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Clodovil Hernandes: diferenças entre revisões

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Revisão das 01h35min de 1 de fevereiro de 2013

Galdino
Clodovil Hernandes
Galdino
Deputado federal por  São Paulo
Período 1 de fevereiro de 2007
até 17 de março de 2009
Dados pessoais
Nascimento 17 de junho de 1937
Elisiário, São Paulo
 Brasil
Morte 17 de março de 2009 (71 anos)
Brasília, Distrito Federal
Partido Partido Trabalhista Cristão (2005-2007), Partido da República (2007-2009)
Profissão Estilista, apresentador de televisão e político

Clodovil Hernandes (Elisiário, 17 de junho de 1937[1]Brasília, 17 de março de 2009[1]) foi um estilista, ator, apresentador de televisão e político brasileiro.

Atuou como estilista e apresentador de programas em diversas emissoras. Tornou-se o terceiro deputado federal mais votado do País, com 493.951 votos ou 2.43% os votos válidos. Desconversava quando indagado sobre candidatar-se à Prefeitura de São Paulo.[2]

Foi conhecido principalmente pela postura de polemizador e por declarações consideradas impróprias ou indelicadas, muitas vezes dirigidas a outras personalidades famosas. Entre outras polêmicas, estão acusações de racismo e antissemitismo.[3]

Biografia

Família

Clodovil Hernandes nasceu em Elisiário, no interior do estado de São Paulo. Era filho adotivo de Domingo Hernández e Isabel Sánchez, um casal de imigrantes espanhóis naturais da região da Andaluzia. Logo após seu nascimento, a família se mudou para Floreal, onde Domingo Hernández se tornou dono de uma loja de tecidos. Clodovil descobriu que não era filho biológico de seus pais adotivos aos onze anos de idade, quando uma tia lhe contou. Segundo ele próprio, a adoção nunca foi um problema, e seus pais morreram sem saber que ele sabia. Ele também jamais soube quem foram seus pais biológicos.

Clodovil sempre teve um relacionamento mais próximo com sua mãe, que foi “a única mulher que amou em sua vida”. Segundo Clodovil, a mãe não lhe quis quando chegou, porque não queria aquela “coisa feia”. Felizmente, porém, Isabel aprendeu a amá-lo com o convívio. Clodovil diz que, apesar de nunca ter gostado muito do pai, sempre o respeitou; certo dia, quando lhe respondeu de maneira atravessada, levou um forte tapa na orelha que lhe deixou com um problema de audição. Aos treze anos, Clodovil viu seu pai tendo relações sexuais com outro homem, um cunhado. Clodovil diz que nunca tocou no assunto com o pai, o qual morreu sem saber que ele viu a cena. Por causa desse episódio, Clodovil disse que "deveu o norte de sua vida" a seu pai.

Juventude

O interesse de Clodovil por moda começou ainda criança, quando ele dava palpites de vestuário para a mãe, as tias e as primas, escondido do pai, que não podia saber. Quando estava estudando em um colégio interno católico, recebeu o apelido de "Jacques Fath", um costureiro francês famoso da época. No último ano do normal, aos dezesseis anos, uma colega lhe perguntou por que não desenhava vestidos, embora Clodovil nem sequer conhecesse essa profissão. Pegou então uma página de caderno e desenhou onze vestidos. Numa loja do centro de São Paulo, vendeu seis desses. Diz que ganhou mais dinheiro do que a mesada que o pai lhe mandava, e iniciou assim sua trajetória na moda. Desistiu então da Faculdade de Filosofia e, em 1960, conquistou seu primeiro Prêmio Agulha de Ouro. Com talento, ele conquistou clientes da alta sociedade de São Paulo. Na época também começou a chamar atenção a "rivalidade" de Clodovil com Dener Pamplona de Abreu, outro estilista conhecido da época. Na realidade, eles eram mais amigos e colegas de profissão do que competidores.

Nome verdadeiro

Um passaporte de Clodovil Hernandes comprova que seu nome verdadeiro era Clodovir Hernández.

Início da carreira artística

O talento de Clodovil para a moda foi reconhecido por mulheres de variadas origens sociais, desde artistas como Elis Regina e Cacilda Becker a empresárias como Hebe Alves (antiga proprietária das lojas Mappin)[5] e às famílias Diniz e Matarazzo, para as quais a linha prêt-à-porter era muito apreciada.[6] Em 1960 ganhou o primeiro Agulha de Ouro. Pioneiro, por anos seria um dos pilares da alta-costura, numa sociedade que importava modelos europeus, inaugurou uma moda made in brazil.[1] Segundo Constanza Pascolato, “Esse termo [alta-costura] cabe especificamente às coleções de Paris. Podemos dizer que o Clô fez uma ‘moda de ateliê’ muito requintada e luxuosa, destinada a ocasiões específicas, como casamentos e coquetéis”, define.[7]

Clodovil formou-se professor, mas ainda jovem se tornou um estilista conhecido no país e logo passou a trabalhar também na televisão, na qual acumulou mais de 45 anos de carreira em quase todas as emissoras de televisão do país. Ficou famoso em 1976, ao ganhar o prêmio máximo no programa "8 ou 800?", apresentado por Paulo Gracindo, ao responder perguntas sobre Dona Beja.

No início dos anos 80, apresentou na Rede Globo o programa feminino TV Mulher, considerado revolucionário na época, ao lado da então sexóloga Marta Suplicy (que viria, posteriormente, tornar-se prefeita da cidade de São Paulo). Em 1992, apresentou o programa Clodovil Abre o Jogo da extinta Rede Manchete.

Clodovil foi também premiado figurinista de teatro, além de ter trabalhado como ator. Possuía registro como cantor.

Em maio de 2001, Clodovil estreou no comando do programa Mulheres (TV Gazeta), ao lado de Christina Rocha. Polêmico como sempre, Clodovil fazia críticas à colega, ao vivo. Após alguns meses, a parceria foi desfeita, e Clodovil passou a comandar um talk-show nas noites da TV Gazeta, durante as quais preparava receitas para receber seus convidados e tratava de temas polêmicos como por exemplo a briga de Xuxa com Marlene Matos.

Programas[8]

Polêmicas

A despeito da vida de "glamour" e fama, fazia questão de demonstrar sua espiritualidade e sempre evidenciar o amor recíproco entre ele e seu grande amor, citando Deus de forma recorrente nos diálogos e entrevistas: "Eu não sou briguento. Como eu poderia ser? Eu sou temente a Deus.".[9]

Na RedeTV!

Em 2004, já na RedeTV!, passou por uma fase polêmica devido ao desentendimento com integrantes do programa Pânico na TV. Um dos quadros do programa propunha que personalidades consideradas arrogantes pela equipe calçassem as "sandálias da humildade", e em certo momento Clodovil tornou-se o alvo dos humoristas. O apresentador se esquivou de duas investidas dos repórteres do Pânico. Na terceira tentativa, foi perseguido por dois carros, um helicóptero e um trio elétrico. Seguido desde os estúdios da emissora, em Barueri, na Grande São Paulo, o veículo do apresentador foi fechado no meio da Marginal Pinheiros, e acabou por escapar. No dia seguinte à apresentação de todo o incidente no Pânico, Clodovil fez um desabafo ao vivo em seu próprio programa, A Casa é Sua, que apresentava desde 2003. Seu programa passou a ser gravado. Meses depois, ao criticar uma apresentadora da casa pelo modo que aparecera vestida em uma festa, foi demitido. Em abril de 2007, Clodovil voltou à televisão com o programa "Por Excelência", na TV JB (o nome do programa faz referência à sua então condição de deputado federal). Pediu demissão por causa de alguns problemas de saúde.

Acusação de racismo

Em 2004, durante o programa A Casa é Sua, Clodovil chamou a vereadora Claudete Alves de "macaca de tailleur metida a besta". A vereadora entrou com uma queixa-crime e o apresentador respondeu por dois processos criminais no Tribunal de Justiça de São Paulo. Clodovil alegou em sua defesa que a palavra "macaca" foi usada com o intuito de demonstrar que a vereadora "gostava de aparecer", e não com conotação racista. O apresentador, porém, foi condenado a pagar indenização por danos morais.[10]

Acusação de antissemitismo e novamente de racismo

Em uma entrevista à Rádio Tupi, em 27 de outubro de 2006, Clodovil declarou que os judeus teriam manipulado o Holocausto e forjado o atentado de 11 de setembro contra o World Trade Center. Na mesma entrevista, referiu-se a um negro como "crioulo cheio de complexo". Para suportar suas opiniões, disse à rádio carioca que existe um "poder escuso, que está no subsolo das coisas". Segundo o apresentador, "As pessoas são induzidas a acreditar. Quando houve aquele incidente com as torres gêmeas lá não tinha americano nenhum e nem judeu".

O presidente da Federação Israelita do Rio, Osias Wurman, declarou-se indignado com as declarações, sobretudo por virem de uma pessoa advinda de uma minoria que também sofre preconceito. Wurman entrou com uma interpelação judicial contra Clodovil, acusando-o de racista, além de enviar cópias do áudio da entrevista à Secretaria Estadual de Direitos Humanos, a deputados estaduais e a organizações não-governamentais ligadas ao movimento negro.[11]

Polêmica com Cida Diogo

Em 2007, envolveu-se em nova polêmica no Congresso, após discutir com a deputada Cida Diogo, do PT do Rio de Janeiro.[12] A discussão iniciou por conta das declarações de Clodovil de que "as mulheres ficaram muito ordinárias, ficaram vulgares, cheias de silicone" e ainda que atualmente "as mulheres trabalham deitadas e descansam em pé".[12] Ao ser questionado pela deputada quanto à declaração, respondeu: "Digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é uma mulher feia".[12]

Carreira política

Clodovil em 2007, falando à imprensa após a cerimônia de filiação ao Partido da República
Foto: José Cruz/ABr.

Em 2006 entrou para a política após candidatar-se e eleger-se deputado federal pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), possuindo inclusive o terceiro maior número de votos em São Paulo, estado por onde se candidatou. Usou bastante ironia em sua campanha, como a frase: "Vocês acham que eu sou passivo? Pisa no meu calo para você ver…"[13] Tornou-se então o primeiro homossexual assumido a ser eleito deputado federal.[14] Apesar disso, declarava-se contra a Parada do Orgulho GLBT, o casamento gay e o movimento homossexual brasileiro.[14]

Em setembro de 2007 o deputado decidiu trocar de partido e filiou-se ao Partido da República (PR), correndo desde então o risco de perder o mandato por infidelidade partidária, pois o TSE decidiu no dia 27 de março de 2007, que o mandato pertence ao partido e não ao eleito. No entanto, em 12 de março de 2009, foi absolvido por unanimidade dos votos[15] Clodovil deixou o partido alegando ter sido abandonado pela legenda desde a eleição, quando não recebeu material de campanha, e posteriormente, quando não recebeu assessoria jurídica do partido. Devido a isso, os ministros do TSE concordaram que houve perseguição interna, uma das condições que permitem que o parlamentar troque de legenda.

Projetos propostos

Em julho de 2008, apresentou proposta de emenda constitucional pretendendo reduzir o número de deputados de 513 para 250.[16]

Em 27 de março de 2009, dez dias depois da sua morte, três de seus projetos foram aprovados na Comissão de Constituição e Justiça:[17]

  • a obrigatoriedade das escolas divulgarem a lista de material escolar 45 dias antes da data final para a matrícula
  • a criação do Dia da Mãe Adotiva, uma homenagem à sua mãe adotiva Isabel Hernandes
  • a obrigatoriedade da menção dos nomes dos dubladores nos créditos das obras audiovisuais dos quais eles tenham participado

Morte

Clodovil Hernandes morreu em 17 de março de 2009, após ser registrada sua morte cerebral causada por um acidente vascular cerebral (AVC). O velório ocorreu no Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e o sepultamento teve lugar no dia seguinte à morte no Cemitério do Morumbi na capital paulista, onde já se encontravam os restos mortais de sua mãe adotiva.[18]

Referências

  1. a b c «Clodovil foi um dos pilares da "alta-costura brasileira"». Bol. Noticias.bol.uol.com.br 
  2. «CLODOVIL e seu gabinete». Época 
  3. Globo.com http://oglobo.globo.com/pais/mat/2006/10/30/286462205.asp  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  4. «Clodovil Hernández». Terra Networks. Consultado em 11 de novembro de 2011 
  5. «Só aceitei a homossexualidade aos 60 anos». Isto é Gente 
  6. «Equipe médica confirma morte cerebral de Clodovil». Estadão.com.br 
  7. «, Clodovil Hernandes foi pioneiro na 'alta-costura brasileira'». G1 
  8. WordPress http://portalnatv.wordpress.com/2009/03/18/trajetoria-de-clodovil-na-tv-e-marcada-por-declaracoes-polemicas-e-demissoes/  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  9. Época http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI64391-15223,00-SO+CORNEAS+DE+CLODOVIL+SERAO+DOADAS.html  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  10. Consulteja.com.br http://www.consulteja.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=337&Itemid=132  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  11. «Clodovil nega Holocausto e 11 de Setembro». Estadão.com.br 
  12. a b c G1 http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL33982-5601,00.html  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  13. «Artistas aproveitam notoriedade para conseguir votos». Site da Folha de S. Paulo 
  14. a b «Com quase 500 mil votos, Clodovil é o primeiro gay eleito para o cargo de Deputado Federal». Acapa.com.br 
  15. «Diário de Pernambuco». Diariodepernambuco.com.br 
  16. Clipping.planejamento.gov.br http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=441995  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  17. «CCJ aprova três projetos de Clodovil Hernandes». site www.camara.gov.br. Camara.gov.br 
  18. «Clodovil tem morte cerebral confirmada; polêmica marcou carreira na televisão e na política». Universo Online. Noticias.uol.com.br 

Ligações externas

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