Arroz

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Vários grãos de arroz
Vários grãos de arroz
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales
Família: Poaceae
Género: Oryza
Espécies

O arroz (constituído por sete espécies, Oryza barthii, Oryza glaberrima, Oryza latifolia, Oryza longistaminata, Oryza punctata, Oryza rufipogon e Oryza sativa) é uma planta da família das gramíneas que alimenta mais da metade da população humana do mundo. É a terceira maior cultura cerealífera do mundo, apenas ultrapassada pelas de milho e trigo. É rico em hidratos de carbono.

Para poder ser cultivado com sucesso, o arroz necessita de água em abundância, para manter a temperatura ambiente dentro de intervalos adequados, e, nos sistemas tradicionais, de mão-de-obra intensiva. Desenvolve-se bem mesmo em terrenos muito inclinados [carece de fontes?] e é costume, nos países do sudeste asiático, encontrarem-se socalcos onde é cultivado. Em qualquer dos casos, a água mantém-se em constante movimento, embora circule a velocidade muito reduzida.

Origem

Ásia

Terraceamento de arrozais em uma encosta na Indonésia.
Arrozal semi-maduro em Bengala Ocidental, Índia.
Produção mundial de arroz.
Arrozais em terraços das Cordilheiras das Filipinas.

A visão comumente aceita é que o arroz foi cultivado primeiramente na região do vale do Rio Yangtzé na China.[1][2] Estudos morfológicos de fitólitos de arroz no sítio arqueológico Diaotonghuan mostram claramente a transição da coleta de arroz selvagem para o cultivo de arroz plantado. O grande número de fitólitos de arroz silvestre no nível de Diaotonghuan que data de 12.000-11.000 AP indica que a coleta de arroz selvagem fazia parte dos meios locais de subsistência. Mudanças na morfologia de fitólitos de Diaotonghuan datados de 10.000-8.000 AP mostram que o arroz existente por este tempo era cultivado.[3] Logo depois, as duas principais variedades de arroz asiático e arroz japonês foram sendo cultivadas na China Central.[2] No final do 3º milênio a.C., houve uma rápida expansão do cultivo de arroz no território continental do sudeste da Ásia e em direção oeste para a Índia e Nepal.[2]

Em 2003, arqueólogos coreanos afirmaram ter descoberto o mais antigo arroz do mundo cultivado.[4] A época indicada, que remonta há 15 mil anos, desafia a visão aceita de que o cultivo do arroz se originou na China há cerca de 12.000 anos atrás.[4] Estes resultados foram recebidos com forte ceticismo pela comunidade científica,[5] e os resultados e sua divulgação têm sido citados como sendo impulsionados por uma combinação de interesses nacionalistas e regionais.[6] Em 2011, um trabalho conjunto da Universidade de Stanford, da Universidade de Nova York, da Universidade Washington em St. Louis e da Purdue University forneceu a evidência mais forte de que existe apenas uma única origem de arroz cultivado, no Vale do Yangtzé, na China.[7][8]

Colheita de arroz em Kurihara no Japão.

No Japão, é cultivado há pelo menos 7 mil anos, o arroz é presença marcante no quotidiano do povo asiático. Em muitas culturas do continente, é comum que uma mãe dê ao recém-nascido alguns grãos de arroz já mastigados, num ritual que significa sua chegada à vida.

No Vietnã, o cereal está tão integrado à alma dos camponeses que muitos fazem questão de ser sepultados nos arrozais. Durante os enterros há farta distribuição de arroz, como muitas festas, cantos e danças.

Os Hani do sul do Japão evitam fazer barulho quando estão nos campos, pois crêem que os espíritos dos arrozais se assustam facilmente e, ao fugirem, podem provocar a infertilidade da terra. Desde a época do Japão antigo, jogar arroz em recém-casados é um ato que representa votos de abundância ao novo casal; este costume passou depois ao Ocidente, sendo hoje muito comum em Portugal.

Produção

Produção mundial e mercado

País Produção (milhões de toneladas anuais)
 China 197.2
 Índia 120.6
Indonésia 66.4
 Bangladesh 49.3
 Vietname 39.9
Myanmar Myanmar 33.2
 Tailândia 31.5
Filipinas 15.7
 Brasil 11.3
 Estados Unidos 11.0
 Japão 10.6
Camboja Camboja 8.2
Paquistão 7.2
Coreia do Sul Coreia do Sul 6.1
 Madagáscar 4.7
 Egito 4.3
Sri Lanka 4.3
Nepal 4.0
Nigéria 3.2
Laos Laos 3.0
Fonte: Food and Agriculture Organization[9]

Produção brasileira

Plantação de arroz Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba .
Principais Municípios Produtores Área colhida(ha) Produção obtida(t) Rendimento médio(kg/ha) Variação da prod. em rel. ao ano ant.(%) Participação no total da produção nacional(%) Valor da produção (1000 R$)
Uruguaiana 71 124 590 329 8 299 46,5 5,1 231 539
Itaqui 62 000 458 118 7 389 24,3 4,0 179 683
Alegrete 50 000 390 000 7 800 14,5 3,4 151 156
Dom Pedrito 43 900 335 835 7 650 11,5 2,9 126 274
Santa Vitória do Palmar 53 656 324 619 6 050 (-) 21,3 2,8 131 471
São Borja 44 360 314 069 7 080 19,3 2,7 123 184

O primeiro colocado no ranking nacional é o município de Uruguaiana, com uma produção de 590 329 toneladas, equivalente a 5,1% da produção orizícola do País, superando o segundo colocado (Itaqui) em cerca de 132 mil toneladas. Uruguaiana também é apontada como maior produtora do grão na América Latina[10][11]

Produção em Portugal

A produção de arroz em Portugal começou a ser documentada nos primeiros anos do século XVIII. Embora se cultivasse muito antes nas regiões do Sul e como herança dos Muçulmanos, só a partir desta data houve registos da presença do cereal nas zonas limítrofes do estuário do Tejo.

Em Portugal, actualmente, a produção de arroz é feita apenas em 5 rios (Mira, Sado, Sorraia, Tejo e Mondego); a cultura mais a norte é impedida pelo frio. A produção de arroz ronda as 1 250 mil toneladas/ano.

Portugal é o maior consumidor de arroz da Europa com valores superiores a 15 kg/capita/ano.

Variedades de arroz

Arroz dourado

O arroz dourado é uma variedade do Oryza sativa produzida por engenharia genética para que biossintetizasse o betacaroteno.[12]

Arroz da Ásia Central

A melhor variedade de arroz para fazer plov chama-se “devzira”, criada por seleção ao longo de muitos séculos no Uzbequistão. Existem registos dos séculos X e XI, na época dos samânidas, em que este arroz era usado para o plov servido na corte. Este arroz é cultivado no vale de Fergana, principalmente por agricultores individuais, uma vez que industrialmente é considerado de pouca produção. Mas os seus grãos rosados, longos e estriados, contêm menos amido e mais vitamina B2 e colina que outras variedades. [13]

Pesquisa

A seqüência genética da Zostera marina revela idéias inovadoras para as perdas e os ganhos envolvidos na realização das adaptações estruturais, fisiológicas e genômicas necessárias para plantas com flores terrestres mudarem o seu estilo de vida para a vida marinha, indiscutivelmente a mudança de habitat mais severa realizada por algumas plantas com flores[14] Pesquisadores, usando tecnologia CRISPR/Cas, estão tentando transferir os genes responsáveis pela tolerância ao sal para outras plantas, em especial, o arroz[15][16].


Referências

  1. Vaughan; Lu, B; Tomooka, N (2008). «The evolving story of rice evolution». Plant Science. 174 (4): 394–408. doi:10.1016/j.plantsci.2008.01.016 
  2. a b c Harris, David R. (1996). The Origins and Spread of Agriculture and Pastoralism in Eurasia. [S.l.]: Psychology Press. p. 565. ISBN 1-85728-538-7 
  3. MacNeish R. S. and Libby J. eds. (1995) Origins of Rice Agriculture. Publications in Anthropology No. 13.
  4. a b «World's 'oldest' rice found", Dr David Whitehouse». BBC News. 21 de outubro de 2003. Consultado em April 30, 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. "A maioria dos estudiosos foram altamente céticos em relação ao relatório de Lee [...] A maioria dos especialistas concorda que o arroz não é originário da península coreana. A perspectiva convencional na arqueologia do Leste Asiático é que o cultivo do arroz começou ao longo das margens do rio Yangtzé, no sul da China e, posteriormente, moveu-se para o norte." Kim, Minkoo (2008). Habu, Junko; Fawcett, Clare; Matsunaga, John M., ed. Evaluating multiple narratives: Beyond nationalist, colonialist, imperialist archaeologies. New York: Springer. p. 128. ISBN 978-0-387-76459-7 
  6. Kim, Minkoo (2008). «Multivocality, Multifaceted Voices, and Korean Archaeology». Evaluating Multiple Narratives: Beyond Nationalist, Colonialist, Imperialist Archaeologies. New York: Springer. p. 118. ISBN 978-0-387-76459-7 
  7. «Rice's Origins Point to China, Genome Researchers Conclude». ScienceNewsline. Consultado em 13 December 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  8. Molina, J.; Sikora, M.; Garud, N.; Flowers, J.M.; Rubinstein, S.; Reynolds, A.; Huang, P.; Jackson, S.; Schaal, B.A.; Bustamante, C.D.; Boyko, A.R.; Purugganan, M.D. (2011). «Molecular evidence for a single evolutionary origin of domesticated rice». Proceedings of the National Academy of Sciences. 108 (20): 8351–8356. doi:10.1073/pnas.1104686108 
  9. fao.org (FAOSTAT). «Countries by commodity (Rice, paddy)». Consultado em May 26, 2012  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  10. Governo do Rio Grande do Sul Produção
  11. IBGE Informações sobre a safra 2006
  12. Organismos Transgenicos - Arroz dourado
  13. Informação sobre variedades de arroz na culinária do Uzbequistão
  14. Seagrass genome sequence lends insights to salt tolerance - First marine flowering plant genome provides clues on how crops could adapt to saline environments pelo GENOME INSTITUTE publicado pelo "EurekAlert" (2016)
  15. Spatiotemporal variability in the eelgrass Zostera marina L. in the north-eastern Baltic Sea: canopy structure and associated macrophyte and invertebrate communities por Möller, Tiia em "Estonian Journal of Ecology" Jun2014, Vol. 63 Public. 2, p90
  16. The genome of the seagrass Zostera marina reveals angiosperm adaptation to the sea por Pierre-Marc Delaux em "Plant & Evolution" (2016)

Ligações externas

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