Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim

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Área de Proteção Ambiental Anhatomirim
Categoria V da IUCN (Paisagem/Costa Protegida)
Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim
Grupo de golfinhos da espécie Sotalia guianensis
Localização SC, Brasil
Dados
Área 3 000 ha
Criação 20 de maio de 1992
Gestão ICMBio
Coordenadas 27° 25' 23" S 48° 36' 18" O
Área de Proteção Ambiental Anhatomirim está localizado em: Brasil
Área de Proteção Ambiental Anhatomirim

A Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim é uma unidade de conservação brasileira de uso sustentável da natureza localizada no município catarinense de Governador Celso Ramos.[1][2] Protege uma importante biodiversidade e recursos naturais da região[1][3][4].

Histórico[editar | editar código-fonte]

A Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim (APA de Anhatomirim) foi criada pelo Decreto nº 528, de 20 de maio de 1992[5] e seu nome se refere à Ilha de Anhatomirim, localizada dentro da APA[3]. A solicitação de criação da unidade, segundo o Ibama, partiu do ambientalista André Freysleben[3].

Objetiva assegurar a proteção da população residente de golfinhos da espécie Sotalia guianensis, a sua área de alimentação e reprodução, bem como de remanescentes da floresta pluvial Atlântica e fontes hídricas (nascentes localizadas na chamada Serra da Armação) de relevante interesse para a sobrevivência das comunidades de pescadores artesanais da região.[1][5]

No ano de 2010 a importância da APA de Anhatomirim barrou a construção de um mega-empreendimento na região, o Estaleiro OSX, do empresário Eike Batista[4][6], cuja implantação encontrava-se na época em fase de licenciamento ambiental e ocasionaria diversos impactos ambientais negativos se construído.[7]


Em 2013 a APA ganhou finalmente seu Plano de Manejo, documento legal construído com participação da comunidade e que definiu o zoneamento e regras de utilização da área[1].

Biodiversidade[editar | editar código-fonte]

Sotalia guianensis, golfinho símbolo da APA de Anhatomirim.

Golfinhos e outros mamíferos marinhos[editar | editar código-fonte]

O animal de maior proteção nesta Unidade Conservação é golfinho da espécie Sotalia guianensis (antes dos anos 2000 denominada uma subespécie de Sotalia fluviatilis), também conhecidos popularmente como boto-cinza ou boto-da-manjuba[3]. Na área da APA vivem de forma permanente de 50 a 100 indivíduos destes golfinhos, conforme documento de 2013 [1]. Em média, medem 1,5 metros de comprimento e 42 quilos, e se alimentam de espécies de peixes também pescadas por pescadores [3].

Além do boto-cinza, também ocorrem a presença de outras espécies de golfinhos e mamíferos marinhos, como o boto-preto ou boto-da-tainha (Tursiops truncatus), que ocorre na área sozinho ou em grupos de apenas 3 a 10 animais, além da toninha (Pontoporia blainvillei) e muito raramente o golfinho-pintado-do-Atlântico (Stenella frontalis)[1]. A baleia-franca também pode ser avistada na área em certos ocasiões[1].

Peixes, moluscos e crustáceos[editar | editar código-fonte]

Na área ocorrem diversas espécies de frutos do mar, que servem como fonte de renda e alimentação para a população da região, cuja economia é em boa parte baseada historicamente na pesca destes recursos marinhos[3]. Entre eles podemos destacar o  camarão-branco (Litopenaeus  schimtti), a corvina (Micropogonias  furnieri), a tanhota (Mugil curema), a tainha (Mugil liza), entre muitas outras espécies[3]. Também pode-se destacar a coleta de moluscos como o berbigão (Anomalocardia brasiliana) e o marisco ou mexilhão (Perna perna), além de siris (Callinectes  sapidus e Callinectes  danae)[3]. No entanto, cabe-se destacar que muitos destes recursos marinhos encontram-se reduzindo cada vez mais suas populações ao longo dos anos[3].

Mamíferos terrestres[editar | editar código-fonte]

São mamíferos presentes na APA a capivara, lontra, mão-pelada ou guaxinim, cachorro-do-mato, tatu-galinha e gambá-de-orelha-preta [3].

Aves[editar | editar código-fonte]

Também ocorrem da APA ou na região próxima dela, aves consideradas raras para o Brasil[3], como Flamingo-dos-Andes, registrado principalmente durante o inverno na localidade do Canto dos Ganchos, em frente à foz do Rio Inferninho, e região do estuário do Rio Tijucas.[8]

Panorâmica da APA de Anhatomirim: área marinha e área florestal, da Serra da Armação.

Delimitação da área[editar | editar código-fonte]

Com uma área de 3 000 ha, inicia-se na foz do Rio Pequeno ou das Areias, junto à Praia do Tijuquinhas, seguindo em direção Norte pela estrada que liga a Praia Tijuquinhas ao povoado de Areias Segunda, deste ponto, segue pela Rodovia Estadual SC-409 em direção NE até o local em que a mesma cruza o Rio Antônio Mafra, deste ponto, segue o curso do Rio Antônio Mafra até sua foz na praia da Armação da Piedade; deste ponto, segue em direção NE, acompanhando o limite dos terrenos de marinha até a Ponta do Mata-Mata; deste ponto, segue numa linha reta em direção Sul até a distância de uma milha marítima da costa; deste ponto, o limite acompanha a distância de uma milha marítima da costa, rumo geral Sudoeste, até encontrar a Baía de São Miguel; deste ponto, segue numa linha reta em direção Norte, até encontrar o seu início na foz do rio Pequeno/das Areias, onde o perímetro da área protegida é fechado.[5]

Referências

  1. a b c d e f g ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, MMA - Ministério do Meio Ambiente, Governo Federal Brasileiro (2013). «Plano de Manejo da APA de Anhatomirim - Encarte 1 - Contextualização» (PDF). Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 18 de abril de 2019 
  2. Área de proteção ambiental Anhatomirim. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação do Ministério do Meio Ambiente. Página visitada em 23 de dezembro de 2011.
  3. a b c d e f g h i j k ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, MMA - Ministério do Meio Ambiente, Governo Federal Brasileiro (2013). «Plano de Manejo da APA de Anhatomirim - Encarte 2 - Diagnóstico »(PDF). Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 18 de abril de 2019
  4. a b Martins, Daniel Ganzarolli, (2015). «Um educador-navegante em mares gancheiros: encontros entre etnoecologia e educação ambiental na APA do Anhatomirim» (PDF). Tese de Conclusão de Curso de Ciências Biológicas da FSC. Consultado em 18 de abril de 2018 
  5. a b c «DECRETO No 528, DE 20 DE MAIO DE 1992». Presidência da República - Casa Civil- Subchefia para Assuntos Jurídicos. 20 de maio de 1992. Consultado em 23 de dezembro de 2011 
  6. «DOSSIÊ AMBIENTAL CONTRA A OSX E SEU ESTALEIRO EM BIGUAÇU – SC». #blog Coletivo UC da Ilha. Consultado em 23 de dezembro de 2011 [ligação inativa]
  7. «APA de Anhatomirim». #blog Coletivo UC da Ilha. Consultado em 23 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 30 de abril de 2011 
  8. Ghizoni-Jr., I.R. & V.Q. Piacentini (2010). The Andean Flamingo Phoenicoparrus andinus (Philippi, 1854) in southern Brazil: is it a vagrant? Revista Brasileira de Ornitologia 18(3): 263-266. Acesso em 18/04/2018.
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