Maria Teresa da Áustria (1816–1867)
Maria Teresa de Áustria-Teschen | |
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Arquiduquesa da Áustria Rainha das Duas Sicílias | |
Retrato por Johann Ender, c. 1836. | |
Consorte | Fernando II das Duas Sicílias |
Nascimento | 31 de julho de 1816 |
Viena, Áustria | |
Morte | 8 de agosto de 1867 (51 anos) |
Albano, Estados Pontifícios | |
Sepultado em | Basílica de Santa Clara, Nápoles, Itália |
Casa | Casa Imperial da Áustria |
Dinastia | Habsburgo-Lorena |
Pai | Carlos de Áustria-Teschen |
Mãe | Henriqueta de Nassau-Weilburg |
Filho(s) | Luís Carlos Alberto Afonso Maria Anunciata Maria Imaculada Caetano José Maria Pia Vicente Pascoal Maria Luísa Januário |
Maria Teresa Isabel de Áustria-Teschen (em alemão:Maria Theresia Isabella von Österreich-Teschen) (Viena, 31 de julho de 1816 — Albano, 8 de agosto de 1867), foi arquiduquesa da Áustria por nascimento e rainha consorte das Duas Sicílias pelo casamento.
Biografia
Família
Maria Teresa era a filha mais velha do arquiduque Carlos de Áustria-Teschen e da princesa Henriqueta de Nassau-Weilburg. Seus avós paternos foram o imperador Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico e a infanta Maria Luísa da Espanha, enquanto seus avós maternos foram o príncipe Frederico Guilherme de Nassau-Weilburg e a princesa Luísa Isabel de Sayn-Wittgenstein.
Casamento e filhos
Casou-se em 27 de janeiro de 1837 com o rei Fernando II das Duas Sicílias, viúvo de Maria Cristina de Saboia. Foi madrasta de Francisco II, o qual foi deposto pela Unificação Italiana e não deixou filhos sobreviventes. O casal teve doze filhos:
- Luís, conde de Trani (1838-1886), casado com Matilde Luísa da Baviera.
- Alberto, conde de Castrogiovanni (1839-1844), morto na infância.
- Afonso, conde de Caserta (1841-1934), casado com Maria Antonieta de Bourbon-Duas Sicílias;
- Maria Anunciata (1843-1871), casada com o arquiduque Carlos Luís da Áustria.
- Maria Imaculada (1844-1899), casada com o arquiduque Carlos Salvador de Áustria-Toscana.
- Caetano, conde de Girgenti (1846-1871), casado com Isabel de Espanha, Princesa das Astúrias.
- José, conde de Lucera (1848-1851), morto na infância.
- Maria Pia (1849-1882), casada com o duque Roberto I de Parma.
- Vicente, conde de Melazzo (1851-1854), morto na infância.
- Pascoal, conde de Bari (1852-1904), casado morganaticamente com Blanche Marconnay.
- Maria Luísa (1855-1874), casada com o príncipe Henrique de Bourbon-Parma.
- Januário, conde de Caltagirone (1857-1867), morto na infância.
Rainha das Duas Sicílias
Maria Teresa foi descrita como alguém que não correspondia à imagem de um membro da realeza: vestia-se mal, detestava suas funções públicas, os protocolos e a vida na corte, passando a maior parte do tempo em seus aposentos privados, cuidando dos filhos ou dedicando-se à costura.
Tinha um bom relacionamento com o marido e com o enteado (a quem chamava de filho). Também interessava-se por política, chegando a atuar como conselheira do rei, influenciando-o a agir com maior rigor contra seus opositores. Quando não podia participar das reuniões de estado, costumava ouvir os debates por detrás das portas.
Viuvez
Quando Maria Sofia da Baviera chegou a Nápoles como esposa do futuro Francisco II, Fernando já se encontrava bastante doente. Maria Teresa passava todo o tempo à cabeceira do rei (que, mesmo acamado, insistia em continuar trabalhando), auxiliando-o durante o dia e vigiando seu sono durante a noite.
Com a morte de Fernando II e a ascensão de Francisco II, Maria Teresa fez questão de manter sua posição, agora como conselheira pessoal do enteado. A rainha-viúva, favorável à criação de um estado rigoroso e autoritário, exercia uma grande influência sobre Francisco II, completamente submisso à madrasta. Muitos historiadores consideram que Maria Teresa foi co-responsável pelo descontentamento do povo, que viria a receber Garibaldi como um libertador.
A indomável, determinada e inteligente Maria Sofia (irmã da imperatriz Sissi), entretanto, tinha uma personalidade oposta à de seu marido e não se submetia às ordens da sogra. Francisco logo se tornou o alvo da disputa das duas rainhas, dando ouvidos aos conselhos antagônicos de ambas, mas sendo incapaz de optar entre a esposa e a madrasta. Maria Sofia tinha ideias liberais e era favorável à promulgação de uma Constituição, muito diferente das inclinações absolutistas de Maria Teresa. Além das divergências no campo político, a consorte de Francisco II acreditava ser a única a vislumbrar as verdadeiras intenções de sua sogra: depor o rei e colocar seu primogênito Luís no trono.
De fato, Maria Teresa, aliando-se a generais, cortesãos e clérigos, organizou uma conspiração contra seu enteado, que foi descoberta e debelada a tempo. Apesar de Maria Sofia apresentar, perante o marido e a sogra, as provas do envolvimento da rainha-viúva no complô mal sucedido, Francisco II não quis acusá-la. Maria Teresa, por sua vez, chorou aos pés do rei, jurando inocência perante os fatos.
Exílio
Apesar da feroz oposição de Maria Teresa à promulgação de uma Constituição, o indeciso Francisco resolveu seguir os conselhos de sua esposa quando os distúrbios populares em Nápoles começaram a se tornar preocupantes. Entretanto, já era tarde demais para qualquer providência e o processo instalado não poderia mais ser revertido.
Maria Teresa e os filhos foram os primeiros a fugir de Nápoles, instalando-se em Gaeta. Logo a cidadela passou a receber cortesãos, assessores e ministros fiéis à rainha-viúva, que acabaram formando uma segunda côrte e continuaram a conspirar contra o rei. Quando o troar dos primeiros canhões chegou a Gaeta, Maria Teresa foi novamente a primeira a fugir, acompanhada por seus filhos menores.
Os fugitivos reais chegaram à Roma, onde o Papa Pio IX lhes disponibilizou o Palácio do Quirinal. Quando Gaeta capitulou, Francisco II e Maria Sofia se juntaram à Maria Teresa. Formaram-se, então, duas pequenas côrtes, vivendo paralelamente sob o mesmo teto.
Morte
Em 1867, uma epidemia de cólera forçou a população, ou pelo menos aqueles que podiam, a deixar a capital. Maria Teresa levou então seus filhos do Palácio do Quirinal à comuna de Albano Laziale, atravessando as colinas Albanas. Apesar de seus esforços, seu último filho, Januário, contraiu a doença, morrendo quase imediatamente, aos dez anos de idade.
A rainha, também infectada, foi assistida ininterruptamente pelo enteado Francisco, enquanto seus filhos fugiam, com medo do contágio. Ela recusou-se, inicialmente, a receber os cuidados médicos do Dr. Manfrè, por ele ser liberal. Depois, à mercê de fortes dores, Maria Teresa aceitou o tratamento médico, mas seu quadro já havia se agravado demais e ela morreu em seguida, aos 51 anos de idade, em 8 de agosto de 1867.[1].
Seu corpo foi sepultado na Cripta Real da Basílica de Santa Clara, em Nápoles.
Nota
- Este artigo foi elaborado a partir tradução do artigo Maria Teresa d'Asburgo-Teschen (1816-1867), da Wikipédia em italiano, que se encontrava nesta versão.
Referências
- ↑ Arrigo Petacco, La regina del sud, Milano, Mondadori, 1992. ISBN 88-04-43391-4
- Elvio Ciferri, Maria Teresa di Asburgo Lorena, regina delle Due Sicilie, in «Dizionario Biografico degli Italiani», 70, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana fondata da Giovanni Treccani, 2008.
Ver também
- Giuseppe Garibaldi, um dos líderes da Unificação;
- Maria Sofia da Baviera, sua sucessora como rainha consorte das Duas Sicílias;