Floresta Nacional de Caçador

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Floresta Nacional de Caçador
Categoria VI da IUCN (Área Protegida de Manejo de Recursos)
Floresta Nacional de Caçador
Floresta Nacional de Caçador, vista desde a SC-451 em Taquara Verde.
Localização
País  Brasil
Estado Santa Catarina
Mesorregião Oeste Catarinense
Microrregião Joaçaba
Localidade mais próxima Taquara Verde
Dados
Área 706,54 ha[1]
Criação 1954
Gestão ICMBio[1][2]
Coordenadas 26° 45' 59" S 51° 12' 45" O
Floresta Nacional de Caçador está localizado em: Brasil
Floresta Nacional de Caçador

A floresta nacional de Caçador é uma unidade de conservação brasileira de uso sustentável da natureza localizada no km 26 da rodovia SC 451, distrito municipal de Taquara Verde, em Caçador, Santa Catarina.[1][2][3]

Com 270 ha de Araucaria angustifolia plantada,[4] a floresta nacional de Caçador possui a maior área contínua de reflorestamento desta espécie do mundo. Desta maneira, contribui significativamente para a preservação desta espécie única, símbolo de toda a região e que, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), encontra-se em perigo crítico de extinção.[5]

A floresta, que é aberta à visitação pública, conta com infraestrutura de apoio ao visitante, composta de um grande quiosque, campo de futebol, trilhas ecológicas e uma casa.[6]

Histórico[editar | editar código-fonte]

Em 1954 foi criado o Parque Florestal de Caçador em uma área de 710 ha, doada pela prefeitura do município ao antigo Instituto Nacional do Pinho (INP).[4] O parque, após a extinção do INP em 1967, ficou sob a responsabilidade do antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). O parque foi elevado à categoria de floresta nacional 25 de setembro de 1968, passsando assim a ser denominado de Floresta Nacional de Caçador.[7]

Com a extinção do IBDF pela Lei Nº 7.732, de 14 de fevereiro de 1989, a floresta foi transferida à Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) e, posteriormente, para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), de acordo com a Lei Nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Em 2005, a Floresta ainda era administrada pelo IBAMA e sua situação fundiária estava completamente resolvida.[4]

Em 2008, um grupo de trabalho do Ministério do Meio Ambiente (MMA) propôs o "rebaixamento" da floresta nacional de Caçador, junto às de Ipanema, Restinga do Cabedelo e Jamanxim, por não serem autossustentáveis e não atenderem outros requisitos.[8][9] Contudo, a floresta nacional de Caçador, com 708 ha, constava do Plano Anual de Outorga Florestal de 2009, conforme a Portaria Nº 25, de 4 de agosto de 2008, do Serviço Florestal Brasileiro.[10]

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),[1][2] ao qual cabe atualmente a gestão da unidade Caçador, excluiu dez florestas nacionais do processo de concessão do Plano Anual de Outorga Florestal de 2011, dentre elas a de Caçador.[11] Em dezembro de 2011 a floresta não tinha um Plano de Manejo e encontrava-se sem um Conselho Gestor,[1] apesar de recomendação neste sentido encaminhada pela Procuradoria da República em Santa Catarina ao ICMBio ainda em 2009.[12]

Caracterização da área[editar | editar código-fonte]

Mapa da FLONA de Caçador.
Plantação de araucárias.

A floresta nacional de Caçador (FLONA de Caçador), com uma área de 706,54 ha,[1] é uma unidade de conservação de uso múltiplo sustentável, cujos objetivos são a preservação da natureza e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. Contudo, apenas 0,01% da área da floresta é formada por mata nativa.[4]

Flora[editar | editar código-fonte]

A FLONA de Caçador está inserida no bioma da Mata Atlântica. A vegetação original era a de Floresta Ombrófila Mista, dominada pelas araucárias, sob as quais encontravam-se bosques compostos por, entre outras espécies, imbuias, canelas-pretas, cerejeiras e erva-mate.[13] Atualmente, dos reflorestamentos que compõe a FLONA Caçador, aproximadamente 38% (270 ha) são de araucária plantada, 35,1% (250 ha) de pinus elliottii e cerca de 3% (21 ha) de um misto de ambas as espécies. Apenas 0,01% da área da floresta é coberta por mata nativa (que inclui algumas araucárias). Outros 16,4% (116,45 ha) são de aceiros, havendo 2,067 ha (0,03%) de açudes.[4]

Topografia[editar | editar código-fonte]

O relevo é ondulado, com rios ao longo de vales em "V" e colinas alongadas e bem esculpidas. A floresta está a cerca de 1 100 m de altitude.[3]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

A unidade não possui um sistema de torres de observação nem um sistema de comunicação. Apenas o escritório regional do IBAMA, localizado na sede do município, está equipado para receber e fornecer informações sobre a mesma. A floresta é cortada pela rodovia estadual SC 451. Dividida em 32 talhões, possui diversos pontos de captação de água e estradas internas em boas condições de uso.[4]

Ameaças[editar | editar código-fonte]

Resquício de mata nativa no interior da floresta.

Menos de 1% da área da FLONA de Caçador é de mata nativa e há a dispersão descontrolada de pinus elliottii na região, sendo que a floresta abriga mais de 250 ha de reflorestamentos desta espécie.[4] Em 2009, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou o corte das espécies exóticas passíveis de aproveitamento econômico, que estivessem causando danos ambientais ou impedindo a regeneração da mata nativa.[12] A intenção do MPF é de que sejam preservadas as espécies nativas, em substituição às espécies exóticas. Por apresentar uma grande área coberta com espécies exóticas, a FLONA de Caçador estaria em desacordo com a Lei n. 9.985/2000, segundo a qual Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas.[1][12]

Visitação[editar | editar código-fonte]

A floresta é aberta à visitação pública.[1] O visitante encontrará um grande quiosque, campo de futebol, trilhas ecológicas e uma casa, que poderá utilizar.[6]

Referências

  1. a b c d e f g h Floresta Nacional de Caçador. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação do Ministério do Meio Ambiente. Página visitada em 25 de dezembro de 2011.
  2. a b c «Flona de Caçador». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 25 de dezembro de 2011 
  3. a b Floresta Nacional de Caçador. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação do Ministério do Meio Ambiente (Relatório Completo). Página visitada em 29 de abril de 2013.
  4. a b c d e f g «Plano Operativo de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais da Floresta Nacional de Caçador (Santa Catarina)». Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Março de 2005. Consultado em 17 de dezembro de 2011 
  5. Farjon, A. (2006). Araucaria angustifolia (em inglês). IUCN {{{anoIUCN1}}}. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. {{{anoIUCN1}}}. Página visitada em 22 de novembro de 2012..
  6. a b Adriano Ribeiro (14 de julho de 2004). «Madeira alimenta o turismo em Caçador». A Notícia. Consultado em 17 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  7. «Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Portaria N.° 560» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 25 de outubro de 1968. Consultado em 17 de dezembro de 2011 
  8. José Maria Tomazela (31 de dezembro de 2008). «Proteção a 4 florestas pode ser suspensa». Estado de São Paulo. Consultado em 17 de dezembro de 2011 
  9. «Floresta Nacional de Caçador pode perder status de reserva protegida por lei». Diário Catarinense. 1 de janeiro de 2009. Consultado em 17 de dezembro de 2011 
  10. «Serviço Florestal Brasileiro - Portaria N.° 25 de 4 de agosto de 2008» (PDF). Ministério Público Federal. 6 de agosto de 2008. Consultado em 19 de dezembro de 2011 
  11. «PLANO ANUAL DE OUTORGA FLORESTAL 2011» (PDF). Ministério do Meio Ambiente. 30 de julho de 2010. Consultado em 26 de dezembro de 2011 
  12. a b c «MPF encaminha Recomendação ao coordenador regional do ICMBio (Caçador)». Ministério Público Federal - Procuradoria da República em Santa Catarina. 1 de dezembro de 2009. Consultado em 25 de dezembro de 2011 
  13. «Floresta Nacional de Caçador». Via Rural. Consultado em 17 de dezembro de 2011