Sete de Setembro (couraçado)

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Sete de Setembro
Sete de Setembro (couraçado)
O encouraçado Sete de Setembro
 Brasil
Operador Armada Imperial Brasileira
Marinha do Brasil
Fabricante Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
Homônimo Dia da Independência do Brasil
Data de encomenda 1866
Construção 1868-1874
Batimento de quilha 8 de janeiro de 1868
Lançamento 16 de maio de 1874
Comissionamento 4 de julho de 1874
Descomissionamento 1885
Número de registro 3
Estado Desmontado em 1897
Destino 16 de dezembro de 1893
Características gerais
Tipo de navio Encouraçado
Deslocamento 2 174 t (2 170 000 kg)
Comprimento 73,4 m (241 ft)
Boca 14,2 m (46,6 ft)
Calado 3,81 m (12,5 ft)
Propulsão 2 motores a vapor
2 hélices
4 caldeiras
Velocidade 12 nós (22 km/h)
Armamento 4 canhões Withworth de 9 polegadas (229 mm)
5 metralhadoras[1]
Blindagem Cinta blindada de 114 milímetros
Casamata de 114 mílímetros
Convés 12,7 milímetros
Tripulação 185 homens e oficiais

O Sete de Setembro foi um navio de guerra do tipo couraçado operado pela Armada Imperial Brasileira e, por um curto período, pela Marinha do Brasil. O desenvolvimento do navio foi fruto de um dos períodos de maior construção naval no Brasil, sendo idealizado para combater na Guerra do Paraguai mas finalizado apenas em 1874, após o conflito. O atraso na sua construção foi ocasionado pela indecisão sobre o tipo de canhão que nele deveria ser instalado. Foi um navio de construção mista (madeira e ferro), tinha 73,4 metros de comprimento, 14,2 m de boca, 3,81 m de calado e deslocava 2 174 toneladas.

O couraçado foi incorporado à Esquadra de Evoluções, divisão da Armada composta dos melhores navios de guerra da época, com o objetivo de aperfeiçoar táticas navais e treinamento avançado. Porém, individualmente, o navio era de difícil manobrabilidade e, durante a Revolta da Armada, foi utilizado pelos rebeldes apenas como bateria flutuante. Foi abandonado em seguida, devido ao seu mal estado de conservação, e incendiado e afundado pelos legalistas. Em 1897, seu casco foi retirado do fundo do mar, na Baía de Guanabara, para que não impedisse a navegação na região.

Construção[editar | editar código-fonte]

Lançamento do couraçado Sete de Setembro em 1874 no Rio de Janeiro.

O couraçado Sete de Setembro foi construído no estaleiro do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, seguindo o projeto do capitão-tenente e engenheiro naval Napoleão Level, que era uma versão melhorada do cruzador Almirante Barroso. Parte do programa naval imperial de 1867, ele acabou sendo classificado como uma fragata blindada, segundo Gratz, ou couraçado, segundo fontes brasileiras. Quando terminado, recebeu o nome de Sete de Setembro em homenagem ao dia da Independência do Brasil, sendo o terceiro navio da armada imperial a ostentá-lo.[2][3][1]

Foi de construção mista, de madeira e ferro. A quilha foi batida no dia 8 de janeiro de 1868, em meio a Guerra do Paraguai, com a presença do Imperador D. Pedro II e do Duque de Saxe, mas somente foi lançado ao mar em 16 de maio de 1874, devido à indecisão sobre o tipo de armamento que deveria ter. Em seguida, passou por mostra de armamento e foi incorporado à Armada Imperial Brasileira em 4 de julho de 1874.[2][3]

Características[editar | editar código-fonte]

Antes do início da construção, conveses abertos foram adicionados à proa e à ré para melhorar sua navegabilidade e proteger seus cabrestantes à frente e à ré. O casco foi revestido com metal Muntz para reduzir a incrustação biológica e teve instalado um rostro de bronze de 2,4 metros de comprimento. Para passagens marítimas, a borda livre do navio poderia ser aumentada para 3,2 metros com o uso de baluartes removíveis de 1,1 metro de altura.[4] O navio media 73,4 metros de comprimento total e tinha boca de 14,2 metros e calado médio de 3,81 metros. O Sete de Setembro normalmente deslocava 2 174 toneladas métricas. Sua tripulação contava com 185 oficiais e praças.[5]

O navio de guerra tinha dois motores a vapor John Penn & Sons de dois cilindros, cada um com uma única hélice de 3,7 metros. Eram movidos por quatro caldeiras retangulares que produziam um total de dois mil hp indicados (1.500 kW), o que dava ao navio uma velocidade máxima de 12 nós (22 km/h). A chaminé foi montada no meio de sua casamata.[5] Possuía uma cinta blindada em ferro forjado na linha de água com 3,04 metros de altura e espessura máxima de 114 milímetros. O convés do navio e o teto da casamata foram protegidos com 12,7 milímetros de ferro forjado. A casamata tinha uma blindagem idêntica à do casco e ambas eram protegidas por escudo de madeira com 593 milímetros de espessura.[6]

Discutiu-se duas opções de armamentos para o navio. A primeira previa a instalação de seis canhões Whitworth de 150 libras, com carregamento por cano, montados em uma casamata central com outros canhões girando para atirar para frente ou para trás. A outra opção era a instalação de duas torres de canhão, com cada torre tendo um par de canhões Whitworth de 300 libras. Em um primeiro momento, decidiu-se instalar uma casamata armada com quatro canhões Whitworth de 300 libras em suportes de pivô nos cantos. Uma nova controvérsia surgiu, entretanto, sobre a escolha das armas Whitworth, já que a Marinha preferia as armas Armstrong. Após um debate de vários anos, que atrasou a conclusão do navio, foi escolhido o canhão Withworth.[3] O pelouro de nove polegadas (229 mm) do canhão Whitworth pesava aproximadamente 300 libras (136,1 kg), enquanto o próprio canhão pesava 18 toneladas.[7]

História[editar | editar código-fonte]

Em um período de aproximadamente 150 anos no Brasil, entre o século XIX e o século XX, o país teve alguns "surtos" de construção de navios, a começar pelo primeiro, à época da Guerra do Paraguai, no qual o império preocupou-se em compor sua frota para lutar no conflito.[8] Foi neste período, em 1866, que foi autorizada a construção do couraçado Sete de Setembro.[9] A construção deste navio teve mais erros do que acertos, da parte da Armada, pois era extremamente difícil de manobrar e acabou por se tornar uma bateria flutuante nas mãos dos rebeldes da Revolta da Armada, anos depois.[10]

Por aviso de 12 de agosto de 1876, foi posto em reserva; e, por outro, de 22 de junho de 1877, voltou à ativa. No início da década de 1880, o Sete de Setembro permaneceu estacionado em Montevidéu até retornar ao Rio de Janeiro em 1884. Em 19 de agosto do mesmo ano, pelo Aviso nº 1541-A, foi criada a Esquadra de Evoluções, o núcleo mais moderno da armada em propulsão, artilharia e torpedos, que ficou sob o comando do chefe de esquadra Artur Silveira de Motta. O Sete de Setembro tornou-se, assim, um dos dezesseis navios da esquadra (os encouraçados Riachuelo, Solimões e Javary; os cruzadores híbridos Guanabara e Almirante Barroso; as corvetas oceânicas Trajano, Barroso e Primeiro de Março; as torpedeiras de 1ª Classe (50 t) 1, 2, 3, 4 e 5 e as torpedeiras de 4ª Classe (50 t) Alfa, Beta e Gama), ainda que tivesse sido reclassificado em 1879 como bateria flutuante devido à fraca blindagem que tinha. O objetivo desta divisão era o aperfeiçoamento das táticas de batalha e treinamento avançado, além de exibir o poder naval brasileiro. Neste período, a Marinha chegou a ser a quinta maior do mundo.[11][12]

Em 27 de novembro de 1885, o couraçado Sete de Setembro foi incorporado à Divisão de Encouraçados e, no dia seguinte, recebeu o distintivo numérico de 3. Após algumas comissões, o navio voltou a ser posto na reserva no mesmo ano, passando por obras. Até 1893 o navio ainda continuava na reserva, quando ocorreu a Revolta da Armada. No início da revolta, o couraçado foi ocupado pelos rebeldes e serviu como destaque de munição removido do arsenal da Ponta da Armação. Porém, devido ao seu mal estado de conservação, os revoltosos abandonaram-no encalhado entre Niterói e a Ponta da Armação. Em 16 de dezembro de 1893, as tropas leais a Floriano Peixoto conseguiram reocupar o navio, mas saquearam-no e incendiaram-no próximo ao porto do Rio de Janeiro e isso levou-o a pique. Quatro anos mais tarde, devido aos riscos à navegação que seus restos apresentavam, seu casco foi retirado do fundo da Baía de Guanabara.[13][14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

Referências

  1. a b Poder naval.
  2. a b Marinha do Brasil, p. 1.
  3. a b c Gratz 1999, pp. 159, 160.
  4. Gratz 1999, pp. 157, 159.
  5. a b Gratz 1999, p. 162.
  6. Gratz 1999, p. 159.
  7. Koleśnik et al. 1979, p. 406.
  8. Martini 2014, pp. 10-11.
  9. Martini 2014, p. 137.
  10. Val 2015, p. 54.
  11. Val 2020.
  12. Gratz 1999, pp. 159, 161-162.
  13. Marinha do Brasil, p. 2.
  14. Naufrágios do Brasil.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • Davis, William H. (1977). «Question 1/77». Warship International. XIV (2): 161–172. ISSN 0043-0374 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]