Ciclone extratropical no sul do Brasil em setembro de 2023
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Ciclone extratropical no Rio Grande do Sul em setembro de 2023 | |
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Ciclone extratropical na costa do Brasil em 4 de setembro de 2023 | |
Duração | 4 de setembro de 2023 |
Danos | 1,3 bilhão de reais[1] |
Vítimas | 47 mortos[2] 924 feridos[2] 46 desaparecidos[2] 4.794 desabrigados[2] 20.490 desalojados[2] |
Áreas afetadas | Rio Grande do Sul e Santa Catarina |
O ciclone extratropical no sul do Brasil se refere à formação de um ciclone extratropical [nota 1] entre os dias 4 e 5 de setembro de 2023 na costa leste do Rio Grande do Sul (RS), o que provocou muita chuva, fortes rajadas de vento e queda de granizo no estado e em partes de Santa Catarina (SC). A situação meteorológica foi agravada por uma frente fria e uma corrente de jato em baixos níveis. [4] [5]
O desfecho mais impactante das severas condições meteorológicas combinadas foram as enchentes no Rio Grande do Sul em setembro de 2023. A região mais atingida foi a do Vale do Taquari. Com cerca de 359 mil atingidos, 5 mil desabrigados e mais de 21 mil desalojados, além de 49 mortes e 10 desaparecidos (até 19/09) [6], esse se tornou o maior desastre natural no RS em mais de seis (06) décadas e o segundo maior em número de mortes, atrás somente das enchentes de 1959.[7] [8]
Em Santa Catarina houve uma morte e registros de feridos.[9]
Antecedentes[editar | editar código-fonte]
Ciclones extratropicais são fenômenos comuns no sudeste da América do Sul, principalmente a leste da Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul e, pouco antes, dois destes sistemas haviam afetado o Sul do Brasil, incluindo o ciclone que em junho atingiu os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina causando mais de 30 mortes e outro que em julho deixou 3 mortos e milhares de residências sem energia elétrica nos mesmos estados.[carece de fontes]
Alertas[editar | editar código-fonte]
No dia 30 de agosto o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) tomou conhecimento de uma nova situação de risco no Sul do Brasil e no dia 31 foi realizada uma reunião com a Defesa Civil dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O aviso previa chuvas de 200 milímetros para as regiões norte, central e dos vales do Rio Grande do Sul. Ainda no dia 31 o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) começou a monitorar com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e convocou uma reunião de alinhamento com os representantes dos estados do RS, SC, PR e MS.[carece de fontes]
Também no dia 31 portais de meteorologia, entre eles da Metsul e do Tempo-Meteored, começaram a divulgar informações sobre o cenário de risco no RS nos próximos dias, enquanto a Defesa Civil alertava em seu Twitter que "uma área de baixa pressão combinada com um fluxo de umidade vindo da Amazônia" traria "chuvas nas regiões Oeste e Norte do RS".[10][11][12]
No dia 3 de setembro o Inmet emitiu um alerta vermelho, de "grande perigo", o maior da escala,[13] e no mesmo dia a meteorologista Estael Sias da Metsul explicou que no dia 4 "um centro de baixa pressão, uma frente fria e uma corrente de jato em baixos níveis" atuariam juntos causando o tempo severo, enfatizando que era um centro de baixa pressão que estaria sobre o Rio Grande do Sul e não um ciclone extratropical propriamente dito.[4][5]
História meteorológica[editar | editar código-fonte]
O ciclone, efetivamente, formou-se no dia 5, já a leste do RS, sobre o Oceano Atlântico, a partir da área de baixa pressão que passou sobre o RS, de oeste para leste, no dia 4. [4] [5]
Consequências[editar | editar código-fonte]
Conforme o útlimo boletim divulgado pela Defesa Civil do RS em 19 de setembro, foram contabilizados 49 óbitos e há 10 desaparecidos, 943 feridos, 3.130 pessoas resgatadas, 4.855 desabrigados e 21.095 desalojados. Ao todo, 359.893 pessoas em 106 cidades foram afetadas pelas enchentes.[6]
Segundo a Confederação Nacional de Municípios, a passagem do ciclone causou prejuízo de 1,3 bilhão de reais, sendo que o comércio no Vale do Taquari teve perdas de 423,8 milhões de reais.[1]
Vítimas fatais[editar | editar código-fonte]
Foram registradas mortes no seguintes municípios: uma (01) em Bom Retiro do Sul, Encantado, Imigrante, Mato Castelhado, Passo Fundo, Santa Teresa e São Valentim do Sul; duas (02) em Colinas, Estrela e Ibiraiaras; três (03) em Lajeado; cinco (05) em Cruzeiro do Sul; 12 em Roca Sales e 16 em Muçum.[6]
Rio Grande do Sul[editar | editar código-fonte]

A Defesa Civil estimou que mais de 359 mil pessoas tenham sido afetadas após as fortes chuvas. As enchentes invadiram as cidades e comunidades rurais, causando estragos em 106 municípios. [6] No estado diversos agricultores e pecuaristas relataram prejuízos, com perdas de plantações, animais, maquinários e infraestruturas.[14] Em Roca Sales moradores enfrentaram a escassez de alimentos e água potável. Muitos reaproveitaram alimentos que estavam na lama em frente a um supermercado que ficou destruído.[15] Assim como Roca Sales, diversos municípios ficaram sem energia elétrica, sem sinal de telefone e sem acesso a internet. Aproximadamente 100 mil pessoas ficaram sem luz.[16] As aulas na rede de ensino foram suspensas na região, sendo que pelo menos 110 instituições de educação foram atingidas em 60 municípios.[17]

Os danos na infrestrutura por conta das condições meteorológicas causaram o bloqueio parcial ou total de 16 rodovias que cortam o território gaúcho.[18] Entre elas, na ERS-431 em Bento Gonçalves, no limite com São Valentim do Sul, e a histórica ponte de ferro sobre o rio das Antas, entre Farroupilha e Nova Roma do Sul, foi levada pela força da correnteza das águas.[19] Além disso, a estrutura destinada aos veículos da Ponte Rodoferroviária Brochado da Rocha, entre Muçum e Roca Sales, também foi levada pelas águas do rio Taquari.[20] Até o dia 9 de setembro pelo menos oito trechos de rodovias seguiam com bloqueios totais ou parciais [21] e no dia 19 seis trechos de rodovias tinham bloqueios totais ou parciais.[22]
Santa Catarina[editar | editar código-fonte]
A Defesa Civil de Santa Catarina confirmou que um tornado atingiu a zona rural do município de Santa Cecília, com ventos de até 100 km/h na noite de 3 de setembro, antecedendo a formação do ciclone. O fenômeno meteorológico foi favorecido pela frente fria associada ao aprofundamento do sistema de baixa pressão sobre o Rio Grande do Sul (que faria sua ciclôgenese para o ciclone extratropical entre os dias 4 e 5) combinado também ao intenso fluxo de calor e umidade vindos do norte do país.[23]
No oeste de Santa Catarina bovinos foram atingidos por raios e morreram eletrocutados no município de Planalto Alegre durante um temporal no dia 4 de setembro.[24] Ainda no oeste a cidade de Xanxerê registrou ventos de 113 km/h às 16 horas, com diversos destelhamentos, e em Chapecó as rajadas de ventos chegaram a 96 km/h.[25] No norte do estado, em Canoinhas, houve destelhamento de casas, queda de árvores e fios da rede elétrica e de telefonia foram atingidos por placas.[24] Aproximadamente 126 mil Unidades Consumidoras (UCs) ficaram sem energia no estado. Em São Lourenço do Oeste foi registrado a queda de uma torre de transmissão.[26][27]
Resposta[editar | editar código-fonte]

O governador Eduardo Leite decretou estado de calamidade pública em 80 municípios do estado após fazer um sobrevoo na região no dia 6 de setembro. O governo federal deu aval à medida, o que facilita o acesso a recursos para reagir à destruição causada pela catástrofe.[28]
No dia 5 de setembro, o governo federal enviou dois ministros, Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), ao estado, os quais afirmaram que: "recursos para resgate das vítimas das chuvas no RS não faltarão".[29] O presidente Luiz Inacio Lula Da Silva não visitou o estado por conta de sua participação da cúpula do G20 na Índia.[30]
No dia 8, o governo federal enviou oito ministros e o vice-presidente Geraldo Alckimin à região, quando foi anunciado um repasse para as prefeituras de cidades atingidas no valor de 800 reais por pessoa atingida, além de um valor adicional de 741 milhões de reais em recursos para os municípios afetados. Foram enviados 900 militares das Forças Armadas do Brasil com 54 veículos de transporte, 30 viaturas especializadas e equipamentos de engenharia, 10 embarcações, nove helicópteros, três ambulâncias, 25 barracas e quatro cisternas. Um comando militar unificado, sob orientação do Comando Militar do Sul, também foi estabelecido na região para restabelecer a comunicação em todas as cidades afetadas e montar hospitais de campanha.[1]
Nas redes sociais, Lula lamentou a tragédia e colocou o governo federal à disposição do governo gaúcho, enquanto Leite suspendeu as comemorações do 7 de Setembro[31] e prometeu que "não faltarão recursos do governo do Estado para a reconstrução" do Vale do Taquari.[28] O Papa Francisco enviou uma mensagem aos afetados pelo ciclone e concedeu benção apostólica a todos os afetados.[32]
No dia 8 de setembro o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil para apurar eventuais responsabilidades na adoção de medidas que poderiam ter minimizado os estragos. De acordo com o MPF, "as enchentes ocasionaram danos à vida e ao patrimônio de número expressivo de cidadãos residentes nas cidades serranas e dos vales, envolvendo cerca de 30 municípios das microrregiões de Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Lajeado".[33]
Em 12 do mesmo mês, Lula anunciou a liberação de 600 milhões de reais do FGTS para vítimas, que somam cerca de 354 mil trabalhadores contemplados. Além disso, declarou que o BNDES vai empenhar 1 bilhão de reais para ações de recuperação da economia da região.[34]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Ciclone extratropical no sul do Brasil em junho de 2023
- Ciclone extratropical no sul do Brasil em julho de 2023
- Ciclone bomba no sul do Brasil em 2020
- Ciclones do Atlântico Sul
- Ciclone Catarina
- Impactos do aquecimento global no Brasil
Notas e referências
Notas
- ↑ Ao contrário dos ciclones tropicais e subtropicais do Atlântico Sul, os ciclones extratropicais não são nomeados no Brasil.[3]
Referências
- ↑ a b c G1, ed. (8 de setembro de 2023). «Governo federal anuncia R$ 741 milhões em recursos para cidades atingidas por ciclone no RS». Consultado em 11 de setembro de 2023
- ↑ a b c d e Erro de citação: Etiqueta
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- ↑ «Entenda o desastre pelo ciclone em perguntas e respostas». MetSul Meteorologia. 19 de junho de 2023. Consultado em 27 de junho de 2023
- ↑ a b c «Sem ciclone: entenda o que trará muita chuva e temporais nesta segunda». MetSul Meteorologia. 3 de setembro de 2023. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ a b c Climatempo (9 de maio de 2023). «Não tem e não vai ter ciclone no Sudeste do Brasil». www.climatempo.com.br. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ a b c d «18h40: Com mais uma morte, Defesa Civil divulga novo balanço sobre chuvas e enchentes no RS». Portal do Estado do Rio Grande do Sul. 19 de setembro de 2023. Consultado em 19 de setembro de 2023
- ↑ Povo, Correio do (20 de junho de 2023). «Ciclone não é a maior tragédia climática do RS; em 1959, chuvas deixaram mais de 90 mortos». Correio do Povo. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ «Estael Sias: chuva extrema marca o começo dos efeitos do El Niño». MetSul Meteorologia. 5 de setembro de 2023. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ «Número de mortes causadas por passagem de ciclone no Sul sobe para 40». CNN Brasil. 7 de setembro de 2023. Consultado em 7 de setembro de 2023
- ↑ «https://twitter.com/defesacivilpoa/status/1697363063047950798». X (formerly Twitter). Consultado em 20 de setembro de 2023 Ligação externa em
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(ajuda) - ↑ «Setembro começa com chuva extrema, onda de tempestades e enchentes». MetSul Meteorologia. 31 de agosto de 2023. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ «Fim de semana com forte mudança na Região Sul: elevado potencial chuvas intensas e risco de tempo severo». Tempo.com | Meteored. 31 de agosto de 2023. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ «Primeiro alerta do risco em potencial dos temporais no Rio Grande do Sul foi dado dia 31 agosto, afirma Cemaden». G1 Rio Grande do Sul. 10 de setembro de 2023. Consultado em 10 de setembro de 2023
- ↑ Raí Quadros (8 de setembro de 2023). «Agricultores lamentam perdas após passagem de ciclone pelo RS: 'não tenho mais nada, preciso recomeçar do zero'». G1 Rio Grande do Sul. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ «Moradores pegam alimentos da lama em mercado destruído após passagem de ciclone no RS». G1 Rio Grande do Sul. 8 de setembro de 2023. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ «VÍDEO: sem luz, internet e telefone, moradores afetados por ciclone no RS sofrem para se comunicar: 'avisar que estamos vivos'». G1 Rio Grande do Sul. 8 de setembro de 2023. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ «Secretarias avaliam prejuízos e articulam ações para recuperar escolas atingidas por enchentes». Governo do Estado do Rio Grande do Sul. 8 de setembro de 2023. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ Giovanna Galvani e Beatriz Gomes (7 de setembro de 2023). UOL, ed. «RS tem 41 mortes após passagem de ciclone, diz boletim; SC tem 1 vítima». Consultado em 7 de setembro de 2023
- ↑ «Temporal no RS: ponte de ferro é destruída por correnteza de rio na região da Serra; VÍDEO». G1. 4 de setembro de 2023. Consultado em 7 de setembro de 2023
- ↑ «Parte da ponte Brochado da Rocha é levada pelas águas do Rio Taquari». A Hora. 5 de setembro de 2023. Consultado em 7 de setembro de 2023
- ↑ «RS tem oito trechos de rodovias com bloqueios totais ou parciais». Governo do Estado do Rio Grande do Sul. 8 de setembro de 2023. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ «RS tem seis trechos de rodovias com bloqueios totais ou parciais». Portal do Estado do Rio Grande do Sul. 19 de setembro de 2023. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ Sofia Mayer (5 de setembro de 2023). «Defesa Civil confirma tornado em região de SC que teve casas destruídas e ventos de 100 km/h». G1 Santa Catarina. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ a b Joana Caldas; Andrielli Zambonin (5 de setembro de 2023). «Cinco vacas e um bezerro morrem eletrocutados durante temporal no Oeste de SC». G1 Santa Catarina. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ «SC tem destelhamentos e quedas de árvores após rajadas de até 113 km/h». G1 Santa Catarina. 4 de setembro de 2023. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ «Celesc restabelece 85% da energia no estado após passagem de ciclone». Secretaria de Estado da Comunicação de Santa Catarina. 5 de setembro de 2023. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ Andrielli Zambonin. Caroline Borges; Felipe Salles (5 de setembro de 2023). «Tempestade e rajadas de vento deixam 1 morto, feridos e causam estragos em SC». G1 Santa Catarina. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ a b Deutsche Welle, ed. (6 de setembro de 2023). «Número de mortos por ciclone no sul do Brasil sobe para 42». Consultado em 7 de setembro de 2023
- ↑ Schroeder, Lucas. «Recursos para resgate das vítimas das chuvas no RS não faltarão, dizem ministros em visita ao estado». CNN Brasil. Consultado em 12 de setembro de 2023
- ↑ BBC Brasil, ed. (5 de setembro de 2023). «Ciclone no Sul: o que está por trás das tempestades devastadoras que já mataram mais de 40 pessoas». Consultado em 7 de setembro de 2023
- ↑ Povo, Correio do (6 de setembro de 2023). «Leite anuncia cancelamento dos desfiles de 7 de setembro em todo o RS». Correio do Povo. Consultado em 9 de setembro de 2023
- ↑ «Papa Francisco envia mensagem a atingidos por temporais no RS». G1. 8 de setembro de 2023. Consultado em 8 de setembro de 2023
- ↑ http://www.mpf.mp.br, Ministério Publico Federal-. «[Atualizada] MPF abre inquérito para apurar responsabilidades em enchentes que atingiram região serrana e do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul». MPF. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ «Lula anuncia liberação de R$ 600 milhões do FGTS para vítimas das chuvas no Sul». G1. 12 de setembro de 2023. Consultado em 12 de setembro de 2023