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Carlismo (Brasil): diferenças entre revisões

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[[Imagem:ACM 2007.jpeg|thumb|150px|Antônio Carlos Magalhães foi o criador do carlismo na [[Bahia]].]]
[[Imagem:ACM 2007.jpeg|thumb|150px|Antônio Carlos Magalhães foi o criador do carlismo na [[Bahia]].]]
'''Carlismo''' é o termo utilizado para designar o grupo formado no [[Estados do Brasil|estado]] [[brasil]]eiro da [[Bahia]] em torno da liderança de [[Antônio Carlos Magalhães]] (1927-2007), que durante quatro décadas foi o [[político]] mais importante do estado e um dos mais influentes do [[Brasil]]<ref>[http://www.valor.com.br/politica/2785250/carlismo-volta-com-forca-na-disputa-pela-prefeitura-de-salvador Carlismo volta com força na disputa pela prefeitura de Salvador]. Valor Econômico, 11 de agosto de 2012</ref><ref>[http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2012/ba/salvador/noticias/0,,OI6205157-EI20633,00-ACM+Neto+prefeito+nao+pode+dizer+que+recebeu+heranca+maldita.html ACM Neto: prefeito não pode dizer que recebeu 'herança maldita']. Terra, 8 de outubro de 2012</ref>.
'''Carlismo''' é o termo utilizado para designar o grupo formado no [[Estados do Brasil|estado]] [[brasil]]eiro da [[Bahia]] em torno da liderança de [[Antônio Carlos Magalhães]] (1927-2007), que durante quatro décadas foi o [[político]] mais importante do estado e um dos mais influentes do Brasil.<ref>[http://www.valor.com.br/politica/2785250/carlismo-volta-com-forca-na-disputa-pela-prefeitura-de-salvador Carlismo volta com força na disputa pela prefeitura de Salvador]. Valor Econômico, 11 de agosto de 2012</ref><ref>[http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2012/ba/salvador/noticias/0,,OI6205157-EI20633,00-ACM+Neto+prefeito+nao+pode+dizer+que+recebeu+heranca+maldita.html ACM Neto: prefeito não pode dizer que recebeu 'herança maldita']. Terra, 8 de outubro de 2012</ref>


==Evolução==
== Evolução ==
Entre suas características está a defesa de uma [[tecnocracia]] na [[administração pública]], apresentada como garantia de eficiência dos governos..<ref>[http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5770 ACM Neto e o carlismo na Bahia]. Carta Maior, 12 de setembro de 2012</ref> Se inicialmente o carlismo caracterizava apenas a liderança de ACM, apoiada no [[clientelismo]] e no controle dos [[meios de comunicação]]<ref>SOUZA, Celina. [http://books.google.com.br/books?id=b4No0RPidVgC&dq=SOUZA,+Celina.+%281997%29.+Constitutional+Engineering+in+Brazil&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s Constitutional Engineering in Brazil: The Politics of Federalism and Decentralization]. Palgrave Macmillan, 1997. P. 130</ref> mais tarde o termo se tornou uma expressão do grupo político ligado a ele e, numa terceira concepção, um modo de fazer política, aliando modernização econômica e conservadorismo político<ref>DANTAS NETO, Paulo Fábio. [http://www.fundaj.gov.br/geral/observanordeste/ixedicao/OBSERVANORDESTE_IX_Edicao_texto_BA_rev.pdf Mudança política na Bahia: circulação, competição ou pluralismo de elites?] FUNDAJ</ref>


Em seus últimos anos de vida, [[Antônio Carlos Magalhães|ACM]] perdeu parte do seu prestígio político e chegou a ter que rivalizar com o "soutismo", o grupo chefiado pelo governador [[Paulo Souto]]..<ref>[http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=761 Carlismo: passado, presete, futuro]. Acessa Comunicação, julho de 2007</ref> Com a morte de [[Antônio Carlos Magalhães|ACM]], o carlismo entrou em declínio. Além disso, os carlistas passaram a adotar um discurso mais moderado, até mesmo aproximando-se de rivais históricos, como o [[Partido dos Trabalhadores|PT]].<ref>[http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sem-acm-carlismo-dialoga-com-pt,37509,0.htm Sem ACM, carlismo dialoga com o PT]. O Estado de S. Paulo</ref>
Entre suas características está a defesa de uma [[tecnocracia]] na [[administração pública]], apresentada como garantia de eficiência dos governos<ref>[http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5770 ACM Neto e o carlismo na Bahia]. Carta Maior, 12 de setembro de 2012</ref>. Se inicialmente o carlismo caracterizava apenas a liderança de ACM, apoiada no [[clientelismo]] e no controle dos [[meios de comunicação]]<ref>SOUZA, Celina. [http://books.google.com.br/books?id=b4No0RPidVgC&dq=SOUZA,+Celina.+%281997%29.+Constitutional+Engineering+in+Brazil&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s Constitutional Engineering in Brazil: The Politics of Federalism and Decentralization]. Palgrave Macmillan, 1997. P. 130</ref>, mais tarde o termo se tornou uma expressão do grupo político ligado a ele e, numa terceira concepção, um modo de fazer política, aliando modernização econômica e conservadorismo político<ref>DANTAS NETO, Paulo Fábio. [http://www.fundaj.gov.br/geral/observanordeste/ixedicao/OBSERVANORDESTE_IX_Edicao_texto_BA_rev.pdf Mudança política na Bahia: circulação, competição ou pluralismo de elites?] FUNDAJ</ref>.


Em seus últimos anos de vida, [[Antônio Carlos Magalhães|ACM]] perdeu parte do seu prestígio político e chegou a ter que rivalizar com o "soutismo", o grupo chefiado pelo governador [[Paulo Souto]]<ref>[http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=761 Carlismo: passado, presete, futuro]. Acessa Comunicação, julho de 2007</ref>. Com a morte de [[Antônio Carlos Magalhães|ACM]], o carlismo entrou em declínio. Além disso, os carlistas passaram a adotar um discurso mais moderado, até mesmo aproximando-se de rivais históricos, como o [[Partido dos Trabalhadores|PT]]<ref>[http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sem-acm-carlismo-dialoga-com-pt,37509,0.htm Sem ACM, carlismo dialoga com o PT]. O Estado de S. Paulo</ref>.
Em 2012, contudo, o deputado federal [[Antônio Carlos Magalhães Neto|ACM Neto]], principal herdeiro político do avô, mostrou a recuperação do grupo ao ser o mais votado no primeiro turno das eleições para a prefeitura de [[Salvador (Bahia)|Salvador]].<ref>[http://www.jornaldamidia.com.br/2012/10/08/com-ajuda-de-wagner-carlismo-renasce-com-forca-em-salvador/ Com ajuda de Jaques Wagner, carlismo ganha musculatura em Salvador]. Jornal da Mídia, 8 de outubro de 2012</ref> e em seguida derrotar o petista Nelson Pelegrino no segundo turno<ref>[http://eleicoes.uol.com.br/2012/noticias/2012/10/28/acm-neto-e-eleito-prefeito-de-salvador.htm ACM Neto (DEM) é eleito em Salvador e coloca "carlismo" no poder da capital após 8 anos]. UOL Eleições 2012</ref>


== Coronelismo eletrônico ==
Em 2012, contudo, o deputado federal [[Antônio Carlos Magalhães Neto|ACM Neto]], principal herdeiro político do avô, mostrou a recuperação do grupo ao ser o mais votado no primeiro turno das eleições para a prefeitura de [[Salvador (Bahia)|Salvador]]<ref>[http://www.jornaldamidia.com.br/2012/10/08/com-ajuda-de-wagner-carlismo-renasce-com-forca-em-salvador/ Com ajuda de Jaques Wagner, carlismo ganha musculatura em Salvador]. Jornal da Mídia, 8 de outubro de 2012</ref> e em seguida derrotar o petista Nelson Pelegrino no segundo turno<ref>[http://eleicoes.uol.com.br/2012/noticias/2012/10/28/acm-neto-e-eleito-prefeito-de-salvador.htm ACM Neto (DEM) é eleito em Salvador e coloca "carlismo" no poder da capital após 8 anos]. UOL Eleições 2012</ref>.
Pela categoria de [[coronelismo eletrônico]], há a intermediação de uma rede de relações entre instâncias locais e nacionais de forma [[Clientelismo|clientelista]], na qual o [[Coronelismo|coronel]] angaria verbas públicas de publicidade governamental, aproveita da instalação de [[retransmissora]]s por [[Prefeitura Municipal|Prefeituras Municipais]], bem como da [[Espectador|audiência]] e custos reduzidos com a afiliação à grande rede nacional e oferecendo [[Distribuição (logística)|capilaridade]] e apoio político (governamental) à mesma. Essa atuação é fruto de sua incapacidade em atender a lógica de [[mercado]] e [[Competitividade|competir]] com conteúdo qualificado e/ou distribuição [[Eficácia|eficaz]]. Essa precariedade econômica se dá no contexto de serviços ofertados por meio de [[Tecnologias da informação e comunicação|novas tecnologias da informação e de comunicação]] e a reciprocidade de favores, na [[sociedade da informação]]. Ademais, o coronel não é necessariamente o [[Radiodifusão|radiodifusor]], mas a figura que consegue atuar na [[Liderança|chefia política]], na [[coerção]] e arbitragem social; tampouco o coronelismo é idêntico ao [[mandonismo]], clientelismo ou [[patrimonialismo]].<ref name=":23" />


Assim, considerando as [[Comunicações do Brasil|comunicações brasileiras]] marcadas pelo sistema de "coronelismo eletrônico", constitui instrumento exemplificativo desse sistema o [[Rede Bahia|grupo midiático]] controlado por décadas pela família Magalhães, da qual fazem parte figuras da [[política baiana]].<ref name=":23">{{Citar periódico |url=https://www.e-compos.org.br/e-compos/article/view/104 |título=E-Sucupira: o Coronelismo Eletrônico como herança do Coronelismo nas comunicações brasileiras |data=2006 |acessodata=2023-02-13 |periódico=E-Compós |ultimo=Santos |primeiro=Suzy dos |lingua=pt |doi=10.30962/ec.104 |issn=1808-2599}}</ref><ref name=":0">{{citar livro|título=Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia|ultimo=SANTOS|primeiro=Suzy|ultimo2=CAPPARELLI|primeiro2=Sérgio|editora=Paulus|ano=2005|editor-sobrenome=BRITTOS|editor-nome=Valério Cruz|local=São Paulo|capitulo=Coronelismo, radiodifusão e voto: a nova face de um velho conceito|isbn=9780003055009|editor-sobrenome2=BOLAÑO|editor-nome2=César Ricardo Siqueira|capítulourl=https://andi.org.br/wp-content/uploads/2020/10/10.-Coronelismo-Radiodifusao-e-Voto-a-nova-face-de-um-velho-conceito.pdf}}</ref><ref name=":243">{{citar web|ultimo=Moura|primeiro=Iara|url=http://www.fndc.org.br/noticias/raio-x-da-ilegalidade-politicos-donos-da-midia-no-brasil-924753/|titulo=Raio X da ilegalidade: políticos donos da mídia no Brasil|data=29-09-2016|acessodata=04-02-2023|publicado=FNDC}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://brazil.mom-gmr.org/br/destaques/afiliacoes-politicas/|titulo=Afiliações políticas|data=outubro de 2017|acessodata=2023-02-12|website=Media Ownership Monitor}}</ref> Como exemplo tradutor desse sistema, a emissora é a cabeça de uma [[Rede de televisão|rede estadual]] afiliada a um [[Grande mídia|grande grupo midiático nacional]] (isto é, TV Globo/[[Grupo Globo]]).<ref name=":23" /> Por meio da emissora e como [[liderança|liderança política]], o político e empresário [[Antônio Carlos Magalhães]] (ACM) operou sua estratégia de conservar a si e sua família dentro da [[Elite|elite política]], [[Viés midiático|dominando]] espaços de [[debate]] público e controlando o [[acesso à informação]] pelo [[eleitorado]], como também promovendo imagens positivas de seus integrantes e aliados e ataque a [[Oposição (política)|adversários]].<ref name=":23" /> Por consequência, isso compromete o exercício da [[cidadania]] e fragiliza a [[democracia]].<ref name=":23" /><ref name=":25">{{Citar web|ultimo=Terso|primeiro=Tâmara|url=https://diplomatique.org.br/politicos-donos-da-midia-violam-a-constituicao-e-fragilizam-a-democracia/|titulo=Políticos Donos da Mídia violam a Constituição e fragilizam a democracia|data=27 de setembro de 2022|acessodata=2023-02-13|website=[[Le Monde Diplomatique Brasil]]}}</ref>
{{Referências}}


De forma mais específica, durante sua história, houve reclamações diversas de utilização política da TV Bahia e do grupo midiático do qual faz parte para dar visibilidade midiática e força eleitoral.<ref name=":23" /><ref name=":243" /><ref>{{Citar periódico |url=http://compolitica.org/revista/index.php/revista/article/view/292 |título=O sistema de radiodifusão nos 100 primeiros dias do governo Bolsonaro |data=2020-05-29 |acessodata=2023-02-16 |periódico=Compolítica |número=1 |ultimo=Castilho |primeiro=Marcio de Souza |paginas=87–108 |lingua=pt |doi=10.21878/compolitica.2020.10.1.292 |issn=2236-4781}}</ref> Em 1993, a TV Bahia se envolveu em novas controvérsias devido à relação familiar de parte de seus acionistas com Antônio Carlos Magalhães. Durante o mandato da prefeita de [[Salvador]] [[Lídice da Mata]], opositora a ACM, a emissora foi alvo de críticas por parte da gestão municipal devido à exibição de reportagens sobre os problemas da administração da capital baiana. Segundo as acusações da prefeita, a cobertura dos problemas da cidade estaria sendo feita com o intuito de beneficiar o grupo político do governador na [[Eleição municipal de Salvador em 1996|eleição municipal de 1996]]. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Salvador afirmou que naquele ano, 600 matérias negativas relativas à gestão de Lídice foram exibidas nos telejornais da estação.<ref name=":242">{{citar web|ultimo=Moura|primeiro=Iara|url=http://www.fndc.org.br/noticias/raio-x-da-ilegalidade-politicos-donos-da-midia-no-brasil-924753/|titulo=Raio X da ilegalidade: políticos donos da mídia no Brasil|data=29-09-2016|acessodata=04-02-2023|publicado=FNDC}}</ref>
==Bibliografia==
*João Carlos Teixeira Gomes: ''Memórias das Trevas'', São Paulo, 2001


Em 2001, TV Bahia se recusou a cobrir a [[Passeata de 16 de maio]] e transmitir as imagens à [[Rede Globo]], da qual é afiliada. A passeata foi um [[protesto]] [[Movimento estudantil|estudantil]] realizado na dentro da [[Universidade Federal da Bahia]] (isto é, área sob jurisdição federal) que demandava a [[cassação]] do então senador ACM e foi alvo de violência pela [[Polícia Militar da Bahia]] (órgão estadual).<ref name=":0" /> Esse episódio de recusa foi informado durante o telejornal ''[[Jornal Nacional]]'', da Globo, e, então, circularam na imprensa informações de que o canal perderia sua afiliação com a rede carioca devido a uma suposta desestabilização na relação entre os grupos.<ref>{{citar periódico |url=https://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/mostraregistro.asp?CodRegistro=69486&PageNo=2 |titulo=Fúria global |data=18-05-2001 |acessodata=07-02-2022 |jornal=[[O Estado de S. Paulo]] |ultimo=Giobbi |primeiro=César}}</ref> A movimentação, no entanto, foi negada pela Globo, que ratificou ter boa relação com a Rede Bahia<ref>{{citar periódico |url=https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,rede-globo-nega-desfiliacao-da-tv-bahia,20010605p19206 |titulo=Rede Globo nega desfiliação da TV Bahia |data=05-06-2001 |acessodata=07-02-2022 |jornal=[[O Estado de S. Paulo]]}}</ref> e renovou o contrato com o grupo baiano em 21 de junho.<ref>{{citar periódico |url=https://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/mostraregistro.asp?CodRegistro=70368&PageNo=3 |titulo=Rede Globo renova contrato com a TV Bahia |data=22-06-2001 |acessodata=07-02-2022 |jornal=[[O Estado de S. Paulo]]}}</ref>
==Ver também==

Durante as [[Eleição municipal de Salvador em 2012|eleições municipais de 2012]], em 21 de julho, foi anunciado que o então candidato a prefeito de Salvador, [[Nelson Pelegrino]], entraria com uma ação contra a [[TV Bahia]], acusando-a de beneficiar o também candidato da época, ACM Neto, em reportagem que falava a respeito do quinto aniversário de morte do senador Antônio Carlos Magalhães, exibida na edição do dia anterior do telejornal ''[[Bahia Meio Dia]]'', pelo fato do mesmo ter sido entrevistado e participado da matéria.<ref>{{citar web|url=https://www.bahianoticias.com.br/noticia/119657-pelegrino-acusa-emissora-de-televisao-de-beneficiar-acm-neto.html|titulo=Pelegrino acusa emissora de televisão de beneficiar ACM Neto|data=22-07-2012|acessodata=26-03-2021|website=Bahia Notícias}}</ref> Em 3 de agosto, no entanto, a [[Justiça Eleitoral do Brasil|Justiça Eleitoral]] julgou a acusação como improcedente. Segundo a juíza da 18.ª Zona Eleitoral, Ângela Bacellar Batista, não ocorreu quebra de isonomia, já que o então candidato [[Mário Kertész]], que disputava o mesmo cargo eletivo, também foi entrevistado e participou da reportagem.<ref>{{citar web|ultimo=Mendes|primeiro=David|url=https://www.bahianoticias.com.br/noticia/120340-justica-julga-improcedente-queixa-de-pelegrino-sobre-suposto-beneficio-da-tv-bahia-a-acm-neto.html|titulo=Justiça julga improcedente queixa de Pelegrino sobre suposto benefício da TV Bahia a ACM Neto|data=03-08-2012|acessodata=26-03-2021|website=Bahia Notícias}}</ref>

== Ver também ==
* [[Culto de personalidade]]
* [[Culto de personalidade]]
* [[Coronelismo]]
* [[Coronelismo]]
* [[Política da Bahia]]

{{Referências}}

== Bibliografia ==
* {{citar livro|autor=João Carlos Teixeira Gomes |titulo=Memórias das Trevas |local=São Paulo |ano=2001}}
* {{citar web|website=Fundação Joaquim Nabuco |ultimo=DANTAS NETO |primeiro=Paulo Fábio |titulo=Carlismo e oposição na Bahia pós-carlista|ano=2002}}
* {{Citar periódico |url=https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/18643 |título=“SURF” NAS ONDAS DO TEMPO:do carlismo histórico ao carlismo pós-carlista |data=2003 |acessodata=2023-02-16 |periódico=Caderno CRH |número=39 |ultimo=Dantas |primeiro=Paulo Fábio |lingua=pt |doi=10.9771/ccrh.v16i39.18643 |issn=1983-8239}}
* {{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/j/ccrh/a/PPLBxgwXSSKt3sgVr5FP9jc/?lang=pt |título=O JOGO ENTRE ELITES E INSTITUIÇÕES: as estratégias políticas de ACM Neto e a tradição carlista |data=maio-agosto de 2017 |acessodata=2023-02-16 |periódico=Caderno CRH |ultimo=Pereira |primeiro=Carla Galvão |paginas=237–255 |lingua=pt |doi=10.1590/S0103-49792017000200003 |issn=0103-4979}}


{{Portal3|Política|Bahia|Brasil}}
==Ligações externas==
*[http://www.fundaj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=571%3Acarlismo-e-oposicao-na-bahia-pos-carlista-&catid=58&Itemid=414 Carlismo e oposição na Bahia pós-carlista]. Fundação Joaquim Nabuco


[[Categoria:Ideologias do Brasil]]
[[Categoria:Ideologias do Brasil]]

Revisão das 12h37min de 16 de fevereiro de 2023

 Nota: Este artigo é sobre o grupo ligado a Antônio Carlos Magalhães. Para o movimento político espanhol, veja Carlismo.
Antônio Carlos Magalhães foi o criador do carlismo na Bahia.

Carlismo é o termo utilizado para designar o grupo formado no estado brasileiro da Bahia em torno da liderança de Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), que durante quatro décadas foi o político mais importante do estado e um dos mais influentes do Brasil.[1][2]

Evolução

Entre suas características está a defesa de uma tecnocracia na administração pública, apresentada como garantia de eficiência dos governos..[3] Se inicialmente o carlismo caracterizava apenas a liderança de ACM, apoiada no clientelismo e no controle dos meios de comunicação[4] mais tarde o termo se tornou uma expressão do grupo político ligado a ele e, numa terceira concepção, um modo de fazer política, aliando modernização econômica e conservadorismo político[5]

Em seus últimos anos de vida, ACM perdeu parte do seu prestígio político e chegou a ter que rivalizar com o "soutismo", o grupo chefiado pelo governador Paulo Souto..[6] Com a morte de ACM, o carlismo entrou em declínio. Além disso, os carlistas passaram a adotar um discurso mais moderado, até mesmo aproximando-se de rivais históricos, como o PT.[7]

Em 2012, contudo, o deputado federal ACM Neto, principal herdeiro político do avô, mostrou a recuperação do grupo ao ser o mais votado no primeiro turno das eleições para a prefeitura de Salvador.[8] e em seguida derrotar o petista Nelson Pelegrino no segundo turno[9]

Coronelismo eletrônico

Pela categoria de coronelismo eletrônico, há a intermediação de uma rede de relações entre instâncias locais e nacionais de forma clientelista, na qual o coronel angaria verbas públicas de publicidade governamental, aproveita da instalação de retransmissoras por Prefeituras Municipais, bem como da audiência e custos reduzidos com a afiliação à grande rede nacional e oferecendo capilaridade e apoio político (governamental) à mesma. Essa atuação é fruto de sua incapacidade em atender a lógica de mercado e competir com conteúdo qualificado e/ou distribuição eficaz. Essa precariedade econômica se dá no contexto de serviços ofertados por meio de novas tecnologias da informação e de comunicação e a reciprocidade de favores, na sociedade da informação. Ademais, o coronel não é necessariamente o radiodifusor, mas a figura que consegue atuar na chefia política, na coerção e arbitragem social; tampouco o coronelismo é idêntico ao mandonismo, clientelismo ou patrimonialismo.[10]

Assim, considerando as comunicações brasileiras marcadas pelo sistema de "coronelismo eletrônico", constitui instrumento exemplificativo desse sistema o grupo midiático controlado por décadas pela família Magalhães, da qual fazem parte figuras da política baiana.[10][11][12][13] Como exemplo tradutor desse sistema, a emissora é a cabeça de uma rede estadual afiliada a um grande grupo midiático nacional (isto é, TV Globo/Grupo Globo).[10] Por meio da emissora e como liderança política, o político e empresário Antônio Carlos Magalhães (ACM) operou sua estratégia de conservar a si e sua família dentro da elite política, dominando espaços de debate público e controlando o acesso à informação pelo eleitorado, como também promovendo imagens positivas de seus integrantes e aliados e ataque a adversários.[10] Por consequência, isso compromete o exercício da cidadania e fragiliza a democracia.[10][14]

De forma mais específica, durante sua história, houve reclamações diversas de utilização política da TV Bahia e do grupo midiático do qual faz parte para dar visibilidade midiática e força eleitoral.[10][12][15] Em 1993, a TV Bahia se envolveu em novas controvérsias devido à relação familiar de parte de seus acionistas com Antônio Carlos Magalhães. Durante o mandato da prefeita de Salvador Lídice da Mata, opositora a ACM, a emissora foi alvo de críticas por parte da gestão municipal devido à exibição de reportagens sobre os problemas da administração da capital baiana. Segundo as acusações da prefeita, a cobertura dos problemas da cidade estaria sendo feita com o intuito de beneficiar o grupo político do governador na eleição municipal de 1996. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Salvador afirmou que naquele ano, 600 matérias negativas relativas à gestão de Lídice foram exibidas nos telejornais da estação.[16]

Em 2001, TV Bahia se recusou a cobrir a Passeata de 16 de maio e transmitir as imagens à Rede Globo, da qual é afiliada. A passeata foi um protesto estudantil realizado na dentro da Universidade Federal da Bahia (isto é, área sob jurisdição federal) que demandava a cassação do então senador ACM e foi alvo de violência pela Polícia Militar da Bahia (órgão estadual).[11] Esse episódio de recusa foi informado durante o telejornal Jornal Nacional, da Globo, e, então, circularam na imprensa informações de que o canal perderia sua afiliação com a rede carioca devido a uma suposta desestabilização na relação entre os grupos.[17] A movimentação, no entanto, foi negada pela Globo, que ratificou ter boa relação com a Rede Bahia[18] e renovou o contrato com o grupo baiano em 21 de junho.[19]

Durante as eleições municipais de 2012, em 21 de julho, foi anunciado que o então candidato a prefeito de Salvador, Nelson Pelegrino, entraria com uma ação contra a TV Bahia, acusando-a de beneficiar o também candidato da época, ACM Neto, em reportagem que falava a respeito do quinto aniversário de morte do senador Antônio Carlos Magalhães, exibida na edição do dia anterior do telejornal Bahia Meio Dia, pelo fato do mesmo ter sido entrevistado e participado da matéria.[20] Em 3 de agosto, no entanto, a Justiça Eleitoral julgou a acusação como improcedente. Segundo a juíza da 18.ª Zona Eleitoral, Ângela Bacellar Batista, não ocorreu quebra de isonomia, já que o então candidato Mário Kertész, que disputava o mesmo cargo eletivo, também foi entrevistado e participou da reportagem.[21]

Ver também

Referências

  1. Carlismo volta com força na disputa pela prefeitura de Salvador. Valor Econômico, 11 de agosto de 2012
  2. ACM Neto: prefeito não pode dizer que recebeu 'herança maldita'. Terra, 8 de outubro de 2012
  3. ACM Neto e o carlismo na Bahia. Carta Maior, 12 de setembro de 2012
  4. SOUZA, Celina. Constitutional Engineering in Brazil: The Politics of Federalism and Decentralization. Palgrave Macmillan, 1997. P. 130
  5. DANTAS NETO, Paulo Fábio. Mudança política na Bahia: circulação, competição ou pluralismo de elites? FUNDAJ
  6. Carlismo: passado, presete, futuro. Acessa Comunicação, julho de 2007
  7. Sem ACM, carlismo dialoga com o PT. O Estado de S. Paulo
  8. Com ajuda de Jaques Wagner, carlismo ganha musculatura em Salvador. Jornal da Mídia, 8 de outubro de 2012
  9. ACM Neto (DEM) é eleito em Salvador e coloca "carlismo" no poder da capital após 8 anos. UOL Eleições 2012
  10. a b c d e f Santos, Suzy dos (2006). «E-Sucupira: o Coronelismo Eletrônico como herança do Coronelismo nas comunicações brasileiras». E-Compós. ISSN 1808-2599. doi:10.30962/ec.104. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  11. a b SANTOS, Suzy; CAPPARELLI, Sérgio (2005). «Coronelismo, radiodifusão e voto: a nova face de um velho conceito» (PDF). In: BRITTOS, Valério Cruz; BOLAÑO, César Ricardo Siqueira. Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia. São Paulo: Paulus. ISBN 9780003055009 
  12. a b Moura, Iara (29 de setembro de 2016). «Raio X da ilegalidade: políticos donos da mídia no Brasil». FNDC. Consultado em 4 de fevereiro de 2023 
  13. «Afiliações políticas». Media Ownership Monitor. Outubro de 2017. Consultado em 12 de fevereiro de 2023 
  14. Terso, Tâmara (27 de setembro de 2022). «Políticos Donos da Mídia violam a Constituição e fragilizam a democracia». Le Monde Diplomatique Brasil. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  15. Castilho, Marcio de Souza (29 de maio de 2020). «O sistema de radiodifusão nos 100 primeiros dias do governo Bolsonaro». Compolítica (1): 87–108. ISSN 2236-4781. doi:10.21878/compolitica.2020.10.1.292. Consultado em 16 de fevereiro de 2023 
  16. Moura, Iara (29 de setembro de 2016). «Raio X da ilegalidade: políticos donos da mídia no Brasil». FNDC. Consultado em 4 de fevereiro de 2023 
  17. Giobbi, César (18 de maio de 2001). «Fúria global». O Estado de S. Paulo. Consultado em 7 de fevereiro de 2022 
  18. «Rede Globo nega desfiliação da TV Bahia». O Estado de S. Paulo. 5 de junho de 2001. Consultado em 7 de fevereiro de 2022 
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Bibliografia