos que se encontravam a venda estavam infectados com ''[[Angiostrongylus cantonensis]]'' ([[nematoda|nematóide]] causador de angiostrongilíase e [[meningite|meningite eosinofílica]], doenças que no Brasil são associadas ao [[Caramujo-gigante-africano|Caramujo-africano]]).<ref>{{citar jornal |autor=LV, Shan; ZHANG, Yi; LIU, He-Xiang ; ZHANG, Chao-Wei; STEINMANN, Peter; ZHOU, Xiao-Nong; UTZINGER, Jürg|titulo=Angiostrongylus cantonensis: Morphological and behavioral investigation within the freshwater snail Pomacea canaliculata|jornal=Parasitology research|data=2009-02|paginas=1351-9|volume=104|acessodata=2022-09-28}}</ref>

{{Commons|Category:Pomacea}}
{{Wikispecies|Pomacea}}
{{referências}}
{{DEFAULTSORT:Arua}}
{{DEFAULTSORT:Arua}}
[[Categoria:Gastrópodes]]
[[Categoria:Gastrópodes]]

Revisão das 13h03min de 28 de setembro de 2022

 Nota: Se procura pelo povo indígena, veja Aruás.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaPomacea canaliculata
Aruá
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Ordem: Mesogastropoda
Família: Ampullaridae
Género: Pomacea
Espécie: P. canaliculata
Nome binomial
Pomacea canaliculata
Lam.
Ovos de Pomacea canaliculata depositados em tronco de árvore em área alagada na República Popular da China

Pomacea canaliculata, também popularmente conhecido como Aruá, ampulária, arauá, aruá-do-banhado, aruá-do-brejo, caramujo-do-banhado, fuá e uruá, é um molusco gastrópode aquático pertencente à família Ampullariidae. É uma espécie de grandes caramujos com brânquias e opérculo.

Etimologia

O molusco é mais popularmente conhecido como "Aruá". A palavra é proveniente do termo tupi aru'á[1].. "Uruá" vem do tupi uru'á[2].

Características

A concha

A concha dos Aruás é globular, com cores tipicamente variando em uma mistura muito variável de marrom, preto e amarelo-acastanhado; há individuos de cor dourada e também albinos.[3] Essa concha pode alcançar 15cm de comprimento.

Dieta

Esses moluscos são extremamente polifagos e alimentam-se de vegetais e também matéria animal. A dieta pode mudar conforme a idade, com indivíduos jovens se alimentando principalmente de algas e detritos enquanto os maiores podem se alimentar de plantas maiores. [4] Essa espécie impacta de forma negativa a agricultura de arroz e taro em locais onde foi introduzida.

Reprodução

A massa de ovos de Pomacea canaliculata tem cor que varia entre um rosa brilhante e alaranjado.
Massa de ovos de Pomacea canaliculata em uma escala de centímetros.

Os aruás são animais polígamos que copulam com frequência de 2 a 3 vezes por semana. A cópula é demorada e pode durar até 12 horas, sendo realizada debaixo da água. São postos de 12 a 1000 ovos, normalmente menos que 300, em massas alocadas em vegetações.[5]

Em climas temperados, a fêmea posta os ovos em um período que se estende do início da primavera ao início do outono.[6] Nas áreas tropicais por sua vez a reprodução é contínua. A duração desse período reprodutivo diminuí conforme a latitude para um minimo de seis mêses no limite sul da sua distribuição natural.[7] As fêmeas adultas depositam seus ovos nas vegetações que emergentes durante a noite, mas também podem postar em rochas ou até mesmo barcos. Esses ovos levam cerca de duas semanas para eclodir e neste período ele perde suas cores brilhantes.[8]

Distribuição

Desenho de um Pomacea canaliculata

A distribuição original da espécie é basicamente tropical e subtropical, incluindo países como Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil.[9] O local mais ao sul em que a espécie foi encontrada é o reservatório Paso de las Piedras, ao sul da província de Buenos Aires, na Argentina.[7]

Espécie Invasora

É uma espécie de origem sul americana, mas que se tornou invasiva em outros locais, sendo considerada uma das 100 piores espécies invasivas do mundo.[10] Também é colocado como uma das 40 piores espécies invasoras na Europa e como a pior espécie de gastrópode invasor no mesmo continente.[11]

A espécie pode ser encontrada nos Estados Unidos, onde sua introdução provavelmente ocorreu a partir de aquários. É encontrada também na China desde 1981,[12] com a cidade de Zhongshan sendo considerada o ponto de distribuição.[13] No Chile é encontrado desde 2009 com distribuição restrita.[14] Além disso, pode ser também encontrado nas Filipinas, Japão, Coréia do Sul, Taiwan, Vietnã, Camboja, Laos, Papua Nova Guiné, partes da Indonésia e Malásia, Singapura e Guam. O molusco foi introduzido no leste asiático em 1980, como uma iguaria e também como animal de aquário. Sua introdução pode ter iniciado em Taiwan, partindo então para o Japão, depois Tailândia e Filipinas. Dali, ou escaparam ou foram soltos, se multiplicando e tornando-se uma grande praga agrícola.[15] Em 3 de Dezembro de 2020 o primeiro exemplar foi encontrado em continente africano, no Quênia.[16]

Habitát

Ovos de Pomacea canaliculata são geralmente postos em massa aderidos em vegetação emergida de água doce.

A espécie vive em águas frescas de lagos, rios, alagados e pântanos e tolera as mais variadas temperaturas.[17] Em seus ambientes naturais, eles dependem das vegetações que emergem das águas para depositar seus ovos. Em locais onde é invasor, podem utilizar plantações de arroz e outras plantações para se reproduzir.[18]

Predadores

Na América do Sul, o aruá é predado pelo gavião-caramujeiro(Rostrhamus sociabilis). A formiga-de-fogo(Solenopsis geminata) tem sido observada predando ovos dessa espécie.[19] Vale mencionar que os ovos do aruá contém substâncias tóxicas.[5] Na Ásia, o caracol Quantula striata também pôde ser observado se alimentando de ovos do aruá.[20]

Parasitas

Em 2009, em locais de venda de alimentos da Cidade de Dali em Yunnan, na China, observou-se que aproximadamente 1% desses moluscos que se encontravam a venda estavam infectados com Angiostrongylus cantonensis (nematóide causador de angiostrongilíase e meningite eosinofílica, doenças que no Brasil são associadas ao Caramujo-africano).[21]

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Aruá
Wikispecies
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Aruá

Referências

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 178
  2. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 1 743
  3. Howells, R. Personal communication. Texas Parks and Wildlife Department. In: United States Geological Survey. 2008. Pomacea canaliculata. USGS Nonindigenous Aquatic Species Database, Gainesville, FL. Revision Date: 2/4/2008
  4. Estebenet AL, Martín PR (abril de 2002). «Pomacea canaliculata (Gastropoda: Ampullariidae): life-history traits and their plasticity». Biocell. 26. pp. 83–9 
  5. a b «"Pomacea canaliculata" 2». Planeta Invertebrados. 12 de setembro de 2021. Consultado em 28 de setembro de 2022 
  6. Bachmann A (outubro de 1960). «Apuntes para una hidrobiología argentina. II. Ampullaria insularum Orb. y A. canaliculata Lam.(Moll. Prosobr., Ampullaridae). Observaciones biológicas y ecológicas.». Actas y Trabajos Primer Congreso Sudamericano de Zoología. 1. La Plata, Argentina. pp. 19–24 
  7. a b Martín PR, Estebenet AL, Cazzaniga NJ (2001). «Factors affecting the distribution of Pomacea canaliculata (Gastropoda: Ampullariidae) along its southernmost natural limit.». Malacologia. 43 (1–2). pp. 13–23 
  8. Ismail SN, Abdul Wahab NI, Mansor M (2018). «Behavioural study of the golden apple snail (Pomacea canaliculata) in a Tropical Lake, Chenderoh Reservoir, Malaysia». Lakes & Reservoirs: Science, Policy and Management for Sustainable Use. 23 3 ed. pp. 256–260 
  9. Cowie R, Thiengo SC. «The apple snails of the Americas (Mollusca: Gastropoda: Ampullariidae: Asolene, Felipponea, Marisa, Pomacea, Pomella): a nomenclatural and type catalog.». Malacologia. 45 (1). pp. 41–100 
  10. «100 of the World's Worst Invasive Alien Species Global Invasive Species Database». issg.org. Consultado em 27 de outubro de 2008 
  11. Nentwig W, Bacher S, Kumschick S, Pyšek P, Vilà M (18 de dezembro de 2017). «More than "100 worst" alien species in Europe». Biological Invasions. 20 (6). pp. 1611–1621. doi:10.1007/s10530-017-1651-6Acessível livremente 
  12. doi/10.1371/journal.pntd.0000368.g004 map of distribution in 2007 Arquivado em 2012-09-07 na Archive.today
  13. Lv S, Zhang Y, Liu HX, Hu L, Yang K, Steinmann P, Chen Z, Wang LY, Utzinger J, Zhou XN (2009). «Invasive snails and an emerging infectious disease: results from the first national survey on Angiostrongylus cantonensis in China». PLOS Neglected Tropical Diseases. 3 (2). pp. e368  doi/10.1371/journal.pntd.0000368.g004 figure 4 Arquivado em 2012-09-07 na Archive.today
  14. Jackson, Douglas; Jackson, Donald (2009). «Registro de Pomacea canaliculata (LAMARCK, 1822) (AMPULLARIIDAE), molusco exótico para el norte de Chile». Gayana. 73 (1). pp. 40–44 
  15. Mohan, Nalini (25 de fevereiro de 2002). «Introduced Species Summary Project Apple Snail (Pomacea canaliculata)». Columbia University. Consultado em 28 de setembro de 2022 
  16. BUDDIE, Alan; RWOMUSHANA, Ivan, OFFORD, Lisa; KIBET, Simeon; MAKALE, Fernadis; DJEDDOUR, Djami; CAFA, Giovanni; KOSKEI, Vincent; MUVEA, Alex; CHACHA, Duncan; DAY, Roger (março de 2021). «First report of the invasive snail Pomacea canaliculata in Kenya». CABI Agriculture and Bioscience. 2. 11 páginas. Consultado em 28 de setembro de 2022 
  17. Wada T, Matsukura K (dezembro de 2007). «Seasonal Changes in Cold Hardiness of the Invasive Freshwater Apple Snail, Pomacea canaliculata (Lamarck) (Gastropoda: Ampullariidae)». Malacologia. 49 (2). pp. 383–392. doi:10.4002/0076-2997-49.2.383 
  18. Rawlings TA, Hayes KA, Cowie RH, Collins TM (junho de 2007). «The identity, distribution, and impacts of non-native apple snails in the continental United States». BMC Evolutionary Biology. 7 (1). 97 páginas 
  19. Yusa Y (2001). «Predation on eggs of the apple snail Pomacea canaliculata (Gastropoda: Ampullaridae) by the fire ant Solenopsis geminata». Journal of Molluscan Studies. 67 3 ed. pp. 275–279 
  20. Ng, Ting Hui e Tan, Siong Kiat (2011). «OBSERVATIONS OF LAND SNAILS FEEDING ON THE EGGS OF POMACEA CANALICULATA (LAMARCK, 1822) (MOLLUSCA: GASTROPODA)». Nature in Singapore. Consultado em 28 de setembro de 2022 
  21. LV, Shan; ZHANG, Yi; LIU, He-Xiang ; ZHANG, Chao-Wei; STEINMANN, Peter; ZHOU, Xiao-Nong; UTZINGER, Jürg (fevereiro de 2009). «Angiostrongylus cantonensis: Morphological and behavioral investigation within the freshwater snail Pomacea canaliculata». Parasitology research. 104. pp. 1351–9