Alcebíades Delamare

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Alcebíades Delamare
Nome completo Alcebíades Delamare Nogueira da Gama
Nascimento 14 de outubro de 1888
São Paulo, São Paulo, Brasil
Morte 2 de setembro de 1951 (62 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Ocupação jurista, professor universitário, jornalista, economista, político

Alcebíades Delamare Nogueira da Gama (São Paulo, 14 de outubro de 1888Rio de Janeiro, 2 de setembro de 1951) foi um advogado, jornalista, político, ensaísta, conferencista, biógrafo, crítico, economista e professor brasileiro.

Era considerado um dos mais ardorosos líderes da causa católica no Brasil. Foi um dos maiores incentivadores e organizadores da construção do Cristo Redentor: em sua casa se desenhou e se colocou em execução o projeto de construção do monumento. Por isso, foi o orador oficial da sua inauguração.[1]

Monarquista e relacionado com a família imperial brasileira, foi padrinho de crisma de D. Luís Gastão de Orléans e Bragança, filho primogênito de D. Pedro Henrique de Orléans e Bragança e Chefe da Casa do Imperial do Brasil.

Teve numerosas obras publicadas, sobre catolicismo, integralismo, monarquia, história geral e do Brasil, biografias, e outras, assinando muitas vezes como Alcebíades Delamare, ou apenas como Alcebíades ou Alcibíades.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de Lamartine Delamare Nogueira da Gama (Barbacena, Minas Gerais, 1862), e de Flávia Chaves Ribeiro (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 1862). Foi seu pai homem de letras e conhecido educador, proprietário e diretor do "Ginásio Nogueira da Gama" em Jacareí, São Paulo. Foram seus avós, Francisco Antonio Nogueira da Gama e Inácia de Mello Alves. Foi seu tataravô, Francisco de Paula Nogueira da Gama, irmão do marquês de Baependi, Manoel Jacinto Nogueira da Gama.

Formou-se Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1910, tendo sido Presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto no mesmo ano. Doutor em direito pela Universidade do Rio de Janeiro (1917). Tinha renomado escritório de advocacia na cidade do Rio de Janeiro.

Casou-se em 1º de junho de 1914, com Marina de Queirós Aranha,[2] nascida em São Paulo, em 27 de setembro de 1893, sendo filha do jurista e cafeicultor José de Queirós Aranha,[3] Cavaleiro fidalgo da casa imperial, e filho de Manuel Carlos Aranha,[4] barão de Anhumas, e de Maria Egídio de Souza Aranha,[5] filha do tenente coronel José Egídio de Sousa Aranha,[6] neta de Maria Luzia de Souza Aranha,[7] Viscondessa de Campinas.

Foi um dos líderes do movimento encabeçado por Jackson de Figueiredo, no Centro Dom Vital. Além disso, foi um dos chefes mais importantes da Ação Social Nacionalista, grupo nacionalista católico, liderado por Jackson de Figueiredo e Conde de Afonso Celso.[8] Mais tarde, encabeçou o movimento dos Grêmios Nacionalistas, agindo em escolas de todo o Brasil.[9]

Grande amigo de Epitácio Pessoa, foi seu Secretário de Governo durante todo o mandato. Viria a escrever um livro, ainda inédito, a seu respeito.[10]

Participou da inauguração oficial do Monumento ao Cristo Redentor, do qual foi um dos principais incentivadores e organizadores, na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, quando na ocasião proferiram breves palavras Dom João Braga, Arcebispo de Curitiba, Dom José Pereira Alves, Bispo de Niterói, Cônego Dr. Henrique Magalhães, e Alcebíades.

A partir de 1930, Alcebíades Delamare foi professor de Direito Administrativo, Ciências Financeiras e Economia Política da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro). Também lecionou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Universidade Santa Úrsula.[11]

Pertenceu à Ação Imperial Patrianovista Brasileira, organização católica e monarquista. No entanto, em prefácio ao livro Introdução ao Integralismo, de 1936, já dava sinais de sua guinada ao Integralismo, confessando sua "sincera e entusiástica solidariedade pessoal" e "tão compenetrado" da ideia de que o Estado Integralista seria a "alvorada do advento" de um Estado Patrianovista.[12]

Pouco depois, tornou-se um dos membros mais ativos e convictos da Ação Integralista Brasileira, onde trabalhou na defesa jurídica e na ponte com a Liga Eleitoral Católica.[13] Defendia que o Integralismo traria ao Brasil a "Idade Nova", sendo o "setor mais perigoso da luta pela defesa da honra e da dignidade da Pátria".[14] Para dar sua dedicação total à causa integralista, afastou-se do Patrianovismo.[15] De 1946 até sua morte, compôs o Diretório Nacional do Partido de Representação Popular, partido integralista e sucessor da extinta Ação Integralista Brasileira.

Em 1937, como membro da Ação Integralista Brasileira, causou grande polêmica ao apresentar o programa do seu curso de Economia Política na Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), baseado na Doutrina Integralista.[16]

Foi sepultado no Cemitério da Consolação, em São Paulo, juntamente com sua esposa, no Jazigo da Família Nogueira da Gama.

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

  • O Momento Nacionalista (assuntos políticos), 1923
  • As Duas Bandeiras (Catolicismo e Brasilidade), 1924
  • Maria de Magdala, 1926
  • Água Viva (A Samaritana), 1927
  • Marta de Betânia, 1929
  • Culminâncias..., 1930
  • ...na voz da História! (biografia de Solano López), 1932
  • A Bandeira do Sangue (comunismo), 1932
  • Amores da Velha Guarda (crônicas históricas), 1933
  • Vila Rica (ensaios), 1935
  • Cristóvão Colombo (biografia), 1937
  • Lamartine Delamare (subsídios para a sua biografia), 1940

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Foi homenageado em São Paulo com a Avenida Professor Alcebíades Delamare, no bairro do Morumbi.[17]

Fontes[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Única (Salvador), nº 3/4, setembro/outubro de 1951, p. 36.
  2. Na grafia original, Marina de Queiroz Aranha.
  3. Na grafia original, José de Queiroz Aranha.
  4. Na grafia original, Manoel Carlos Aranha.
  5. Na grafia original, Maria Egydio de Souza Aranha.
  6. Na grafia original, José Egydio de Souza Aranha.
  7. Na grafia original, Maria Luzia de Souza Aranha.
  8. Figueiredo, Jackson de (1921). Do Nacionalismo na Hora Presente. Rio de Janeiro: Livraria Catholica. p. 17 
  9. Trindade, Hélgio (2017). A tentação fascista no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS. p. 431 
  10. Requerimento nº 1.770 da Câmara Municipal de São Paulo
  11. A Manhã (Rio de Janeiro), 31 de agosto de 1951, p. 2
  12. Machado Paupério, A.; Rocha Moreira, J. (1936). Introdução ao Integralismo. Rio de Janeiro: Record. pp. 14–16 
  13. Trindade, Hélgio (2017). A tentação fascista no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS. p. 475 
  14. Delamare, Alcebíades. Aos Moços Universitários. Col: Enciclopédia do Integralismo. II. Rio de Janeiro: Livraria Clássica Brasileira. pp. 66–68 
  15. Santos, Arlindo Veiga dos (2021). Ideias que marcham no silêncio. São Luís: Livraria Resistência Cultural Editora. p. 282 
  16. Dorea, Gumercindo Rocha (1958). Introdução ao terceiro volume. Col: Enciclopédia do Integralismo. III. Rio de Janeiro: Livraria Clássica Brasileira. p. 12 
  17. Arquivo Histórico de São Paulo - Dicionário de Ruas