Margareth Rago

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Margareth Rago
Margareth Rago
Nascimento 15 de setembro de 1948
Ocupação professora, historiadora
Empregador(a) Universidade Federal do Rio Grande, Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp

Luzia Margareth Rago (São Paulo, 15 de setembro de 1948) é uma historiadora, professora, pesquisadora e feminista brasileira. É professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde é livre docente desde 2000.[1]

A autora é influenciada por autores como Michel Foucault, Gilles Deleuze, Jean-Françoit Lyotard e Jacques Derrida.[2] Ela procura, a partir destes autores, estabelecer uma metodologia específica da por ela defendida "Ciência Feminista".[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Formação acadêmica[editar | editar código-fonte]

Rago formou-se no curso de História no ano de 1970 na Universidade de São Paulo (USP).[3] Posteriormente, no ano de 1979, formou-se em Filosofia também pela USP.[3]

Obteve seu mestrado em História no ano de 1984, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com trabalho intitulado Sem fé, sem lei, sem rei: liberalismo e experiência anarquista na República sendo orientada por Edgar Salvadori De Decca.[4] No ano de 1990, recebeu seu doutoramento também pela Unicamp e também orientado por De Decca, intitulado Os prazeres da noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930).[5]

Possui dois pós-doutorado, o primeiro em 1999 e o segundo em 2003, ambos sendo conquistados pela UNICAMP.[6]

Vida de docente[editar | editar código-fonte]

Entre 1982 e 1984 trabalhou como professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).[3] Tornou-se professora titular no departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (IFCH) no ano de 1985.[3]

Em 2000, atuou como diretora do Arquivo Edgard Leuenroth (AEL), instituto vinculado à UNICAMP.[7][8] No mesmo ano, tornou-se livre docente da UNICAMP.[9] No ano de 2003, realizou seminários na Universidade Paris VII, na França.[3]

Entre os anos de 2010 e 2011, foi professora visitante na Universidade Columbia, prestigiada universidade estadunidense localizada na cidade de Nova Iorque.[10][11][12][13][14]

Foi coordenadora e escreveu vários artigos na revista Labrys, sobre estudos feministas.[15][3][16][17]

Reconhecimento da obra[editar | editar código-fonte]

Já em 1986 seu trabalho Do Cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar recebeu do crítico Sérgio Amad Costa, de O Estado de S.Paulo uma análise onde reporta a originalidade e abrangência da pesquisa, em que conclui: "trata-se de perquirição que merece ser lida".[18] Já o periódico feminista Mulherio registrou que "a historiadora aponta para uma vasta empresa moralizadora, tendente a domesticar o operariado" e revela a "redefinição da família" com a construção de "um novo modelo de mulher".[19]

O texto Trabalho feminino e sexualidade de Margareth Rago foi incluído em História das Mulheres no Brasil,[20] organizado pela professora Mary Del Priore. O livro foi premiado com o Prêmio Jabuti em 1998 na categoria Ciências Humanas.[21]

No ano 2000, Rago foi uma das personalidades participantes do encontro internacional "O corpo das mulheres" realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte que reuniu "alguns dos maiores intelectuais do Brasil, Itália, França e Panamá para um debate inédito em torno da mulher", com "nomes de expressão internacional"; além dela própria estavam ali Michelle Perrot, Mary Del Priore, Gabrielle Houbre, entre outras intelectuais.[22][23] Neste mesmo ano foi uma das palestrantes no encontro realizado no Rio de Janeiro que marcou o centenário do nascimento de Nietzsche junto a José Celso Martinez Corrêa, Fayga Ostrower e outros.[24]

Em 2002 Rago, junto a Luiz B. Lacerda Orlandi e Alfredo Veiga Neto, organizou o "Imagens de Foucault e Deleuze - ressonâncias nietzschianas", uma obra que reúne os textos produzidos no final do ano 2000 em colóquio realizado na Unicamp.[25] No mesmo ano mediou no Rio de Janeiro o ciclo de debates "A política da palavra" com a participação de personalidades como Tom Zé, Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar e outros.[26]

Em 2006, junto a Alfredo Veiga Neto, organizou a coletânea "Figuras de Foucault" sobre Michel Foucault, ano em que o pensador completaria oitenta anos.[27]

Participação em programas televisivos[editar | editar código-fonte]

Margareth Rago participando do programa "Café com Conversa".

Margareth Rago participou do programa Roda Viva sendo uma das entrevistadoras da bancada no programa de Gabriela Leite no ano de 2009.[28][29]

No ano de 2016, participou do programa Café Filosófico da TV Cultura, que teve como tema Da insubmissão feminista na atualidade.[30]

Obras[editar | editar código-fonte]

Escreveu livros e artigos como Epistemologia Feminista, Gênero e História e Adeus ao Feminismo.[31][32]

Dentre os livros da autora estão:

  • Do Cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar – Brasil, 1890-1930 (Paz e Terra, 1985);[33]
  • Os Prazeres da Noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo, 1890-1930 (Paz e Terra, 1991);[34]
  • Narrar o passado, repensar a história (Em conjunto com Renato Aloizio de Oliveira Gimenes) (Editora da Unicamp, 2000);[35]
  • Foucault, a história e o anarquismo (Achiamé, 2004);[36]
  • A mulher brasileira nos espaços público e privado (Editora da Fundação Perseu Abramo, 2004);[37][38]
  • Feminismo e anarquismo no Brasil: audácia de sonhar (Achiamé, 2007)[36]
  • Subjetividades antigas e modernas (Em conjunto com Pedro Paulo Funari) (Annablume, 2008);[39]
  • Para uma vida não-fascista (Em conjunto com Alfredo Veiga-Neto) (Autêntica Editora, 2009);[40]
  • A aventura de contar-se: feminismos, escrita de si e invenções da subjetividade (Editora da Unicamp, 2013);[41]
  • É inútil revoltar-se? (Organização) (Editora da Unicamp, 2017);[42]
  • Do cabaré ao lar: A utopia da cidade disciplinar e a resistência anarquista (Paz e Terra, 2018);[43]
  • Neoliberalismo, feminismos e contracondutas: perspectivas foucaultianas (Organização) (Editora Intermeios, 2019);[44]
  • As Marcas da Pantera - percursos de uma historiadora (Editora Intermeios, 2021);[45]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Garcia, Sérgio (15 de novembro de 2015). «Margareth Rago: "O feminismo está na moda. Virou pop"». Época. Editora Globo. Consultado em 5 de abril de 2021 
  2. a b Rago, Margareth (1998) Epistemologia Feminista, Gênero e História. In. Pedro, Joana; Grossi, Miriam (orgs.)- Masculino, Feminino, Plural. Florianópolis: Ed.Mulheres. p.3
  3. a b c d e f «Luzia Margareth Rago». Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Consultado em 5 de abril de 2021 
  4. Rego, Luzia (1984). «Sem fé, sem lei, sem rei : liberalismo e experiência anarquista na Republica» (PDF). Repositório da Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 5 de abril de 2021 
  5. Rego, Luzia (1990). «Os prazeres da noite : prostituição e codigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930)» (PDF). Repositório da produção científica e intelectual da Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 5 de abril de 2021 
  6. «Luzia Margareth Rago». Plataforma Lattes. Consultado em 5 de abril de 2021 
  7. «Luzia Margareth Rago – Red Iberoamericana Foucault» (em espanhol). Consultado em 5 de abril de 2021 
  8. Ferrari, Márcio (2016). «Um tesouro da história social». Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Consultado em 5 de abril de 2021 
  9. «Luzia Margareth Rago - Biblioteca Virtual da FAPESP». Biblioteca Virtual da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Consultado em 5 de abril de 2021 
  10. http://universityseminars.columbia.edu/wp-content/uploads/2012/12/Columbia_Seminars_Directory_2011.pdf
  11. «Workshop: Foucault and the politics of resistance in Brazil - Columbia Global Centers». globalcenters.columbia.edu 
  12. «Feminist Constellations: Intercultural Paradigms in the Americas». Barnard Center for Research on Women. 28 de março de 2013 
  13. «Columbia University». US News. Consultado em 5 de abril de 2021 
  14. «Columbia University | History & Enrollment». Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 5 de abril de 2021 
  15. «home31». Labrys. Consultado em 7 de abril de 2021 
  16. «REIT - Labrys - Revista de estudos feministas». Universidade do Porto. Consultado em 7 de abril de 2021 
  17. «Labrys, études féministes, estudos feministas -Best visualization 1024 x 768 / labrys - melhor visualizado em 1024 x 768 ou +». Labrys. Consultado em 7 de abril de 2021 
  18. Sérgio Amad Costa (23 de fevereiro de 1986). «Anarquistas no Brasil». O Estado de S. Paulo (297): 7. Consultado em 21 de fevereiro de 2021. Disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional (Brasil) 
  19. «Livros e Revistas». Mulherio (23): 22. Consultado em 21 de fevereiro de 2021. Disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional (Brasil) 
  20. «História das Mulheres no Brasil». Google Books 
  21. «Premiados 1998». Prêmio Jabuti. Consultado em 5 de abril de 2021 
  22. Constância Lima Duarte; Dilma Castelo Branco Diniz (27 de maio de 2000). «"O patriarcado ainda não acabou"». Jornal do Brasil (49): 41 (3). Consultado em 21 de fevereiro de 2021. Disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional (Brasil) 
  23. Rego, Margareth. «Apresentação do Dossiê - Prof.a. Margareth Rago». Universidade Federal de Minas Gerais. Temporalidades: 19-25 
  24. Cristiane Costa; Leneide Duarte (5 de agosto de 2000). «Mais Nietzsche in: Informe Ideias». Jornal do Brasil (119): 40 (2 do Caderno B). Consultado em 21 de fevereiro de 2021. Disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional (Brasil) 
  25. K. Z. L. (17 de dezembro de 2002). «Livro mostra discussões sobre a identidade». Tribuna da Imprensa (16161): 2 (caderno Bis). Consultado em 21 de fevereiro de 2021. Disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional (Brasil) 
  26. «A palavra no centro do debate». Jornal do Brasil (155): 34 (2 do Caderno B). 10 de setembro de 2002. Consultado em 21 de fevereiro de 2021. Disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional (Brasil) 
  27. Wilson Martins (16 de dezembro de 2006). «Lançamentos». Jornal do Brasil (252): 69 (7). Consultado em 21 de fevereiro de 2021. Disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional (Brasil) 
  28. Roda Viva - Gabriela Leite (em portuguẽs). Roda Viva. 25 de fevereiro de 2021. Em cena em 1:19.53. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  29. «Roda Viva | Gabriela Leite | 2009». TV Cultura. Consultado em 5 de abril de 2021 
  30. «Da insubmissão feminista na atualidade». TV Cultura. Consultado em 5 de abril de 2021 
  31. Sergio Garcia (15 de novembro de 2015). «Margareth Rago: "O feminismo está na moda. Virou pop"». Época 
  32. «Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Luzia Margareth Rago». www.ifch.unicamp.br 
  33. Rago, Margareth (1997). Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar : Brasil : 1890-1930. [S.l.]: Paz e Terra 
  34. Rago, Margareth (2008). Os prazeres da noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo, 1890-1930. [S.l.]: Paz e Terra 
  35. «Narrar o passado, Repensar a História - no. 2 - 2ª edição». Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Consultado em 5 de abril de 2021 
  36. a b Roberta Baessa Estimado; Thomáz Fortunato; João Filipe Araujo Cruz; Marcelo Caio Nussenzweig Hotimsky; Alexandre Duarte Bassani. «Entrevista: Margareth Rago». Revista Humanidades em Diálogo, vol. 7. Consultado em 12 de fevereiro de 2021 
  37. Rago, Margareth (2004). A mulher brasileira nos espaços público e privado. [S.l.]: Editora Fundação Perseu Abramo 
  38. Rago, Margareth. «A mulher brasileira nos espaços público e privado / 1. reimpr». Biblioteca Nacional do Brasil. Consultado em 5 de abril de 2021 
  39. Rago, Margareth; Funari, Pedro Paulo A. (2008). Subjetividades antigas e modernas. [S.l.]: Annablume 
  40. Veiga-Neto, Alfredo (2009). Para uma vida não-fascista. [S.l.]: Autêntica Editora 
  41. Rago, Luzia Margareth (1 de janeiro de 2013). A aventura de contar-se: feminismos, escrita de si e invenções da subjetividade. [S.l.]: Editora da Unicamp 
  42. Fonseca, Marcio Alves Da; Chaves, Ernani; Passetti, Edson; Veiga-neto, Alfredo; Oliveira, Salete; Mclaren, Margaret A.; Fernandes, Cleudemar Alves; Candiotto, Cesar; Carvalho, Alexandre Filordi De (2017). É inútil revoltar-se?. [S.l.]: Editora Intermeios 
  43. Rago, Margareth (28 de março de 2018). Do cabaré ao lar: A utopia da cidade disciplinar e a resistência anarquista. [S.l.]: Paz e Terra 
  44. «Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Lançamento de 'Neoliberalismo, Feminismo e Contracondutas: Perspectivas foucaultianas'». Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Universidade Estadual de Campinas. 4 de setembro de 2019. Consultado em 5 de abril de 2021 
  45. «As Marcas da Pantera – percursos de uma historiadora». Intermeios Cultural. Consultado em 7 de abril de 2021