Carmina Burana (Orff)

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Encenação de Helmut Jürgens para uma execução da obra em Munique, em 1959

Carmina Burana é uma cantata cénica composta por Carl Orff em 1935-1936 e estreada em 8 de junho de 1937 na Alte Oper de Frankfurt, sob direção de Bertil Wetzelsberger. O título completo, em latim, é "Carmina Burana: Cantiones profanæ, cantoribus et choris cantandæ, comitantibus instrumentis atque imaginibus magicis", que se pode traduzir como «Poemas cantados de Beuern: Cantos profanos, para cantores solistas e coros, com acompanhamento instrumental e imagens mágicas». A obra Carmina Burana constitui parte dos Trionfi, uma trilogia musical que inclui ainda as cantatas Catulli Carmina (1943) e Trionfo di Afrodite (1953). O movimento mais célebre é o coro inicial e final O Fortuna. Os 24 textos foram selecionados da coletânea de manuscritos medievais homónima, os Carmina Burana.

O libreto contém textos em latim, alto alemão médio (Mittelhochdeutsch)[1] e provençal antigo.

A cantata é emoldurada por um símbolo da Antiguidade — a roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança, mas não apresenta uma trama precisa.

Orff optou por compor uma música inteiramente nova, embora no manuscrito original existissem alguns traços musicais para alguns trechos. Requer três solistas (uma soprano, um tenor e um barítono), dois coros (um dos quais de vozes brancas), mimos, bailarinos e uma grande orquestra (Orff compôs também uma segunda versão, na qual a orquestra é substituída por dois pianos e percussão).

A obra é estruturada em prólogo e duas partes. No prólogo há uma invocação à deusa Fortuna na qual desfilam vários personagens emblemáticos dos vários destinos individuais. Na primeira parte se celebra o encontro do Homem com a Natureza, particularmente o despertar da primavera - "Veris laeta facies" ou a alegria da primavera. Na segunda, "In taberna", preponderam os cantos goliardescos que celebram as maravilhas do vinho e do amor(“Amor volat undique”), culminando com o coro de glorificação da bela jovem ("Ave, formosissima"). No final, repete-se o coro de invocação à Fortuna ("O Fortuna, velut luna”).

Instrumentação[editar | editar código-fonte]


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Versão original[editar | editar código-fonte]

Fortuna Imperatrix Mundi Fortuna, Imperatriz do Mundo
1. O Fortuna Latim Ó Fortuna coro
2. Fortune plango vulnera Latim Choro as feridas da Fortuna coro
I – Primo vere Na primavera
3. Veris leta facies Latim A face alegre da primavera coro
4. Omnia Sol temperat Latim O Sol tudo aquece barítono
5. Ecce gratum Latim Eis o bem-vindo coro
Uf dem anger no prado
6. Tanz   Dança instrumental
7. Floret silva nobilis Latim/alto alemão médio A nobre floresta floresce coro
8. Chramer, gip die varwe mir Alto alemão médio Guardião, dá-me cor coros pequeno e grande
9. a) Reie   Ronda instrumental
9. b) Swaz hie gat umbe Alto alemão médio As que voltam coro
9. c) Chume, chum, geselle min Alto alemão médio Vem, vem, caro amor coro pequeno
9. d) Swaz hie gat umbe (reprise) Alto alemão médio As que voltam coro
10. Were diu werlt alle min Alto alemão médio Se o mundo inteiro fosse meu coro
II – In Taberna Na taverna
11. Estuans interius Latim Rugido interior tenor, coro masculino
12. Olim lacus colueram Latim Habitei num lago barítono
13. Ego sum abbas Cucaniensis Latim Sou o abade cucaniense barítono, coro masculino
14. In taberna quando sumus Latim Quando estamos na taverna coro masculino
III – Cour d'amours Corrida de amores
15. Amor volat undique Latim O amor voa por todo o lado soprano, coro infantil
16. Dies, nox et omnia Latim/Francês antigo Le jour, la nuit et tout barítono
17. Stetit puella Latim Uma jovem donzela soprano
18. Circa mea pectora Latim/Alto alemão médio No meu coração barítono, coro
19. Si puer cum puellula Latim Se um rapaz com uma rapariga barítono, coro masculino
20. Veni, veni, venias Latim Vem, vem, ó vem coro duplo
21. In trutina Latim No hesitante equilíbrio dos meus sentidos soprano
22. Tempus est iocundum Latim O tempo é feliz soprano, barítono, coro infantil
23. Dulcissime Latim Ó minha querida soprano
Blanziflor et Helena Blanziflor e Helena
24. Ave formosissima Latim Eu te saúdo, ó formosíssima coro
Fortuna Imperatrix Mundi Fortuna, Imperatriz do Mundo
25. O Fortuna (reprise) Latim Ó Fortuna coro

Vozes[editar | editar código-fonte]

Instrumentos[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Markus Bandur: Carl Orff: Carmina Burana. In: Albrecht Riethmüller (ed.): Geschichte der Musik im 20. Jahrhundert: 1925–1945 (= Handbuch der Musik im 20. Jahrhundert. vol. 2), Laaber, Laaber 2006, ISBN 3-89007-422-7 (texto completo; PDF; 1,9 MB).
  • Miguel Carvalho Abrantes (2018). A Carmina Burana de Carl Orff: Tradução do Latim para Português. [S.l.]: KDP 
  • Frohmut Dangel-Hofmann (ed.): Carl Orff – Michel Hofmann: Briefe zur Entstehung der Carmina Burana. Schneider, Tutzing 1990, ISBN 3-7952-0639-1.
  • Susanne Gläß: Carl Orff – Carmina Burana (= Bärenreiter Werkeinführungen). Bärenreiter, Kassel 2008, ISBN 978-3-7618-1732-2.
  • Kii-Ming Lo: Sehen, Hören und Begreifen: Jean-Pierre Ponnelles Verfilmung der „Carmina Burana“ von Carl Orff. In: Thomas Rösch (ed.): Text, Musik, Szene – Das Musiktheater von Carl Orff. Schott, Mainz 2015, pp. 147–173. ISBN 978-3-7957-0672-2, S. 147–173.
  • Thomas Rösch (ed.): Text, Musik, Szene – Das Musiktheater von Carl Orff. Symposium Orff-Zentrum München 2007. Schott, Mainz 2015, ISBN 978-3-7957-0672-2.
  • Piervittorio Rossi: Carmina Burana. Texto latino a fronte, Bompiani, Milano 1989.
  • Werner Thomas: Das Rad der Fortuna – Ausgewählte Aufsätze zu Werk und Wirkung Carl Orffs. Schott, Mainz 1990, ISBN 3-7957-0209-7.
  • Franz Willnauer (ed.): Carmina Burana von Carl Orff. Entstehung, Wirkung, Text. Schott, Mainz 2007, ISBN 978-3-254-08220-6.
  • UFSC. Departamento de Automação e Sistemas. As origens de Carmina Burana. (Artigo, seguido do libretto original e traduzido da cantata de Orff). Sem data. Disponível em: archive.org.


Referências

  1. Reconstruções da pronúncia dos textos em alto alemão médio usados nos Carmina Burana podem ser vistas em John Austin 1995 "Pronunciation of the Middle High German Sections of Carl Orff's 'Carmina Burana'" The Choral Journal 36.2:15–18 (em inglês), e em Guy A.J. Tops 2005 "De uitspraak van de middelhoogduitse teksten in Carl Orffs Carmina Burana" Stemband 3.1:8–9 (em neerlandês). As duas obras têm transcrições fonéticas.