Martinópolis

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 Nota: Não confundir com Martinópole (no Ceará).
Martinópolis
  Município do Brasil  
Símbolos
Bandeira de Martinópolis
Bandeira
Brasão de armas de Martinópolis
Brasão de armas
Hino
Gentílico martinopolense
Localização
Localização de Martinópolis em São Paulo
Localização de Martinópolis em São Paulo
Localização de Martinópolis em São Paulo
Martinópolis está localizado em: Brasil
Martinópolis
Localização de Martinópolis no Brasil
Mapa
Mapa de Martinópolis
Coordenadas 22° 08' 45" S 51° 10' 15" O
País Brasil
Unidade federativa São Paulo
Municípios limítrofes Nantes, Iepê, Rancharia, Parapuã, Sagres, Pracinha, Mariápolis, Caiabu, Indiana, Regente Feijó, Taciba
Distância até a capital 539 km[1]
História
Fundação 29 de janeiro de 1939 (85 anos)
Administração
Prefeito(a) Felipe Hayashi

(vice Gabriel Yuji Ikimoto) (Instinct Family, 2021 – 2024)

Vereadores 11
Características geográficas
Área total [2] 1 253,158 km²
População total (Censo IBGE/2010[3]) 24 260 hab.
Densidade 19,4 hab./km²
Clima tropical de altitude (Cfa)
Altitude 488 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
CEP 19500-000
Indicadores
IDH (PNUD/2000[4]) 0,750 alto
PIB (IBGE/2008[5]) R$ 224 449,123 mil
PIB per capita (IBGE/2008[5]) R$ 8 886,96
Sítio www.martinopolis.sp.gov.br (Prefeitura)
www.camaramartinopolis.sp.gov.br (Câmara)

Martinópolis é um município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se a uma latitude 22º08'45" sul e a uma longitude 51º10'15" oeste, estando a uma altitude de 488 metros. Sua população estimada em 2009 era de 25.533 habitantes. Possui uma área de 1.253,158 km². O município é formado pela sede e pelos distritos de Guachos e Teçaindá[6][7].

História[editar | editar código-fonte]

O município de Martinópolis, bem como a quase totalidade dos municípios do Oeste Paulista, tem como base a agricultura e a ferrovia. Ambos foram os elementos responsáveis pelo surgimento dos núcleos urbanos e rurais na região.

Ferrovia[editar | editar código-fonte]

O Governo Paulista objetivando povoar e desenvolver o interior na sua região Oeste, deu o direito por contrato para as Companhia Paulista e Sorocabana a construção das ferrovias que chegaram as barrancas do Rio Paraná. A região onde hoje se encontra a cidade de Martinópolis pertencia ao Distrito de Conceição de Monte Alegre cujo território se estendia entre o rio Paranapanema e rio do Peixe, até as barrancas do rio Paraná, coube a Estrada de Ferro Sorocabana construir suas linhas férreas. Entre os primeiros habitantes da região se encontrava José Teodoro Filho, proprietário que doou uma pequena quantidade de terras para a construção do Distrito. Em 1917, o território era formado de matas e campos, e a região já era habitada por três etnias indígenas: caiouás, xavantes e caingangues. A ferrovia chegou em Martinópolis em 5 de agosto de 1917, A estação e consequentemente a futura cidade se chamou José Theodoro, nome que homenageava um grande desbravador mineiro do Oeste Paulista que morreu em 1875.

Outro fator de desbravamento da região, anterior à chegada da ferrovia, foi a abertura da Estrada Boiadeira, pela empresa Diederichsen & Tibiriçá, gerenciada por Francisco Whitacker, no ano de 1906, rumo ao Estado do Mato Grosso, atual Mato Grosso do Sul. Essa estrada passava a montante da cachoeira do rio Laranja Doce, muitos anos depois, em 1929 a Companhia Elétrica Caiuá construiu uma usina hidrelétrica, denominada Usina Laranja Doce, que fornecia energia para algumas cidades próximas, inclusive Presidente Prudente. A Represa é o cartão de visitas da cidade.

No entanto, o desbravamento real só chegou a partir do prolongamento dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana. Em 5 de agosto de 1917 foi inaugurada a estação de José Theodoro, no meio da mata virgem. No início era um simples vagão de trem, colocado num desvio, que servia de acampamento aos construtores.

Formação do município[editar | editar código-fonte]

Durante sete anos, ou seja, até 1924, nada havia ao redor da estação da Estrada de Ferro Sorocabana, a não ser a guarita do guarda-chaves e as casas dos ferroviários. Somente em 1924 o imigrante português Coronel João Gomes Martins, natural da Ilha da Madeira, que fazia importação e exportação de secos e molhados na cidade de São Paulo, resolveu investir no negócio de colonização de terras e retirada da madeira que tinha um alto valor já na época. No final de 1924 ele adquiriu 10.000 alqueires de uma propriedade desmembrada da grande Fazenda Montalvão, contratou agrimensores, fez o arruamento no local onde queria que surgisse o povoado, abriu estradas rurais e fez propaganda para quem quisesse adquirir as terras férteis.

Implantou, dessa forma, o Núcleo Colonial Boa Ventura e, desembarcando na estação da estrada de ferro, começaram a chegar os primeiros desbravadores, como as famílias Saram, Quaranta, Tudisco, Contini, Sartori e Valentim, entre outros pioneiros. João Gomes mantinha um agente de venda de terras descendente de japoneses chamado Tomekichi Ogata, que foi o responsável por trazer um grande contingente de imigrantes nipônicos. Outro agente era o fluminense Eugênio de Mello, que trouxe vários compradores da região de Nova Friburgo, no estado do Rio.

O povoado foi crescendo, as primeiras casas comerciais foram surgindo, sendo a pioneira implantada por Antônio Rodrigues Parente e Antônio Joaquim Senteio, que vendia gêneros alimentícios, tecidos, armas e munições, ferramentas para a agricultura etc. O colonizador construiu o Hotel Colonial, a primeira construção de alvenaria do povoado, para receber as levas de interessados em adquirir lotes rurais. Alguns anos depois implantaram empresas comerciais: Carlos Platzeck, Guilherme Sefrin, Ângelo Sanches Zamora, Angelo Bergamini, Mario Liberto, Raimundo Barbosa, Antônio Jacomeli, Antônio Ferreira Amaro e Enides Zangarini e muitos outros.

O lugarejo, ainda denominado José Theodoro, foi transformando-se com a chegada de muitas pessoas buscando uma nova vida. De início foram instaladas, bares, casas comerciais, muitas pensões e serrarias, posteriormente máquinas de café e cereais, o povoado ia se ampliando e almejava se tornar distrito de paz. Foi construída uma rústica capela, dedicada a Santa Bibiana, por devoção e por ser o nome de uma das filhas do colonizador.

Em 20 de dezembro de 1929 o Presidente do Estado de São Paulo, doutor Julio Prestes de Albuquerque, promulga a LEI N. 2.392, que cria o distrito de paz de José Theodoro, no município e comarca de Presidente Prudente. Em 1937, quando o trabalho e as paixões agitavam a vida e o progresso do distrito, seu fundador, faleceu na capital paulista. O primogênito João Gomes Martins Filho político que chegou a ser candidato a Vice-Governador do Estado de São Paulo, na chapa do então candidato Prestes Maia, continuou a venda das terras.

Participou também da colonização e desenvolvimento da cidade de Martinópolis, a extinta Companhia Aviação São Paulo/Mato Grosso, que tinha entre seus principais acionistas o senhor Jan Antonin Bata, imigrante Tcheco, muito culto e viajado que dominava sete idiomas, perseguido pelos seguidores de Adolf Hitler, exilou-se nos Estados Unidos, de onde veio para o Brasil em 1941, que colonizou a área compreendendo entre os municípios de Rancharia até Indiana incluindo a hoje famosa Represa Laranja Doce, após comprar vastas áreas de terras nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. Dai o nome de "Viação" dado a atual Vila Alegrete.

Em 29 de janeiro de 1939 ocorreu a instalação solene do município, tendo seu nome alterado de José Theodoro para Martinópolis, em homenagem ao colonizador. Em 13 de junho de 1945, com grande comemoração, foi instalado solenemente a Comarca de Martinópolis.

Até meados da década de 1940 o município se estendia por uma área territorial de aproximadamente 4.000 km², limitando-se com Regente Feijó, Presidente Prudente, Valparaíso, Guararapes, Tupã e Rancharia. Boa parte das áreas dos atuais municípios de Lucélia, Osvaldo Cruz, Sagres, Nantes e Pracinha foram desmembramentos de nosso antigo território.

Pelo decreto-lei estadual no 14334 de 30 de novembro de 1944 foram criados: a comarca de Martinópolis, com sede no município do mesmo nome, e o distrito de Teçaindá.

Em 24 de dezembro de 1948, é criado o distrito de Guachos com sede no povoado de Vila Escócia, que teve na figura do alemão naturalizado brasileiro Kurt Sack seu grande pioneiro e colonizador.

Um detalhe interessante é que quando o Coronel João Gomes ou seu filho passavam montados a cavalo pela cidade, os homens e mulheres tinham que render reverência aos mesmos, levantando das cadeiras, os homens inclusive tirando o chapéu.

Demografia[editar | editar código-fonte]

Pessoas na represa Usina.

Dados do Censo - 2010[editar | editar código-fonte]

População Total: 24.219

  • Urbana: 17.975
  • Rural: 4.371
    • Homens: 12.448
    • Mulheres: 10.898

Densidade demográfica (hab./km²): 17,83

Mortalidade infantil até 1 ano (por mil): 20,95

Expectativa de vida (anos): 68,71

Taxa de fecundidade (filhos por mulher): 2,37

Taxa de Alfabetização: 87,39%

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M): 0,750

  • IDH-M Renda: 0,683
  • IDH-M Longevidade: 0,729
  • IDH-M Educação: 0,839

(Fonte: IPEADATA)

Diminuição da população[editar | editar código-fonte]

Nas décadas de 1970 e 1980, o êxodo rural, provocado pela industrialização concentrada nos grandes centros urbanos, alem da procura por novas fronteiras agrícolas, fez com que a população entrasse em declínio. Atualmente a população total é de 24.219 habitantes, segundo Censo do IBGE, a maioria residindo na zona urbana, sendo a extensão territorial do município de 1.256,4 km².

Assim como o café foi o início de tudo, trazendo grandes contingentes de compradores de terras nas décadas de 1920 e 1930, o algodão ficou sendo o rei nas décadas seguintes e até 1980. O café e o algodão alternaram anos de ótima produção com safras péssimas, devido problemas de condições climáticas desfavoráveis e baixo preço do produto. Hoje, o território está sendo coberto com lavouras de cana-de-açúcar, inclusive com a instalação de uma moderna usina de açúcar e álcool na Fazenda Bartira, divisa com Rancharia. Também a soja está ganhando terreno, com áreas de plantio em expansão.

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Comunicação[editar | editar código-fonte]

No setor de telefonia a cidade foi atendida pela Empresa Telefônica Paulista[8][9] até 1973, quando passou a ser atendida pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP)[10], que inaugurou a central telefônica utilizada até os dias atuais. Em 1998 esta empresa foi vendida para a Telefônica[11], sendo que em 2012 a marca Vivo[12] para suas operações.

Já a imprensa local é constituída pelos jornais "O Martinopolitano - Nossa Folha".

Atividades econômicas[editar | editar código-fonte]

Algodão[editar | editar código-fonte]

A população de Martinópolis era, na década de 1940, de 25.000 habitantes, dos quais 18.000 radicados nas áreas rurais. No final dessa década e limiar da década de 1950, o município de Martinópolis tornou-se conhecido como o "rei do algodão", após produzir 2.200.000 arrobas da malvácea em uma única safra. Na década de 1950 a população chegou ao seu auge, 37.000 habitantes, sendo 29.000 na zona rural.

Turismo[editar | editar código-fonte]

Balneário Laranja Doce[editar | editar código-fonte]

Represa Laranja Doce.

A Represa, popularmente conhecida como Usina, por lá estar instalada a primeira usina hidrelétrica da região, implantada em 1930, é formada pelo rio Laranja Doce e seus afluentes Alegrete e Estiva. Possui um espelho d´água de 80 alqueires, propícios à prática da natação, pedalinho, esqui-aquático, caiaque, pesca e outros esportes náuticos.

Às suas margens está implantado um complexo turístico que se constitui num dos maiores centros de atração da 10ª Região Administrativa do Estado, além de receber visitantes do norte do Paraná. Aliado à beleza natural, no local foram edificadas muitas casas de veraneio, algumas colônias de férias, vários clubes e condomínios. Entre os clubes, destacam-se o Recreativo e o Jangada e entre os condomínios o Recreio, Vivendas, Jangada e Recanto. O Balneário Laranja Doce é de livre acesso ao público, com churrasqueiras, áreas de camping e banheiros à disposição dos turistas. Tudo isso faz com que o município seja conhecido em toda a região como o "Guarujá do Oeste Paulista."

Religião[editar | editar código-fonte]

Igreja Matriz.

O Cristianismo se faz presente na cidade da seguinte forma:[13]

Igreja Católica[editar | editar código-fonte]

Igrejas Evangélicas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Martinópolis, Sua História e Sua Gente, autoria de José Carlos Daltozo, edição de 1999.

Referências

  1. «Distâncias entre a cidade de São Paulo e todas as cidades do interior paulista». Consultado em 27 de janeiro de 2011 
  2. IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 dez. 2010 
  3. «Censo Populacional 2010». Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de novembro de 2010. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  4. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  5. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 dez. 2010 
  6. «Municípios e Distritos do Estado de São Paulo» (PDF). IGC - Instituto Geográfico e Cartográfico 
  7. «Divisão Territorial do Brasil». IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
  8. «Relação do patrimônio da Empresa Telefônica Paulista incorporado pela Telesp» (PDF). Diário Oficial do Estado de São Paulo 
  9. «Telesp assume controle da Cia. Telefônica Rio Preto e da Empresa Telefônica Paulista». Acervo O Estado de São Paulo 
  10. «Área de atuação da Telesp em São Paulo». Página Oficial da Telesp (arquivada) 
  11. «Nossa História». Telefônica / VIVO 
  12. GASPARIN, Gabriela (12 de abril de 2012). «Telefônica conclui troca da marca por Vivo». G1 
  13. O termo "cristão" (em grego Χριστιανός, transl Christianós) foi usado pela primeira vez para se referir aos discípulos de Jesus Cristo na cidade de Antioquia (Atos cap. 11, vers. 26), por volta de 44 d.C., significando "seguidores de Cristo". O primeiro registro do uso do termo "cristianismo" (em grego Χριστιανισμός, Christianismós) foi feito por Inácio de Antioquia, por volta do ano 100. Tyndale Bible Dictionary, pp. 266, 828
  14. «Paróquias». Diocese Presidente Prudente. Consultado em 20 de novembro de 2023 
  15. «Assembleia de Deus - Lugar de gente feliz! - Endereços de nossas igrejas na região de Presidente Prudente». web.archive.org. 27 de maio de 2014. Consultado em 28 de março de 2021 
  16. «Campos Eclesiásticos». CONFRADESP. 10 de dezembro de 2018. Consultado em 28 de março de 2021 
  17. «Localidade - Congregação Cristã no Brasil». congregacaocristanobrasil.org.br. Consultado em 20 de novembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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