Cidades em Transição

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Cidades em Transição (também conhecido como Rede de Transição ou Movimento da Transição) é a designação de um movimento social baseado nos princípios da permacultura aplicados a uma comunidade.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Enquanto movimento terá sido implantado pelo professor universitário Rob Hopkins, preocupado com a dependência de combustível e alimentação, percebendo que o cenário de mudança climática e escassez de petróleo só irá piorar com o tempo. Começou por construir um plano de de redução do consumo energético e, em 2005, em Kinsale, na Irlanda, onde ensinava, com o objetivo para o alcançar, levou o município todo a adotar oficialmente o movimento como seu plano de gestão[2].

Mudou-se depois, em 2006, para Totnes, em Devon na Inglaterra, e beneficiando da proximidade ao Schumacher College, um instituto de estudos pós-graduados em «Aprendizagem transformativa para uma vida sustentável» e duma comunidade com características particulares,, transformou essa cidade em montra do movimento chegando a criar uma moeda própria, a Libra de Totnes, incentivando à apropriação do conceito "transition town" – iniciativas de transição – por outras comunidades vizinhas[3].

Hoje já são mais de uma centena cidades, bairros e até ilhas em todos os continentes foram convertidas a esse projeto global[2].

Génese[editar | editar código-fonte]

O ponto de partida do movimento de transição, pode ser entendido de duas perspectivas distintas, que devem ser consideradas em simultâneo:

  1. É um movimento reactivo, enquanto resposta comunitária, da sociedade civil, ao reconhecimento da urgência de acção sobre duas condições essenciais que têm e terão impactos estruturais a curto-prazo na nossa organização sócio-económica e nos nossos modos de vida – o início do fim dos combustíveis fósseis baratos e o impacto humano nas alterações climáticas da Terra.
  1. É um movimento pró-activo e catalisador, por procurar um paradigma e uma visão de prosperidade alternativas, diferentes do que tem sido habitual nas últimas décadas, e que incide sobretudo na acção ao nível local, dentro das comunidades, como parte possível e desejável da acção necessária para responder aos desafios que se põem ao nosso futuro próximo. Uma visão que passa por dois conceitos-chave: "a resiliência comunitária e a localização"[3].

12 passos para a transição[editar | editar código-fonte]

Para orientar cidades interessadas em aderir, Rob Hopkins, o grande teórico e criador do movimento já aqui referido, organizou "Os 12 passos para a Transição" e apresentou-os no seu livro "The Transition Hand Book" ("Livro de Bolso da Transição", numa tradução livre).

São eles[4]:

  1. Formar grupos na sociedade para discutir possíveis ações para diminuir o consumo de energia na sociedade.

    Preparar a sociedade em geral para falar das consequências do fim da era do petróleo barato e sobre aquecimento global. Isso para chamar a atenção das pessoas sobre esses temas, do pico do petróleo e da mudança climática, e assim levá-las a começar a pensar em soluções para uma redução da pegada de carbono e um incremento da autossustentabilidade. Daí ser relevante abordar vários assuntos que se refletem com eles, tais como: a importação de alimentos, o transporte, a energia, a educação, a moeda local e o urbanismo.

    É importante que o sucesso coletivo seja colocado acima dos interesses pessoais. Deve haver um representante para cada grupo.

  2. Identificar possíveis alianças e construir redes de contacto, na Internet e fora dela;

  3. Incorporar ideias de outras organizações e iniciativas já existentes.

    Há que agir como um catalisador que leva a comunidade a explorar soluções e a pensar sobre estratégias de mitigação, a partir das bases instaladas localmente;

  4. Organizar o lançamento do movimento. Isso pode ocorrer entre seis meses e um ano após o passo número um.

    Com o amadurecimento do projeto, há que o levar para dentro da comunidade, para criar um ritmo que empurra sua iniciativa para diante em direção a um novo período de trabalho e comemora o desejo da comunidade de entrar em ação;

  5. Formar subgrupos de trabalho que vão olhar para suas regiões específicas e imaginar como a sociedade pode se tornar auto-suficiente e capaz de suportar choques externos, como a falta do petróleo.

    É fundamental estabelecer alguns grupos menores para se concentrar em aspectos específicos do processo. Cada um desses grupos vai desenvolver seus próprios meios de trabalhar e suas próprias atividades, mas estarão todos sob o guarda-chuva do projeto como um todo;

  6. Fazer eventos em espaços abertos.

    É importante que a sociedade perceba o movimento e queira fazer parte dele[5];

  7. Realizar atividades que requerem ação benéfica para a comunidade.

    Há que evitar qualquer impressão de que o projeto é apenas um clube de discussões, em que as pessoas se sentam e fazem listas de desejos. Precisa, desde o início, começar a criar manifestações práticas, bastante visíveis para a melhoria da qualidade de vida das pessoas no espaço vizinho circundante;

  8. Recuperar a hábitos perdidos como fazer encontros comunitários, cozinhar, fazer jardinagem, cultivar hortas e andar a pé ou de bicicleta.

  9. Construir bom relacionamento com governo local, cultivar uma relação positiva e produtiva com as autoridades locais;

  10. Escutar e relacionar-se com os mais velhos.

    As pessoas que viveram entre 1930 e 1960, época em que o petróleo ainda não era tão importante, podem ter muito a ensinar.
    É preciso recuperar muitas das habilidades que eram comuns à época de nossos avós. Uma das coisas mais úteis que uma Iniciativa de Transição pode fazer é reverter a “grande descapacitação” dos últimos 40 anos oferecendo treinamento para uma ampla variedade dessas habilidades;

  11. Não manipular o processo de transição para essa ou aquela tendência.

    O papel do movimento não é levar todas as respostas, mas deixar que a população encontre meios para a transição. O movimento deve ser um grande catalisador de ideias.
    O talento coletivo da comunidade levará ao surgimento de soluções plausíveis, práticas e engenhosas;

  12. Criar um plano de ação para reduzir o consumo de energia da cidade.

    Este deve ser presentado internamente, antes de colocá-lo em prática, interligando-o com o todo.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Transition Town Ashland. Permaculture». Consultado em 18 de novembro de 2011. Arquivado do original em 4 de fevereiro de 2013 
  2. a b O mundo em transição, Thais Oliveira – Edição: Mônica Nunes, Planeta Sustentável – 17/03/2009
  3. a b Transição Portugal, um Movimento
  4. Os 12 passos da transição Época Negócios
  5. Sobre Open Space - Espaço Aberto, de autoria de Harrison Owen: “Open Space Technology: A User’s Guide” (Tecnologia do Espaço Aberto: Guia de Utilização); o livro “The Change Handbook: Group Methods for Shaping the Future” (O manual da mudança: métodos de grupo para mudar o futuro), de Peggy Holman e Tom Devane.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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