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Aimé Césaire

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Aimé Césaire
Aimé Césaire
Aimé Césaire em 2003
Nascimento 26 de junho de 1913
Basse-Pointe, Martinica
Morte 17 de Abril de 2008
Fort-de-France, Martinica
Nacionalidade francês
Cidadania França
Cônjuge Suzanne Césaire
Filho(a)(s) Ina Césaire
Alma mater
Ocupação Poeta
Distinções
  • Grande Prêmio Nacional de Poesia
  • Prêmio América de Literatura (1994)
  • Prêmio Internacional Viareggio-Versilia (1968)
Obras destacadas Discurso sobre o colonialismo
Movimento estético Negritude

Aimé Fernand David Césaire (Basse-Pointe, 26 de junho de 1913Fort-de-France, 17 de abril de 2008) foi um poeta, dramaturgo, ensaísta e político da negritude.

Além de ser um dos mais importantes poetas surrealistas no mundo inteiro, inclusive no dizer do líder deste movimento, André Breton, Aimé Césaire foi, juntamente com Presidente do Senegal, Léopold Sédar Senghor, o ideólogo do conceito de negritude, sendo a sua obra marcada pela defesa de suas raízes africanas.

Filho de um pequeno funcionário e uma costureira, tendo sido um estudante brilhante na Martinica, departamento ultramarino insular francês no Caribe, Césaire conquistou uma bolsa de estudos no Liceu Louis Le Grand, em Paris. Estudante em Paris, junto a outros estudantes, entre ele Léopold Sédar Senghor, funda o jornal L'Étudiant noir " (O Estudante negro), no ano de 1934. Nas páginas deste jornal aparece pela primeira vez o conceito de "negritude", formulando dentro da própria França uma crítica à opressão cultural do sistema colonial francês, não sendo propriamente um projeto político.[1]

Já tendo iniciado a produção da sua obra "Cahier d'un Retour au Pays Natal", casa-se em 1937 e regressa à Martinica em 1939, onde leciona na área de Letras, na escola qual se formou. Na Martinica funda a revista "Tropiques", com um projeto de reapropriação do patrimônio cultural martiniquês.

Tendo Breton passado pela Martinica durante a II Grande Guerra, conhece a poesia, fica fascinado com a poesia de Césaire, e prefacia o livro "Les Armes Miraculeuses" (As Armas Miraculosas) de 1941.

Unido agora ao Surrealismo, Césaire viaja ao Haiti como adido cultural, e sua estada lá passará a marcar sua obra, inspirando-se no único país que conquistou a sua independência através de uma revolução feita por escravos negros.

Grafitti em homenagem a Aimé Césaire, no skatepark de Royan

Retornando à Martinica, embora o centro de sua vida fosse, então, a vida literária, foi pressionado pelas lideranças comunistas, que viam nele um símbolo. A partir daí, foi presidente da câmara (prefeito) de Fort-de-France e deputado, entre 1945 e 2001 e fundador de um partido chamado "progressista", decidido a instaurar a autonomia e um socialismo independente na Martinica, contrário ao comunismo tendente ao colonialismo de Stálin.[1]

Em 1946, o político Césaire seria o relator da lei que elevava à categoria de Departamentos Franceses várias das suas colônias ultramarinas.

Em 1950, funda, em Paris, a revista Presence Africaine (Presença Africana), onde publica Discurso sobre o colonialismo, tecendo uma dura crítica ao colonialismo e ao racismo europeu, comparando-os ao nazismo, e conclamando os intelectuais europeus a se manifestarem sobre o assunto.

Sempre próxima do Surrealismo, embora mais precisa e concisa, portanto mais racional na construção do texto, a partir de um dado momento, a obra de Césaire era considerada por ele próprio mais influenciada por Rimbaud e Lautréamont, precursores do Surrealismo, além de Mallarmé e a poesia negra dos EUA.[2]

Sua obra foi traduzida para várias línguas como o inglês, o alemão, o espanhol, etc, sendo sua obra reconhecida através de vários colóquios organizados no mundo inteiro.

Obras completas

  • Œuvres complètes (três volumes), Fort-de-France, 1976.

Poesia

  • Cahier d'un retour au pays natal, Paris, 1939
  • Les Armes miraculeuses 1946
  • Soleil cou coupé 1947
  • Corps perdu (desenhos de Picasso), Paris, 1950
  • Ferrements, Paris, 1960
  • Cadastre, Paris, 1961
  • Moi, laminaire, Paris, 1982
  • La Poésie, Paris, 1994

Teatro

  • Et les chiens se taisaient, Paris, 1958
  • La Tragédie du roi Christophe, París, 1963
  • Une saison au Congo, París, 1966
  • Une tempête, d'après 'La Tempête de William Shakespeare: adaptation pour un théâtre nègre), París, 1969

Ensaios

História

  • Toussaint Louverture, La révolution Française et le problème colonial, París, 1962

Áudio

  • Aimé Césaire, Paris, "Les Voix de l'écriture", 1994
  • 1976: Martinique, Aimé Césaire, un homme une terre (52mn — documentário de Sarah Maldoror escrito por Michel Leiris), CRS, “Les amphis de la cinquième”
  • 1986: Miami, Martinique, Aimé Césaire, le masque des mots (52mn — documentário de Sarah Maldoror)
  • 1994: Aimé Césaire, une voix pour l'histoire (quatro partes), de Euzhan Palcy

Referências

  • CAILLER, Bernadette. Proposition poétique: une lecture de l'œuvre d'Aimé Césaire, Sherbrooke (Québec), 1976.
  • CARPENTIER, Gilles. Scandale de bronze: lettre à Aimé Césaire, París, 1994.
  • CONFIANT, Raphaël. Aimé Césaire. Une traversée paradoxale du siècle, Paris, 1994.
  • DELAS, Daniel. Portrait littéraire, Paris, 1991.
  • HALE, Thomas A. Les écrits d'Aimé Césaire, Bibliographie commentée, en “Etudes françaises”, t. XIV, n° 3-4, Montréal, 1978.
  • HENANE, René. Aimé Césaire, le chant blessé: biologie et poétique, Paris, 2000.
  • HOUNTONDJI, Victor M. Le Cahier d'Aimé Césaire. Eléments littéraires et facteurs de révolution, Paris, 1993.
  • KESTELOOT, Lilyan. Aimé Césaire, París, 1979.
  • LEBRUN, Annie. Pour Aimé Césaire, París, 1994.
  • LEINER, Jacqueline. Aimé Césaire: le terreau primordial, Tübingen, 1993.
  • LOUIS, Patrice. Aimé Césaire. Rencontre avec un nègre fondamental, París, 2004.
  • MALELA, Buata B., Les écrivains afro-antillais à Paris (1920-1960). Stratégies et postures identitaires, Paris, Karthala, coll. Lettres du Sud, 2008.
  • MALELA, Buata B., Aimé Césaire. Le fil et la trame: critique et figuration de la colonialité du pouvoir, Paris, Anibwe, 2009.
  • MBOM, Clément. Le Théâtre d'Aimé Césaire ou La primauté de l'universalité humaine, Paris, 1979.
  • MOTOUSSAM, Ernest. Aimé Césaire: député à l'Assemblée nationale, 1945-1993, Paris 1993.
  • NGAL, Georges. Aimé Césaire, un homme à la recherche d'une patrie, Paris, 1994.
  • NNE ONYEOZIRI, Gloria. La Parole poétique d'Aimé Césaire: essai de sémantique littéraire, Paris, 1992.
  • OWUSU-SARPONG, Albert. Le Temps historique dans l'œuvre théâtrale d'Aimé Césaire, Sherbrooke (Québec), 1986.
  • SONGOLO, Aliko. Aimé Césaire: une poétique de la découverte, Paris, 1985.
  • TOUMSON, Roger e HENRY-VALMORE, Simonne. Aimé Césaire, le nègre inconsolé, Paris, 1994.
  • TOWA, Marcien. Poésie de la négritude: approche structuraliste, Sherbrooke (Québec), 1983.
  • TSHITENGE Lubabu Muitibile K. (editor). Césaire et Nous. Une rencontre entre l'Afrique et les Amériques au XXIe Siècle , Bamako, 2004.
  • Centre césairien d'études et de recherches. Aimé Césaire. Une pensée pour le XXIe S. , Paris, 2003.
  • Aimé Césaire ou l'Athanor d'un alchimiste: Atas do primeiro encontro internacional sobre a obra literária de Aimé Césaire, Paris, 21-23 de novembro de 1985, Paris, 1987.
  • Aimé Césaire, n° especial 832-833, Paris, 1998.
  • Césaire 70, trabalhos reunidos e apresentados por Mbwil a Mpaang e Martin Steins, París, 2004.
  • LEINER, Jacqueline (editor). Soleil éclaté: mélanges offerts à Aimé Césaire à l'occasion de son soixante-dixième anniversaire, Tübingen, 1985.
  • THEBIA-MELSAN, Annick e LAMOUREUX, Gérard (editores). Aimé Césaire, pour regarder le siècle en face, París, 2000.
  • TOUMSO, Roger e LEIER, Jacqueline (editor). Aimé Césaire, du singulier à l'universel (Atas do encontro internacional de Fort-de-France, 28-30 de junho de 1993), n° especial de ”Œuvres et Critiques”, 1994.
  • Cathier Dun Retour au Pays - Natal Diário de um Retorno ao País Natal. Autor: Aime de Cesaire Editora: EDUSP ISBN: 8531413559

Ligações externas

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