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Lúcio Costa: diferenças entre revisões

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*1937 - Museu das Missões, [[São Miguel das Missões]], no Rio Grande do Sul;
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*Projeto para rampas do [[outeiro da Glória]], no Rio de Janeiro;
*1939 - Pavilhão do Brasil na Feira Internacional de Nova York em parceria com Oscar Niemeyer;
*1939 - Pavilhão do Brasil na Feira Internacional de Nova York em parceria com Oscar Niemeyer;

Revisão das 13h20min de 8 de outubro de 2020

Nome completo Lucio Marçal Ferreira Ribeiro Lima Costa
Nascimento 27 de fevereiro de 1902
Toulon, PA
França
Morte 13 de junho de 1998 (96 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Brasil
Nacionalidade francês
brasileiro
Movimento Arquitetura moderna
Obras notáveis Plano Piloto de Brasília, Plano Piloto da Barra da Tijuca
Assinatura
Assinatura de Lúcio Costa

Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima Costa (Toulon, 27 de fevereiro de 1902Rio de Janeiro, 13 de junho de 1998) foi um famoso arquiteto, urbanista e professor brasileiro nascido na França. Pioneiro da arquitetura modernista no Brasil, ficou conhecido mundialmente pelo projeto do Plano Piloto de Brasília.

Biografia

Infância e Juventude

Devido às atividades oficiais de seu pai, o almirante Joaquim Ribeiro da Costa, morou em diversos países, o que lhe rendeu uma formação pluralista. Estudou na Royal Grammar School em Newcastle, no Reino Unido, e no Collège National em Montreux, na Suíça.

Retornou ao Brasil em 1917 e, mais tarde, passou a frequentar o curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes, que ainda aplicava um programa neoclássico de ensino. Ele formou-se Arquiteto pela Escola em 1924. Apesar de praticar uma arquitetura neoclássica durante seus primeiros anos (defendendo em certos momentos uma arquitetura neocolonial), rompeu com essa formação historicista e passou a receber influências da obra do arquiteto franco-suíço Le Corbusier.

Primeiras obras

Iniciou parceria com o arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik, que construiu a primeira residência considerada moderna no Brasil.

Em 1930, foi nomeado ministro da Educação e Saúde o jurista Francisco Campos, que chamou para chefiar o gabinete Rodrigo Melo Franco de Andrade. Este exercia grande influência entre os modernistas de São Paulo e Rio de Janeiro, e, por meio de sua indicação, o jovem arquiteto Lucio Costa foi nomeado para dirigir a Escola Nacional de Belas Artes, com a missão de renovar o ensino das artes plásticas e implantar um curso de arquitetura moderna.

Apesar de ter sido um dos grandes nomes do modernismo no Brasil, Lucio Costa começou a carreira projetando construções neocoloniais, algumas das quais podem ser admiradas no Largo do Boticário, Rio de Janeiro.

Alterações introduzidas por Lucio Costa mudaram a estrutura e o espírito do salão anual. Apareceram pela primeira vez na velha escola, ao lado dos antigos frequentadores, artistas ligados à corrente moderna, na sua maioria vindos da capital paulista. A trigésima oitava Exposição Geral (1931) foi por isso chamada de Salão revolucionário.

Entre os alunos da renovada escola de arquitetura estava o jovem Oscar Niemeyer.

Também foi professor no então Instituto de Educação do Rio de Janeiro atual Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ)

O Ministério da Educação e Cultura

Sabendo da importância de sua geração na mudança dos rumos culturais do país, Costa convenceu Le Corbusier a vir ao Brasil em 1936 para uma série de conferências (enquanto colaborava no projeto da sede do recém-criado Ministério da Educação e da Saúde Pública). A arquitetura moderna do projeto ia ao encontro dos objetivos do Estado Novo de Vargas, ao passar ares de modernidade e progresso ao país. Costa, embora convidado a projetar o edifício sozinho, preferiu dividir o projeto com uma equipe que incluía o seu antigo aluno Oscar Niemeyer e os seus sócios Carlos Leão, Ernani Vasconcellos, Jorge Moreira e Affonso Eduardo Reidy.

Pavilhão do Brasil na Feira de Nova Iorque

Em 1939, Lucio Costa venceu o concurso nacional para o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova Iorque, enquanto que Oscar Niemeyer ficou com o segundo lugar. Costa convidou Niemeyer para que projetassem juntos uma nova versão do Pavilhão, combinando elementos de ambos os projetos originais.

Executado em colaboração com Paul Lester Wiener, responsável pelo detalhamento dos interiores e stands da exposição, a estrutura era vizinha do pavilhão francês e contrastava com sua massa pesada por meio de sua pequena dimensão e delicadeza. Costa explicou que o Pavilhão brasileiro adotou uma linguagem de "graça e elegância", leveza e fluidez espacial, com um plano aberto, curvas e paredes livres, que ele chamou de "jônico", contrastando-a com a arquitetura purista dominante na época, que ele classificou de "dórica"[1].

Brasília

Em 1957, ao ser lançado o concurso para a nova capital do país, Costa enviou ideia para um anteprojeto, contrariando algumas normas do concurso. De fato, apesar de apresentar uma concepção urbanística semelhante à maioria dos concorrentes,[2] o projeto de Lucio Costa foi o único que conseguiu compreender o significado político de uma nova capital para o governo Kubitschek e para o contexto brasileiro da época:

Lucio Costa conseguiu, assim, representar, transmitir, persuadir e, o mais importante, mobilizar todo o campo de experiência do presente (modernismo, desenvolvimentismo, nacionalismo e centralismo político), convencendo jurados e o próprio presidente da república, de que a sua proposta era a única possível de representar o momento histórico pelo qual passava o País. Levando-o, portanto, à vitória.[3]

O projeto de Lucio Costa venceu por quase unanimidade (apenas um jurado não votou nele), sofrendo diversas acusações dos concorrentes. Desenvolveu o Plano Piloto de Brasília e, como Niemeyer, passou a ser conhecido em todo o mundo como autor de grande parte dos prédios públicos.

O projeto de Lucio Costa punha em prática os conceitos modernistas de cidade: o automóvel no topo da hierarquia viária, facilitando o deslocamento na cidade (apesar disso em seus projetos ele também criou a Estação Rodoferroviária de Brasília), os blocos de edifícios afastados, em pilotis sobre grandes áreas verdes. Brasília possui diretrizes que remetem aos projetos de Le Corbusier na década de 1920 e ainda ao seu projeto para a cidade de Chandigarh, pela escala monumental dos edifícios governamentais. A cidade de Lucio Costa também possui conceitos semelhantes aos dos estudos de Hilberseimer.

Veja o relatório encaminhado por Lucio Costa à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap)..

Após Brasília, recebeu convites para coordenar vários planos urbanísticos, no Brasil e no exterior.

Barra da Tijuca

Em 1969, Lucio Costa foi convidado pelo então governador do Estado da Guanabara, Negrão de Lima, para desenhar o Plano urbanístico da Barra da Tijuca. De inspiração modernista, o plano previa largas avenidas, construções baixas como nas superquadras de Brasília, e preservação dos mangues e restingas da região. Com o tempo, pressões do mercado imobiliário desvirtuaram o plano original de Costa[4].

Foi colaborador e diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Faleceu na capital fluminense, onde residiu a maior parte da vida. Deixou duas filhas, Maria Elisa Costa, arquiteta, e Helena.

Controvérsias

Demolição do Palácio Monroe, antiga sede do Senado Federal

Na cidade do Rio de Janeiro, existia um imponente palácio em estilo eclético francês, o Palácio Monroe. Este fora construído em 1904 para uma exposição internacional que ocorreu na cidade de Saint Louis, nos Estados Unidos. A função do palácio era representar o Brasil, servindo, portanto, como uma espécie de pavilhão. A suntuosa arquitetura do Monroe fez com que o mesmo ganhasse o prêmio da construção mais linda do mundo no ano de 1904, durante a citada exposição internacional.

Assim, com o término do evento, o Palácio Monroe foi desmontado em Saint Louis e remontado na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Nesta cidade, serviu como sede do Senado Federal, quando o Rio de Janeiro ainda era a capital do Brasil. Contudo, o Sr. Lúcio Costa considerava o estilo eclético, característico da chamada Belle Époque, uma espécie de "erro arquitetônico[5]". Com isso, mesmo já estando desvinculado do IPHAN, ele manifestou o seu repúdio pela permanência do Monroe.[6]

O palácio a princípio seria demolido sobre o pretexto de construção da linha do metrô, porém devido às reclamações da sociedade, a companhia responsável pela obra modificou o trajeto. Mesmo assim isso de nada adiantou, devido à negação de tombamento, sendo o prédio destruído logo em seguida. Atualmente, no local, existe apenas uma praça vazia.

A Biblioteca Nacional

Lúcio Costa em 1970, foto do Arquivo Nacional

Na década de 1970, o IPHAN resistiu a tombar prédios importantes como o Theatro Municipal, a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes. Frente ao risco de que tais jóias arquitetônica pudessem se perder para sempre, o Clube de Engenharia e o Instituto dos Arquitetos do Brasil começaram a fazer campanha pelo tombamento dos edifícios ecléticos restantes na Avenida Rio Branco.

O Sr. Lúcio Costa já estava aposentado, mas mesmo assim redigiu um parecer que foi lido em reunião do IPHAN, em 1972, como noticiou o jornalista Marcelo Bortoli da Revista Época.[7] Dizia que o Serviço de Proteção ao Patrimônio se dispôs a excluir a proteção dos prédios em estilo eclético, por considerá-los fora da linha legítima da evolução arquitetônica. Lúcio Costa se posicionou claramente contra o tombamento da Biblioteca Nacional e se referia ao “aviltado pavilhão Monroe cuja presença estorvante já não se justifica”.

Favorecimento a arquitetura colonial portuguesa

Outra questão polêmica foi o favorecimento que o Sr. Lúcio Costa deu à herança da colonização portuguesa acima de outras influências culturais brasileiras, com exceção apenas dos seus projetos modernistas. Devido a essa visão, arraigado também em preservacionistas mais jovens devido à influência de Lúcio Costa nas escolas de arquitetura do Brasil, muito da arquitetura dos século XIX e começo do século XX, incluindo a alemã, japonesa, italiana, francesa, holandesa e grega, se perdeu para a renovação urbana dos anos 1960 e 1970 de Lúcio Costa. Já em 1936, quando houve a competição para a construção do Ministério de Educação e Saúde, o vencedor foi um design eclético do arquiteto Arquimedes Memória. Lúcio Costa então fez uso de suas conexões políticas com o governo para modificar o resultado da competição e formar um novo projeto a partir de um grupo formado por ele mesmo e Le Corbusier, além de outros membros como os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer. Ao longo dos anos houve muita discussão a respeito de quem teria sido o verdadeiro mentor do projeto, Lúcio Costa ou Le Corbusier.

Principais obras

Fachada norte do Ministério da Educação e Saúde Pública.

Produção bibliográfica

  • 1939 - Razões da Nova Arquitetura
  • 1945 - Considerações sobre o Ensino da Arquitetura
  • 1952 - O Arquiteto e a Sociedade Contemporânea
  • 1962 - Lúcio Costa: Sobre Arquitetura
  • 1995 - Registro de uma Vivência. São Paulo: Empresa das Artes

Galeria

Referências

  1. Comas, Carlos Eduardo (04 de Junho de 2014). «Clássicos da Arquitetura: Pavilhão de Nova York 1939 / Lucio Costa e Oscar Niemeyer». ArchDaily. Consultado em 08 de Outubro de 2020  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  2. FERNANDES, LUIZ GUSTAVO SOBRAL. Diversidade de uma cultura urbanística nacional. Risco: Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (on line), v. 1, p. 139-141, 2016.
  3. «arquitextos 098.07: Retórica e persuasão no concurso para o Plano Piloto de Brasília | vitruvius». www.vitruvius.com.br. Consultado em 5 de dezembro de 2018 
  4. «Plano de Lúcio Costa para a Barra da Tijuca completa 50 anos se equilibrando entre projeto inicial e demandas reais». O Globo. 23 de junho de 2019. Consultado em 8 de outubro de 2020 
  5. «Demolição de prédios históricos foi motivada por arquitetos modernistas». epoca.globo.com. Consultado em 17 de maio de 2019 
  6. «Demolição de prédios históricos foi motivada por arquitetos modernistas». epoca.globo.com. Consultado em 29 de maio de 2020 
  7. «Demolição de prédios históricos foi motivada por arquitetos modernistas». epoca.globo.com. Consultado em 17 de maio de 2019 

Ver também

Bibliografia

  • COSTA, Lúcio. Lúcio Costa: Registro de uma Vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. ISBN 978-8585628178
  • COSTA, Maria Elisa (Organização). Com a palavra, Lúcio Costa. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2000. ISBN 978-8586579165.
  • FERNANDES, Luiz Gustavo Sobral. (2016). Diversidade de uma cultura urbanística nacional. Revista De Pesquisa Em Arquitetura E Urbanismo, (22), 139-141. https://doi.org/10.11606/issn.1984-4506.v0i22p139-141

Ligações externas

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