Mike El Nite

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Mike El Nite
Informação geral
Nascimento 1989 (35 anos)
País Portugal
Ocupação(ões) rapper
Progenitores Pai: Joaquim Caixeiro
Editora(s) ASTROrecords, NOS Discos, Think Music
Afiliação(ões) David & Miguel, Profjam, David Bruno, Ana Malhoa, Benji Price, Rita Vian, Da Chick, João Não & Lil Noon

Miguel Caixeiro (n. 1989), mais conhecido pelo seu nome artístico Mike El Nite, é um rapper e músico português. Lançou o seu primeiro single, "Mambo nº1", em 2013. Tem dois álbuns a solo, O Justiceiro (2016) e Inter-missão (2018). É metade da dupla David & Miguel, tendo lançado Palavras Cruzadas (2021) com este projecto.

Biografia[editar | editar código-fonte]

El Nite cresceu em Telheiras, a que se passou a referir como "Zona T, finest".[1][2][3] É filho do músico Joaquim Caixeiro, que se celebrizou na música popular portuguesa pelo seu trabalho enquanto Quinzinho de Portugal e, também, membro da Brigada Victor Jara.[1][4] Foi colega de escola de Rita Vian e de Da Chick.[5][1]

Aproximou-se do hip-hop ainda no ensino básico, começando por ouvir Eminem e o trio Mind Da Gap, deixando para trás as influências rock de bandas como System of a Down ou Limp Bizkit.[1][3] Quando frequentava o 10.º ano de escolaridade, gravou a sua primeira canção no estúdio de Agir, que morava no mesmo no bairro lisboeta.[3] No entanto, acabaria por se afastar do hip-hop por volta de 2006/2007, por sentir que não se identificava com uma certa postura mais violenta do movimento.[1][3] Paralelamente, no verão de 2006, ao assistir ao concerto de Daft Punk no festival Sudoeste, ficou fascinado com a música electrónica.[1] O impacto dessa experiência levou-o, até, a enveredar temporariamente por um caminho nesse género musical, fundando o projecto Refill (com Tiago Pereira) e trabalhando com Da Chick.[1][2] Entre as inspirações dessa altura, cita os franceses Justice e os alemães Modeselektor.[1][2]

O seu nome artístico é uma espécie de trocadilho com o termo nite (calão para cigarro, em Portugal) e uma referência ao protagonista da série televisiva Knight Rider (em Portugal, intitulada O Justiceiro).[4][6]

Carreira artística[editar | editar código-fonte]

O regresso ao hip-hop deu-se por inspiração dos Odd Future e de Tyler The Creator, cujo trabalho é apontado por Caixeiro como influência maior e empurrão para este novo salto.[1][2][6]

Ainda antes de se lançar na edição de registos de originais, testou as águas em 2012 com a mixtape Trocadalhos do Carilho, que carregou na sua página de Soundcloud.[2][4][7] No ano seguinte, o seu cartão-de-visita, "Mambo nº1", estreou no canal de YouTube do site Hip-Hop Sou Eu.[1] A canção era uma colaboração com um ProfJam ainda longe do estrelato, mas com quem partilhava o protagonismo na ASTROrecords.[1][7] O single serviu de apresentação ao EP Rusga Para Concerto em G Menor, o seu registo inaugural em nome próprio, lançado nesse ano.[1][2][8]

Em 2015, El Nite deixava antever o seu caminho rumo a sonoridades com referências a um imaginário cultivado durante a década de 1990, marcada pelo surgimento de canais de televisão privados em Portugal. Até no título, o EP Vaporetto Titano é uma referência às televendas dessa altura.[9][7][10]

A aguardada estreia nos álbuns de estúdio chegou no ano seguinte, com O Justiceiro.[7] Produzido por DWARF e editado pela NOS Discos, o disco voltava a mergulhar no pote de referências da cultura popular portuguesa da viragem do milénio, incluindo samples do genérico de Horizontes da Memória e de "Eu Sei, Tu És" (1998), dos Santamaria.[4] O disco foi bem recebido pela crítica e pelo público, culminando com um concerto no Super Bock Super Rock desse verão, tendo El Nite tocado na mesma noite de Kendrick Lamar.[5][11][12]

Influenciado por The Art of Slowing Down, de Slow J, e 10000 Anos entre Vénus e Marte, de José Cid, o segundo álbum de El Nite rompe com o ciclo de rap e trap mais purista que tinha produzido até então.[6][13] Inter-missão foi editado em 2018, com o selo da Think Music, incorporando influências de outros estilos, como o fado.[6][14] Apesar de contar apenas oito faixas, o disco tem uma extensa lista de convidados: Rita Vian, J-K, Sippinpurp, Finix MG e Catarina Boto.[14]Neste disco, Caixeiro explorou um lado mais intimista, partilhando experiências como desgosto amoroso e um acidente de bicicleta quase fatal.[5]

Colaborações com outros artistas[editar | editar código-fonte]

A face mais visível da veia colaborativa de El Nite está no álbum Palavras Cruzadas, que editou em 2021 enquanto parte do duo romântico David & Miguel, ao lado de David Bruno, mas o ciclo de sinergias com outros artistas nunca se esgotou.

Só em 2019, participou nos álbuns: Enza, de Throes & The Shine, em Miramar Confidencial, de David Bruno, e em Internet Club, de Ghostwavves.[15] No ano seguinte, assinou o single "Type R", tendo Benji Price e Ana Malhoa como artistas convidados.[15] O trio reuniu-se, mais uma vez, poucos meses depois em "Quem te dera", dessa feita com Malhoa a assumir o papel pricipal.[16] El Nite e Benji voltariam a trabalhar juntos no álbum de estreia de Price, Ígneo, editado pela Sony em 2022 - Caixeiro entrou em "Veni, Vidi, Vici".[17]

Colaborou com Pedro Mafama em "Calafrio"; a canção foi inicialmente apresentada no Super Bock Super Rock de 2019, mas só foi editada em 2020.[18] Em 2021, trabalhou com Rastronaut, produtor da Enchufada, em "Evian", uma canção saudosista das pistas de dança em tempos de pandemia de COVID-19.[19] Em 2023, marcou presença na lista de convidados de xtinto no seu álbum de estreia, Latência, tendo participado em "Iglu".[20]

Também entrou no EP Terra-Mãe de João Não e Lil Noon, juntando-se a Kenny Berg como convidado em "Danceteria Love".[21] Voltou ao estúdio com João Não e Lil Noon no álbum Se Eu Acordar, editado em 2023, entrando na canção "Purpurina".[22] Ambas as canções foram incluídas na banda sonora da nova vida da série juvenil Morangos com Açúcar.[23]

Discografia[editar | editar código-fonte]

Mixtapes e EP[editar | editar código-fonte]

  • Trocadalhos do Carilho (mixtape, 2012)
  • Rusga Para Concerto em G Menor (EP, 2013)
  • Vaporetto Titano (EP, 2015)

Álbuns[editar | editar código-fonte]

Em colaboração com David Bruno:[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i j k l Lopes, Mário (11 de junho de 2015). «Mike El Nite: o "rapper" que nasceu duas vezes». PÚBLICO. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  2. a b c d e f Mina, Nuno (11 de janeiro de 2018). «DISSECAÇÃO | MIKE EL NITE». Hip Hop Rádio. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  3. a b c d Martins, Bruno (10 de junho de 2015). «Mike El Nite: "Os rappers também são entertainers e às vezes é preciso uma piada para as pessoas perceberem"». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  4. a b c d SAPO. «Mike El Nite: Eu sei, tu és, o nosso Justiceiro». SAPO Mag. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  5. a b c Farinha, Ricardo. «Mike El Nite tem um novo álbum e banda desenhada — e nunca foi tão super-herói». NiT. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  6. a b c d Correia, Gonçalo. «Trap, fado, rap e pop à Kanye West: Mike El Nite fintou-nos a todos e inventou um campeonato só seu». Observador. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  7. a b c d Martins, Bruno (25 de abril de 2016). «Mike El Nite: "Com O Justiceiro quis fazer justiça ao trap e ao rap new school"». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  8. Oliveira, Gonçalo (25 de julho de 2018). «Mike El Nite no Samsung Galaxy Live: a justiça (musical) tem um nome». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  9. «Discos: "Vaporetto Titano" é o novo EP de Mike El Nite». glammagazine.blogs.sapo.pt. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  10. Abreu, Rui Miguel (18 de maio de 2015). «Hora da televenda: Mike El Nite estreia EP Vaporetto Titano». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  11. Ferreira, Amorim Abiassi (22 de abril de 2016). «O Justiceiro de Mike El Nite foi criado em minha casa». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  12. Ventura, Ana (24 de abril de 2016). «Mike El Nite edita álbum de estreia». M de Música. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  13. «Mikel El Nite: os heróis também têm carne, osso e coração». Antena 3. 2018. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  14. a b Abreu, Rui Miguel (20 de dezembro de 2018). «Mike El Nite // Inter-Missão». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  15. a b Team, ReB (27 de fevereiro de 2020). «À boleia de um "Type R" com Mike El Nite ao volante». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  16. Ribeiro, Alexandre (6 de novembro de 2020). «benji price sobre "Quem Te Dera": "O resultado sou eu e o Mike El Nite a canalizar a nossa 'Ana Malhoa interior'"». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  17. Team, ReB (18 de fevereiro de 2022). «Faixa-a-faixa: ígneo de benji price explicado pelo próprio». Rimas e Batidas. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  18. Team, ReB (16 de outubro de 2020). «Mike El Nite sobre "Calafrio": "O tema tem algo de mau presságio. Devia ter ido para cartomante"». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  19. Team, ReB (5 de março de 2021). «Mike El Nite sobre "Evian": "Tentei escrever algo que manifestasse esta saudade de dançar no club"». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  20. Team, ReB (10 de fevereiro de 2023). «Faixa-a-faixa: Latência de xtinto explicado pelo próprio». Rimas e Batidas. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  21. Ribeiro, Alexandre (29 de abril de 2021). «João Não & Lil Noon, Terra-Mãe e o "conceito de não encaixar em nenhum sítio"». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  22. Farinha, Ricardo (22 de maio de 2023). «Se Eu Acordar: João Não & Lil Noon e a nova música romântica portuguesa». Rimas e Batidas. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  23. ««Morangos com Açúcar»: Estas são as músicas que te vão ficar no ouvido». Morangos com Açúcar. Consultado em 9 de novembro de 2023