E. Haldeman-Julius

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Emanuel Haldeman-Julius (30 de julho de 1889 - 31 de julho de 1951) foi um escritor socialista judeu-americano, pensador ateu, reformador social e editor. Ele é mais lembrado como o chefe da editora Haldeman-Julius Publications, responsável por uma série de livretos conhecidos como Little Blue Books, cuja venda total alcançou centenas de milhões de cópias.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros Anos[editar | editar código-fonte]

Emanuel Julius nasceu em 30 de julho de 1889, na Filadélfia, Pensilvânia. Seu pai, David Julius, trabalhava como encadernador. Seus pais eram emigrantes judeus, que fugiram de Odessa (então parte do Império Russo), e emigraram para os Estados Unidos para escapar da perseguição religiosa.[1] Seus avós paternos e maternos foram rabinos, mas seus próprios pais não eram religiosos. "[Eles] foram indiferentes, pelo que lhes agradeço."[2]

Quando menino, Haldeman-Julius lia vorazmente. A literatura e os panfletos produzidos pelos socialistas eram baratos; ele os lia, e passou a acatar os argumentos.[3] Em 1913 ele declarou: "Apenas quatro anos atrás, eu era um operário - trabalhando como escravo em uma fábrica têxtil, na Filadélfia. Deparei-me com a filosofia do socialismo, e ela incutiu-me um novo espírito. Isso me puxou das profundezas e apontou o caminho para algo mais alto. Comecei a ansiar por expressão. Eu senti que tenho algo a dizer. Então, eu anotava as coisas. E, para minha surpresa, os editores socialistas me encorajaram um pouco."[4] Ele ingressou no Partido Socialista antes da Primeira Guerra Mundial,[1] e foi candidato do partido ao Senado em 1932, pelo estado do Kansas.[5]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Depois de trabalhar para diversos jornais,[6] Haldeman-Julius se destacou como editor do Appeal to Reason, entre os anos de 1915 a 1922,[7] um jornal socialista de circulação nacional expressiva, mas em declínio. Ele e sua primeira esposa, Marcet Haldeman, compraram a operação de impressão do Appeal to Reason em Girard, Kansas, e começaram a imprimir 3.5 in × 5 in (89 mm × 127 mm) livros de bolso em papel de celulose barato (semelhante ao usado nas revistas pulp), grampeados em capa de papel. Estes foram os primeiros a serem chamados de The Appeal's Pocket Series, e vendidos em 1919 por 25 centavos. As capas eram vermelhas ou amarelas. Nos anos seguintes, Haldeman-Julius mudou o nome dos livretos diversas vezes, para The People's Pocket Series, Appeal Pocket Series, Ten Cent Pocket Series, Five Cent Pocket Series, Pocket Series e, finalmente, em 1923, Little Blue Books.[8] O preço de cinco centavos dos livros permaneceu em vigor por muitos anos. Muitas obras da literatura clássica receberam títulos extravagantes, para aumentar as vendas.[9] Por fim, milhões de cópias foram vendidas anualmente na década de 1920.

Em 1922, eles renomearam o Appeal to Reason, que passou a se chamar The Haldeman-Julius Weekly (conhecido de 1929 a 1951 como The American Freeman). Em 1924 foi lançada a The Haldeman-Julius Monthly[10] (mais tarde renomeada como The Debunker ), que dava maior ênfase no pensamento livre. Em 1932 criaram o The Militant Atheist, entre outros periódicos que também foram lançados pelo casal.

O romancista Louis L'Amour (1908-1988) descreveu as publicações de Haldeman-Julius em sua autobiografia, e seu potencial de influência:

"Em um trem de carga saindo de El Paso tive meu primeiro contato com os livretos da coleção Little Blue Books. Outro mendigo estava lendo um e, quando terminou, me deu. Os Little Blue Books foram uma dádiva de Deus para os homens errantes e, sem dúvida, para muitos outros. Publicados em Girard, Kansas, por Haldeman-Julius, eram pouco maiores que uma carta de baralho, e tinham capas de papel azul-celeste com títulos impressos em preto. Acredito que eram cerca de três mil livretos, ao todo, e eram vendidos nas bancas de jornal por 5 ou 10 centavos cada um. Várias vezes, nos anos seguintes, carreguei dez ou quinze deles nos bolsos, lendo quando podia. Entre os livros disponíveis, estavam as peças de Shakespeare, coleções de contos de De Maupassant, Poe, Jack London,[11] Gogol, Gorky, Kipling, Gautier, Henry James e Balzac. Havia coletâneas de ensaios de Voltaire, Emerson e Charles Lamb, entre outros. Tinha livros sobre história da música, da arquitetura, da pintura, os princípios da eletricidade; de modo geral, os livros ofereciam uma ampla gama de literatura e ideias. […] Nos anos que se seguiram, li centenas de Little Blue Books, incluindo livros de Tom Paine, Charles Darwin e Thomas Huxley.[12]"

Vida pessoal, morte e legado[editar | editar código-fonte]

Marcet Haldeman e Haldeman-Julius tiveram dois filhos: Alice Haldeman-Julius Deloach (19171991) e Henry Haldeman-Julius (19191990; mais tarde, ele mudou seu nome para Henry Julius Haldeman). O casal também adotou Josephine Haldeman-Julius Roselle (n. 1910). Marcet e Emanuel se divorciaram legalmente em 1933.[13] Marcet faleceu em 1941 e, um ano depois, Haldeman-Julius casou-se com Susan Haney.

Em junho de 1951, Haldeman-Julius foi considerado culpado de sonegação de imposto de renda por um grande júri federal, e condenado a seis meses de prisão, além de ser multado em $ 12.500.[7] No mês seguinte, ele se afogou em sua piscina.[7] Seu filho, Henry, assumiu os negócios de publicação do pai, e os livros continuaram a ser impressos e vendidos até a gráfica sofrer um incêndio, em 4 de julho de 1978.[7]

Os documentos de Haldeman-Julius são mantidos na Pittsburg State University, em Pittsburg, Kansas, a poucos quilômetros de Girard, no sudeste do estado,[14] bem como na University of Illinois, em Chicago,[15] na Indiana University[16] e na Universidade Estadual da Califórnia, no campus de Northridge.[17]

Trabalhos selecionados[editar | editar código-fonte]

  • " Mark Twain: Radical ." Revista Socialista Internacional, vol. 11.2 (agosto de 1910), pp. 83–88. O primeiro artigo assinado por Haldeman-Julius.[18]
  • Dust (com Marcet Haldeman-Julius). Nova York: Brentano's, 1921.
  • Studies in Rationalism. Girard, KS: Haldeman-Julius Publications, 1925.
  • The Militant Agnostic. Amherst, NY: Prometheus, 1995 [1926].
  • My First Twenty-Five Years. Girard, KS: Haldeman-Julius Publications, 1949.
  • My Second Twenty-Five Years. Girard, KS: Haldeman-Julius Publications, 1949.
  • The World of Haldeman-Julius (compilado Albert Mordell). Nova York: Twayne, 1960.
  • Short Works (com Marcet Haldeman-Julius). Topeka: Center for Kansas Studies, Washburn University, 1992.

Referências

  1. a b Susan Jacoby, Freethinkers: A History of American Secularism. New York: Henry Holt and Company, 2004; pg. 264. (See photograph of David here.)
  2. Quoted in Julie Herrada, "Emanuel Haldeman-Julius", The New Encyclopedia of Unbelief, p. 374.
  3. Marcet and Emanuel Haldeman-Julius - Kansapedia - Kansas Historical Society
  4. Letter to Jack London, June 13, 1913, found here, p. 10.
  5. J.G. Gabe and C.S. Sullivant, Kansas Votes: National Elections, 1859-1956 (Univ. Kansas, 1957), p. 92.
  6. These included the New York Evening Call, Milwaukee Leader, Chicago World, Western Comrade (issues online here) and New York Call (Julie Herrada, "Emanuel Haldeman-Julius", The New Encyclopedia of Unbelief, p. 374).
  7. a b c d Haldeman-Julius Historical Notes: Chronology of Important Events
  8. Herrada gives 1925 as the date for this.
  9. "'The Tallow Ball" by Guy de Maupassant sold 15,000 copies one year, but 54,700 the next year after the title was changed to 'A French Prostitute's Sacrifice'" (from the Wikipedia Little Blue Books article).
  10. See example cover here.
  11. For Haldeman-Julius's own correspondence with Jack London, see here, pp. 5-17.
  12. L’Amour Education of a Wandering Mann (NYC: Bantam, 1989), ch. 2 (paragraphs consolidated).
  13. Kansas Historical Society; see here.
  14. Leonard H. Axe Library; see here Arquivado em 2015-09-01 no Wayback Machine and here Arquivado em 2015-09-01 no Wayback Machine,
  15. Richard J. Daley Library, MSHald72; see here Arquivado em 2015-09-28 no Wayback Machine,
  16. Lilly Library Manuscript Collections, Haldeman mss. [I], II and III. See here
  17. Gardner, Tony (2007). «Guide to the Emanuel Haldeman-Julius Big Blue Books and Larger Books Collection». Online Archive of California. California Digital Library. Consultado em 18 de março de 2022 
  18. "Following his conversion to socialism, Julius moved to New York at age seventeen. In Tarrytown, New York, he worked as a bellboy at the Castle School for Girls, and won the friendship of the kindly librarian of the school, Lilian Parsons, who became a strong influence. She recommended readings and introduced him to the writings of Mark Twain (Samuel Clemens)." Julie Herrada, "Emanuel Haldeman-Julius", The New Encyclopedia of Unbelief, p. 374.

Leituras Adicionais[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]