Aruá: diferenças entre revisões
m |
Etiqueta: Hiperligações de desambiguação |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{Ver desambig|prefixo=Se procura|pelo povo indígena|Aruás}} |
{{Ver desambig|prefixo=Se procura|pelo povo indígena|Aruás}} |
||
{{Info/Taxonomia |
{{Info/Taxonomia |
||
| nome = ''Pomacea canaliculata''<br><small> |
| nome = ''Pomacea canaliculata''<br><small>Aruá</small> |
||
| imagem = Pomacea canaliculata1.jpg |
| imagem = Pomacea canaliculata1.jpg |
||
| imagem_legenda = ''[[Pomacea canaliculata]]'' |
| imagem_legenda = ''[[Pomacea canaliculata]]'' |
||
Linha 15: | Linha 15: | ||
}} |
}} |
||
[[File:Pomacea canaliculata eggs on Pistia stratiotes.jpg|thumb|Ovos de ''Pomacea canaliculata'' depositados em tronco de árvore em área alagada na [[República Popular da China]]]] |
[[File:Pomacea canaliculata eggs on Pistia stratiotes.jpg|thumb|Ovos de ''Pomacea canaliculata'' depositados em tronco de árvore em área alagada na [[República Popular da China]]]] |
||
⚫ | |||
'''''Pomacea canaliculata''''', também popularmente conhecido como '''Aruá''', '''ampulária''', '''arauá''', '''aruá-do-banhado''', '''aruá-do-brejo''', '''caramujo-do-banhado''', '''fuá''' e '''uruá''', é um [[Moluscos|molusco]] [[Gastropoda|gastrópode]] [[animal aquático|aquático]] pertencente à família Ampullariidae. É uma [[espécie]] de grandes [[caramujo]]s com [[brânquia]]s e [[Opérculo (gastrópode)|opérculo]]. |
|||
⚫ | |||
O '''aruá''' ('''''Pomacea canaliculata''''', anteriormente ''Ampullaria'') é um [[molusco]] gastrópode da família dos [[Ampullaridae|ampularídeos]], encontrado em [[rio]]s e [[lagoa]]s da [[América do Sul]]. Tal molusco possui cerca de 15 centímetros de comprimento e [[concha]] castanho-esverdeada. Também é conhecido pelos nomes de '''ampulária''', '''arauá''', '''aruá-do-banhado''', '''aruá-do-brejo''', '''caramujo-do-banhado''', '''fuá''' e '''uruá'''. Deixa seus ovos brancos, rosas ou alaranjados no caule de plantas aquáticas, em barrancos na margem dos rios ou na mata, no limite das inundações<ref>{{Citar web |url=http://omalfazejo2.wordpress.com/2009/02/19/mestre-mangueira-e-a-ova-do-arua/ |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2012-06-27 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130906043233/http://omalfazejo2.wordpress.com/2009/02/19/mestre-mangueira-e-a-ova-do-arua/ |arquivodata=2013-09-06 |urlmorta=yes }}</ref>. É predado pelo [[gavião-caramujeiro]]<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 178">FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 178</ref>. |
|||
== Etimologia == |
== Etimologia == |
||
"Aruá" é proveniente do termo [[Língua tupi|tupi]] ''aru'á''<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 178"/>. "Uruá" vem do tupi ''uru'á''<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 1 743</ref>. |
O molusco é mais popularmente conhecido como "Aruá". A palavra é proveniente do termo [[Língua tupi|tupi]] ''aru'á''<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 178">FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 178</ref>.. "Uruá" vem do tupi ''uru'á''<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 1 743</ref>. |
||
==Características== |
|||
⚫ | |||
===A concha=== |
|||
A concha dos Aruás é globular, com cores tipicamente variando em uma mistura muito variável de marrom, preto e amarelo-acastanhado; há individuos de cor dourada e também [[albino]]s.<ref>Howells, R. Personal communication. Texas Parks and Wildlife Department. In: United States Geological Survey. 2008. ''Pomacea canaliculata''. [[United States Geological Survey|USGS]] Nonindigenous Aquatic Species Database, Gainesville, FL. Revision Date: 2/4/2008</ref> Essa concha pode alcançar 15cm de comprimento. |
|||
===Dieta=== |
|||
Esses moluscos são extremamente [[Polifagia|polifagos]] e alimentam-se de vegetais e também matéria animal. A dieta pode mudar conforme a idade, com indivíduos jovens se alimentando principalmente de algas e detritos enquanto os maiores podem se alimentar de plantas maiores. <ref name="Estebenet">{{citar jornal |autor= Estebenet AL, Martín PR |titulo= ''Pomacea canaliculata'' (Gastropoda: Ampullariidae): life-history traits and their plasticity |jornal = Biocell |volume = 26|paginas= 83–9 |data=2002-04}}</ref> Essa espécie impacta de forma negativa a agricultura de [[arroz]] e [[taro]] em locais onde foi introduzida. |
|||
===Reprodução=== |
|||
[[File:Pomacea canaliculata eggsonhand.jpg|thumb|upright|A massa de ovos de ''Pomacea canaliculata'' tem cor que varia entre um rosa brilhante e alaranjado.]] |
|||
[[File:Pomacea canaliculata eggs.jpg|thumb|upright|Massa de ovos de ''Pomacea canaliculata'' em uma escala de centímetros.]] |
|||
Os aruás são animais polígamos que copulam com frequência de 2 a 3 vezes por semana. A cópula é demorada e pode durar até 12 horas, sendo realizada debaixo da água. São postos de 12 a 1000 ovos, normalmente menos que 300, em massas alocadas em vegetações.<ref name="PI2">{{citar web|url=http://www.planetainvertebrados.com.br/index.asp?pagina=especies_ver&id_categoria=27&id_subcategoria=0&com=1&id=308&local=2|título="Pomacea canaliculata" 2|autor=<noinclude>|data=2021-09-12|publicado=Planeta Invertebrados|acessodata=2022-09-28}}</ref> |
|||
Em climas temperados, a fêmea posta os ovos em um período que se estende do início da primavera ao início do outono.<ref>{{citar jornal |autor= Bachmann A |titulo = Apuntes para una hidrobiología argentina. II. ''Ampullaria insularum'' Orb. y ''A. canaliculata'' Lam.(Moll. Prosobr., Ampullaridae). Observaciones biológicas y ecológicas. |jornal = Actas y Trabajos Primer Congreso Sudamericano de Zoología |data = 1960-10|volume = 1 |paginas = 19–24 |local= La Plata, Argentina}}</ref> Nas áreas tropicais por sua vez a reprodução é contínua. A duração desse período reprodutivo diminuí conforme a latitude para um minimo de seis mêses no limite sul da sua distribuição natural.<ref name="Martín" /> As fêmeas adultas depositam seus ovos nas vegetações que emergentes durante a noite, mas também podem postar em rochas ou até mesmo barcos. Esses ovos levam cerca de duas semanas para eclodir e neste período ele perde suas cores brilhantes.<ref name=":0">{{Citar jornal|autor= Ismail SN, Abdul Wahab NI, Mansor M |data=2018|titulo=Behavioural study of the golden apple snail (''Pomacea canaliculata'') in a Tropical Lake, Chenderoh Reservoir, Malaysia |jornal=Lakes & Reservoirs: Science, Policy and Management for Sustainable Use|volume=23|edição=3|paginas=256–260}}</ref> |
|||
==Distribuição== |
|||
[[File:Pomacea canaliculata 001.png|thumb|Desenho de um ''Pomacea canaliculata'']] |
|||
A distribuição original da espécie é basicamente tropical e subtropical, incluindo países como [[Argentina]], [[Bolívia]], [[Paraguai]], [[Uruguai]] e [[Brasil]].<ref>{{citar jornal |autor= Cowie R, Thiengo SC |titulo= The apple snails of the Americas (Mollusca: Gastropoda: Ampullariidae: Asolene, Felipponea, Marisa, Pomacea, Pomella): a nomenclatural and type catalog. |jornal = Malacologia |volume = 45 |issue = 1 |paginas= 41–100 }}</ref> O local mais ao sul em que a espécie foi encontrada é o reservatório ''Paso de las Piedras'', ao sul da província de Buenos Aires, na Argentina.<ref name="Martín">{{citar jornal |autor= Martín PR, Estebenet AL, Cazzaniga NJ |titulo= Factors affecting the distribution of ''Pomacea canaliculata'' (Gastropoda: Ampullariidae) along its southernmost natural limit.|jornal= Malacologia |data=2001 | volume=43 |issue=1–2 |paginas= 13–23 }}</ref> |
|||
===Espécie Invasora=== |
|||
É uma espécie de origem [[América do Sul|sul americana]], mas que se tornou invasiva em outros locais, sendo considerada uma das 100 piores espécies invasivas do mundo.<ref>{{citar web|url=http://www.issg.org/database/species/search.asp?st=100ss&fr=1&str=&lang=EN|título=''100 of the World's Worst Invasive Alien Species'' Global Invasive Species Database|autor=<noinclude>|data=<noinclude>|publicado=issg.org|acessodata=2008-10-27}}</ref> Também é colocado como uma das 40 piores espécies invasoras na Europa e como a pior espécie de gastrópode invasor no mesmo continente.<ref>{{Citar jornal|autor= Nentwig W, Bacher S, Kumschick S, Pyšek P, Vilà M |data=2017-12-18|título=More than "100 worst" alien species in Europe|jornal=Biological Invasions|volume=20|issue=6 |paginas=1611–1621|doi=10.1007/s10530-017-1651-6 |doi-access=free}}</ref> |
|||
A espécie pode ser encontrada nos [[Estados Unidos]], onde sua introdução provavelmente ocorreu a partir de aquários. É encontrada também na [[China]] desde 1981,<ref>[http://www.plosntds.org/article/slideshow.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pntd.0000368&imageURI=info: doi/10.1371/journal.pntd.0000368.g004 map of distribution in 2007] {{webarchive|url=https://archive.today/20120907105727/http://www.plosntds.org/article/slideshow.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pntd.0000368&imageURI=info:|data=2012-09-07}}</ref> com a cidade de Zhongshan sendo considerada o ponto de distribuição.<ref>{{citar jornal |autor= Lv S, Zhang Y, Liu HX, Hu L, Yang K, Steinmann P, Chen Z, Wang LY, Utzinger J, Zhou XN |titulo= Invasive snails and an emerging infectious disease: results from the first national survey on Angiostrongylus cantonensis in China|jornal= PLOS Neglected Tropical Diseases |volume= 3 |issue= 2 |paginas= e368 |ano= 2009}} [http://www.plosntds.org/article/slideshow.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pntd.0000368&imageURI=info: doi/10.1371/journal.pntd.0000368.g004 figure 4] {{webarchive|url=https://archive.today/20120907105727/http://www.plosntds.org/article/slideshow.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pntd.0000368&imageURI=info: |data=2012-09-07}}</ref> No [[Chile]] é encontrado desde 2009 com distribuição restrita.<ref>{{citar jornal|ultimo1=Jackson|primeiro1=Douglas|ultimo2=Jackson |primeiro2 = Donald |titulo=Registro de ''Pomacea canaliculata'' (LAMARCK, 1822) (AMPULLARIIDAE), molusco exótico para el norte de Chile|jornal=Gayana|data=2009|volume=73|issue=1|paginas=40–44}}</ref> Além disso, pode ser também encontrado nas [[Filipinas]], [[Japão]], [[Coréia do Sul]], [[Taiwan]], [[Vietnã]], [[Camboja]], [[Laos]], [[Papua Nova Guiné]], partes da [[Indonésia]] e [[Malásia]], [[Singapura]] e [[Guam]]. O molusco foi introduzido no leste asiático em 1980, como uma iguaria e também como animal de aquário. Sua introdução pode ter iniciado em Taiwan, partindo então para o Japão, depois [[Tailândia]] e Filipinas. Dali, ou escaparam ou foram soltos, se multiplicando e tornando-se uma grande praga agrícola.<ref>{{citar web| url=http://www.columbia.edu/itc/cerc/danoff-burg/invasion_bio/inv_spp_summ/Pomacea_canaliculata.html | titulo=Introduced Species Summary Project Apple Snail (Pomacea canaliculata) |primeiro=Nalini |ultimo=Mohan |data=2002-02-25| publicado=Columbia University|accessdate=2022-09-28}}</ref> Em 3 de Dezembro de 2020 o primeiro exemplar foi encontrado em continente africano, no [[Quênia]].<ref>{{citar jornal |autor=BUDDIE, Alan; RWOMUSHANA, Ivan, OFFORD, Lisa; KIBET, Simeon; MAKALE, Fernadis; DJEDDOUR, Djami; CAFA, Giovanni; KOSKEI, Vincent; MUVEA, Alex; CHACHA, Duncan; DAY, Roger|titulo=First report of the invasive snail Pomacea canaliculata in Kenya|url=https://www.researchgate.net/publication/350375381_First_report_of_the_invasive_snail_Pomacea_canaliculata_in_Kenya|jornal=CABI Agriculture and Bioscience|data=2021-03|paginas=11|volume=2|acessodata=2022-09-28}}</ref> |
|||
=== Habitát === |
|||
[[File:Egg mass.jpg|thumb|upright|Ovos de ''Pomacea canaliculata'' são geralmente postos em massa aderidos em vegetação emergida de água doce.]] |
|||
A espécie vive em águas frescas de lagos, rios, alagados e pântanos e tolera as mais variadas temperaturas.<ref>{{Citar jornal|autor= Wada T, Matsukura K |data=2007-12|titulo=Seasonal Changes in Cold Hardiness of the Invasive Freshwater Apple Snail, ''Pomacea canaliculata'' (Lamarck) (Gastropoda: Ampullariidae) |jornal= Malacologia |volume=49 |issue=2 |pages=383–392 |doi=10.4002/0076-2997-49.2.383 |s2cid= 85173507 }}</ref> Em seus ambientes naturais, eles dependem das vegetações que emergem das águas para depositar seus ovos. Em locais onde é invasor, podem utilizar plantações de arroz e outras plantações para se reproduzir.<ref>{{citar jornal |autor= Rawlings TA, Hayes KA, Cowie RH, Collins TM |titulo=The identity, distribution, and impacts of non-native apple snails in the continental United States |jornal= BMC Evolutionary Biology |volume = 7 |issue = 1 |paginas = 97 | data=2007-06}}</ref> |
|||
==Predadores== |
|||
Na América do Sul, o aruá é predado pelo [[gavião-caramujeiro]](''Rostrhamus sociabilis''). A [[Formiga-lava-pés|formiga-de-fogo]](''Solenopsis geminata'') tem sido observada predando ovos dessa espécie.<ref>{{citar jornal |autor= Yusa Y |ano= 2001 |titulo = Predation on eggs of the apple snail ''Pomacea canaliculata'' (Gastropoda: Ampullaridae) by the fire ant ''Solenopsis geminata'' |jornal = Journal of Molluscan Studies |volume = 67 |edição= 3|paginas= 275–279}}</ref> Vale mencionar que os ovos do aruá contém substâncias tóxicas.<ref name="PI2"/> Na Ásia, o caracol ''Quantula striata'' também pôde ser observado se alimentando de ovos do aruá.<ref>{{citar web|url=https://www.researchgate.net/publication/259609218_OBSERVATIONS_OF_LAND_SNAILS_FEEDING_ON_THE_EGGS_OF_POMACEA_CANALICULATA_LAMARCK_1822_MOLLUSCA_GASTROPODA|título=OBSERVATIONS OF LAND SNAILS FEEDING ON THE EGGS OF POMACEA CANALICULATA (LAMARCK, 1822) (MOLLUSCA: GASTROPODA)|autor=Ng, Ting Hui e Tan, Siong Kiat |data=2011|publicado=Nature in Singapore|acessodata=2022-09-28}}</ref> |
|||
==Parasitas== |
|||
Em 2009, em locais de venda de alimentos da [[Cidade de Dali]] em [[Iunã| Yunnan]], na [[China]], observou-se que aproximadamente 1% desses moluscos que se encontravam a venda estavam infectados com ''[[Angiostrongylus cantonensis]]'' ([[nematoda|nematóide]] causador de angiostrongilíase e [[meningite|meningite eosinofílica]], doenças que no Brasil são associadas ao [[Caramujo-gigante-africano|Caramujo-africano]]).<ref>{{citar jornal |autor=LV, Shan; ZHANG, Yi; LIU, He-Xiang ; ZHANG, Chao-Wei; STEINMANN, Peter; ZHOU, Xiao-Nong; UTZINGER, Jürg|titulo=Angiostrongylus cantonensis: Morphological and behavioral investigation within the freshwater snail Pomacea canaliculata|jornal=Parasitology research|data=2009-02|paginas=1351-9|volume=104|acessodata=2022-09-28}}</ref> |
|||
⚫ | |||
⚫ | |||
⚫ | |||
{{DEFAULTSORT:Arua}} |
{{DEFAULTSORT:Arua}} |
||
[[Categoria:Gastrópodes]] |
[[Categoria:Gastrópodes]] |
Revisão das 13h03min de 28 de setembro de 2022
Aruá Pomacea canaliculata | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Nome binomial | |||||||||||||||
Pomacea canaliculata Lam. |
Pomacea canaliculata, também popularmente conhecido como Aruá, ampulária, arauá, aruá-do-banhado, aruá-do-brejo, caramujo-do-banhado, fuá e uruá, é um molusco gastrópode aquático pertencente à família Ampullariidae. É uma espécie de grandes caramujos com brânquias e opérculo.
Etimologia
O molusco é mais popularmente conhecido como "Aruá". A palavra é proveniente do termo tupi aru'á[1].. "Uruá" vem do tupi uru'á[2].
Características
A concha
A concha dos Aruás é globular, com cores tipicamente variando em uma mistura muito variável de marrom, preto e amarelo-acastanhado; há individuos de cor dourada e também albinos.[3] Essa concha pode alcançar 15cm de comprimento.
Dieta
Esses moluscos são extremamente polifagos e alimentam-se de vegetais e também matéria animal. A dieta pode mudar conforme a idade, com indivíduos jovens se alimentando principalmente de algas e detritos enquanto os maiores podem se alimentar de plantas maiores. [4] Essa espécie impacta de forma negativa a agricultura de arroz e taro em locais onde foi introduzida.
Reprodução
Os aruás são animais polígamos que copulam com frequência de 2 a 3 vezes por semana. A cópula é demorada e pode durar até 12 horas, sendo realizada debaixo da água. São postos de 12 a 1000 ovos, normalmente menos que 300, em massas alocadas em vegetações.[5]
Em climas temperados, a fêmea posta os ovos em um período que se estende do início da primavera ao início do outono.[6] Nas áreas tropicais por sua vez a reprodução é contínua. A duração desse período reprodutivo diminuí conforme a latitude para um minimo de seis mêses no limite sul da sua distribuição natural.[7] As fêmeas adultas depositam seus ovos nas vegetações que emergentes durante a noite, mas também podem postar em rochas ou até mesmo barcos. Esses ovos levam cerca de duas semanas para eclodir e neste período ele perde suas cores brilhantes.[8]
Distribuição
A distribuição original da espécie é basicamente tropical e subtropical, incluindo países como Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil.[9] O local mais ao sul em que a espécie foi encontrada é o reservatório Paso de las Piedras, ao sul da província de Buenos Aires, na Argentina.[7]
Espécie Invasora
É uma espécie de origem sul americana, mas que se tornou invasiva em outros locais, sendo considerada uma das 100 piores espécies invasivas do mundo.[10] Também é colocado como uma das 40 piores espécies invasoras na Europa e como a pior espécie de gastrópode invasor no mesmo continente.[11]
A espécie pode ser encontrada nos Estados Unidos, onde sua introdução provavelmente ocorreu a partir de aquários. É encontrada também na China desde 1981,[12] com a cidade de Zhongshan sendo considerada o ponto de distribuição.[13] No Chile é encontrado desde 2009 com distribuição restrita.[14] Além disso, pode ser também encontrado nas Filipinas, Japão, Coréia do Sul, Taiwan, Vietnã, Camboja, Laos, Papua Nova Guiné, partes da Indonésia e Malásia, Singapura e Guam. O molusco foi introduzido no leste asiático em 1980, como uma iguaria e também como animal de aquário. Sua introdução pode ter iniciado em Taiwan, partindo então para o Japão, depois Tailândia e Filipinas. Dali, ou escaparam ou foram soltos, se multiplicando e tornando-se uma grande praga agrícola.[15] Em 3 de Dezembro de 2020 o primeiro exemplar foi encontrado em continente africano, no Quênia.[16]
Habitát
A espécie vive em águas frescas de lagos, rios, alagados e pântanos e tolera as mais variadas temperaturas.[17] Em seus ambientes naturais, eles dependem das vegetações que emergem das águas para depositar seus ovos. Em locais onde é invasor, podem utilizar plantações de arroz e outras plantações para se reproduzir.[18]
Predadores
Na América do Sul, o aruá é predado pelo gavião-caramujeiro(Rostrhamus sociabilis). A formiga-de-fogo(Solenopsis geminata) tem sido observada predando ovos dessa espécie.[19] Vale mencionar que os ovos do aruá contém substâncias tóxicas.[5] Na Ásia, o caracol Quantula striata também pôde ser observado se alimentando de ovos do aruá.[20]
Parasitas
Em 2009, em locais de venda de alimentos da Cidade de Dali em Yunnan, na China, observou-se que aproximadamente 1% desses moluscos que se encontravam a venda estavam infectados com Angiostrongylus cantonensis (nematóide causador de angiostrongilíase e meningite eosinofílica, doenças que no Brasil são associadas ao Caramujo-africano).[21]
Referências
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 178
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 1 743
- ↑ Howells, R. Personal communication. Texas Parks and Wildlife Department. In: United States Geological Survey. 2008. Pomacea canaliculata. USGS Nonindigenous Aquatic Species Database, Gainesville, FL. Revision Date: 2/4/2008
- ↑ Estebenet AL, Martín PR (abril de 2002). «Pomacea canaliculata (Gastropoda: Ampullariidae): life-history traits and their plasticity». Biocell. 26. pp. 83–9
- ↑ a b «"Pomacea canaliculata" 2». Planeta Invertebrados. 12 de setembro de 2021. Consultado em 28 de setembro de 2022
- ↑ Bachmann A (outubro de 1960). «Apuntes para una hidrobiología argentina. II. Ampullaria insularum Orb. y A. canaliculata Lam.(Moll. Prosobr., Ampullaridae). Observaciones biológicas y ecológicas.». Actas y Trabajos Primer Congreso Sudamericano de Zoología. 1. La Plata, Argentina. pp. 19–24
- ↑ a b Martín PR, Estebenet AL, Cazzaniga NJ (2001). «Factors affecting the distribution of Pomacea canaliculata (Gastropoda: Ampullariidae) along its southernmost natural limit.». Malacologia. 43 (1–2). pp. 13–23
- ↑ Ismail SN, Abdul Wahab NI, Mansor M (2018). «Behavioural study of the golden apple snail (Pomacea canaliculata) in a Tropical Lake, Chenderoh Reservoir, Malaysia». Lakes & Reservoirs: Science, Policy and Management for Sustainable Use. 23 3 ed. pp. 256–260
- ↑ Cowie R, Thiengo SC. «The apple snails of the Americas (Mollusca: Gastropoda: Ampullariidae: Asolene, Felipponea, Marisa, Pomacea, Pomella): a nomenclatural and type catalog.». Malacologia. 45 (1). pp. 41–100
- ↑ «100 of the World's Worst Invasive Alien Species Global Invasive Species Database». issg.org. Consultado em 27 de outubro de 2008
- ↑ Nentwig W, Bacher S, Kumschick S, Pyšek P, Vilà M (18 de dezembro de 2017). «More than "100 worst" alien species in Europe». Biological Invasions. 20 (6). pp. 1611–1621. doi:10.1007/s10530-017-1651-6
- ↑ doi/10.1371/journal.pntd.0000368.g004 map of distribution in 2007 Arquivado em 2012-09-07 na Archive.today
- ↑ Lv S, Zhang Y, Liu HX, Hu L, Yang K, Steinmann P, Chen Z, Wang LY, Utzinger J, Zhou XN (2009). «Invasive snails and an emerging infectious disease: results from the first national survey on Angiostrongylus cantonensis in China». PLOS Neglected Tropical Diseases. 3 (2). pp. e368 doi/10.1371/journal.pntd.0000368.g004 figure 4 Arquivado em 2012-09-07 na Archive.today
- ↑ Jackson, Douglas; Jackson, Donald (2009). «Registro de Pomacea canaliculata (LAMARCK, 1822) (AMPULLARIIDAE), molusco exótico para el norte de Chile». Gayana. 73 (1). pp. 40–44
- ↑ Mohan, Nalini (25 de fevereiro de 2002). «Introduced Species Summary Project Apple Snail (Pomacea canaliculata)». Columbia University. Consultado em 28 de setembro de 2022
- ↑ BUDDIE, Alan; RWOMUSHANA, Ivan, OFFORD, Lisa; KIBET, Simeon; MAKALE, Fernadis; DJEDDOUR, Djami; CAFA, Giovanni; KOSKEI, Vincent; MUVEA, Alex; CHACHA, Duncan; DAY, Roger (março de 2021). «First report of the invasive snail Pomacea canaliculata in Kenya». CABI Agriculture and Bioscience. 2. 11 páginas. Consultado em 28 de setembro de 2022
- ↑ Wada T, Matsukura K (dezembro de 2007). «Seasonal Changes in Cold Hardiness of the Invasive Freshwater Apple Snail, Pomacea canaliculata (Lamarck) (Gastropoda: Ampullariidae)». Malacologia. 49 (2). pp. 383–392. doi:10.4002/0076-2997-49.2.383
- ↑ Rawlings TA, Hayes KA, Cowie RH, Collins TM (junho de 2007). «The identity, distribution, and impacts of non-native apple snails in the continental United States». BMC Evolutionary Biology. 7 (1). 97 páginas
- ↑ Yusa Y (2001). «Predation on eggs of the apple snail Pomacea canaliculata (Gastropoda: Ampullaridae) by the fire ant Solenopsis geminata». Journal of Molluscan Studies. 67 3 ed. pp. 275–279
- ↑ Ng, Ting Hui e Tan, Siong Kiat (2011). «OBSERVATIONS OF LAND SNAILS FEEDING ON THE EGGS OF POMACEA CANALICULATA (LAMARCK, 1822) (MOLLUSCA: GASTROPODA)». Nature in Singapore. Consultado em 28 de setembro de 2022
- ↑ LV, Shan; ZHANG, Yi; LIU, He-Xiang ; ZHANG, Chao-Wei; STEINMANN, Peter; ZHOU, Xiao-Nong; UTZINGER, Jürg (fevereiro de 2009). «Angiostrongylus cantonensis: Morphological and behavioral investigation within the freshwater snail Pomacea canaliculata». Parasitology research. 104. pp. 1351–9