Amazônia, o Despertar da Florestania

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Amazônia, o Despertar da Florestania
 Brasil
2019 •  cor •  111 min 
Gênero documentário
Direção
  • Christiane Torloni
  • Miguel Przewodowski
Produção Christiane Torloni
Roteiro
  • Christiane Torloni
  • Miguel Przewodowski
Cinematografia Vinicius Brum
Sonoplastia
Edição
  • Christiane Torloni
  • Miguel Przewodowski
  • Mikael Santiago
  • Vinicius Saisse Nascimento
Lançamento
  • 9 de maio de 2019 (2019-05-09) (Brasil)[1]
Idioma português

Amazônia, o Despertar da Florestania, é um filme documentário brasileiro em longa-metragem, com cerca de 1 hora e 51 minutos de duração, lançado em 2019, e que conta com direção de Christiane Torloni, e co-direção de Miguel Przewodowski. O documentário aborda questões ambientais, e indígenas fazendo um resgate histórico em defesa da preservação ambiental e da cultura. O filme defende a ideia de que a natureza faz parte essencial da nossa identidade e cidadania, por essa razão faz o uso do neologismo “florestania” no título.[2][3]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

O documentário Amazônia – o despertar da florestania nos conduz por uma jornada histórica do Brasil no século XX, aos dias atuais, abordando eventos que marcaram a luta pela preservação do meio ambiente, em especial da Amazônia e pela defesa da democracia.[2][3]

A atriz Christiane Torloni, em sua estreia como diretora, divide o trabalho com Miguel Przewodowski. O filme resgata personagens históricos através de material de arquivo, e apresenta depoimentos de personalidades, ativistas, artistas, jornalistas e políticos, tecendo uma narrativa que entrelaça os diferentes pontos de vista sobre questões que envolvem o futuro das pessoas.[4] O filme enfatiza o sentimento de "florestania", sendo parte essencial da nossa identidade, sintetizando os conceitos de cidadania e direitos florestais.[2][5]

Argumento e roteiro[editar | editar código-fonte]

Amazônia – o despertar da florestania nos convida a uma reflexão profunda, em que busca resgatar o sentimento da nossa identidade brasileira que esteja conectado com a preocupação ambiental. O termo "florestania", presente no título, representa esse caráter intrínseco de uma identidade de pertencimento, cidadania ligada à floresta, onde se vive as florestar e se entende o ser em florestania.Seria essa, então, uma identidade planetária, onde o planeta Terra, nossa "casa comum" agoniza com a exploração e ganância dos recursos naturais pelo sistema desde o século XX.[4][6]

Também retratado no filme a maneira de como as pessoas podem destratar a causa do meio ambiente e colocar como irrelevante ou um assunto que pode ser deixado para depois, pois já existe assuntos mais urgentes, como a causa por qual estavam lutando, que seria a saúde e educação dos brasileiros. "Pelo meio ambiente, a gente pode lutar depois."[7]

Já no corrente século XXI, houve uma certo espírito de urgência na necessidade de proteger as florestas, preservar os rios, proteger as espécies ameaçadas, e criar formas mais sustentáveis para as pessoas. A diretora Christiane Torloni convida os espectadores a despertarem esse sentimento de "florestania" através das imagens da Amazônia, e das entrevistas de figuras importantes como Ailton Krenak, Benki Piyãko, Frans Krajcberg, Marina Silva, Milton Nascimento, entre outros.[3]

O documentário conta a história de uma rede de personagens que, fizeram e ainda fazem parte de uma malha tecida pelas mais diferentes manifestações de expressão políticas, sociais e culturais. O documentário também tem como objetivo estabelecer uma noção de comprometimento com as causas ambientais, respeitos aos povos originários, suas culturas e línguas, ao passo que ocorrem mudanças no mundo contemporâneo. Essa malha revela uma aventura guiada pela atriz e diretora do filme, Christiane Torloni, em que ela enfatiza que a história do Brasil atual começou muito antes da criação da nossa nação.[8]

O conceito de "florestania" presente no título foi formulado pelo cronista, poeta e pensador acreano Antonio Alves no final dos anos 1980, com o intuito de promover uma forma de cidadania adaptada à realidade da floresta amazônica. Essa concepção baseia-se na premissa de que a preservação das riquezas naturais da floresta é fundamental para o desenvolvimento econômico, social e humano, em oposição à sua destruição. A diretora Christiane Torloni procura empregar o termo na abordagem do enredo do filme, ao passo que traça uma linha do tempo no desenvolvimento de um sentimento de identidade ambientalista no Brasil.[6]

Produção[editar | editar código-fonte]

O filme Amazônia – o despertar da florestania teve suas sementes plantadas ao longo das gravações da minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes (TV Globo, 2007), quando os atores Christiane Torloni e Victor Fasano testemunharam o impacto do desmatamento na maior floresta tropical do mundo. Profundamente tocados por essa realidade, eles começaram engajar na militância ambiental, e então decidiram criar, em parceria e autoria de Juca de Oliveira, o manifesto "Amazônia para Sempre" em defesa da floresta amazônica. Nos anos seguintes, o manifesto teve como objetivo promover a Amazônia como um importante patrimônio nacional, enfatizando a importância de seu uso consciente e legal, visando a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais presentes na região. Ao longo do processo foram recolhidas mais de 1 milhão e 100 mil assinaturas de brasileiros em defesa da Amazônia, e o documento final foi entregue ao Senado Federal durante uma sessão realizada no dia 13 de maio de 2009.[2][6]

São feitas críticas não somente ao desmatamento e prevenção ao meio ambiente, mas envolve os povos que habitam a Amazônia. Falar sobre a educação desses indígenas e de como educação foi padronizada em uma tentativa de "civilizar" os povos, Então em uma tentativa desmistificar a educação, ONGs dentro das aldeias começaram a dar aulas sobre atividades que ajudassem essas crianças no seu cotidiano, onde no filmese trata de amazonizar a educação.[1][6][7]

Anos mais tarde juntou o material que fez ao percorrer a floresta amazônica, e mostrou ao amigo Miguel Przewodowski, e a partir desse momento o projeto começou a ganhar forma.[6] Apesar de um projeto de construção conjunta na direção e roteiro, o filme é definitivamente uma obra autoral idealizada pela atriz global Christiane Torloni.[9] Ela também assina a produção do projeto, e parte da montagem do filme juntamente com Miguel Przewodowski[5], Mikael Santiago, e Vinicius Saisse Nascimento. A fotografia foi feita por Vinícius Brum, e a trilha sonora por André Abujamra e Márcio Nigro.[3]

Trata-se da estreia de Christiane Torloni como realizadora, porém sua relação com a causa ambiental já vem de longa data. Engajada como ativista política, Christiane Torloni também participou do movimento das "Diretas Já",[10] e desde o seu envolvimento com o manifesto " Amazônia para Sempre", ela vem se engajando cada vez mais na militância em prol do meio ambiente. Por essa razão, o longa-metragem também tem um forte tom autoral, em que a diretora também participa de diversas etapas da feitura do filme, inclusive no elenco.[3][5]

Foram cerca de 7 anos de filmagens, e um trabalho minuncioso de pesquisa de material de arquivo.[11] A obra final conta com cerca de 111 minutos, e é composta de imagens recentes, bem como imagens de arquivo de figuras emblemáticas como o antropólogo e político Darcy Ribeiro (1922-1997), do artista plástico e ativista ambiental Frans Krajcberg (1921-2017), e até do militar e explorador Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958). O documentário resgata esses personagens históricos, e inclui depoimentos de representantes de diversos setores da sociedade brasileira para discutir a forma como a floresta amazônica, bem como as questões indígenas têm sido abordadas no Brasil desde o início do século XX.[3]

O filme conta com produção da Christal Produções Artísticas (RJ), e uma coprodução com a Globo Filmes, e Canal Brasil, e distribuição da Descoloniza Filmes (SP).[3]

Crítica ao desmatamento na Amazônia[editar | editar código-fonte]

Desde o início do Século XX, o Brasil tem enfrentado desafios significativos em relação à preservação da natureza e de seus recursos naturais. Dessa maneira, a atual situação da floresta amazônica é um tema de grande preocupação nacional e mundial. Para compreender melhor essa questão, o documentário Amazônia - o despertar da florestania busca a perspectiva de especialistas de diversas áreas, e também resgata figuras históricas relevantes na criação de uma consciência ambiental no Brasil. Através dessas entrevistas, e do debate em torno do conceito de "florestania" (a cidadania da floresta), o filme busca promover uma reflexão profunda sobre a identidade brasileira, e a importância da preservação ambiental onde faz analogia de que a "floresta em pé, índio em pé".[1]

“Eu fico me perguntando quando foi que a gente esqueceu que o nome desse país é o nome de uma árvore.” (Christiane Torloni, diretora de Amazônia - o despertar da florestania, 2019).

Recepção crítica ao documentário[editar | editar código-fonte]

Por se tratar de um tema de grande relevância, e por ser político, boa parte da crítica ao filme Amazônia - o despertar da florestania foi focada na tentativa da atriz global Christiane Torloni ao se aventurar na direção. O documentário chega a ser classificado pela crítica do jornal O Globo como um filme de militância sobre uma causa justa e emergencial,[12] porém poupando de aprofundar nas possíveis falhas da produção. A falta de um engajamento com políticos que fazem parte de partidos que historicamente apoiam a causa ambiental, e os direitos dos povos indígenas, muito pela presença da figura incômoda do neoliberal Fernando Henrique Cardoso, também coloca em dúvida a credibilidade desse ambientalismo, e evidenciam a real inclinação política da direção.[13][14]

O crítico de cinema Robledo Milani enfatiza que em certo momento, Christiane Torloni convida a jornalista Miriam Leitão, colega da Rede Globo, para contribuir com seus pensamentos, mas o tema central do documentário permanece incerto. A relação de Míriam Leitão com o assunto parece estar relacionada apenas à sua própria experiência pessoal de reflorestamento em uma área no Rio de Janeiro, sem conexão clara com a Amazônia.[14]

O crítico Robledo Milani acrescenta que a falta de foco permeia todo o filme, que se estende por quase duas horas, uma duração exagerada para algo que poderia ser mais conciso. Ainda assim, o conceito de "florestania" é superficialmente explorado, sendo mencionado apenas após mais de uma hora de narrativa.[14]

De modo geral, Robledo Milani diz que a falta de dados oficiais, pesquisas ou levantamentos é notável. Onde muitos dos participantes, grande parte estrelas globais, se baseia em suposições e declarações óbvias, sem profundidade. O filme também apresenta inúmeros planos de Christiane Torloni, encontrando personalidades, vestindo camisetas com frases de efeito e até mesmo sendo entrevistada para o próprio filme. Apesar das boas intenções presentes no documentário, falta uma atenção ao que realmente precisava ser dito. O crítico Robledo Milani finaliza dizendo que, entre tantas distrações, fica evidente a necessidade quase desesperada da diretora de se colocar no centro do discurso.[14]

Elenco[editar | editar código-fonte]

O filme conta com a participação de nomes famosos da televisão, representantes indígenas, e figuras políticas. Abaixo encontra-se uma lista com nomes selecionados em ordem alfabética.[2][5][15]

Festivais e outras exibições de cinema[editar | editar código-fonte]

  • Festival do Rio, Brasil, 2018 (seleção oficial).
  • Pré-estreia na Semana dos Povos Indígenas da PUC Goiás, Brasil, 2019.[15]
  • Pré-estreia em Belo Horizonte, 2019.[11]
  • Pré-estreia no Espaço Itaú de Cinema no Rio de Janeiro, Brasil, 2019.[16]
  • Festival Internacional de Cinema Ambiental de Serra da Estrela, Portugal, outubro de 2019 (prêmios juventude).[17]
  • 11ª edição do FESTin - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, Portugal, 2020.

Lançamento[editar | editar código-fonte]

O filme foi lançado comercialmente nos cinemas em 09 de maio de 2019, e posteriormente entrou para o catálogo da plataforma digital Globoplay de transmissão de filmes e audiovisuais sob demanda.[3]

Notas e referências

Notas

  1. Na época Marina Silva era ex-ministra do Meio Ambiente.

Referências

  1. a b c «Amazônia, o Despertar da Florestania». AdoroCinema. Consultado em 13 de junho de 2023 
  2. a b c d e «Amazônia, o Despertar da Florestania | Mostra Ecofalante de Cinema». ecofalante.org.br. Consultado em 12 de junho de 2023 
  3. a b c d e f g h Aschenberger - (21) 99590-9669, Carlos Eduardo. «Amazônia, o Despertar da Florestania». Amazônia, o Despertar da Florestania (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2023 
  4. a b «Christiane Torloni lança documentário sobre cuidados e preservação da floresta amazônica - RadioMetrópolis». cmais+. Consultado em 13 de junho de 2023 
  5. a b c d «Mauricio Stycer - Um ministro não pode duvidar do aquecimento global, critica Torloni». tvefamosos.uol.com.br. Consultado em 13 de junho de 2023 
  6. a b c d e «Christiane Torloni estreia como diretora no documentário 'Amazônia – O Despertar da Florestania'». Metro World News Brasil. 7 de maio de 2019. Consultado em 13 de junho de 2023 
  7. a b «Amazônia- o despertar da florestania». claro tv. Consultado em 20 de junho de 2023 
  8. «ANCINE». sad.ancine.gov.br. Consultado em 12 de junho de 2023 
  9. «Christiane Torloni estreia na direção com filme em defesa da Amazônia». Estadão. Consultado em 13 de junho de 2023 
  10. Dia, O. «Christiane Torloni estreia na direção de cinema com documentário sobre a Amazônia | Diversão | O Dia». odia.ig.com.br. Consultado em 13 de junho de 2023 
  11. a b Bom Dia Minas | Filme sobre Amazônia é lançado em Belo Horizonte | Globoplay. Consultado em 13 de junho de 2023 
  12. «Crítica: 'Amazônia — O despertar da florestania'». O Globo. 8 de maio de 2019. Consultado em 13 de junho de 2023 
  13. «FHC foi o último estadista que o Brasil teve». ISTOÉ Independente. 10 de maio de 2019. Consultado em 13 de junho de 2023 
  14. a b c d Milani, Robledo. «Crítica: AMAZÔNIA: O DESPERTAR DA FLORESTANIA». Papo de Cinema. Consultado em 13 de junho de 2023 
  15. a b Divulgação (3 de abril de 2019). «Atriz Christiane Torloni lança documentário na PUC Goiás». PUC Goiás. Consultado em 12 de junho de 2023 
  16. «PRÉ-ESTREIA DE DOCUMENTÁRIO SOBRE A AMAZÔNIA EM BOTAFOGO». Society Rio-SP. 9 de maio de 2019. Consultado em 13 de junho de 2023 
  17. «2019 palmares | CineEco Seia». www.cineeco.pt. Consultado em 12 de junho de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]