Continental O-200

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C90/O-200
Motor de avião
Predefinição:Info/Motor de avião
Um O-200 instalado em um Cessna 150.
Informações básicas
Tipo Motor a pistão boxer de quatro cilindros
Fabricante Teledyne Continental Motors
Origem  Estados Unidos
Entrada em
Uso
1947 (77 anos)
Maiores aplicações Ver Aplicações
Especificações (Engine spec.: O-200-A & B[1])
Comprimento 724,7 mm (28,5 in)
Largura 801,6 mm (31,6 in)
Altura 588,8 mm (23,2 in)
Diâmetro (cilindro(s)) 103,1 mm (4,06 in)
Curso 98,6 mm (3,88 in)
Peso 77,19 kg (170 lb)
Deslocamento 3,1 l (0,109 ft³)
Trem de válvulas OHV, uma válvula de admissão e uma válvula de escape por cilindro
Potência 100 hp (74,6 kW) a 2.575 rpm
Combustão Interna
Sistema de combustível Carburador superior com controle manual de mistura - taxa de compressão: 7,0:1
Tipo de combustível Avgas de 80/87 octanas
Sistema de óleo Cárter úmido pressurizado / Cárter seco
Sistema de refrigeração Refrigerado a ar
Relação potência / peso 0,56 hp/lb (920 W/kg)
Desenvolvido de Continental O-190
Variantes do motor Ver Variantes
Notas
Produção: 1947-1980s (para GA)
2004-presente (para o setor LSA)

O Continental C90 e o O-200 são uma família de motores de aeronaves de quatro cilindros, refrigerados a ar, horizontalmente opostos e de transmissão direta de 201 in³ (3,29 L) de cilindrada, produzindo entre 90 e 100 cavalos de potência (67 e 75 kW).[2]

Construídos pela Continental Motors, esses motores são usados em muitos projetos de aeronaves leves dos Estados Unidos, incluindo o Piper PA-18 Super Cub,[3] o Champion 7EC,[4] o Alon Aircoupe[5] e o Cessna 150.[6]

Embora o C90 tenha sido substituído pelo O-200, e muitos dos projetos que utilizam o O-200 tenham saído de produção em 1980, com a publicação de 2004 dos regulamentos de aeronaves leves da "Federal Aviation Administration" (FAA) dos Estados Unidos,[7] veio um ressurgimento da demanda pelo O-200. O padrão para aeronaves esportivas leves é para aeronaves pequenas e simples de um ou dois lugares, para as quais o O-200 é adequado.

Projeto e desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

O C90 foi introduzido em 1947 como uma evolução do A65, que estava em produção desde 1939.[8][9] Muitos dos projetos movidos pelo C90 são variantes atualizadas de projetos anteriores com A65, como o Piper J-3 Cub e o PA-11 Cub Special,[10] Aeronca 7AC,[4] e Luscombe 8A.[11] O motor foi desenvolvido a partir do O-190 anterior aumentando o curso em  ¼ de polegada.

Esta família de motores é considerada confiável, de acordo com as publicações da indústria e a FAA.[12][13]

Em um empreendimento cooperativo, a Rolls-Royce produziu esses mesmos projetos na Inglaterra, sob certificação separada, com designações de modelo começando em RR, por ex. o Rolls-Royce RR C90-12FH é o equivalente ao Continental C90-12FH; as versões Rolls-Royce são "diretamente intercambiáveis com os modelos equivalentes fabricados pela Continental".[14] O Rolls-Royce O-200-A alimenta o Beagle Pup Série 1,[15] o Rollason Condor, o Bölkow Bo 208 C Junior,[16] o Avions Robin DR 220,[16] o Morane-Saulnier MS-880,[16] mais o Victa Airtourer 100[16] e o Reims F150 (uma versão do Cessna 150 construído na França pela "Reims Aviation").

Todas as versões do C90 e O-200 são motores de quatro tempos e são semelhantes em tamanho, cilindrada e peso. Esses motores são normalmente equipados com um carburador de admissão baixa, embora o C90-8FJ, -12FJ e -14FJ sejam equipados com sistemas de injeção de combustível. Eles utilizam um sistema de ignição redundante que não requer energia externa, acionando dois magnetos, cada um disparando uma vela de ignição por cilindro. Cada cilindro tem uma válvula de admissão e uma válvula de escape, ativada por haste.[2]

O tempo recomendado entre revisão (TBO) da Continental para esses motores é de 1.800 horas de operação ou 12 anos em serviço, o que for alcançado primeiro.[17] A certificação padrão para o C90 e O-200 especifica Avgas 80/87 como o tipo mínimo de combustível.[2] Ambos são elegíveis para operação com gasolina de automóvel com base em Certificados de Tipo Suplementares.[18]

Embora o C90 seja aprovado para potência de decolagem de 95 cavalos (71 kW) por cinco minutos, a designação é derivada de sua classificação de potência contínua de 90 hp (67 kW). Como mencionado acima, certos modelos do C90 substituem o carburador usual por um sistema de injeção de combustível. Além disso, existem modelos que prevêem a instalação de uma hélice de passo controlável e um, o C90-12FP, projetado para uma instalação de configuração por impulsão.[2] Embora tenha um pouco menos de potência do que o O-200, muitos operadores de hidroaviões preferem o desempenho do C90 ao invés do O-200, devido ao seu torque mais alto em rpm mais baixas. Isso se deve principalmente ao projeto da árvore de cames do C90. O C90 também é conhecido por sua designação militar de O-205.[19]

O O-200 é uma versão atualizada do motor, alcançando potência aumentada de 100 hp (75 kW) como resultado de rotações máximas mais altas. O modelo padrão e mais comum do motor é o O-200-A; o modelo -B é projetado para instalação por impulsão, o modelo -C prevê a instalação de uma hélice de passo controlável e o modelo -D é uma versão de menor peso projetada para aeronaves esportivas leves.[2]

Histórico operacional[editar | editar código-fonte]

O Continental IOL-200.

Um motor denominado IOL-200, uma variante O-200 modificada com injeção direta de combustível e refrigeração líquida, impulsionou o vôo de circunavegação global sem escalas e sem reabastecimento de 1986 do Rutan Voyager. O IOL-200 de 110 cavalos (82 kW), também conhecido como "Voyager 200", era o motor traseiro e - ao contrário do motor dianteiro, outro motor modificado, um Continental O-240 - funcionou durante todo o voo de nove dias, salvo por um desligamento de quatro minutos devido a um problema de combustível.[20]

O avião de Fórmula Um muito bem sucedido, Sharp Nemesis, projetado e pilotado por Jon Sharp, era movido por um O-200 "padrão". Entre 1991 e 1999, a aeronave venceu 45 das 48 provas em que participou, além de ganhar três medalhas Louis Blèriot, quatro troféus Pulitzer e estabelecer 16 recordes de velocidade em sua classe. Em um desses registros, o Nemesis foi cronometrado a mais de 290 mph (467 km/h).[21] Em contraste, o Legend Cub com motor O-200 voa a 95 mph (152,9 km/h).[22]

Variantes[editar | editar código-fonte]

Dua vistas de um O-200-A em um Cessna 150H.
Um Continental O-200D.
Um Continental O-200AF.

Certificadas[editar | editar código-fonte]

C90[editar | editar código-fonte]

C90-8F
Sem previsão de gerador e ignição, 90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-8FJ
90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-12F
Sem previsão de gerador e ignição, 90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-12FH
Com previsão de gerador e ignição, 90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-12FJ
Com previsão de gerador e ignição, 90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-12FP
Com previsão de gerador e ignição, 90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-14F
90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-14FH
90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-14FJ
90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]
C90-16F
Com previão de bomba a vácuo, 90 hp (100 kW) uso contínuo, 95 hp (100 kW) na decolagem.[2]

O-200[editar | editar código-fonte]

O-200-A
Modelo normal para funcionamento por tração, 100 hp (100 kW) uso contínuo[2]
O-200-B
Modelo adaptado para funcionamento por impulsão, 100 hp (100 kW) uso contínuo[2]
O-200-C
Modelo com previsão de hélice de passo variável, 100 hp (100 kW) uso contínuo[2]
O-200-D
Similar ao modelo "A", mas com redução de peso, 100 hp (100 kW) uso contínuo[2]
O-200-X
Similar ao modelo "D" com identificação diferente, 100 hp (100 kW) uso contínuo[2]

Não certificadas[editar | editar código-fonte]

O-200-AF
UL91 e UL94, motores de 95 hp com alimentação alternativa (injeção direta ou carburador).[23]
IOL-200/Voyager 200
O motor traseiro do voo ao redor do mundo do Rutan Voyager

Aplicações[editar | editar código-fonte]

Com 23.949 Cessna 150 construídos, o O-200 é o de maior aplicação.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Desenvolvimentos relacionados
Motores comparáveis

Referências

  1. Continental Motors Inc. «Engine specifications: O-200-A & B» (PDF). Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t Federal Aviation Administration, Type certificate data sheet no. E-252. Revision 34. (27 June 2013)
  3. Aircraft specification no. 1A2. Revision 37. (Sep. 4, 1996.) Department of Transportation. Federal Aviation Administration.
  4. a b Aircraft specification no. A-759. Revision 67. (Jun. 3, 2005.) Department of Transportation. Federal Aviation Administration.
  5. Type certificate date sheet no. A-787. Revision 33. (Jul. 14, 2005.) Department of Transportation. Federal Aviation Administration.
  6. Type certificate data sheet no. 3A19. Revision 44. (Mar. 31, 2003) Department of Transportation. Federal Aviation Administration.
  7. Federal Register. Vol. 69, No. 143 (Jul. 27, 2004), pp. 44772-44882. Federal Aviation Administration, 14 CFR Parts 1, 21, et al., "Certification of aircraft and airmen for the operation of light-sport aircraft;" Final rule.
  8. «Motors». Aerofiles: A Century of American Aviation. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  9. «Company Background». Teledyne Continental Motors: Company Information. Consultado em 8 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2011 
  10. Aircraft specification no. A-691. Revision 32. (Oct. 1, 1997.) Department of Transportation. Federal Aviation Administration.
  11. Aircraft specification no. A-694. Revision 23. (Jul. 8, 1993.) Department of Transportation. Federal Aviation Administration.
  12. Berry, Mike (Setembro de 2004). «Continental O-200». Light Plane Maintenance. 26 (9): 18–21 
  13. Special airworthiness information bulletin no. NE-03-45. (Jun. 27, 2003.) Department of Transportation. Federal Aviation Administration. Aircraft Certification Service.
  14. Type certificate data sheet no. E3IN. Revision 3. (Jan. 16, 1968) Department of Transportation. Federal Aviation Administration.
  15. Type certificate data sheet no. A22EU. Revision 3. (Jun. 19, 1979) Department of Transportation. Federal Aviation Administration.
  16. a b c d List 4: Propeller-driven aeroplanes not exceeding 8618 kg MTOM (including self-launching powered sailplanes. (Jun. 15, 2006) Luftfahrt-Bundesamt (Federal Office of Civil Aviation). Federal Minister of Transport, Building and Urban Affairs. Germany.
  17. Teledyne Continental Motors (28 de março de 2003). Service Information Letter SIL98-9A. [S.l.: s.n.] 
  18. Department of Transportation. Federal Aviation Administration. «STC number SE2031CE». Consultado em 8 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 1 de maio de 2018 
  19. Aerofiles (Julho de 2009). «Aeronca». Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  20. «Rutan Voyager». Smithsonian: National Air and Space Museum. Consultado em 8 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 23 de outubro de 2006 
  21. «Sharp DR 90 "Nemesis"». Smithsonian: National Air and Space Museum. Consultado em 8 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 1 de setembro de 2006 
  22. «The Rebirth of the Cub». American Legend Aircraft Company. Consultado em 8 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2006 
  23. «O-200AF» (PDF). Consultado em 8 de dezembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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